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Seca de ramos do cafeeiro associada aos fatores nutricionais, fisiológicos e genéticos - parte II

POR ANTONIO FERNANDO DE SOUZA

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 01/08/2007

11 MIN DE LEITURA

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Seca de ramos associada a fatores nutricionais

A seca de ramos resultante de efeitos nutricionais é mais comum em lavouras novas, na faixa de dois a cinco anos de idade. Os sintomas aparecem geralmente na fase final de granação e início da fase de maturação dos frutos, ocasião em que a exigência de nutrientes pelo cafeeiro é máxima. Afeta principalmente os galhos mais carregados e tem baixa incidência nos galhos da saia e do ponteiro com pouca ou nenhuma carga.

Além disto, é comum observar que as plantas afetadas podem possuir sistema radicular pouco desenvolvido, provavelmente em função de adubações inadequadas ou desequilibradas feitas nos anos anteriores. Adubações desequilibradas promovem um maior desenvolvimento da folhagem em detrimento do desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, o que pode predispor as plantas à seca de ramos nos anos de alta produção.

Uma grande colheita de frutos diminui consideravelmente os teores de nutrientes no cafeeiro, razão pela qual a disponibilidade constante dos principais nutrientes via solo (nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio) ou via foliar (zinco, boro, magnésio e cobre), é de especial importância para o cafeeiro.

Outro ponto importante é que em região muito quente e com solos de baixa fertilidade natural, a maturação dos frutos ocorre mais rapidamente, exigindo grandes quantidades de nutrientes em curto espaço de tempo.

No caso do nitrogênio, fósforo e potássio, por exemplo, poderá ocorrer um esgotamento desses nutrientes no solo, uma vez que o índice de utilização é muito mais elevado que o índice de absorção, principalmente nos períodos de frutificação e maturação dos frutos.

O potássio é o nutriente mais requerido durante a formação dos frutos e sua deficiência pode afetar seriamente os cafezais, desfolhando e secando os ramos por completo.

O nitrogênio é o segundo nutriente mais requerido para a formação dos frutos, e geralmente encontra-se associado à seca de ramos do cafeeiro. Neste caso, ocorre a perda da coloração verde escura das folhas mais velhas dos ramos, senescência e queda destas folhas. As folhas mais novas próxima ao ápice do ramo também amarelecem, morrem e caem.

A morte da gema apical é acompanhada pela necrose progressiva em direção a base do ramo, a qual pode ocorrer em todo o ramo ou até mesmo na planta inteira. A produtividade é severamente reduzida e o rendimento é muito baixo após o beneficiamento, apresentando grande quantidade de frutos mal formados ou com lojas vazias. Não ocorre morte das raízes e aplicação de nitrogênio prontamente disponível interrompe o desenvolvimento dos sintomas.

A deficiência de cálcio no cafeeiro também pode levar à morte da gema terminal e de boa parte dos ramos, não havendo, contudo progressão significativa da seca de ramos em direção a base do ramo.

A deficiência de boro produz sintomas próprios e muito característicos, que ajuda no diagnóstico da seca de ramos do cafeeiro quando este elemento está envolvido. O sintoma clássico de deficiência nesta cultura é a morte da gema apical do ramo; a isso segue ao brotamento de ramos auxiliares abaixo da gema apical, induzindo o crescimento de várias gemas laterais na extremidade deste ramo, o qual adquire uma aparência característica de um leque. Normalmente, esta morte dos tecidos não progride em direção a base do ramo. Em casos de extrema deficiência deste elemento, pode ocorrer a morte de boa parte do ramo, principalmente no terço superior da planta.

No caso de deficiência de zinco, a morte de ramos do cafeeiro pode afetar principalmente os ramos laterais e inferiores da planta.

Preparo adequado da cova de plantio; um bom programa de fertilização do cafeeiro baseando-se nos resultados anuais da análise de solo; aplicação de micronutrientes via foliar e o acompanhamento da nutrição da planta através da análise foliar, pode auxiliar no controle deste tipo de seca de ramos, desde que estas adubações visem o desenvolvimento do sistema radicular e não, conforme vem sendo proposto atualmente, apenas o aumento da folhagem e da produção do cafeeiro.

Seca de ramos associados a fatores fisiológicos

A parte aérea do cafeeiro funciona como a fonte primordial de todos os compostos orgânicos como carboidratos, aminoácidos, reguladores de crescimento e vitaminas. Já as raízes, funcionam como a fonte de praticamente todos os nutrientes minerais, água e reguladores de crescimento, indispensáveis ao crescimento e ao desenvolvimento da planta como um todo.

No cafeeiro, dependendo do genótipo, do ambiente e do estágio de desenvolvimento da planta, existem frações específicas de compostos orgânicos que são dirigidas às raízes e a parte aérea da planta, de forma a manter uma razão sustentável de crescimento das raízes e da copa do cafeeiro, para não haver limitações na contribuição mútua de substâncias essenciais.

