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Danos causados ao cafeeiro pela deriva do herbicida glifosato - Parte1

POR NECAF

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 05/02/2016

5 MIN DE LEITURA

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Por Giovani Belutti Voltolini, Tiago Gonçales Cardeal Naves, Ademilson de Oliveira Alecrim, do Necaf - Ufla

Importância e utilização do glifosato no café
A cafeicultura atual dispõe de grandes investimentos no que diz respeito à mecanização de suas atividades, visto que, devido a dispendiosidade do serviço manual, associada ao custo e a falta de mão de obra, se faz necessário o uso de tecnologias que otimizem a realização dos manejos na lavoura.

Entre estes manejos, podemos citar, principalmente, o manejo de plantas daninhas, que é de grande importância no café, pois as mesmas podem competir com o cafeeiro por elementos essenciais ao seu desenvolvimento, como água, luz, espaço e nutrientes.

O controle das plantas daninhas pode ser realizado de diversas formas, sendo mais comuns os tipos de controle manual, mecânico e também por meio da utilização de herbicidas (químico). Este último surgiu para revolucionar e viabilizar o controle do mato no cafeeiro, pois sua eficiência no controle do mesmo é elevada, assim como sua praticidade.

Neste sentido, a utilização do herbicida glifosato no cafeeiro, tanto em lavouras adultas como em lavouras novas, passou a ser muito recorrente, visto que, seu espectro de controle é elevado, sendo muito eficiente no controle das plantas daninhas, com baixo custo de aplicação.

Ocorrência da “deriva”
O glifosato é um herbicida de ação sistêmica, não seletivo e utilizado em pós-emergência de plantas daninhas. Sobretudo, se fazem necessárias corretas tecnologias de aplicação visando que as gotas aspergidas na aplicação atinjam somente a superfície foliar das plantas alvo, ou seja, as plantas daninhas.

Dentre estas tecnologias, podemos citar o uso correto dos equipamentos de pulverização, associados a condições climáticas adequadas. Também é de grande importância a correta calibragem do pulverizador, assim como o tipo de aplicação, que está diretamente relacionado com o bico e as pontas de indução utilizadas. A altura da barra de aplicação também deve ser verificada, sendo que a recomendação é de aproximadamente 40 cm do solo ou da extremidade superior do dossel vegetativo das plantas daninhas. Os bicos devem estar dispostos na barra de maneira deslocada, evitando assim a sobreposição dos jatos.

Quanto às condições climáticas, recomenda-se a realização da aplicação de herbicidas com temperaturas amenas, não excedendo 30ºC, podendo haver volatilização do herbicida pelo calor demasiado. A ocorrência do vento também deve ser observada, não podendo exceder 10 km/h. Por fim, a técnica do operador é determinante para que a aplicação seja realizada da melhor forma possível, possuindo assim, maior eficiência no controle das plantas daninhas.

Entretanto, nem sempre é possível realizar a aplicação deste herbicida nestas condições citadas, visto que a necessidade de realização deste manejo pode fazer com que o cafeicultor realize a aplicação fora das condições adequadas. Também pode ocorrer por falta de orientação aos operadores, fazendo com que a aplicação não seja eficiente.

A não utilização das corretas tecnologias de aplicação, além de reduzir a eficiência no controle das plantas daninhas, pode também ocasionar um fenômeno que ocasiona grandes prejuízos as plantas de café recém-implantadas, que é denominado “deriva”.



Figura 1. Acerte o alvo.
Fonte: Adaptado de Guilherme Popolin, 2013

A deriva consiste no arraste (deslocamento) das gotas aspergidas na pulverização, fazendo com que, parte do produto utilizado atinja plantas não-alvo, ou seja, plantas que não deveriam receber o produto, que neste caso, são as plantas de café.

Sintomas
Os sintomas evidenciados pela ocorrência da deriva do herbicida glifosato nas plantas de café são muito característicos, exibindo ramos plagiotrópicos com super brotamento na região apical do ramo, sendo que as folhas apresentam formato diferente do normal, estando mais finas. Em alguns casos, a folha também pode apresentar clorose e aspecto coriáceo. Em casos de severa intoxicação, a planta apresenta folhas necróticas que podem evoluir para a morte da planta.

