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Recomendação de gesso agrícola para a cultura do café

POR ANDRÉ GUARÇONI M.

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 11/09/2006

4 MIN DE LEITURA

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A maioria dos solos utilizados para o plantio do café no Brasil apresenta baixos teores de cálcio trocável e elevados teores de alumínio, especialmente em camadas mais profundas. Dessa forma, as raízes do cafeeiro tendem a ficar concentradas na superfície do solo, o que torna as plantas extremamente suscetíveis a veranicos, além de reduzir a absorção de nutrientes que estão distribuídos em um maior volume de solo. Mas porque as raízes se concentram na superfície?

O efeito do calcário, em geral, não é observado em camadas mais profundas do solo, uma vez que o ânion acompanhante carbonato (CO32-) imprime reduzida mobilidade ao cálcio no perfil do solo. É por isso que, ao se recomendar a calagem em cobertura, deve-se fazer a correção para 7 cm de profundidade, para que não ocorra uma supercalegem. Assim, grande parte do cálcio fica restrita às camadas superficiais do solo.

O cálcio, por sua vez, é um elemento essencial para o crescimento vegetal, apresentando mobilidade intermediária no solo e pouquíssima, ou nenhuma, mobilidade nas plantas. Dessa forma, o cálcio enviado das raízes para as folhas do café não é retranslocado para as raízes novamente, como acontece com o fósforo. Pode-se, então, fazer uma afirmativa de fácil entendimento: "as raízes do cafeeiro crescem em busca de cálcio, e, onde não houver cálcio, praticamente não haverá raízes de café".

Além disso, o alumínio (Al3+) presente em camadas inferiores, não corrigidas pelo calcário, é tóxico para as plantas em concentrações elevadas. Portanto, haverá pouco crescimento radicular nessas camadas, devido aos baixos teores de cálcio e à possível toxidez de alumínio.

Para contornar esse problema, que muitas vezes não fica explícito, mas que reduz a produção das lavouras, deve-se utilizar o gesso. O gesso agrícola é composto basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), contendo, aproximadamente, 32,6 % de CaO e 18,7 % de S, sendo fonte, além de cálcio, de enxofre. É um sal neutro e dissocia-se, quando em solução, em Ca2+ e SO4-2. Logo, não apresenta receptores de prótons (OH- e HCO3- ), ou seja, não é capaz, a princípio, de neutralizar a acidez do solo, muito menos de elevar a CTC. Dessa forma, é considerado como um condicionador do solo, não um corretivo.

O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao cálcio, permitindo que este nutriente chegue a camadas mais profundas do solo. Além disso, o sulfato, oriundo do gesso, se liga ao alumínio do solo, formando o sulfato de alumínio (AlSO4+), que é uma forma menos tóxica para as plantas. O gesso promove, também, outras formas de redução da toxidez de alumínio, como a "auto-calagem" ou a formação de AlF2+, mas essas ocorrem com menor intensidade do que a formação de AlSO4+.

Por fornecer enxofre e cálcio, dar mobilidade ao cálcio até camadas mais profundas do solo e reduzir a toxidez de alumínio em sub-superfície, o gesso é um insumo fundamental para a cultura do café, pois favorece o crescimento e o desenvolvimento radicular. Com isso, as plantas ficam menos sensíveis a períodos de veranico e são capazes de absorver nutrientes presentes em um maior volume de solo.


Aplicação de gesso

O gesso é um importante insumo para a cafeicultura, mas tem seu emprego limitado a situações particulares bem definidas. O uso indiscriminado de gesso nas lavouras pode causar problemas em vez de benefícios e prejuízos em vez de lucros.

A utilização do gesso é prescrita para as três situações de sub-solo listadas a seguir. Se apenas uma delas for satisfeita, deve-se aplicar o gesso.

- Teor de cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.

- Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3.

- Saturação por alumínio (m) maior que 30 %.

Essas são situações a serem determinadas no sub-solo, por meio de análises químicas. Portanto, a amostragem de solo, para esse caso, deve ser realizada na camada de 20 - 40 cm de profundidade, ou mais profundas, não na de 0 - 20 cm. Para verificar a necessidade de aplicação de gesso, os resultados analíticos da camada de 0 - 20 cm não querem dizer muita coisa. Essa decisão só pode ser tomada a partir dos resultados analíticos da camada de 20 - 40 cm.

Concluindo-se pela aplicação do gesso, segundo as três regras citadas, o cálculo da quantidade a ser utilizada é muito simples e baseado no cálculo para a necessidade de calagem (já discutido em artigo anterior). Divide-se em necessidade de gessagem (NG) e quantidade de gesso a ser aplicada (QG).

NG = 0,30 x NC, onde:

NG = Necessidade de gesso, em t/ha.

NC = Necessidade de calcário, em t/ha (calculada para a camada que se deseja corrigir com gesso, não para a camada de 0 - 20 cm. Essa NC é utilizada apenas para o cálculo da NG, não sendo aplicada ao solo).

QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:

QG = Quantidade de gesso a ser aplicada para corrigir determinada camada de solo, em t/ha.

NG = Necessidade de gesso, em t/ha.

SC = Superfície coberta pelo gesso, em %. (para área total utiliza-se SC = 100 %; para aplicação em faixas utiliza-se SC = 75 %).

PF = Espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. (para a camada de 20 a 40 cm utiliza-se PF = 20 cm; para a camada de 30 a 60 cm utiliza-se PF = 30 cm).

O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferível que seja usado após a aplicação deste. Aplica-se a quantidade de calcário calculada para a camada de 0-20 cm e a quantidade de gesso calculada para a camada sub-superficial. O gesso pode ser aplicado em cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo. Se não houver necessidade de calagem para a camada superficial, pode-se aplicar apenas o gesso, mas esta condição deve ser revista anualmente.

A aplicação de gesso, mal calculada e sem o prévio conhecimento se há necessidade de calagem para a camada superficial, é prejudicial ao equilíbrio químico do solo e à nutrição balanceada do cafeeiro. No entanto, quando bem prescrita e calculada, a aplicação de gesso é fundamental para que sejam alcançadas elevadas produtividades na cafeicultura.

ANDRÉ GUARÇONI M.

D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

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FERNANDO FABIANO

CONCEIÇÃO DA APARECIDA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/08/2017

Doutor André,



Seus artigos são muito bons, pois nos esclarecem muito a respeito de fertilidade. A minha dúvida surge quando o senhor cita que em aplicações em área total se usa um SC de 100% e, para aplicações em faixas, usa-se 75%.



Em espaçamentos mecanizados, onde a aplicação é feita em faixas, independente do número de plantas por hectare, eu posso colocar a SC em 75%? Isso também vale para o cálculo de calagem? Fazendo esse ajuste eu corro algum risco de aplicar mais do que o necessário na faixa?



Obrigado pela resposta da uréia em fertirrigação, me ajudou muito!!!



Um grande abraço!
ESTEVAO

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/04/2017

com aplicaçao de gesso consigo diminuir a bienualidade do cafe arabica?
PEDRO DIAS MOREIRA

DIVINO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/11/2016

Muitos de nós já sabemos até mesmo por algumas experiências que o uso do gesso é interessante, porém, esbarramos num problema que é o transporte desse produto devido a distância, ao que me parece a fonte mais próxima é Santos SP. Daí a dificuldade.Gostaria de saber se já existe no mercado o "gesso seco",pois, o que limita o transporte da fonte é que é úmido e fica oneroso seu transporte .
ROBSON AVILA

SÃO JOÃO DEL REI - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 17/08/2016

Bom dia! Gostaria de saber a respeito do gesso LIQUIDO.  veracidade das características do produto.
KLERISTON GOMES DE ABREU

GOIÂNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 13/02/2016

boa tarde!!



meu nome e kleriston



Super dosagem do gesso em cafeeiro, o que pode acontecer?
ELIONEI FREITAS

BREJETUBA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/04/2015

CARO DOUTOR ANDRE



ESTOU A TEMPOS A PROCURA DE UMA CONSULTORIA TÉCNICA NO SEGUIMENTO DO GESSO , SOU DE BREJETUBA,QUERIA SABER SOBRE DIFERENCAS DE GESSO,SE O MESMO USADO NA CONTRUCAO CIVIL   ONDE  ENCONTRAR E SOBRE COMO JOGAR NO SOLO, VC DA CONSULTORIA NA INCAPER AINDA, DESDE JA AGRADECO
JOAO BATISTA

MONSENHOR PAULO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/11/2014

o tecnico me recomendou jogar 1t gesso (joguei) em 1500 pes cafe mas a analise foi feita 0a20 Acho que vou ter problemas,acho que o tecnico so queria vender o gesso oque devo fazer desde ja agradeço sua atençao espero sua opiniao
EDWIN JIMENEZ

INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 03/09/2013

Rosa de Faria



Obrigado pelo seu comentario. Se voce me manda seu correio, eu mando mais informacao.



Atentamente,
ROSA ANGELA DE FARIA

EM 02/09/2013

faço o curso técnico em cafeicultura, suas informações são muito importantes para nós, em nossas tarefas. Obrigada;
GERMANO TIRADENTES ANANIAS

CAMPOS ALTOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/02/2013

Parabéns,  bom dia dr. André  Guarçoni , o que vc me orienta na adubação quimica no café jogar o cloreto de potassio  separado?
SIDNEY ANDERSON DOS SANTOS

VALPARAÍSO DE GOIÁS - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 04/02/2013

Caro Dr. André,



Belo artigo sobre gesso agrícola... Tenho uma dúvida, caso possa esclarecer ficarei muito grato. O gesso agrícola tem prazo de validade ou é indeterminada? Em uma embalagem que comprei ano passado vem escrito "prazo de validade de 6 meses após a data de fabricação".  Achei um pouco estranho pois boa parte destes insumos são de validade indeterminada! Sou totalmente leigo!... Desculpa a minha ignorância.



