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Sustentabilidade e Certificação na cafeicultura

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 03/01/2011

7 MIN DE LEITURA

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O CaféPoint lançou uma Pesquisa de Mercado junto aos produtores, visando obter qual a visão deles em relação ao tema sustentabilidade e certificação na cafeicultura, o que valorizam e que retorno esperam ou obtiveram com as certificações.

A Pesquisa "Sustentabilidade e Certificação na cafeicultura: qual sua opinião?", foi feita através de um formulário online, que ficou disponível no site entre 28 de setembro e 24 de outubro, onde 50 participantes responderam perguntas relacionadas ao tema. Do total de participantes, 66% são do Estado de Minas Gerais, 11% do Espírito Santo, 9% de São Paulo, 6% do Paraná, 4% da Bahia e 2% Mato Grosso e Rio de Janeiro.

A importância do tema não é novidade para ninguém. O conceito já existe há anos, mas de 20 anos para cá tem ganhado maior atenção. Esse novo caminho rumo a sustentabilidade está sendo traçado e por isso o tema tem que ser discutido. A sustentabilidade não é apenas uma onda passageira, trata-se de realidade irreversível e uma tendência crescente.

Produtores têm se preocupado em adequar suas propriedades de acordo com boas práticas agrícolas, funcionários têm exigido boas condições de trabalho, ao mesmo tempo em que consumidores têm buscado produtos sustentáveis. Acima de tudo, é importante lembrar que a sustentabilidade está baseada nos fatores sociais, ambientais e econômicos, ou seja, o produtor paga o preço para adequar sua propriedade as normas sociais e ambientais, mas de alguma forma tem que conseguir retorno financeiro para que realmente o negócio seja sustentável.

Toda mudança exige investimento. Basta descobrir se para o seu negócio esse investimento vai compensar financeiramente ou não.

Dentro disso, as certificadoras são as principais responsáveis por levantar a bandeira da sustentabilidade e trabalhar junto aos produtores. Todas trabalham com o mesmo objetivo, porém com focos diferentes. Algumas focam mais em rastreabilidade, outras em preservação de recursos naturais, outras no auxilio do gerenciamento da propriedade, colocação do produto no mercado, entre outros.

Hoje, as principais certificadoras e programas de verificação para café são: Utz, Rainforest Alliance, IBD, 4C, ISO 14001, FairTrade, Brazil, Specialty Coffee Association e Ceritifica Minas Café.

Mas com tantas diferenças e detalhes vem a pergunta: os produtores sabem o que é sustentabilidade? Sabem o que querem para o seu negócio? E os consumidores sabem o que significam os selos na embalagem?

Com a pesquisa conseguimos obter um resultado qualitativo que responda tais perguntas.

Dos 50 participantes, 66% não possuem a propriedade e produção certificada, 32% possuem e 2% já foram certificadas mas por algum motivo hoje não são mais. Mesmo a maioria não sendo certificada, 89% dos produtores sabem qual o real objetivo da sustentabilidade, e responderam que é tornar o negócio economicamente rentável, respeitando boas práticas ambientais e sociais.



Na parte descritiva da pesquisa destacam-se algumas definições que comprovam que a maioria sabe o conceito de sustentabilidade. São eles:

"Praticar agricultura, explorando-a de modo socialmente justo, com atividade economicamente viáveis, e ambientalmente correto"

"Uma maneira de se manter na atividade levando em consideração aspectos econômicos sociais e ambientais.

"Ter um negócio que seus rendimentos sejam positivos sem causar danos a biodiversidade"

"Produzir mais com o menos impacto ambiental e social, obtendo preços justos a estes compromissos"

Da parte dos produtores parece que o conceito está bem entendido e dominado. Mas e os consumidores? Quando se perguntou o que o consumidor valoriza na hora de adquirir um produto sustentável, 64% disseram que é o selo de certificação na embalagem somado a ações de marketing. 23% optaram pelo conhecimento de que determinada marca atende as exigências do conceito, enquanto 4% valorizam apenas o uso da palavra sustentável na embalagem. 6% dos participantes concordam que apenas o selo de certificação na embalagem é levado em conta para aquisição de produtos sustentáveis.

Os resultados mostram que muito próximo está a importância da embalagem conter apenas o selo da certificação e apenas a palavra sustentabilidade. Pode-se dizer que somente a palavra pode não significar nada, enquanto o selo carrega todo um trabalho envolvido e representa uma certificação. Em segundo lugar, percebe-se que se valoriza mais a marca, a credibilidade que a marca tem no mercado, do que o próprio selo de certificação.

Fica claro que são necessárias ações de marketing para promover os cafés certificados e mostrar ao consumidor qual o trabalho das certificadoras e a qualidade de um produto certificado. Isso mostra também que alguns ainda confundem sustentabilidade com qualidade.

Ao mesmo tempo em que os participantes conhecem o conceito, dos que não possuem certificação, a maioria (13) justifica com o desconhecimento de serviços e resultados. Ou seja, sabe-se o que é sustentabilidade, mas não se sabe como adaptar seu negócio para que se torne sustentável, qual custo disso, quais mudanças necessárias, qual retorno, em quanto tempo, etc.