A demanda máxima de nutrientes e compostos orgânicos pela parte aérea do cafeeiro, ocorre durante o período de enchimento ou granação dos frutos. Em ramos com número excessivo de frutos, o excesso de carboidratos necessários para manter o desenvolvimento normal da frutificação é retirado das folhas e dos ramos plagiotrópicos e ortotrópicos do cafeeiro, comprometendo o suprimento de energia necessária para o desenvolvimento vegetativo das demais partes da planta. Este déficit no suprimento de carboidratos leva à seca e morte de vários ramos nas plantas.

Os sintomas iniciais deste tipo de seca de ramos são muito similares e difíceis de separar visualmente daqueles induzidos por falta de nitrogênio no solo. A diferença marcante ocorre quando a gema apical morre. As folhas mais velhas apresentam uma cor amarela menos intensa quando comparado com a deficiência de nitrogênio. A morte dos ramos não inicia à partir da gema apical, mas na região em que o tecido verde e imaturo do ramo se inicia; ocorre um escurecimento dos nós, iniciando dois ou três entrenós abaixo da extremidade do ramo, que se estende para os demais entrenós, aos quais entram em colapso e morrem.

Em alguns casos a gema terminal permanece verde ou amarelecida enquanto alguns entrenós já estão completamente mortos. As folhas apicais mortas podem ficar retidas nos ramos por algumas semanas. Os ramos quando morrem, escurecem exatamente da mesma forma como descrita no caso anterior. Em alguns casos esta morte de ramos pode ocorrer na planta inteira.

Não ocorre interferência na formação dos frutos. Estes apresentam sempre cheios e não há grande redução no rendimento do café após o beneficiamento. Este tipo de seca de ramos é sempre acompanhado por uma severa morte de raízes. Raízes laterais podem morrer, deixando somente a cicatriz na raiz principal. A aplicação de fertilizantes nitrogenados nas plantas morrendo não tem efeito na redução da severidade dos sintomas. Se aplicado no início do aparecimento dos sintomas, pode promover um aumento no crescimento foliar da planta e isto pode prevenir ou tornar seu ataque menos severo.

Este tipo de seca de ramos é considerado como a mais severa no cafeeiro porque acentua a bienualidade das plantas, devido as constantes morte e recuperação do sistema radicular. Aparentemente a nutrição mineral desequilibrada, ou até mesmo sintomas de deficiência nutricionais são mais um efeito do que a causa propriamente dita desta desordem fisiológica. Entretanto, adubações equilibradas não evitam o problema e nem ajuda na recuperação das plantas.

Normalmente a morte do sistema radicular ocorre também quando a planta apresenta uma carga elevada de frutos, o que na maioria das vezes, está associada com a seca de ramos do cafeeiro. As deficiências e os desequilíbrios nutricionais encontrados nas plantas seriam então, apenas uma conseqüência do mau funcionamento do sistema radicular.

Normalmente a morte de raízes tem início antes da seca dos ramos na parte aérea das plantas. Foi observado que plantas de café em estado avançado de seca de ramos apresentam as raízes superficiais muito semelhantes às de plantas saudáveis, mas as partes mais profundas do sistema radicular são pobres em raízes absorventes. No ano de alta carga, a morte de raízes finas e absorventes ocorre de forma muito intensa, o que reduz drasticamente a vida produtiva do cafeeiro. A planta passa, com o tempo, a ser de alimentação ainda mais superficial, exigindo maiores cuidados com a nutrição da lavoura.

A falta de água no solo tem reflexos negativos sobre o sistema radicular do cafeeiro, particularmente sobre as raízes absorventes, limitando a absorção de água e minerais, crescimento da parte aérea e a produção das plantas.

O manejo inadequado da irrigação por outro lado, pode afetar o padrão de crescimento do sistema radicular, principalmente por reduzir a profundidade de penetração da raiz pivotante e o desenvolvimento das raízes primárias e secundárias nas camadas mais profundas do solo.

Os métodos de cultivo podem influenciar o crescimento do sistema radicular. Tratos culturais que envolvem remoção do solo na projeção da copa do cafeeiro (arruação mecânica, por exemplo), podem causar a morte das radicelas, e os danos serão tanto maiores quanto mais superficial for o sistema radicular. Às vezes ocorre a regeneração parcial do sistema radicular, mas caso esta injúria seja repetida ano após ano, pode haver um completo depauperamento das plantas, acentuando ainda mais a seca de ramos no cafeeiro.

A fertilidade, pH, densidade e a textura do solo afetam marcadamente o crescimento radicular do cafeeiro. Os solos neutros ou ligeiramente ácidos são os mais favoráveis para o crescimento das raízes do cafeeiro, e o pH entre 5,8 e 6,0 representa o limite inferior para o bom desenvolvimento das raízes. Quando o subsolo é um pouco mais ácido que esse limite, as raízes absorventes tendem a se concentrar na camada superficial do solo, exigindo a manutenção de uma boa fertilidade nesta camada. Neste caso a profundidade da cova de plantio pode definir a vida útil produtiva do cafeeiro e favorecer o aparecimento da seca de ramos nas plantas.