Os sintomas de fitotoxidez deste herbicida podem se assemelhar aos sintomas característicos da deficiência de zinco no cafeeiro, sendo necessária a utilização de técnicas para diferenciar e identificar qual problema está ocorrendo. A anamnese, prática realizada visando o levantamento de informações, pode ser utilizada visando solucionar este problema, onde o levantamento de informações a cerca dos manejos realizados na área, poderão levar a possível solução do questionamento.

Como exemplo pode-se questionar sobre os sintomas, se são generalizados, se ocorrem em todas as folhas da planta, se foram realizadas aplicações com defensivos agrícolas, ou seja, uma caracterização do problema e a contextualização dos manejos realizados na área de cultivo.


Figura 2. Sintomas da deriva de glifosato no cafeeiro.
Fonte: Giovani Belutti Voltolini, 2015

Prejuízos
Os prejuízos causados aos cafeicultores pela ocorrência da deriva do herbicida glifosato são grandes, visto que, uma parte do produto não atinge a planta alvo, reduzindo a eficiência da aplicação, assim como a elevação dos custos de produção.

Além de uma possível fitotoxidez das plantas de café, ou também de regiões vizinhas, o prejuízo ao cafeicultor acontece pela redução da eficiência no controle das plantas daninhas. Isto por que, após a pulverização, as plantas daninhas não receberam a dose recomendada do herbicida, devido a erros de aplicação, requerendo uma nova pulverização para o controle.


Figura 3. Danos causados no desenvolvimento do cafeeiro.
Fonte: Giovani Belutti Voltolini, 2015

A ocorrência de sub-doses pode ter relação direta com o surgimento de plantas daninhas resistentes ao herbicida. Sobretudo, o surgimento de plantas que não são controladas por este herbicida pode ser um grande problema para o manejo das plantas daninhas nesta área. Neste sentido, a buva (Conyza sp.), o capim amargoso (Digitaria insularis) e outras plantas daninhas estão se mostrando resistentes a este herbicidas, exigindo assim novas estratégias de manejo para a realização do controle.

Também é observado em campo o “travamento” no crescimento das folhas e dos brotos do cafeeiro, havendo uma perda, no período de fitotoxidez, de 2 a 3 pares de folhas, e consequentemente, influenciando no desenvolvimento inicial do cafeeiro.

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Quer saber Como evitar problemas com a aplicação do glifosato e sobre recuperação de plantas intoxicadas? Este artigo tem sua continuação: Clique aqui e confira a Parte 2.
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Autores
Giovani Belutti Voltolini1 – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, Membro do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD e Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf.
giovanibelutti77@hotmail.com
Tiago Gonçales Cardeal Naves2 – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, Membro do Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf.
tiago_navesoo@hotmail.com
Ademilson de Oliveira Alecrim3 – Mestrando em Agronomia - Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, Membro do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD e Núcleo de Estudos em cafeicultura – Necaf.
ademilsonagronomia@gmail.com

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RODRIGO

IÚNA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/12/2016

Queria saber se existem produtos para associar ao herbicida para que seu efeito tóxicos em café seja menos agressivos ?????
HIPER AGRO

CANDEIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/04/2016

Tenho uma pequena propriedade no município de Candeias MG com 15 ha de café com diversas idades, a oito anos abandonei o uso de glifosato e passeia a usar diurom 100 + paraquate 200 por ter percebido que o contato da folhas com a erva daninha pulverizada com glifosato somado a deriva que e praticamente inevitável provocava o abortamento de flores ou seja as grandes floradas não geravam grandes produções, as rosetas nunca ficavam cheias, acabei concluindo que o efeito negativo do glifosato e traiçoeiro enquanto que os produtos de contato mostram o erro na aplicação no dia seguinte e não causam fito por não serem sistemicos. uma outra vantagem e o efeito pré emergente do diuron, mas lembro que a aplicação de produtos de contato devem serem efetuados com as ervas daninhas no máximo no terceiro a quarto pares de folhas.
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 12/02/2016

Grato pelos cumprimentos Odirlei Guerra!!



Sempre estaremos a disposição!!
ODIRLEI GUERRA

CAMACAN - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/02/2016

Parabens pelo comentario e materia dirigida
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2016

Caro José João!!



Primeiramente muito obrigado pela interação neste artigo, sempre é bom trocarmos experiências e observarmos novas sugestões!!



Quanto à situação mencionada pelo senhor, de ocorrer o "pingamento" de Glifosato no caule do cafeeiro, alguns pontos devem ser observados, sendo eles:



A ocorrência de deriva [(transporte do herbicida das plantas alvo (plantas daninhas) para as plantas não-alvo (café), por meio do vento], no cafeeiro é sempre algo indesejado, pois além de causar efeitos de fitotoxidez no cafeeiro, também implicam em menor dose do herbicida e consequentemente maior custo de aplicação!!



