Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), o agronegócio mineiro confirmou-se como destaque na economia do estado em 2014, mesmo tendo enfrentado desafios inesperados. Em ano atípico, o PIB de Minas Gerais atingiu o valor recorde de R$ 159,265 bilhões, incremento de 6,22% em relação a 2013, de acordo com os dados oficiais mais recentes. O resultado elevou a participação no PIB do agronegócio nacional, de 12,98%, em 2013, para 13,56%.
Na Balança Comercial também houve disparidade. O agro mais uma vez proporcionou o superávit no resultado geral do estado. O crescimento foi de 23%, com o setor respondendo por 32,54% das vendas externas de Minas em novembro – crescimento de 19%, e diminuindo o volume de importações em 53%.
Dentre as excepcionalidades a estiagem severa teve o impacto mais evidente, especialmente nas lavouras. A seca está expressa no VBP (Valor Bruto da Produção), que, até novembro, foi estimado em R$ 47,9 bilhões. Ainda que tímido, o indicador cresceu 0,7% em relação ao ano passado.
O desempenho foi impulsionado pela pecuária, principalmente pela bovinocultura de corte e pela suinocultura. Os produtos das criações de animais registraram VBP 3,7% maior, enquanto os cultivos decresceram 1,3%. Uma das exceções na agricultura foi o café, pois a recuperação dos preços este ano garantiu ao segmento aumento de 16,1% no VBP.
Legislação
Não bastasse a adversidade climática, em 2014 os produtores também tiveram que lidar com o Cadastro Ambiental Rural. O prazo para a inscrição obrigatória teve início em maio e, até o momento, tem se configurado uma tarefa árdua devido à exclusão digital – realidade em grande parte das zonas rurais, pelas exigências burocráticas e pelas falhas da plataforma de inscrição. O ano terminará com menos de 10% das propriedades mineiras cadastradas, concentrando o grosso das inscrições nos primeiros cinco meses de 2015.
Superação
Contudo, o agronegócio apresentou aspectos bastante positivos, como a abertura de novos mercados e o incremento de relações com clientes tradicionais. Também houve recuperação ou manutenção de preços de setores que amargaram crise nos anos anteriores, como suinocultura, pecuárias de corte e de leite, algodão e café. Nesse sentido, houve também um pouco de alívio para os produtores de cana, devido à recuperação dos preços, mas, não o suficiente para arrefecer a crise que o setor sucroenergético enfrenta desde 2008.
Balanço e projeções para o café
Os últimos anos têm sido difíceis e, mesmo assim, em 2014, o faturamento do setor foi positivo. Era esperada safra alta no Brasil e em Minas Gerais, e, portanto, preços mais baixos, pois a crise de preços, principalmente em 2012, prejudicou os tratos da lavoura e desestimulou investimentos. E, ainda sob os efeitos de dois anos com cotações abaixo do custo de produção, a cafeicultura enfrentou uma seca rigorosa, que comprometeu a quantidade e a qualidade da safra. O déficit hídrico nos cafezais resultou em perdas médias de 30% da produção em Minas Gerais.
Ao longo de 2014 houve elevações no preço da commodity, alimentadas por incertezas e especulações dos investidores em relação à próxima safra, o que minimizou perdas econômicas de alguns produtores (a depender do nível de tecnologia empregada). O preço médio pago aos cafeicultores mineiros foi de R$ 408,00 pela saca de 60 kg, 32,1% mais que em 2013.
Além disso, a desvalorização do real favoreceu as exportações, acumulando, até dezembro de 2014, um volume de 30 milhões de sacas exportadas, sendo 3 milhões de café robusta (+145%) e 27 milhões de sacas de arábica (+11,3%), em relação ao mesmo período do ano anterior. Em geral, estimava-se colher 46,5 milhões de sacas na safra 13/14 no Brasil, sendo 26,6 milhões em Minas Gerais. Mas, de acordo com os números da Conab a safra foi de 45,3 toneladas, sendo 22,6 toneladas em Minas, 7,7% e 18,1%, respectivamente, inferior ao produzido na safra anterior (2012/13).
Perspectivas para 2015
Apesar de já terem ocorrido chuvas volumosas nas principais regiões produtoras de Minas Gerais, a FAEMG acredita que colheita de 2015 ainda trará algum resquício da seca. Mas ainda é cedo para quantificar este impacto. Independentemente da crise dos anos anteriores e da seca de 2014, 2015 é um ano de ciclo baixo na cafeicultura. Além disso, os cafeicultores estão descapitalizados – reflexo dos baixos preços especialmente de 2012. A estiagem também terá impacto na safra de 2016, pois a baixa umidade do solo coibiu a adubação.
O ponto positivo é que o setor tem investido cada vez mais em qualidade e o estado está se consolidando como referência internacional do bom café. Prova disto, é o volume de negócios gerados na edição da Semana Internacional do Café deste ano: R$ 85 milhões. Portanto, 2015 será um ano de recuperação para aqueles que têm investido em gestão e na qualidade.