ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Responsabilidade Social

POR BRÍCIO DOS SANTOS REIS

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 26/07/2007

4 MIN DE LEITURA

2
0
Os princípios que regem o cooperativismo, desde sua formalização conceitual em Rochdale (1844), exigem das instituições que integram esse segmento o que se pode chamar, em terminologia dos dias atuais, de ´Responsabilidade Social´.

A verdadeira cooperativa pratica e dissemina ações que têm como objetivo primordial o desenvolvimento social e econômico não apenas daqueles que compõem seu quadro societário, mas de toda a comunidade envolvida em sua área de abrangência.

Deve-se ressaltar a expressão "verdadeira cooperativa", pois muitas instituições organizadas sob a égide desse sistema atuam de modo desvinculado de seus mais importantes preceitos, agindo como meras sociedades de capital camufladas.

Apesar disso, a maioria das cooperativas procura se estruturar de forma a fazer jus à definição clássica desse tipo de organização, qual seja, a de ´Sociedade de Pessoas´, onde o poder de decisão é baseado no indivíduo e não no montante de recursos que cada sócio investe.

As metas que definem suas ações não são meramente econômicas, englobam a justiça na transação com terceiros e o compromisso com a distribuição eqüitativa de renda. O meio-ambiente assume papel de extrema relevância na definição de estratégias de desenvolvimento sustentado. A preocupação com as pessoas, independente de sua condição de associado ou não, suplanta todas as demais no momento da elaboração de seu planejamento.

Enfim, o que rege a atuação de uma organização cooperativa está muito além da busca pelo lucro e acúmulo de capital que norteia as ações de grande parte dos demais tipos de sociedades empresariais.

Entretanto, assim como muitas são as "falsas cooperativas", várias também são o que se pode grosseiramente denominar de "falsas empresas mercantis". Nesse último caso, o termo "falsa" assume sentido bem mais satisfatório, pois refere-se àquelas entidades que, embora atuem organizadas como sociedades de capital, praticam de forma contundente o conceito de ´Responsabilidade Social´.

Essas empresas assumem papel crucial na luta pelo crescimento acelerado do país. Suas ações são de extrema relevância para o alcance do ideal, para muitos utópico, de uma nação socialmente justa e economicamente equilibrada.

Bons e maus exemplos são encontrados em todas as partes do mundo. Na organização administrativa das instituições isso não é diferente. Enquanto muitas cooperativas não cumprem seus compromissos sociais, inúmeras sociedades de capital vão muito além de suas atribuições precípuas de gerar benefícios a seus proprietários.

O cerne da questão está justamente nessas "atribuições precípuas". Enquanto as cooperativas têm, na sua própria essência, a responsabilidade de basear suas decisões em princípios rígidos de solidariedade e comprometimento social, a maioria das sociedades mercantis são voltadas, a princípio, à pura e simples busca pela remuneração do capital.

E elas estão erradas? Não, de forma alguma, os investidores necessitam dessa remuneração para que possam ser estimulados a manter seus recursos aplicados e, consequentemente, possam garantir a subsistência desse tipo de empreendimento. Só assim o mercado é capaz de absorver grande parte da força de trabalho que é ofertada de forma mais intensa a cada dia. Só assim produtos de maior qualidade podem chegar aos consumidores finais.

O que seriam dos profissionais de engenharia civil se não fosse a demanda por mão-de-obra das grandes empreiteiras do país? O que seria de muitos pacientes sem os investimentos em pesquisa dos laboratórios farmacêuticos?

A lógica do sistema capitalista é essa. Sem retorno não há investimento. É preciso que o capital seja remunerado adequadamente para que o negócio seja sustentável.

A preocupação com as questões de distribuição de renda, ambientais, enfim, o que se denomina de ´Responsabilidade Social´, é um complemento, muito importante para algumas sociedades de capital e menos para outras, mas apenas um complemento.

