Luiz Silveira


Se a cooperativa mineira Cooxupé fosse um país, seria o quinto maior produtor de café do mundo, atrás apenas do Brasil, do Vietnã, da Colômbia e da Indonésia. Em 2012, ano em que a cooperativa de cafeicultores de Guaxupé (MG) completa 80 anos, o recebimento de café deve atingir o recorde de 6 milhões de sacas de café.

O café é talvez o mercado no qual fica mais claro o papel do cooperativismo no setor agropecuário. Maior produtor mundial de café, o Brasil tem sua posição de liderança consolidada pela soma de milhares de pequenos produtores – 12 mil deles associados à Cooxupé. Desses cooperados, 97,9% são pequenos e médios agricultores. “Para o pequeno produtor negociar em igualdade de condições, tem que estar ligado a uma cooperativa”, diz o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino.

É como se qualquer pequeno produtor pudesse negociar sua produção como se fosse um dos maiores vendedores de café do mundo. Afinal, a Cooxupé vendeu no ano passado 5,1 milhões de sacas e faturou R$ 3 bilhões, um crescimento de 68% sobre 2010. Além de conseguir preços e condições melhores por vender em grandes volumes, os cooperados também fazem a estocagem e as compras em conjunto, o que reduz o preço dos insumos.

Há ainda o importante aspecto do acesso à tecnologia: em 2011, os técnicos e agrônomos da Cooxupé fizeram mais de 69 mil atendimentos técnicos gratuitos aos cooperados, ajudando-os a adotar as melhores práticas de produção. A cooperativa também mantém laboratórios que fazem pesquisas com o café, como a extração dos óleos do grão para o uso em cosméticos. São coisas, que, sozinhos, os cooperados jamais conseguiriam fazer.

Com tudo isso, desde a compra de insumos agrícolas até as vendas, a Cooxupé consegue colocar mais café nas xícaras de todo o mundo e mais dinheiro no bolso do pequeno produtor. Afinal, as cooperativas não têm fins lucrativos. Os recursos que “sobram” no balanço são distribuídos aos associados e reinvestidos na própria empresa.

Café de primeira
Os bons resultados comerciais e financeiros da Cooxupé não são apenas resultado do crescimento dos volumes vendidos, mas também do aumento da qualidade. Segundo o vice-presidente da cooperativa, Carlos Augusto de Melo, os cooperados estão se esforçando cada vez mais para obter cafés de qualidade, enquanto a Cooxupé aprimora os processos e armazéns. Há um imenso cuidado na classificação e separação dos grãos, para que cada lote possa ser negociado pelo preço que realmente vale.

Com esses cuidados, a cooperativa se consolidou como fornecedora de marcas como Illy, Nespresso e Starbucks. Mas não é só o mercado externo que recebe os grãos mais nobres da região de Guaxupé. A cooperativa vende cada vez mais café especial no mercado interno. “Se o mercado brasileiro não cresce tanto em volume, cresce muito em qualidade, o que é mais importante”, afirma Melo. “Hoje a máxima de que só o café de menor qualidade fica no Brasil está sendo quebrada.”
Veja o vídeo que o Sou Agro produziu na fazenda do produtor de café Élcio Evangelista, cooperado da Cooxupé, sobre os impactos do Código Florestal atual na agricultura familiar.