No caso do Glifosato atingir o tronco do cafeeiro, pode haver absorção do mesmo, porém de modo mais reduzido e somente quando as plantas estão em fase de desenvolvimento, pois após este período, os tecidos da planta se tornam lignificados e suberizados, deixando-os assim mais impermeáveis.



Lembrando que o uso de corretas tecnologias de aplicação é indispensável no momento da aplicação, evitando assim diversos problemas inerentes à aplicação, como a deriva.
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2016

Caro GINOAZZOLINI NETO!!



A sua opção pela não utilização de herbicidas e manejo por meio de roçadas pode ser uma alternativa muito viável, visto que o acúmulo de massa vegetal nas entrelinhas do cafeeiro, por meio do manejo mecânico, pode incrementar diversos benefícios à sua área de cultivo.



Entre eles podemos citar a maior retenção de água, menor amplitude térmica, maior porosidade do solo e o mais importante, os incrementos na matéria orgânica do solo, que de modo direto, contribui para a fertilidade do mesmo, seja pelo aumento da capacidade de trocas do solo ou também pelo fornecimento de nutrientes por meio da mineralização!!



Quanto ao custo, realmente este se mostra um pouco elevado quando se opta por esta forma de manejo. Porém, os benefícios proporcionados podem fazer com que seja viável a opção por este manejo.



Em breve será lançada a segunda parte da matéria, não deixe de conferir!!



Desde já, muito obrigado pela interação!!
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2016

Boa tarde Flávio dos Santos!!



Assim como dito pelo senhor no comentário, o uso de herbicidas seletivos na cafeicultura auxilia de modo direto no controle de plantas daninhas e na praticidade do manejo das mesmas.



Outro ponto muito interessante é o manejo integrado de plantas daninhas mencionado no comentário (químico + mecânico), contribuindo assim para que o surgimento de biótipos de plantas daninhas resistentes seja reduzido!!
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2016

Boa tarde Gleidson de Melo!!



Primeiramente muito obrigado pelos cumprimentos!!



Sua sugestão foi muito boa, visto que, em campo, muitas vezes o uso de "sais" é realizado de modo inadequado, sem um respaldo técnico para a realização da aplicação!!



Nós da equipe NECAF - UFLA sempre contribuímos com o Cafepoint por meio destes artigos, e podemos redigir futuramente um novo material a respeito do seu questionamento!!



Fique no aguardo, pois logo  esclareceremos sua dúvida e de muitos outros cafeicultores!!



Desde já, muito obrigado!!
GIOVANI BELUTTI VOLTOLINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2016

Caro José Hess!!



Muito obrigado pelos cumprimentos!!!



Sempre estamos abertos a sugestões e questionamentos!!
JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 10/02/2016

Boa tarde, muito boa e relevante a explicação.
GLEIDSON LAURENTINO DE MELO

LINHARES - ESPÍRITO SANTO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 09/02/2016

Bom dia,



Sempre leio as matérias do Café Point e queria parabenizar pelo ótimo trabalho que vocês desempenham. E aproveitando o ensejo, deixo como sugestão que vocês pudessem publicar alguma matéria falando sobre os danos causados pelo excesso de "sais" aplicados no cafeeiro (em especial os micronutrientes). Desde já agradeço a atenção!
FLÁVIO DOS SANTOS

CAPELINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/02/2016

Giovani Belutti Voltolini, Tiago Gonçales Cardeal Naves, Ademilson de Oliveira Alecrim, do Necaf - Ufla identificaram e resumiram o fato que acontece em quase todos os lugares da agricultura em suma.

Em se tratando de café; eu tenho feito um manejo mesmo com herbicida seletivo pre emergente 30 a 40 cm para fora da projeção da saia do cafeeiro, roçadeiras e outros, e mantenho o mesmo controle por Eles citado no restante da rua e lavoura.
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/02/2016

Excelente. Este ano fiz um sacrifício e não estou combatendo o mato com glifosato. É mais caro, mas creio que dará um " up " nas lavouras. Vamos aguardar a lição nº 2.
JOSE JOAO

IMBÉ DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 05/02/2016

Pode deixar pingar glifosato no caule do café? (no pé do café mesmo)

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