O que difere a atuação de uma cooperativa, e deve ser ressaltado que aqui se faz menção às verdadeiras cooperativas, é a essência de seus princípios. Todas as suas ações são pautadas pelos benefícios que podem ser gerados para a sociedade como um todo.

A remuneração do capital é importante para seus investidores? Sem dúvida. Afinal, não há como se sustentar no atual mercado competitivo sem um mínimo de capacidade própria de investimento. Entretanto, esse não é o objetivo primordial que define suas estratégias.

As cooperativas agropecuárias têm o dever de remunerar seus associados pela entrega da produção da forma mais justa, o que pode significar maiores custos.

As cooperativas de crédito devem praticar as menores taxas de juros possíveis, beneficiando seu quadro social e a comunidade como um todo, pela maior circulação de recursos, a despeito da obtenção de menores receitas.

Todos os tipos de cooperativas devem direcionar investimentos à assistência técnica, educacional e social de cooperados, funcionários e habitantes em geral de sua área de abrangência.

Tudo isso, e muito mais, compõe a gama de elementos que definem a prática dos princípios cooperativistas. Não pode ser chamada cooperativa a instituição que, embora organizada sob essa forma jurídica, não se norteia por esses preceitos.

Já as sociedades de capital podem atuar de forma completamente desvinculada de questões sociais. Seus princípios, como já mencionado, se restringem à ótica financeira.

Atualmente, com a emersão dos conceitos de ´Responsabilidade Social´ e a conscientização cada vez maior, mas ainda tímida nos países desenvolvidos, do consumidor, inúmeras empresas têm se preocupado em efetivamente implementar ações que tragam algum benefício social, mesmo que isso possa, de início, aumentar gastos.

Muitas dessas entidades, inclusive cooperativas, utilizam essa estratégia mais como marketing para seus produtos e serviços do que com a preocupação de contribuírem, efetivamente, para a melhoria das condições de vida da população. De qualquer forma, pelo menos algo está sendo feito.

O que se discute nesse artigo, para finalizar, são os princípios que norteiam a atuação de cada tipo de organização. Enquanto não se pode classificar como cooperativa uma instituição que não tenha como objetivo central o desenvolvimento sustentável e eqüitativo de um país ou região, as sociedades de capital, embora cada vez mais responsáveis socialmente, não necessitam definir suas estratégias por essa ótica, mas sim pela lógica econômico-financeira.

BRÍCIO DOS SANTOS REIS

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 31/07/2007

É interessante a forma como você, Brício, coloca a questão de responsabilidade social. Este é um dos pilares das cooperativas e ainda assim muitas descuidam deste princípio. Por outro lado as sociedades de capital, embora não tenham a RS como um pilar fundamental, cada vez mais estão se comprometendo com ações neste sentido, como uma forma de atender às exigências dos clientes.

As cooperativas sempre tiveram uma "imagem" simpática perante a sociedade, muito por esta questão e pela forma de relacionamento entre a cooperativa e seus associados (uma sociedade de pessoas e não de capital, cada pessoa um voto etc). Porém as sociedades de capital cada vez mais parecem se aproximar desta prática, tão cooperativista, porém com uma dose de eficiência e agilidade que poderá engolir o sistema cooperativista em muito pouco tempo.

Assim, passa da hora de as cooperativas tratarem de estabelecer boas práticas administrativas sem esquecer das políticas de responsabilidade social. Elas cada vez mais dependem de ser ágeis, efetivas, profissionalizadas, guiadas pelas exigências do mercado, responsáveis... Não há mais espaço para improvisação, amadorismo, descuido... Os clientes tendem a ser implacáveis, e não há imagem "simpática" que sustente uma empresa no mercado.
JAERDIL OLIVEIRA DUTRA

MANTENA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/07/2007

Muito lúcido o posicionamento do autor sobre o assunto. Seria interessante que o Denacoop, ao distribuir recursos específicos para o setor, privilegiasse aquelas entidades que, historicamente, demostrassem a prática desses valores e o respeito ao meio ambiente.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures