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Objetivos, requisitos e dinâmica da certificação Utz Kapeh no Brasil

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 10/01/2007

7 MIN DE LEITURA

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A Utz Kapeh é um dos principais programas de certificação do café no mercado internacional. Ela foi fundada em 1997 por produtores de café guatemaltecos e uma torrefadora européia, a Ahold Coffee Company, com o objetivo de bonificar torrefadores e marcas para atender ao crescimento da demanda por cafés que garantissem a responsabilidade na produção.

Na língua maia Quiché, da Guatemala, Utz Kapeh significa ´café bom´. A Utz Kapeh é aberta a todas as escalas de produção e tipos de administração, incluindo empresas estatais.

A Utz Kapeh compreende práticas agrícolas adequadas para a produção de café e para o bem estar dos trabalhadores, incluindo o acesso à saúde e educação. Ressalta mais a produção responsável do que a agricultura sustentável.

Seu programa de certificação envolve critérios econômicos, sociais, culturais e ambientais. Os critérios econômicos se referem ao monitoramento e gerência de processos e negócios de forma eficiente e efetiva, instrução e treinamento adequados dos empregados e rastreabilidade do café na fazenda. Os critérios sociais e culturais envolvem o pagamento aos trabalhadores de acordo com as leis nacionais, assistência médica aos trabalhadores e seus familiares e liberdade de expressão cultural. E os critérios ambientais envolvem a preservação permanente do solo, das fontes sustentáveis de energia e das fontes de água1.

Os produtores são certificados por terceiros - um auditor independente - para checar se a propriedade está de acordo com o Código de Conduta da Utz Kapeh, o qual requer padrões básicos de boas práticas agrícolas na produção de café e bem estar dos trabalhadores. A inspeção da propriedade é feita anualmente.

Essa certificação tem por objetivo básico a capacitação de produtores responsáveis, para diferenciá-los dos produtores não certificados de café e colocá-los em contato com compradores também responsáveis. A Utz Kapeh procura canalizar assistência técnica aos produtores, para melhorar o gerenciamento das fazendas, reduzir os custos de produção e aumentar o acesso ao crédito.

Para garantir que o café com a logomarca Utz Kapeh realmente se origina de um produtor certificado pela Utz Kapeh, esse programa de certificação estabelece um conjunto de exigências administrativas e técnicas ao longo de toda a cadeia para assegurar a rastreabilidade - exigências da Cadeia de Custódia. Essas exigências incluem critérios para a separação do café certificado pela Utz Kapeh dos demais cafés e para a manutenção de registros de fornecedores e compradores diretos.

De acordo com o código de conduta, os produtores devem ser certificados segundo as Exigências da Cadeia de Custódia para Países de Origem como parte de sua inspeção anual. As marcas que exibem a logomarca Utz Kapeh em seus produtos devem ser certificadas segundo as Exigências da Cadeia de Custódia para Países de Destino. A Utz Kapeh recomenda que essas marcas também garantam a certificação de sua cadeia de fornecedores. Outras organizações na cadeia podem também se certificar para efeitos de Cadeia de Custódia, voluntariamente ou por solicitação específica de um comprador.

As exigências da Cadeia de Custódia criam a rastreabilidade do sistema da Utz Kapeh, com auxílio do sistema Utz kapeh na Internet.

Um produtor de café com certificação Utz Kapeh vende seu café a um comprador registrado pela Utz Kapeh e negociam entre si os detalhes do contrato e do prêmio que será pago devido à certificação Utz Kapeh. O produtor informa a venda e fornece as informações do contrato à Utz Kapeh por meio da emissão de um Anúncio de Venda no Sistema de Rastreabilidade Utz Kapeh. Ao receber o Anúncio de Venda a Utz Kapeh atribui um número único de rastreamento ao contrato e o envia de volta ao produtor, que o encaminha ao primeiro comprador do café. Esse número é a identidade do lote de café e o acompanha ao longo de toda a cadeia, constituindo um elemento chave para a comercialização e rastreabilidade do café certificado Utz Kapeh, devendo ser informado e enviado a cada comprador de café membro da cadeia.

Até janeiro de 2007 foram certificados produtores de cafés arábica e robusta em 18 países, a maioria na América Latina (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Bolívia, Brasil, Colômbia e Peru), e também na Ásia (Índia, Indonésia e Vietnã) e África (Etiópia, Quênia, Tanzânia, Uganda e Zâmbia).

O programa está se expandindo rapidamente. Até o final de 2004, 61.000 toneladas de café verde foram certificadas, de um total de 66 produtores, incluindo cooperativas (superior aos 38 produtores do ano anterior) em 14 países.

Até o final de 2005 havia 135 fazendas e grupos de produtores certificados Utz kapeh, com um volume total de 1.808.300 sacas de 60 kg de café certificado - cerca de 110.000 toneladas2 (quadro 1).


Fonte: www.utzkapeh.org 02/01/2007

Quadro 1 - Total de propriedades cafeeiras (número e %) e área cultivada com café certificado Utz Kapeh (hectare e %).

Até janeiro de 2007, mais de 200 fazendas e grupos de produtores foram registrados na Utz Kapeh ou estão em processo de certificação3 (quadro 2).


Fonte: www.utzkapeh.org 02/01/2007

Quadro 2 - Total de propriedades cafeeiras (número e %) e área cultivada com café em processo de certificação Utz Kapeh (hectare e %).

A Utz Kapeh tem o compromisso de melhorar os termos de comercialização para os produtores, mas o programa não intervém nas negociações de preços e também não há nenhum tipo de prêmio ou preço mínimo como nos outros programas.

