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Qualidade do café no Vietnã

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 07/12/2007

4 MIN DE LEITURA

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Na década de 80, dos 22.500 hectares plantados com café no Vietnã, apenas 50% eram produtivos, com produção total de apenas 8.400 toneladas. Nos anos 90 observou-se um crescimento fenomenal da área plantada com café, com exportações orientadas pelos altos preços do produto, que prevaleceram até 2000, fazendo do Vietnã o segundo maior produtor mundial, depois do Brasil.

Como nos anos 80 não houve controle efetivo da ferrugem, a indústria de café vietnamita desenvolveu-se com base no café robusta, que se adaptou muito bem ao calor e às condições do clima úmido do sul do Vietnã. Foi desenvolvido um sistema de produção intensivo, altamente mecanizado, com alta densidade de plantio, alto volume de água, alto uso de fertilizantes minerais e sem árvores para sombreamento, que resultou em altas produtividades.

Porém, a natureza intensiva da produção de café no Vietnã é problemática do ponto de vista ambiental. Grandes volumes de água são necessários para irrigar o café, pressionando as reservas de água do subsolo nas áreas de produção. Em 2003, na última seca, algumas províncias precisaram parar de produzir arroz para garantir que o café tivesse água suficiente. A Associação de Produtores de Café do Vietnã (VICOFA), estima que o volume de água necessário para irrigar o café pode ser reduzido em 40% em certas províncias, sem afetar a produtividade e a produção.

O desenvolvimento das plantações de café demandou o corte e a limpeza de extensas áreas de florestas. A erosão do solo tem sido causada pela ausência de práticas de conservação de solos, como plantio em terraços ou curva de nível. O uso excessivo de fertilizantes minerais, particularmente uréia, também tem contribuído para a degradação dos solos e, em algumas áreas, há poluição devido à falta de controle no uso e manejo de defensivos agrícolas.

Para muitos produtores familiares - que se esforçam para sobreviver - a proteção ambiental não é prioridade.

Atualmente, a política da indústria de café vietnamita está muito diferente. A proposta é a redução na produção e na área plantada, com ênfase na qualidade. Para isso, algumas medidas foram tomadas. Com a preponderância do café robusta, associada à sua baixa qualidade, a produção do café arábica começou a ser promovida no norte do país e em áreas de altitude elevada, na região montanhosa central e no sul. O café Bourbon, considerado de alta qualidade, começou a ser plantado nessas áreas.

O café é a segunda cultura de exportação para o Vietnã, perdendo apenas para o arroz. Cerca de 95% do café produzido é exportado para 50 países, sendo os principais mercados os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão. O mercado doméstico é muito pequeno, pois o café é consumido apenas por pessoas de renda média e alta em áreas urbanas. Os remanescentes 70% da população vivem nas áreas rurais e raramente bebem café.

A indústria do café, hoje, emprega diretamente cerca de 600.000 pessoas, e na época da colheita chega a 700.000 - 800.000, além de cerca de 200.000 pessoas indiretamente, e representa cerca de 3% dos empregos na agricultura. Considerando-se que o tamanho médio das famílias é de 5 pessoas, 2,5 milhões de pessoas nas áreas rurais dependem do café para sua sobrevivência. Desses produtores familiares de café, 46% vivem abaixo da linha oficial de pobreza e 30% deles pertencem a minorias étnicas.

A queda dos preços após 2000 teve sérias conseqüências para essas famílias e algumas delas foram forçadas a substituir o café por outras culturas. O impacto da crise do café foi realmente muito grande. Enquanto um quilo de café em meados dos anos 90 era trocado por cinco sacos de arroz, em 2002, essa taxa caiu para a proporção de um para um. No Vietnã o principal problema nos últimos anos foi o preço baixo das exportações, não os altos custos ou lucros, uma vez que os produtores de café recebem alta porcentagem do preço de exportação (cerca de 90% em 2000 e 95% em 2005).

Cerca de 70% da área plantada com café pertence a pequenos produtores, com 0,1 - 10 hectares por família, no entanto, pouquíssimos têm mais de 10 hectares. Há também fazendas estatais, com áreas de 400 - 1.500 hectares. A produtividade do café nas propriedades familiares (4 - 6 toneladas/ha), geralmente é maior do que nas fazendas estatais (2,5 - 3 toneladas/ha). Apesar das altas produtividades, as propriedades familiares têm problemas de qualidade no processamento. Em algumas áreas montanhosas e particularmente em áreas de minorias étnicas, há ausência de terreiros de tijolos ou de cimento para secagem do café, portanto é difícil prevenir o mofo e a contaminação com a Ocratoxina A. Os produtores enfrentam problemas em obter financiamento para investir na melhoria das técnicas de produção e em métodos de processamento. Como não podem comprar máquina de beneficiamento ou enfrentar o problema de ter seu café processado, vendem seu café em coco aos intermediários.

Os serviços de extensão para produtores familiares de café, particularmente nas áreas montanhosas e de minorias étnicas são muito limitados. Como esses produtores dependem do pessoal de extensão nos níveis de distritos e comunas, os quais têm poucas qualificações, os conceitos de boas práticas agrícolas e de processamento não são muito disseminados aos produtores mais distantes.

De modo geral, o maior desafio para a cafeicultura vietnamita, na próxima década, é melhorar a qualidade de seu café por meio da utilização de práticas culturais sustentáveis, não apenas quanto ao aspecto econômico, mas especialmente quanto aos aspectos social e ambiental.

FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

SERGIO PARREIRAS PEREIRA

Agrônomo - Mestre em Fitotecnia - Pesquisador Cientifico do IAC - Centro de Café - Mediador da Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira no PEABIRUS - Doutorando da Universidade Federal de Lavras - UFLA - Coordenador do Núcleo de Manejo do CBP&D/Café

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ALBINO JOÃO ROCCHETTI

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/12/2007

Como temos pouca informação sobre a cafeicultura e sobre sociedade vietnamita, o trabalho dos pesquisadores do IAC é muito importante para que nos situemos frente a este grande concorrente. Chama a atenção, no trabalho, a citação da participação do cafeicultor na receita da exportação do café (90 a 95%)!

Não almejamos isto tudo e sabemos que é impossível. Mas hoje não nos deixam nem 10%, quando há duas décadas alcançávamos algo em torno de 28%. Será que se pode ter esperança de isto voltar a acontecer?
Eng. Agr. Albino João Rocchetti - Franca - S.P. 10.12.2007
ROBERTO TICOULAT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 10/12/2007

Prezados senhores,

Agradecemos sempre artigos que nos forneçam dados de nossos concorrentes, principalmente com relação ao segundo maior produtor mundial.

Apesar dos discursos dos governantes de vontade de reduzir a safra de robusta e aumentar a safra de café arábica, a alta nos preços do robusta no mercado internacional proporcionaram um grande crescimento da produção naquele país, culminando com uma safra recorde neste ano de 480.000 mil sacas de arábica (+43%) e 20.770 mil sacas de robusta (+56%).

Com relação a área plantada houve um incremento de 5,5%, demonstrando que o aumento de produção se deu principalmente pelas chuvas mais regulares, viabilizando melhor irrigação além do aumento expressivo na utilização de fertilizantes.

Apesar deste volume o país importou 79.000 sacas de café. Para o próximo ano está prevista uma queda na produção de 15% devido à forte produção do ano anterior.

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