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O problema do café arábica do Brasil

POR LUCIO CALDEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 07/07/2013

3 MIN DE LEITURA

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A liderança pertence à empresa que detém maior participação de mercado. Por ser líder, a empresa acaba se tornando padrão de julgamento para as demais empresas e, por vezes, observa-se que o posicionamento dos demais concorrentes nasce em função da posição do líder. Desse modo, as demais empresas reconhecem sua dominância e optam por segui-la, evitá-la ou atacá-la. 

O café arábica do Brasil é o líder absoluto do mercado de café. O Brasil chegou a deter 80% das exportações mundiais no início do século XX. Chegou a ter 16 % entre os anos 1993/1996 e nos últimos quatro anos (2009/2012) vende 31% das exportações globais. Caberia aos concorrentes descobrir o ponto fraco desse gigante. Teriam, naturalmente, ajuda dos compradores, a quem muito interessava reduzir a dependência em relação a um fornecedor tão poderoso. Desejavam fontes múltiplas de matéria prima, a fim de aumentarem seu poder de negociação.

Ao longo da história, os arábicas do Brasil foram atacados em duas frentes distintas: os suaves colombianos construíram seu posicionamento em qualidade do produto e imagem de marca e os robustas cresceram sua participação com base em produto inferior com preço mais baixo. O comprador, que deseja qualidade, compra os suaves (colombianos ou outros suaves), e o comprador que deseja preço compra os robustas. No primeiro caso, os compradores pagam mais caro e vendem mais caro (cafés de origens reconhecidas) e no segundo caso, compram preço a fim de reduzirem o custo da matéria prima de seus blends (misturas que utilizam diferentes tipos de cafés).

A atuação dos concorrentes e a não reação por parte do Brasil a esses movimentos competitivos, levaram o café arábica do Brasil a ocupar uma frágil posição intermediária. O que chamo no livro A Guerra do Café de armadilha estratégica. O Brasil não consegue competir em imagem de marca com a Colômbia e com os outros suaves e por ter custos mais altos que os produtores de robustas não pode competir em preço. 

Apesar disso, os arábicas do Brasil conseguiram crescer sua participação em vendas. No período de 2001/2004 representavam 28,9% das vendas internacionais. Entre 2005 e 2008 passaram para 29,82% e nos últimos quatro anos (2009/2012) ficaram com 30,56%. Entretanto, os deságios de preço em relação aos suaves colombianos cresceram de cerca de 16 para 49 centavos de dólar por libra peso entre os anos de 2001/2008 e o período de 2009/2012. Com relação aos outros suaves ocorreu o mesmo fenômeno. O deságio subiu de 13 para 26 centavos de dólar por libra peso entre os anos de 2001/2008 e o período de 2009/2012. A queda das exportações colombianas de 13 para 8,5% entre os dois períodos analisados explica essa desvalorização relativa dos preços dos arábicas do Brasil. De fato, ganhamos participação de mercado em função de preços relativos menores. Esse é o preço pago por não criarmos uma imagem de marca associada à qualidade. 

Na outra ponta, assistimos a um verdadeiro fenômeno no mundo do café. Os cafés robustas tinham participação de mercado (exportações globais) de 30,75% no período entre os anos de 1997/2000. Passaram para 37,38% nos últimos quatro anos (2009/2012). Em 2012 chegaram a 42 % com presenças marcantes de Vietnã e Indonésia. Seu preço relativo em relação ao arábica do Brasil caiu. Passou de 34 para 80 centavos de dólar por libra peso. O preço menor explica o sucesso da estratégia. As exportações mundiais cresceram 23 milhões de sacas entre os anos 2001 e 2012, os robustas contribuíram com 56% desse crescimento, com aumento de 13 milhões de sacas exportadas. 

O preço mais baixo é compensado com custos menores. Os cafés da espécie robusta são mais produtivos que os arábicas, são mais resistentes a pragas e doenças e demandam menos cuidados. Por sua vez, o torrefador internacional estimulou e aproveitou-se desse crescimento. 

Passou a utilizar mais robustas nos blends. Em 2001 o blend internacional tinha 63 % de arábicas contra 37% de robustas. Hoje a proporção é de 58 para 42. 