Grato pela atenção.



Um forte abraço.



Sidney Anderson
CASSIO DE FARIA VENTURINI

SANTA TEREZA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/01/2013

Olá  Dº Guarçoni, fugindo um pouco do foco, o que você me orienta sobre o uso do calcário líquido, pois a maioria dos produtores dizem que é bom, mas na verdade não tem conhecimento nenhum do produto.


Desde já agradeço pela atenção!



Att:. Cassio Venturini
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/01/2013

Prezado(a) Maquecelia Vilela,

Parabéns por produzir 100 sc/ha de café conilon. Sabemos que isso não é fácil, especialmente conseguindo o maior retorno possível por área.

O tempo irá provar nossa fé.

Sucesso.

André Guarçoni M.

MAQUECELIA VILELA

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/01/2013

utilizo em minhas lavouras altas dose de gesso agricola e nao acredito em desbalanco de nutrientes, pois quimicamente isso ocorre mas o que paga a conta é a produçao de minha lavoura de conilon. Tenho 120 ha com media de 100sacas  e  gostaria de conhecer algumas lavouras que o uso de doses altas de gesso agricola  provocou danos e baixas eficiencias de produçao. O mais importante nao e a analise analitica e sim  o resultado economico das lavouras.


CASSIO DE FARIA VENTURINI

SANTA TEREZA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2013

Agradeço  muito pela sua explicação, muito bom mesmo..

Também não concordo muito com a restrição de 3 t/ha.

Valeu mesmo, abraços e sucesso tb!

Att Cassio de Faria Venturini
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/01/2013

Prezado Cássio de Faria Venturini,



Você deve calcular a quantidade de gesso relativa ao resultado da necessidade de calagem para a camada de 20-40 cm de profundidade, independente da magnitude do valor. No seu exemplo, você deve calcular sobre as 4,2 t/ha.



Existem duas razões para isso. A primeira razão está ligada ao fato de que a necessidade de calcário (NC) calculada não será efetivamente aplicada ao solo, servido apenas como um passo intermediário no cálculo da necessidade de gesso (NG). A segunda razão consiste na controvérsia existente quanto à recomendação de se aplicar no máximo 3 t/ha de calcário. Não há fundamentação teórica ou prática para que se mantenha essa recomendação. Obviamente, devemos supor que os cálculos seriam bem feitos, considerando as reduções na quantidade de calcário a ser aplicada, ou seja, a redução que se faz na quantidade se o calcário for aplicado em cobertura e/ou em faixas. Se o cálculo da NC e das reduções for bem feito, não vejo problema em se adicionar ao solo 4,2 t/ha em uma única aplicação.



Essa recomendação (máximo 3 t/ha) assume caráter ainda mais grave se formos pensar numa aplicação de calcário em área total, com incorporação. Ora, se a NC calculada é de 6 t/ha de calcário, a ser aplicado na área total de um hectare e incorporado até 20 cm de profundidade, a limitação da dose a 3 t/ha não faria qualquer sentido ou promoveria qualquer efeito.



Sucesso.



André Guarçoni M.

CASSIO DE FARIA VENTURINI

SANTA TEREZA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/01/2013

Caro colega, se calcularmos a quantidade de gesso agrícola para a camada de 20 - 40 cm, devemos calcular a quantidade de calcária a ser aplicado para ter a dose ideal. Mas se por exemplo, a quantidade de calcário for igual a 4,2 t/ha, devo fazer o cálculo dos 30% em cima deste valor, ou em relação a 3 t/ha, já que a recomendação é de não ultrapassar essa dose de aplicação por ha.

desde já agradeço pela atenção!
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/11/2012

A Laborsolo de Londrina me fez uma recomendação de gesso e calcáreo. Não falou nada de supersimples, mas fiquei interessado no resultado. Minha lavoura foi esqueletada e apresentou necessidade de correção. No dizer do professor, após a análise de solo é preciso saber o que temos de bom que a planta não está absorvendo. E isto só é possível com a correção do solo.
ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/11/2012

Prezado Josias,

Aparentemente há necessidade, pois se o teor de alumínio for maior que 0,5 cmolc/dm3 deve-se aplicar o gesso. Mas lembre-se, estes resultados devem ser relativos a amostras coletadas na profundidade de 20-40 cm ou mais.

Sucesso.

André Guarçoni M.

ANDRÉ GUARÇONI M.

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/11/2012

Prezado Gleson Santos Luz,

Aplicar o gesso junto com o super simples não é muito adequado, pois o excesso de cálcio pode reduzir o aproveitamento do fósforo pela planta. Nesse caso, seria melhor aplicar o gesso junto com o calcário, esperar de 20 a 30 dias, de acordo com o regime de chuvas, e fazer a aplicação do super simples.

Sucesso.

André Guarçoni M.

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