De acordo com o jornal Valor Econômico, os preços futuros do café fecharam em alta ontem nos EUA, atingindo a maior cotação em uma semana, após notícias de que uma frente fria poderá atingir as regiões produtoras de café do Brasil, o maior produtor e exportador mundial. Segundo a agência de meteorologia do Kansas, a "World Weather", há cerca de 50% de chances de as temperaturas caírem nos próximos dez dias nas regiões produtoras de café. No mês, entretanto, a saca acumula baixa de 3,66%.

Em resposta às informações sobre o aumento da receita com exportações brasileiras no primeiro semestre deste ano, divulgadas ontem pelo CaféPoint, Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, afirmou que esse crescimento deve ser atribuído ao amadurecimento da empresa brasileira, uma vez que ela percebe que "o canal de distribuição do mercado externo é uma alternativa importante e complementar do mercado interno".

Em reportagem à Reuters, o executivo afirmou ainda que o aumento na exportação do torrado e moído também ocorre por conta da promoção do café brasileiro, especialmente com o programa de apoio às exportações da Apex Brasil, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Comparando com 2002, quando não havia o programa da Apex, aumentou 10 vezes", destacou o diretor, lembrando que as vendas externas naquele ano foram de apenas US$ 4 milhões.

Apesar do potencial do café industrializado, Herszkowicz disse que as empresas brasileiras enfrentam dificuldades como tarifa de importação em países europeus, por exemplo, ou mesmo desafios mercadológicos, num setor em que as marcas são tradicionais, centenárias, e têm um mercado consolidado. De qualquer modo, o executivo vê possibilidade de as empresas brasileiras avançarem em segmentos de cafés diferenciados, determinados nichos que requerem menos investimentos das companhias.

Segundo o Nathan, apesar de uma retração no começo do ano, o consumo de café no Brasil se recuperou a partir de março e deverá fechar 2008 dentro da expectativa do setor de crescer 5%, atingindo 18 milhões de sacas. "Os números apontam para crescimento de 4% a 5% e a expectativa é de que a melhora da renda também se reflita no crescimento do consumo de cafés de melhor qualidade, cafés superiores ou gourmet", concluiu.

Em Nova York, contratos para Julho/08 registraram alta de 75 pontos e fecharam a sessão a 140,80 cents/lb, ou R$ 296,78/sc. Para Setembro, +65 pontos sustentaram os preços acima dos R$ 300,00, cotado a 142,90 cents/lb, ou R$ 301,21/sc. Nesta segunda-feira, o dólar comercial fechou em baixa, cotado a R$ 1,593, de acordo com o Banco Central.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Dólar

De acordo com o InfoMoney, o dólar comercial fechou em queda nesta segunda-feira (14) e situou-se novamente abaixo de R$ 1,60, refletindo o fluxo positivo de recursos no mercado interno. O cenário externo, por sua vez, segue volátil mesmo após o anúncio de que o governo norte-americano irá ajudar as duas maiores financiadoras de hipotecas do país, Fannie Mae e Freddie Mac. No entanto, a boa expectativa para a temporada nacional de resultados garantiu um dia positivo para o mercado interno.

"Os resultados corporativos das empresas brasileiras podem amortecer pelo menos parte de eventuais pressões negativas externas e reforçar as positivas", avalia em carta dirigida ao mercado Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK. Além disso, a perspectiva de maior entrada de recursos no País, tanto pelo comércio exterior quanto pela via financeira, influenciou a sessão de hoje. A oferta de ações da Vale - cujo período de reservas termina na terça-feira (15) - é uma das operações que tem atraído investidores estrangeiros.

Segundo o site, a balança comercial brasileira foi superavitária em US$ 1,225 bilhão na segunda semana de julho. Em nota, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) destacou que o saldo positivo representou o "segundo melhor desempenho semanal do ano".

Em virtude do superávit comercial e levando em conta que o Banco Central comprou, através de seus leilões diários, entre os dias 4 e 11 de julho, por volta de US$ 431 milhões, "deixando" no mercado cerca de US$ 800 milhões, o economista Sidnei Nehme, da corretora NGO, avalia que a oferta da moeda tenha ajudado a derrubar novamente sua cotação.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café


Mercado do robusta

A Bolsa de mercados futuros de Londres fechou a US$ 2428/t ou R$ 232,13/sc para a posição Julho/08, ao passo que contratos para Setembro/08 subiram 19 pontos e terminaram a sessão a US$ 2.350/t, (R$ 224,67). Contratos com vencimento previsto para julho deste ano acumulam 9,7% de valorização nos últimos 30 dias.

Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo terminou o dia em baixa para a posição Setembro/08, que fechou a US$ 172,55/sc ou R$ 274,94/sc. Dezembro, com alta de +US$ 0,05, terminou cotado a US$ 175,95/sc (R$ 280,36), praticamente anulando os ganhos da última semana.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar


Mercado físico

Em Guaxupé, Minas Gerais, a saca do arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - foi negociada a R$ 261,00, com valorização de R$ 2,00 em relação ao dia anterior. O indicador Cepea/Esalq fechou em alta de quase 1%, a R$ 254,03/sc. Em Franca, São Paulo, o preço da saca subiu R$ 2,00, negociada a R$ 255,00.

O café despolpado de Vitória da Conquista segue negociado a R$ 245,00/sc. Nas praças de Patrocínio e Araguari, Minas Gerais, a safra nova segue comercializada a R$ 255,00; em Caratinga, a R$ 250,00/sc.

Em São Gabriel da Palha/ES, o conillon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - vem sendo negociado a R$ 203,00/sc desde o dia 30 de abril de 2008. Em queda, o indicador diário à vista do Cepea/Esalq registrou R$ 216,64, com 0,77% de baixa.

Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F



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Julio Frare, Equipe CaféPoint