O resultado é que o crescimento de robustas substitui cafés arábicas, puxa o preço de arábicas para baixo e proporciona uma brutal transferência de recursos dos países produtores para os torrefadores internacionais. O mais prejudicado dentre os arábicas é o Brasil, que além de tudo, vê aumentar seu deságio de preço em relação aos suaves colombianos e outros suaves. 

Pergunto: A estratégia de combate aos blends e consequentemente aos robustas está fora de cogitação? Criar a Associação de produtores de cafés arábicas do Brasil, e até uma associação internacional deve ser descartada? Pensar um programa de educação ao consumidor pode ajudar? 

É preciso refletir e agir, caros produtores de arábica. 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

LUCIO CALDEIRA

Mestre em Estratégia, prof. de Mkt e Planejamento Estratégico do Unis-MG e escritor. Comentarista na TV da Alterosa/SBT - Café com TV. Doutorando em Administração na Ufla, participante do Gecom e consultor de Mkt pela Foco Soluções Empresariais.

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ALEXANDRE CASTRO CAMBRAIA

OLIVEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/07/2013

Falta ao cafe brasileiro o marketing dado ao cafe colombiano; falta de atitude politica ou ate mesmo das cooperativas que poderiam se unir ou para cobrar ou para fazer... em qualidade nao devemos a ninguém. Porque as cooperativas não investem em torrefadoras só exporta do cafe tornado para expresso; soluvel ou moido ?
BENTO VENTURIM

SÃO GABRIEL DA PALHA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/07/2013

Sr Willian José Goulart, por favor, não pense em estatal, para o nosso café.  Precisamos de respeito pela importância social e  economica  que a cadeia tem. Precisamos que nossas indústrias, nossas cooperativas sejam mais nacionalistas e não entreguemos nosso "ouro" para alemão e italiano, ganhar dinheiro em nossas  custas.

Que nossas cooperativas e industrias, valorizem nosso produto sendo criativas. Inovem com sua capacidade de  desenvolver coisa nova.

Nossas lideranças  precisam ser ativadas.
SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 10/07/2013

Sr João Carlos Remédio, mais uma vez parabéns...penso a mesma coisa, a credibilidade se foi, não só café, mas em diversos setores. Escrevo sobre isso faz algum tempo, que existe sim, uma ação internacional direcionada de forma negativa ao Brasil fruto de nossas escolhas populistas ( como aliás ocorre em grande parte da América Latina)... Pelos números oficiais, o mercado internacional já estaria nos implorando por mais café faz muito tempo!!! Infelizmente, devido ao péssimo nível da informação que dispomos, produzimos mais do que de fato podemos!!! Os responsáveis por tais informações, os mesmos que deveriam adotar políticas de defesa para um produto de alta relevância econômica e social, simplesmente somem, deixando mais uma vez a conta para o produtor pagar... Será que isso muda um dia??
VALDECI MIGUEL RODRIGUES

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS

EM 10/07/2013

Qualidade tambem esta relacionada com o gosto pessoal de cada um . Tem os que gostam mais acido , menos acido , Rio , Duro para melhor , gourmet acho que desnecessario esses questionamentos , precisamos mesmo e lutar pela nossa cafeicultura como um todo, costume dizer por aqui no sul de minas , O produtor vive em uma industria a ceu aberto  alem de enfrentar os problemas independentes do clima enfrenta um turbilhao de exigencias, resumindo , Preço nunca esteve na mao do produtor , colheita so em areas mecanizadas pois senao fica  refém dos colhedores, por falar em colhedores a quem sera que interessa a fiscalizaçao ferrenha aqui no sul de minas , sera que é  em razao de estar dando emprego ao pessoal do nordeste que sobrevivem com Bolsa Tudo que tambem sao reféns do sistema e o sistema dependente dos mesmos pois quantto mais dinheiro for para os programas mais dinheiro para corrupçao e voto. E com tudo que o produtor passa ainda temos uma tal de CEMIG que deixa muitas vezes com chuva, os coitados 2 dias sem energia estragando o cafe em lavadores,  terreiros e secadores parados e ninguem paga o prejuizo , fica para o produtdor novamente. Nossa é uma loucura ha 31 anos acompanho os produtores de minha regiao , fazendo assessoria pos-colheita, qualidade e comercializaçao , é dificil voce ver essa situaçao e nossos representantes ........ onde estao ? há me esqueci , nao temos . Estao interessados em seus proprios interesses e o produtor mais uma vez ..... 
WILLIAN JOSÉ GOULART

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/07/2013

na minha opinião o que devemos é criar empresas brasileiras para entrar nesse mercado tanto soluvel como blends de melhor qualidade, e porque não até uma estatal diante da importancia social do café.
RUY BARRETO FILHO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 09/07/2013

Plantem mais conilon.