A política de preços estabelece que os produtores podem ser recompensados com um prêmio acima de zero por estarem em conformidade com o código de conduta e que se tanto um torrefador ou um produtor pagar um preço incompatível ou aceitar um preço baixo ou nenhum prêmio eles poderão ser excluídos do programa.

Para melhorar o processo de negociação, os participantes do programa recebem informações semanais sobre os prêmios e as vendas por país. De acordo com a Utz Kapeh, estas informações de mercado atualizadas habilitam os produtores a negociarem preços melhores. Os prêmios na segunda metade de 2004, quando a Utz Kapeh começou a coletar e a divulgar essa informação, variaram de 1 a 9 centavos de dólar por lb, com uma média de 4 centavos/lb4. Em 2005 eles foram de aproximadamente 5 centavos/lb5. A taxa de administração cobrada pela Utz Kapeh é de 1 centavo de dólar por libra-peso de café beneficiado.

Além da companhia fundadora, Ahold, os membros compradores da Utz Kapeh incluem nomes bem conhecidos, tais como Sara Lee (Países Baixos), ICA (Suécia), Friele (Noruega), Mitsui (Japão), e Java Trade Company (EUA).

Em alguns países produtores, exportadores e torrefadores também são membros da Utz kapeh, em particular, Café Bom Dia Brasil Ltda, Exportadora de Café Turquesa, Qualicafex Ltda e Wolthers & Associates, no Brasil. Fora da América Latina, os únicos outros membros de país produtor são os exportadores Dormans Kenya Limited e Esco Kenya Limited, do Quênia, os quais agora se uniram à Bombay Burmah Trading Corp Ltd, uma torrefadora indiana. Até o início de novembro de 2005, existiam 161 exportadores negociantes e compradores registrados com a Utz Kapeh6. As compras de café certificado Utz Kapeh totalizaram 21.200 toneladas em 2004, 50% acima de 20037. Até dezembro de 2005, as compras de café certificado no ano foram de aproximadamente 30.000 toneladas8.

Até o início de janeiro de 2007, 276 exportadores, negociantes e compradores foram registrados com a Utz Kapeh (quadro 3).


Fonte: www.utzkapeh.org 02/01/2007

Quadro 3 - Total de exportadores, torrefadores e outros compradores registrados na Utz Kapeh (número e %).

A Utz Kapeh tem como meta os torrefadores e varejistas, mais do que os consumidores. Por essa razão não se preocupa em promover o selo Utz Kapeh junto aos consumidores.

De acordo com David Rosemberg, Diretor Executivo da Utz Kapeh, a certificação é uma engrenagem para nichos de mercado, envolve um preço significativamente alto e é posicionado para chamar a atenção mais para si do que para a marca, e dessa forma, o selo de certificação sobrepuja o selo da marca. A Utz Kapeh, em contraste, está tentando apoiar o selo de certificação, partindo de uma premissa fundamental que é diferente dos programas de certificação posicionados em nichos: os consumidores contam com companhias profissionais para incluir responsabilidade aos seus produtos e para terem padrões ambientais e sociais mínimos. A responsabilidade é um elemento esperado da identidade da marca, mais do que um singular ponto de venda para aumentar as vendas no curto prazo. A Utz Kapeh requer que os blends de café contenham pelo menos 90% de café certificado Utz Kapeh, para que tenham a opção de usar o selo da certificadora. Isto os diferencia da Rainforest Alliance que tem um limite mais baixo (30%)9.

A primeira certificação Utz Kapeh no Brasil ocorreu em 2002 e desde então tem se expandido rapidamente. Até janeiro de 2007, 81 fazendas foram certificadas e 10 estão inscritas e trabalhando para se certificarem. As fazendas certificadas representam uma área de 34.318 hectares cultivados com café10. No Brasil, 28 exportadores e duas torrefações (Café Bom Dia Ltda Brazil e Sarah Lee Cafés do Brasil Ltda) estão certificados como compradores de café certificado Utz Kapeh11.

Nota dos autores:

Este artigo deriva do livro "Do grão à xícara: como a escolha do consumidor afeta cafeicultores e meio ambiente". Consumers International e International Institute for Environment and Development, 2007, 60p.

Fontes citadas:

1 - www.utzkapeh.org, 02/01/07
2 - Utz Kapeh Annual Report 2005 - https://www.utzkapeh.org/index.php?pageID=111&showdoc=111_0_33
3 - David Rosemberg, comunicação pessoal, 2005
4 - Utz Kapeh, 2005
5 - David Rosemberg, comunicação pessoal, 2005
6 - Utz Kapeh, newsletter, novembro, 2005
7 - Utz Kapeh, 2005
8 - David Rosemberg, comunicação pessoal, 2005
9 - David Rosemberg, comunicação pessoal, 2005
10 - David Rosenberg, comunicação pessoal, 2005.
11 - www.utzkapeh.org, 03/01/07

SERGIO PARREIRAS PEREIRA

Agrônomo - Mestre em Fitotecnia - Pesquisador Cientifico do IAC - Centro de Café - Mediador da Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira no PEABIRUS - Doutorando da Universidade Federal de Lavras - UFLA - Coordenador do Núcleo de Manejo do CBP&D/Café

ARTUR BATISTA DE OLIVEIRA ROCHA

FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

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DANIEL FERREIRA AVELINO

MACHADO - MINAS GERAIS

EM 08/03/2013

Caros amigos aprendi muito muito com  IMO control.

vcs estão de parabens
IMO CONTROL

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 20/03/2007

Caros colegas,

Interessante matéria.

Saudações

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