O sistema de aspersão convencional utiliza dispositivos mecânicos, denominados aspersores, que distribuem a água sob a forma de chuva artificial sobre as plantas. A formação de gotas é conseguida pela passagem do fluxo de água sob pressão por meio dos aspersores que possuem modelos e características variáveis. A pressão necessária para o fracionamento da água é obtida com a utilização de conjuntos motobombas ou com diferença de nível considerável, entre a captação e a área a ser irrigada.
A irrigação por aspersão começou a ser utilizada na agricultura por volta de 1900, com adaptação de pequenos conjuntos fixos instalados em jardins, hortas e viveiros de mudas. O que incentivou o desenvolvimento da irrigação por aspersão foi a necessidade de irrigar áreas que não era possível a utilização da irrigação por superfície, como, por exemplo, terrenos de encosta, áreas mais elevadas, terrenos com declividade mais acentuada e superfície menos uniforme.
Houve grande desenvolvimento deste método de irrigação no início do século XX, com o avanço das indústrias de fabricação de tubulações, que passaram a ser fabricadas com materiais plásticos, ferro, alumínio. O surgimento dos primeiros aspersores rotativos aconteceu entre 1914 e 1922, nos Estados Unidos e na Europa. Passaram então, a ser o grande incentivador da irrigação por aspersão.
Os sistemas de irrigação por aspersão podem ser classificados de acordo com o tipo de tubulação usada, o modo de instalação no campo, os tipos de engates entre as tubulações, a movimentação das linhas laterais no campo e o manejo da irrigação. Desta forma podemos classificá-los da seguinte forma:
- Sistemas fixos;
- Sistemas com movimentação manual (convencional e em malha);
- Sistemas de montagem direta;
- Sistemas mecanizados.
Um dos sistemas que vêm chamando bastante a atenção ultimamente é o sistema de aspersão em malha, por suas vantagens em relação aos demais tipos de irrigação.
Um dos sistemas que vêm chamando bastante a atenção ultimamente é o sistema de aspersão em malha, por suas vantagens em relação aos demais tipos de irrigação.
FUNCIONAMENTO
No sistema de aspersão em malha, as linhas laterais, de derivação e principal são enterradas, necessitando apenas da mudança dos aspersores. Com isso, a mão-de-obra é sensivelmente reduzida em comparação com o sistema de aspersão convencional, que necessita de mudança tanto dos aspersores quanto das linhas laterais (Figura 1).
Na prática, em projetos de irrigação em malha, tem-se observado que um homem opera um sistema de 75 a 100 hectares, quando se utilizam aspersores de baixo e médio alcance. Nestes projetos os aspersores instalados são espaçados desde 12 x 12 m até 24 x 24 m.
Em áreas maiores, tem-se empregado mini-canhões e canhões, que são instalados em espaçamentos que variam desde 30 x 30 m até 42 x 42 m. Nesse caso, é comum um homem operar sistemas de 150 a 200 hectares.
Figura 1 - Comparação sistema de irrigação em malha (A) e convencional (B)
Na maioria dos casos, funciona apenas um aspersor por malha (Figura 2), mas é possível projetar sistemas com mais de um aspersor funcionando.
Figura 2 - Funcionamento de 1 aspersor por malha (mais comum)
A montagem deste sistema no campo é relativamente simples. Os tubos de PVC, que compõem as malhas, ficam enterrados cerca de 30 cm (Figura 3).
Figura 3 - Esquema do acondicionamento das malhas no solo.
Se for necessária uma aração, esta deve ser feita, antes da montagem. Quando há necessidade de transitar máquinas sobre a tubulação enterrada, esta parte da tubulação deverá ficar cerca de 80 cm de profundidade. Nos pontos onde serão instalados os tubos de subida dos aspersores, assentam-se as estacas de madeira ou outro material, que darão suporte aos mesmos.
A altura dos aspersores acima da superfície do solo irá depender da cultura a ser irrigada. No caso de pastagem, ficarão a cerca de 40 cm em relação ao nível do solo. No caso do café, por se tratar de uma cultura de porte mais elevado, deve-se prever um prolongamento no tubo e o uso de tripé, de acordo com o crescimento das plantas. Sendo comum mudarmos a estaca ou utilizarmos a própria planta como apoio do tubo. As variações e possíveis adaptações são efetuadas de acordo com a conveniência de cada projeto.
Depois de efetuada a montagem das malhas, testa-se o sistema para verificar qualquer tipo vazamento. Somente após esse teste, valetas que acondicionam os tubos serão fechadas. É claro que para realizar o teste, o conjunto moto bomba tem que estar montado e pronto para funcionar.
Os pontos nos quais não estão acoplados os aspersores estão fechados com cap roscáveis (tampão com rosca que ficará sobre o adaptador).
Em cada malha funcionará um ou dois aspersores, dependendo do projeto. A malha é composta dos pontos que estão interligados e é conveniente pintarmos cada malha de uma determinada cor. Assim, a base do aspersor ou do regulador de pressão deverá ser pintado da mesma cor da malha que irá irrigar. A variação de cores para identificação das malhas constitui-se numa boa maneira para treinamento do funcionário. Ele saberá que um aspersor pintado de verde, por exemplo, não poderá estar na malha azul. Somente circulará pela malha verde. É forma mais fácil para treinar a mão-de-obra que irá manejar o sistema.
O tempo de funcionamento do aspersor por posição irá depender da evapotranspiração, da capacidade de retenção de água no solo, do estágio de desenvolvimento da cultura, entre outros.
Após completar esta irrigação, deve-se desligar a bomba e trocar os aspersores para a outra posição. Com isto estarão sendo irrigadas pelo menos duas posições por dia por aspersor (uma de dia e outra de noite).
Um detalhe importante se refere ao modo de ligar e desligar o sistema de bombeamento. Antes de ligar a bomba, que é normalmente centrífuga, o registro de gaveta que deverá ser instalado na tubulação de recalque (saída da bomba) tem que estar fechado. Liga-se a bomba e abre-se o registro. Antes de desligar a bomba é necessário fechar o registro novamente. Bombas centrífugas devem ser ligadas e desligadas com o registro do recalque fechado.
Vantagens
1.A utilização de tubos de PVC de baixo diâmetro, que constituem as linhas laterais que, ao contrário da aspersão convencional, são interligadas em malha;
2.Baixo consumo de energia, em torno de 0,60 a 1,30 CV / ha;
3.Adaptação a qualquer tipo de terreno;
4.Possibilidade de divisão da área em várias subáreas;
5.Facilidade de operação e manutenção;
6.Possibilidade de fertirrigação;
7.Possibilidade de aplicação de dejetos;
8.Baixo custo de instalação (R$ 1500,00 a 2500,00/ha) e manutenção.
Limitações
1.Impossibilidade de automação;
2.Maior dependência de mão-de-obra, quando comparado aos sistemas automatizados (Pivô Central);
3.Necessidade de abertura de valetas para acondicionamento das tubulações dispostas em malha.
Conclusões
A irrigação por aspersão em malha insere-se dentro dos conceitos da nova cultura irrigada, pois se trata de um sistema simples e efetivo. Esta técnica possui custos altamente competitivos, de fácil implantação, baixo consumo de energia, quando comparado a outros sistemas de irrigação. A utilização desse sistema tomou novos rumos com a irrigação de pastagens e vem ampliando-se para outras áreas, como a cafeicultura.
Publicações
Com as duas publicações, pretende-se contribuir para a difusão e expansão desse sistema de irrigação, fornecendo um conhecimento sistematizado sobre o tema.