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Vietnã, Indonésia e Índia: Maravilhas econômicas, café robusta e o papel do solúvel

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 17/10/2022

4 MIN DE LEITURA

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O artigo recente do Financial Times, “As Sete Maravilhas Econômicas de um Mundo Preocupado”, de Ruchir Sharma, chamou minha atenção porque três destas maravilhas econômicas e aquelas abordadas primeiro são produtoras relevantes de café robusta. O Vietnã é o maior produtor de robusta do mundo, a Indonésia vem em terceiro lugar e a Índia é um conhecido produtor de robusta lavado.

Juntos estes três países asiáticos respondem por quase dois-terços da produção de robusta e um-quarto de todo o café produzido do mundo. Eles também estão estrategicamente localizados para abastecer o que pode vir a ser o maior mercado de café do mundo, a própria Ásia, que hoje consome principalmente café solúvel, cuja matéria-prima básica são os grãos de robusta e conilon.

O Vietnã, um fornecedor enorme mas relativamente novo de café, passou de produção insignificante a líder mundial em menos de meio século: hoje é o maior produtor e exportador de robusta! O consumo local também está aumentando, impulsionado pela crescente cultura de café e pelo café solúvel. As indústrias de café solúvel estrangeiras e locais estão se expandindo não apenas para abastecer o mercado vietnamita, mas também e especialmente para exportar. 

A Indonésia é única porque o consumo local de café está crescendo mais rápido do que a produção e, como resultado, as exportações estão estáveis ou em queda. O país é um grande exemplo de crescimento do consumo de café sem um programa institucional para promovê-lo. O café “três-em-um” – envelopes de dose única com café solúvel, leite não lácteo e açúcar –, as próprias marcas de café e as cafeterias estão fazendo isso. Apesar de ter um forte parque industrial de café solúvel, o país o importa também.

A Índia está aumentando sua produção de robusta em detrimento do Arábica. Isso não deve surpreender, considerando o enorme potencial do mercado indiano de café solúvel, que ainda é muito pequeno em relação ao tamanho da população do país. A Índia pode de fato se tornar um importador de produtos solúveis se o café ficar na moda, como aconteceu na China e na Indonésia. A Índia também é pioneira na produção e exportação de café robusta lavado.

Podem estes três países asiáticos produtores de robusta, que desafiam o pessimismo econômico predominante no mundo, como argumenta o artigo, se beneficiarem dessas condições e aumentarem sua produção de café, inclinando ainda mais a balança em favor do robusta e se tornarem uma ameaça para outras nações produtoras de café? 

Um forte argumento a favor do aumento desta produção é a proximidade com a China, cuja taxa de crescimento do consumo de café provavelmente retornará aos altos níveis pré-pandemia mais cedo ou mais tarde. O Vietnã e a Índia compartilham fronteiras com a China e a Indonésia está mais próxima dela que a maioria dos outros países produtores de café. Esses três países podem eventualmente se tornar fontes importantes de abastecimento de café verde e solúvel para a China, devido às suas vantagens logísticas.

Este mesmo argumento pode se aplicar em resposta ao crescimento do consumo doméstico nestes países. Os casos de aumento de consumo na Indonésia e no Vietnã já foram mencionados acima e suas populações são grandes. País muçulmano mais populoso do mundo, a Indonésia tem 275 milhões de habitantes enquanto o Vietnã está prestes a alcançar 100 milhões. O consumo pode agora aumentar mais rapidamente na Índia, cuja população é enorme e sua economia é uma das que mais cresce no mundo. 

A verdadeira questão é se esses três países podem expandir competitivamente suas produções de robusta, se têm culturas que competem pela mesma terra e oferecem retornos iguais ou melhores, e se há vontade política para fazê-lo. As estatísticas referentes às suas produções recentes não justificam o argumento de aumento da produção, mas os altos preços atuais podem mudar isso.

De qualquer forma, uma maior produção de robusta no Vietnã, Indonésia e Índia, que incentive o aumento do consumo de café na Ásia, pode ser benéfica para a produção de café em todo o mundo. A maior parte da produção exigida por esse consumo adicional poderá ter de ser originária da África e da América Latina e incluir o café Arábica. Há mais disponibilidade de terra para cultivar café e a evolução da preferência dos consumidores pode favorecer um maior uso de Arábica. Em resumo, o que pode acontecer com e ao café nas três maravilhas econômicas deste mundo pós-pandemia – Vietnã, Indonésia e Índia – pode ser benéfico para todo o mundo produtor de café e para sua cadeia de abastecimento.

Em paralelo a toda esta discussão sobre café robusta, que abordou também o café solúvel, é oportuno lembrar que há hoje em curso um reposicionamento destes dois produtos. Esta nova visão poderá aumentar seu consumo e demanda e quebrar paradigmas hoje estabelecidos sobre sua qualidade.  

O reposicionamento do robusta está mais adiantado e é mais conhecido. O CQI criou o Q Robusta Grader faz alguns anos e está hoje empenhado em melhorar a qualidade do robusta e do conilon por meio do processamento pós-colheita. O CQI fez também uma sessão de degustação de cafés robustas e conilons especiais no evento World of Coffee em Milão que teve ampla repercussão devido à alta qualidade dos cafés. 

Já no caso do café solúvel, está em vias de ser lançada pela ABICS  uma metodologia de análise sensorial que permitirá mostrar aos consumidores as diversas qualidades deste produto e como elas podem ser usadas para valorizar tanto o café solúvel em si como produtos nele baseados. O lançamento da nova metodologia, a ocorrer na Semana Internacional do Café, foi um dos temas do painel sobre inovação “Fora deste mundo!”, que ocorreu no concorrido evento anual da Associação Suíça de Comércio de Café (SCTA), também conhecido como Coffee Dinner Suíço, que aconteceu em Genebra na quinta e sexta-feiras da semana passada. 

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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