Durante a Femagri 2013 - Feira de Máquinas, Insumos e Implementos Agrícolas realizada em março pela Cooxupé* – o CaféPoint entrevistou Pedro Malta, executivo da empresa de consultoria P&A Marketing Internacional, que foi contratada para coordenar o programa no Brasil, assim como para implementar alguns de seus projetos. Confira a entrevista:
CaféPoint: O IDH demonstra ser um programa com grandes pretensões, mas ainda está em seu estágio inicial de desenvolvimento. Conte-nos um pouco dos motivos que levaram a P&A Marketing Internacional a abraçar a ideia e cooperar com o programa.
Pedro Malta: O programa brasileiro de Cafés Sustentáveis, patrocinado pelo IDH, está sim na sua fase inicial. A P&A detêm muito conhecimento e experiência no agronegócio café, certamente por isso fomos convidados inicialmente para conceber o programa brasileiro, com suas linhas mestras e principais focos de atuação. Mais recentemente, ampliamos esse relacionamento com o IDH e nos tornamos o coordenador nacional do programa. O programa, desde o princípio, nos chamou a atenção pela sua relevância para cafeicultura e pela certeza que os cafeicultores, uma vez envolvidos em algum sistema de verificação e/ou certificação, passam a ver o seu negócio por uma ótica mais completa e voltada para resultados. Em última instancia, esse programa de Cafés Sustentáveis contribuirá para termos uma cafeicultura ainda melhor e com possibilidade de se perpetuar para as próximas gerações.
CaféPoint: Qual foi o principal objetivo de participar da Femagri 2013? Como está sendo o retorno desta participação?
PM: A participação da P&A na Femagri 2013 aconteceu com o objetivo de dar andamento a uma das atividades do programa Cafés Sustentáveis, o projeto Endosulfan. Durante a feira tivemos a oportunidade de conversar com inúmeros cafeicultores e alertá-los que os inseticidas a base de Endosulfan serão banidos do mercado brasileiro em 31/07/2013, conforme a resolução da ANVISA RDC Nº 28, de 9 de Agosto de 2010. Isso significa que pulverizações realizadas após essa data serão ilegais e, uma vez identificadas, podem colocar em risco a certificação do cafeicultor. Portanto, esse é o objetivo central deste projeto, evitar que haja redução da quantidade de cafés brasileiros certificados durante o processo de banimento do Endosulfan.
CaféPoint: Quais as perspectivas para a substituição do Endosulfan na cafeicultura nacional. O que está sendo feito?
PM: O nosso levantamento indicou que, além do Endosulfan, existem outros três princípios ativos que podem ajudar no controle da broca-do-café. Notamos também que há diferentes opiniões a cerca do desempenho destes produtos no controle da praga. De forma geral, nenhum dos três apresenta a mesma eficiência do Endosulfan. Atenção, isso não significa que o Endosulfan seja bom e os demais sejam ruins. O Endosulfan pertence a uma geração de inseticidas que definitivamente está ultrapassada, especialmente pelos riscos à saúde e ao meio-ambiente que estão associados ao seu uso. Portanto, além destes princípios ativos disponíveis no mercado, existem outros em processo de registro junto ao Governo Federal. Há uma grande expectativa que estes produtos em processo de registro sejam eficazes no controle da broca-do-café, ao mesmo tempo que não exponham a saúde e o meio-ambiente a riscos.
É importante frisar que o programa Cafés Sustentáveis não tem ligação com a indústria de defensivos químicos. Estamos preocupados com a quantidade de cafés certificados e temos consciência que o controle químico de pragas e doenças na cafeicultura é amplamente difundido. O que não se pode nunca perder de vista é o constante monitoramento da lavoura e o uso do Manejo Integrado de Pragas.
Dentro do projeto Endosulfan, também estamos reunindo todas as pesquisas nacionais na área de controle biológico da broca-do-café. É brilhante a criatividade dos pesquisadores brasileiros nessa área. Mas infelizmente, com base no que já identificamos, nenhuma alternativa viável para uso em larga escala foi desenvolvida.
CaféPoint: Quais outras empresas ou entidades estão envolvidos no programa de Cafés Sustentáveis do IDH no Brasil?
PM: As atividades do programa no Brasil passam por frequente aconselhamento de um grupo de trabalho. Nesse grupo temos representantes de empresas privadas e algumas das plataformas de certificação de café em atividade no país. De forma mais específica, no projeto Endosulfan, o CeCafé é um parceiro importante através do programa CAFÉ SEGURO, que atua na conscientização e orientação dos produtores ou da cadeia em geral sobre os cuidados na produção que garantam um café livre de contaminantes.
De qualquer forma, não se pode conduzir um programa de âmbito nacional sem envolver todos os atores da cadeia. Nesse aspecto a P&A cumpre bem o papel de engajamento com todos os setores, seja nos governos federal e estadual, organizações não-governamentais, bem como junto a iniciativa privada.
CaféPoint: Como o cafeicultor brasileiro poderá encontrar informações e auxílios sobre como atuar no programa.
PM: O programa está, desde janeiro de 2013, buscando desenvolver projetos em nível de campo que possam trazer benefícios diretamente aos cafeicultores. Temos diferentes linhas de ação através de associações e cooperativas, inclusive aquelas que atuam com cafeicultores menores que trabalham em regime de agricultura familiar, por exemplo. Para mais informações, disponibilizamos o espaço abaixo para dúvidas e comentários, que procuraremos responder prontamente. Ou se preferir, pode contatar-nos por meio do telefone (19) 3651-3233 ou do endereço eletrônico pmalta@peamarketing.com.br.
* A P&A Marketing comunica que o estande na Femagri 2013 foi gentilmente cedido pela Cooxupé, tendo em vista a caráter de utilidade pública que o projeto Endosulfan possui.
Entrevista concedida por Pedro Malta, executivo da empresa de consultoria P&A Marketing Internacional, a André Sanches Neto, coordenador de conteúdo do CaféPoint.