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O papel benevolente dos fundos

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 28/09/2009

5 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - 21 setembro a 25 de setembro de 2009

O ganhador do prêmio nobel em economia Paul Krugman se juntou ao coro dos que creem que a recessão acabou, salientando porém que um retorno ao crescimento será lento e que o desemprego ainda pode piorar antes de melhorar.

O grupo dos 8 países (G8) mais poderosos do planeta agora foi substituído por um novo clube formado pelas 20 maiores economias (G20) com países emergentes como o Brasil fazendo parte da turma. A estratégia é inteligente já que mantidas as taxas de crescimento do PIB dos emergentes o G8 excluiria alguns atuais poderosos por China, Brasil e India em aproximadamente 11 anos, então a manobra permite a manutenção dos que estavam arriscados a perder seu "assento".

Na onda de boas notícias que vem ajudando o Brasil nos últimos anos mais uma agência de risco colocou o país em grau de investimento, e claro que o Lula faz todos acreditarem que isso tudo é graças a ele - o que não é verdade.

O dólar americano durante a semana chegou a ficar mais fraco mas fechou com leve alta ajudado pela ininterrupta demanda pelos papéis da dívida americana que, embora remunerem o investidor com baixos juros, não perdem a atratividade para aqueles que não acreditam que uma recuperação econômica aconteça tão rapidamente quanto os otimistas.

As bolsas de ações não conseguiram subir mais, apesar do prognóstico mais animador para o crescimento do PIB das economias emergentes-asiáticas. Os investidores ficaram cautelosos e resolveram tirar um pouco de suas fichas da mesa com a divulgação de preços mais baixos dos imóveis americanos, da queda grande no número de imóveis vendidos e com uma sinalização de que o G-20 vai impor regras mais restritas para o setor bancário.

As commodities nos últimos cinco dias sofreram fortes quedas com a realização de lucros dos comprados e fecharam a semana em sua maioria apontando para mais liquidações.

O café bem que tentou se desvencilhar dos efeitos externos, fazendo uma nova na segunda-feira, mas depois de falhar nos dois dias subsequentes em testar o nível de US$ 140.00 centavos / libra em Nova Iorque, o mercado afundou na quinta e na sexta dando sinais de que os fundos podem bater ainda mais nos preços.

Bom ressaltar que o papel dos fundos, que sempre são acusados de serem o vilão do mercado, tem sido benevolente tanto para os produtores de café como para as indústrias torrefadoras, já que tem permitido que os primeiros vendam seus cafés 20 centavos mais caros do que os torradores tem comprado o mercado futuro. Ou seja, os dois lados comerciais do café tem se beneficiado da volatilidade e das esticadas e derrapadas do movimento da bolsa.

Como mencionei neste espaço na semana passada, parecia que os fundos continuariam levando o contrato "C" para cima até que suas posições ficassem próximas a 20 mil contratos comprados. O commitment-of-traders - relatório divulgado pelo órgão que regula o mercado futuro americano - mostrou na sexta-feira que a posição deles não conseguiu chegar nos 20 mil, e com 15 mil contratos comprados (líquido) e a queda vista na semana, Nova Iorque está vulnerável para testar 123.00 centavos, para o desespero dos produtores que não aproveitaram a alta para fixar.

A descrença na queda se dá principalmente para aqueles que acompanham o fundamento e que não se mostra tão negativo no curto prazo com preços mínimos no Brasil sendo implementados, dificuldade dos exportadores brasileiros em encontrar café que não estoure xícara fraca, falta de disponibilidade de café suave na América Central e Colômbia por mais umas 3 semanas e pela fraqueza do dólar.

Os altistas ainda apontam que mesmo com a entrada da safra da Colômbia e seus vizinhos ao norte, problemas com broca podem fazer repetir, com a devida parcimônia, o problema de qualidade que vimos durante este ano.

Por outro lado os baixistas em nada se surpreenderam com a queda da bolsa, haja vista que continuam achando que não há problema de abastecimento de café, de que há um potencial de produção da safra brasileira de 2010/11 bastante grande, e mais importante do que tudo isto é que, na prática, os importadores têm conseguido comprar café a diferenciais baratos o suficiente para convencê-los a não acreditar na estória altista que os "bulls" (aqueles que apostam na alta) tem divulgado.

De volta ao Brasil, nesta semana vimos na BM&F um recorde na entrega de café, que aconteceu para o contrato de Setembro que entrou em notificação. Nada menos do que 70% do café certificado foi entregue/recebido, gerando a velha discussão que estamos acostumados a ouvir aqui fora: isto é baixista ou altista? Os que acham que é baixista dizem que como os produtores não conseguem vender seus cafés a preços melhores do que a bolsa, resolvem entregar tudo, mostrando que não há demanda. Os que acham que é altista dizem exatamente o contrário, que como os compradores não conseguiram comprar café mais barato, acabaram recebendo na BM&F. Ou seja, tem opinião para todos os gostos.

Eu acredito que a entrega é mais altista do que baixista dado o quadro do mercado local, onde há muita dificuldade em se comprar café de bebida dura. Sem contar que os recebedores muito provavelmente estavam comprados na arbitragem a níveis atrativos, já que esta chegou a negociar a 24 centavos de desconto, justamente quando escrevi neste espaço que o café da BM&F era o mais barato do momento.

Outro indicador de que a entrega é mais altista é o comportamento do spread que só fez estreitar - os meses presentes subiram mais do que os meses "futurões" - demonstrando "escassez" de oferta de cafés melhores no curto-prazo.

Parece que se continuarmos vendo no Brasil a falta de cafés melhores sendo oferecidos aos exportadores, o contrato de dezembro pode ter ainda mais interesse de ser recebido, o que pode não apenas eventualmente causar uma inversão dos spreads - o primeiro mês mais caro do que o mês seguinte - como provocar um estreitamento forte da arbitragem. Tomem cuidado com isso!

Para a semana que começa parece que mais vendas vão pressionar as bolsas de café, e mesmo que no curto prazo haja mais motivos para não acreditar que o mercado caia, infelizmente os fundos ainda tem uma posição comprada razoável para liquidarem. Os que precisam fixar suas vendas imediatamente não tem muito que fazer, a não ser que tenham tido a sorte de comprar uma proteção de baixa.

A indústria só começa a ter interesse de compra com volumes significativos próximo de 120.00 centavos em Nova Iorque, portanto: apertem os cintos!

Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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