Veja abaixo a participação das certificações entre as propriedades dos participantes da pesquisa:



Outro resultado obtido é em relação à área de produção. 46% dos produtores que possuem certificação na propriedade têm área cultivada com café maior que 150 ha. Isso pode significar que por algum motivo os produtores com menor área têm maior dificuldade em aderir às certificações, motivos que podem ser falta de acesso a informação ou renda inferior.

Dos que buscaram certificação, quase 50% objetivavam conseguir melhores preços e aumentar a rentabilidade do negócio. Outros 37% procuraram a certificação preocupados em se adequar as normas sociais e ambientais. Outros 12% investiram por exigência do mercado e o 5% para tentar reduzir custos com gerenciamento, visto que uma das características das certificações é trabalhar o gerenciamento da propriedade.

Em relação a fatores de mercado, receber prêmio por rastreabilidade e qualidade do café produzido são os pontos mais valorizados pelos cafeicultores, sendo prêmio por quantidade o menos importante.

Em relação ao suporte e serviços prestados, o apoio no gerenciamento e trainamento para funcionários são as ações mai valorizadas. Interessante que os dois pontos, se bem trabalhados, reduzem custos e aumentam a eficiência do negócio. O treinamento de funcionários é extremamente importante para que ele tenha noção da importância do seu trabalho e cuidado na qualidade final do produto, por exemplo.

A impressão que dá é que os produtores certificados hoje conseguiram obter resultados positivos com as certificações, porém há uma lacuna que pode ser preenchida, visto que dos 17 produtores certificados estão apenas satisfeitos com o programa de certificação, quando poderiam estar muito satisfeitos.

Além disso, 4 deles estão muito insatisfeitos. Isso mostra que as certificadoras, através de um trabalho junto ao produtor, podem identificar quais as necessidades dos produtores e trabalhá-las para supri-las, não se desviando do código de conduta que seguem para obter uma produção sustentável.

Quando foi perguntado se adeririam a mais uma certificação além da(s) que já possui, 8 dos participantes responderam que não adeririam, enquanto 7 responderam que sim.

Dos que responderam não, dizem que até gostariam, mas afirmam que o custo ficaria muito elevado, ou que não acham que teriam retorno financeiro. Outra justificativa é que estão satisfeitos com o resultado de apenas uma certificação.

Acredita-se que seja outro sinal de alerta, visto que o maior investimento para se adequar as normas básicas de sustentabilidade deve ter sido feito quando obtiveram a primeira certificação. Vale aqui um trabalho de equivalência entre as certificadoras? Vale analisar ainda qual benefício de uma propriedade com mais de uma certificação.

Com os resultados obtidos na pesquisa, é possível dizer que o primeiro passo a ser dado é a educação dos envolvidos na cadeia do café, ou seja, produtores, industriais, consumidores, etc.

Entendendo quais são os reais benefícios dos negócios sustentáveis é possível valorizar mais o esforço e investimentos feitos pelos produtores. O conceito tem que ficar claro tanto para consumidores como para produtores. O consumidor precisa receber informações do que é um produto sustentável, qual a vantagem de adquirir esse tipo de produto, quais os trabalhos das certificações que estão com o selo na embalagem, como fazer a escolha do produto, etc.

Um segundo passo seria relacionar melhor a teoria do conceito sustentabilidade com a prática do dia-a-dia da fazenda. De acordo com os resultados, nota-se que os produtores sabem a teoria, mas não a prática. Não sabem o que terão que mudar na propriedade, qual custo, qual tempo de retorno, quanto tempo será necessário para se adequar as normas exigidas. Não basta apenas mostrar os ingredientes, é preciso ensinar o modo de fazer. Só assim saberá se compensa certificar ou não.

Outro ponto a ser trabalhado é o marketing. Apenas o selo na embalagem é muito pouco valorizado pelo consumidor. Em função disso, é necessário um trabalho de marketing junto ao consumidor, cafeterias e varejo para mostrar o real valor daquele selo. A demanda por saber onde aquele café é produzido e de que forma é crescente, mas isso tem que ser transmitido claramente para o consumidor. O objetivo do vendedor é convencer o cliente da qualidade de seu produto.

Além disso, constatou-se que o produtor não tem conhecimento das facilidades envolvidas para aderir a um segundo programa de certificação. Entre algumas certificações já existe sistema de equivalências entre condutas, facilitando a adesão de uma segunda certificação. Isso poderia ser ampliado e divulgado.

Há um grande trabalho a ser feito para mostrar os benefícios, as mudanças necessárias e o resultado positivo da sustentabilidade e certificação no longo prazo. As informações precisam ser selecionadas, divulgadas e transformadas em conhecimento.
Natália Fernandes, Equipe CaféPoint

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LUCAS ELOI URBANO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/01/2011

Olá Natália, primeiro parabéns pelo ótimo artigo!

Gostaria se durante suas pesquisas para ese arquido você encontrou certificações de vanguarda que ainda não são aplicadas aqui no Brasil?

Obrigado.

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