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Uma questão de propósito

POR RODRIGO CASCALLES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 27/01/2012

3 MIN DE LEITURA

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Por Rodrigo Cascalles, engenheiro agrônomo do Imaflora.

As grandes tendências são iniciadas por poucos. Estes, conhecidos como inovadores, inventores, revolucionários entre outros adjetivos, transformam a maneira de viver de muitas outras pessoas. Projetos realizados por profissionais visionários nem sempre almejam ganhos financeiros. No entanto, é o recurso financeiro que viabiliza a execução do projeto.

Atualmente, a falta de um propósito maior tem levado a sociedade a destruir aquilo que lhe é mais sagrado e essencial. A base da existência humana tem sido considerada como empecilho ao desenvolvimento. Talvez, com o tempo e o sofrimento gerado pela escassez, será dada a devida importância àquilo que importa.

No Texas, uma forte estiagem tem afetado severamente a pecuária e a agricultura local (o Texas responde por metade da produção de algodão dos EUA). Os prejuízos no setor agrícola já somam US$ 5,2 bilhões. Milhares de cabeças de gado foram vendidas porque os pecuaristas não têm como saciar a sede dos animais. Para se ter uma idéia, em algumas cidades até esgoto está sendo reciclado para o abastecimento de água potável.

Para prevenir um colapso no fornecimento de água a um Estado cuja população deve dobrar em 50 anos, o Texas precisa de US$ 52 bilhões. O dinheiro deverá ser aplicado em 562 novos projetos de conservação hídrica, medidas antierosão do solo e novos reservatórios1 .

No Brasil, um estudo demonstra que a manutenção da cobertura florestal em bacias hidrográficas contribui para a redução dos custos de tratamento da água para abastecimento público2 . Tratar às águas do Rio Piracicaba custa 12,7 vezes mais do que o tratamento das águas do Sistema Cantareira, ambos no Estado de São Paulo. A bacia de abastecimento do Sistema Cantareira mantém 27,2% de sua área com cobertura florestal e a bacia do Piracicaba, apenas 4,3%.

Publicamente, muitos dizem que o meio ambiente é algo extremante importante e que é necessário um compromisso mundial de conservação dos recursos naturais. Basta procurar nas diversas pesquisas de opinião.

A grande pergunta é:

O que cada um, individualmente, tem feito para contribuir com esse compromisso.

Quando este tema bate na porteira, os condicionantes aparecem. A principal condição imposta é a viabilidade econômica.

E se existisse um sistema que pagasse para que o produtor conservasse os recursos naturais dentro de sua propriedade, ele o faria? E se não existisse impedimento técnico nem financeiro para isso, ele conservaria este patrimônio nacional tão importante?

Para aqueles que responderiam sim, e não são todos (acreditem!), apresentamos a certificação da Rede de Agricultura Sustentável como mecanismo de financiamento. É totalmente viável financeiramente produzir café respeitando requisitos ambientais e sociais. Neste sistema, quem paga a conta da conservação de nossos recursos naturais e da melhoria de vida do trabalhador rural brasileiro é o consumidor de café Rainforest Alliance Certified TM. É como se o produtor fosse remunerado pelos serviços sociais e ambientais que prestou à sociedade. Todo herói faz algo além.

O grande desafio do mecanismo de certificação é a perda do propósito maior. Quando o produtor busca os atraentes prêmios recebidos pelos cafés Rainforest Alliance Certified TM para outro fim que não seja usá-lo em prol da sociedade e do meio ambiente, a lógica se perde na ganância de mercado.

O atual prêmio recebido pelos produtores brasileiros tem viabilizado, com sobras, o cumprimento dos requisitos da certificação e garantido o pagamento das auditorias. O mecanismo tem funcionado, mas vem sendo confundido.

Ser um produtor Rainforest Alliance Certified TM é ser um visionário. É ser um verdadeiro herói que emprega seu esforço em prol de algo maior. É buscar o reconhecimento da sociedade por aquilo que a sociedade acredita ser importante a ela.