É muito comum encontrar plantas isoladas ou grandes áreas da lavoura apresentando sintomas de depauperamento e seca de ramos, especialmente em anos de carga elevada ou em períodos prolongados de estiagem. Um exame detalhado do sistema radicular revela o problema de "pião torto", o qual tem início na fase de formação das mudas, pela falta de cuidado ou de habilidade no momento da repicagem.

A permanência das mudas por muito tempo nos saquinhos ou nos tubetes, antes de serem levadas para o plantio no campo, é outro fator que contribui muito para esse problema. Problemas de "pião torto" também podem ser encontrados em plantios realizados em solos com algum impedimento mecânico como camadas adensadas ou compactadas, camada de lama endurecida e presença de camadas pedregosas (cascalho).

Subsolos muito argilosos e pesados apresentam problema de arejamento, de resistência mecânica inibindo o crescimento, a respiração aeróbica e a penetração das raízes. Normalmente as raízes alongam menos, apresentam maior diâmetro e bastante deformadas. Em solos com estas características, chuvas fortes e prolongadas ou irrigação excessiva e mal dimensionadas causam encharcamento, promovendo severos danos ao sistema radicular do cafeeiro.

A desfolha das plantas é outro fator que interfere na fisiologia do cafeeiro e indiretamente pode estar relacionado com a seca de ramos. Quando ocorre a queda de folhas ou a morte de parte dos ramos, as reservas direcionadas para o enchimento dos grãos ficam muito prejudicadas. Sendo os frutos em crescimento importantes drenos metabólicos, qualquer desfolha ocorrida nesta fase limitaria a disponibilidade de carboidratos para os demais tecidos da planta.

Assim qualquer prática que ajuda na manutenção das folhas nas plantas do cafeeiro, ajuda no controle da seca de ramos causados por fatores fisiológicos, porque garante o balanço adequado no suprimento de compostos orgânicos entre a parte aérea e o sistema radicular do cafeeiro.

Seca de ramos associados a fatores genéticos

Existem evidências de que uma das causas da seca de ramos do cafeeiro esteja relacionada com a genética da planta. No início da década de 80, foi observado que algumas progênies de Catimor, embora altamente produtivas e resistentes à ferrugem do cafeeiro, apresentavam elevada incidência de morte súbita e progressiva seca de ramos logo após as primeiras produções. Este distúrbio levava a perda de vigor, depauperamento precoce das plantas e redução da vida útil produtiva da lavoura.

A natureza fisiológica desse depauperamento é pouco conhecida, mas sabe-se que a baixa capacidade fotossintética combinada à maior suscetibilidade às temperaturas elevadas, na época de grande demanda por fotoassimilados (fase de frutificação), e uma inadequada razão folha/fruto, podem ser considerados umas das principais causas do processo do declínio do Catimor e provavelmente de outras variedades de café resistentes a ferrugem.

Assim sendo, a escolha de variedades mais adaptadas as regiões de cultivo, constituem importante passo no manejo integrado da seca de ramos do cafeeiro.

Bibliografia Consultada

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NUTMAN, F.J. The root system of Coffea arabica L. II. The effect of some soil conditions in modifying ´normal´ root system. Empire Journal of Experimental Agriculture. v. 1, p. 285-296, 1933.

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RENA, A.B.; DA MATTA, F.M. O sistema radicular do cafeeiro: Morfologia e Ecofisiologia. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.) O Estado da Arte de Tecnologias na Produção de Café. Viçosa-MG: Departamento de Fitopatologia. 2002. pp.11-92.

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ZAMBOLIM, L.; SOUZA, A.F.; ZAMBOLIM, E.M.; RENA, A.B. Seca de ramos do cafeeiro - Fatores bióticos e abióticos. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.) Boas Práticas Agrícolas na Produção de Café. Viçosa: Departamento de Fitopatologia. 2006. pp.1-60.

ANTONIO FERNANDO DE SOUZA

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LAERTEE ZAN

BARUERI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 23/06/2013

PREZADO ANTONIO FERNANDO  O ARTIGO  ESCLARECE  O  PROBLEMA  NO MEU CAFEEIRO,  A CAUSA DA SECA DOS RAMOS  PODE ESTAR LIGADA  AO CURUAMENTO  ANTECIPADO  RETIRANDO ASSIM OS NUTRIENTES DA SUPERFICIE.

A CARGA DE FRUTO  'E MUITOGRANDE ESTE ANO  COM0  POSSO CORRIGIR PARA MINIMIZAR AS PERDAS?  



ATENCIOSAMENTE,



LAERTE ZAN

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