Precisamos De 20 Milhoes  De Sacas De Conilon Para Fazer Frente A Demanda Internacional Cafe Soluvel.
DR. JAIRO PINTO DE CARVALHO

SALVADOR - BAHIA

EM 09/07/2013

Tenho uma dúvida e desconfiança, acerca dos cafés solúveis, no que tange em torno dos COM INDICADORES NOS RÓTULOS DE QUE SÃO 100% ARÁBICA, SERÁ QUE SÃO MESMO, 100% ARÁBICA OU NÃO PASSAM DE MAIS UMA FARSA NESTE PAÍS CORRUPTO E ACÉFALO, E  SÃO MISTURAS DO ARÁBICA COM O ROBUSTA (BLENDERS) ?



É UMA DÚVIDA PELA QUAL APELO AOS SENHORES QUE SE POSSÍVEL ESCLAREÇAM POIS, TENHO LÁ MINHAS DESCONFIANÇAS !



SE FOREM MISTURAS, PORTANTO INCORREM NA PROPAGANDA ENGANOSA, DISPOSTA NA LEI nº 8.078/90, COMO CRIME CONTRA A RELAÇÃO DE CONSUMO, QUANDO ESTAMPAM NOS RÓTULOS QUE SÃO 100% ARÁBICA !



NO BRASIL, TUDO É POSSÍVEL E ACOBERTADO PELOS INTERESSES ESCUSOS !



As minhas desconfianças baseiam-se nas reações causadas pelo CAFÉ CONILON, NO MEU ESTOMAGO, OU SEJA, UMA DESAGRADÁVEL GASTRITE, O MESMO NÃ ACONTECENDO QUANDO INGIRO CAFÉS ARÁBICA PUROS, DAÍ AS MINHAS DESCONFIANÇAS !



Grato pela atenção.

Jairo Pinto de Carvalho
WILLIAN TREVIZAN

ARAGUARI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/07/2013

Plenamente de acordo com joao carlos...isso aki vai virar um haiti....e vamos pedir pelo amor de DEUS para os EUA tomar conta de nos.regime militar a vista....fora PT do SATA.....
JOÃO CARLOS REMÉDIO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/07/2013

A verdade é que viramos "marionetes" na mão do mercado comprador, nacional e internacional. Produzimos aqui, cafés diferenciados que não são tão divulgados como os "suaves" colombianos. Lá, o mundo comprador paga um diferencial porque os interesses são outros; eles têm a alternativa de produzir um produto universalmente consumido e mais rentável, embora, ainda ilegal na maioria dos países do mundo.

Se tudo correr dentro da normalidade, sem uma grande geada, os preços do café ainda não derreteram o suficiente; há muito espaço para aumentar a desgraça do cafeicultor. O mundo perdeu a credibilidade e o respeito para com o Brasil. E muita gente mentirosa, irresponsável e corrupta nos dirigindo. Estamos à deriva, num momento muito crítico as autoridades sumiram. o que nos resta é progredir com as colheitas e aguardar pelo pior. Salve se quem puder, a depender do nosso governo... já era...!
BENTO VENTURIM

SÃO GABRIEL DA PALHA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/07/2013

BENTO VENTURIM

SÃO GABRIEL DA PALHA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/07/2013

Penso que o prof Lucio Caldeira, nunca tomou um  café Conilon... e parece que nem quer  por preconceito, tendo a arcaica idéia de que "falta um grau prá veneno", conforme apregoavam os inimigos desta variedade de café.

Dispa-se de seu preconceito e saiba que o Governo do Esp Santo, está na TV fazendo propaganda da bebida do Café Conilon recém lançado tres clones, para aperfeiçoar a bebida de um gostoso cafezinho CONILON.

Prof Lucio, venha tomar um cafezinho conosco!  Nesta oportunidade, juntos vamos achar uma saída para os produtoresde arabica do Brasil que estão passando por um difícil "pedaço".

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