Certificação é uma questão de propósito.

1Revista Página 22 - Edição 59 - 09/12/11
2Estudo "Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional"- PNUMA e IPEA

RODRIGO CASCALLES

Eng. Agrônomo (ESALQ/USP) e Executive Coach (Sociedade Brasileira de Coaching). Tem por objetivo contribuir no aumento da sustentabilidade e dos resultados positivos na agricultura.

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RODRIGO CASCALLES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 12/12/2012

Caro Reinaldo, agradeço as palavras.

A água, sem sombra de dúvidas, é nosso maior tesouro. Ela foi e é essencial para a formação da vida como a conhecemos.

Você tem toda razão quando "sonha" com um melhor aproveitamento das águas do Rio Tietê.

Inclusive, presenciei um especialista dizer que custa 100 vezes mais barato tratar a água originada de microbacias preservadas (para consumo humano) comparado com bacias degradadas, erodidas....

Se o problema fosse de matemática, tudo estaria resolvido. Mas, o Ser Humano possui tamanha complexidade comportamental que ele consegue dar "nó em pingo d´água" justificando atrocidades ao meio ambiente.

Também sou do clube dos sonhadores que tem o pé no chão. E, como não quero fazer parte do problema, no máximo das minhas capacidades faço parte da solução.

Grande abraço,

Rodrigo
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/01/2012

Bom artigo Rodrigo.
Penso que sim. O produtor preservaria e cuidaria bem sim. Também acredito que nenhum bom produtor deixou de conservar seus mananciais de água, protegendo-os, bem como sua áreas de proteção ambiental. O que na grande maioria das vezes nunca ele a fez a 30 metros ou 50 metros ou 100 metros, mas sim conforme ele entendeu que está preservando. As vezes me pergunto de onde tiraram que tem que ser essa ou aquela distância que ele deveria ter deixado nesse ou naquele lugar. Existe muita incoerência e gente querendo tirar vantagens desse ou daquele negócio.
Não sei até onde posso acreditar nos propósitos da Raiforest Alliance. Tenho visto exigências acima da legislação brasileira, descabidas, e sem esquecer que é uma ONG de pássaros, denotando pouco interesse na sustentabilidade economica da propriedade. Reafirmo, não existe sustentabilidade social e ambiental sem sustentabilidade econômica. Necessário se faz sim receber pelos hectares preservados, não só por isso, mas para não nos tirar a competitividade com outros países que não tem essa legislação e que tem ainda subsídios para produção.
REINALDO FORESTI JUNIOR

CAMPANHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/01/2012

Eng.Agrônomo Rodrigo Cascalles, peço a devida licença do competente articulista e renomado profissional que tenho o prazer de agora conhecer lendo o artigo acima e formular indagações que confesso de meu interesse, e com toda modéstia, para nós cidadãos comuns. No artigo em pauta você nos informa em particular a catastrófica situação do estado americano do Texas e a disponibilidade de verbas de 50 bilhões de dólares para enfrentar e superar tamanha calamidade pública em um país  rico como os Estados Unidos que historicamente destruiu grande parte de seus recursos com a fúria capitalista ocorrida e que nos serve de modelo para não copiar. No caso do nosso Brasil em especial o Estado de São Paulo a locomotiva do progresso nacional dentre as diversas opções viáveis não seria possível aproveitar melhor a água do Rio Tiete mais perto das nascentes e com esta possível alternativa aumentar a disponibilidade atual em favor das outras importantes fontes de água. O modelo proposto seria também exemplo de proteção ambiental e conscientização das autoridades públicas e comunidades da necessidade urgente e estratégica dos projetos de investimentos na áreas específicas e custos beneficios próprios. Sei que de boas intenções como diz o ditado o inferno está cheio mas não me custa cutucar o mesmo com vara curta e aguardar o diagnóstico técnico do anjo da guarda de plantão. Pedindo desculpas deste velho sonhador, e cumprimento pelo excelente artigo e soluções propostas. Um grande abraço.

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