O Brasil é o segundo maior produtor de robusta (10 milhões de sacas), superado apenas pelo Vietnã (18 milhões de sacas). O estado do Espírito Santo é o maior produtor nacional, seguido por Rondônia, Bahia e Mato Grosso. Atualmente, não se planta comercialmente o robusta no estado de São Paulo, o qual é responsável por volta de 48% do café torrado consumido e 80% do café solúvel produzido no Brasil.
Cerca de 250 torrefadoras e três solubilizadoras estão em São Paulo, absorvendo aproximadamente 7 milhões de sacas/ano e gerando cerca de 9.000 empregos diretos. A busca desta matéria prima em outros estados brasileiros, principalmente no Espírito Santo, onera o seu preço final, devido a impostos e fretes.
A espécie C. canephora é diferente em alguns aspectos genéticos e agronômicos do C. arabica, entre eles:
De forma sucinta, a espécie C. canephora, diferentemente do arábica, é dividida em dois grupos: Guineano, representado pelo Conilon, e Congolês, representado pelo Robusta. A sua região de origem está abaixo de 400 metros de altitude, porém há robustas encontrados acima de 1.000 m.
O Instituto Agronômico do Estado de São Paulo (IAC/APTA), localizado em Campinas, é o responsável pelas pesquisas com o café robusta. O IAC possui um vasto e rico banco de germoplasma desta espécie, fruto do trabalho realizado no passado por pesquisadores do instituto, entre eles Dr. Lourival Carmo Mônaco e Dr. Edmundo Navarro de Andrade. Neste banco, que é o alicerce para o desenvolvimento de novas cultivares, há materiais introduzidos de diversa regiões, entre elas Costa Rica, Indonésia e do próprio estado do Espírito Santo no Brasil.
O IAC, juntamente com os Pólos Regionais de Mococa, Adamantina e Pindorama, vem trabalhando nestes anos na identificação das melhores plantas deste banco, as quais servirão como ponto de partida no desenvolvimento de uma cultivar. Estes materiais estão sendo estudados em experimentos instalados em várias regiões do estado de São Paulo, principalmente em regiões abaixo de 500 metros de altitude, tais como Adamantina, Parapuã, Pacaembu, Matão, Pindorama, Lins, entre outras.
Alguns experimentos também serão instalados em regiões mais altas, acima de 700 metros. Os clones que sobressaírem serão agrupados, pois no robusta é necessário o plantio de mais de um clone para ocorrer a produção de frutos, e então avaliados em ensaios regionais antes do seu lançamento comercial. Atualmente, o IAC está na fase de avaliação dos clones oriundos das seleções das plantas matrizes do banco de germoplasma.
Estas avaliações, agronômicas e químicas, serão realizadas durante cinco anos para posterior agrupamento e ensaio regional dos clones promissores. Isto levará cerca de quinze anos até o lançamento comercial de uma cultivar clonal. O IAC também está fazendo experimentos em condições de sequeiro e irrigado.
Atualmente, os interessados em iniciar imediatamente o plantio comercial de robusta, deverá fazê-lo com clones comercializados no Espírito Santo e de forma gradual, isto é, plantios em áreas pequenas, irrigadas e ausentes de nematóides. Vale lembrar que o cafeicultor paulista é acostumado com a cultura do arábica, a qual difere em alguns pontos do robusta, principalmente no modo de plantio, colheita, condução (podas e desbrotas) e secagem.
A Cambuhy Agrícola Ltda, localizada em Matão/SP, foi a primeira propriedade paulista a experimentar o plantio de café conilon no estado. Atualmente a Cambuhy Agrícola possui cerca de um milhão de pés de café, todos do tipo arábica, entre eles Mundo Novo, Catuaí, Icatu e Bourbon. O diretor geral da empresa, José Luiz Amaro Rodrigues, foi o grande responsável por tal iniciativa. Este plantio foi realizado no dia 13 de outubro, com clones capixabas, em uma área de 8 ha (cerca de 22.000 pés), ferti-irrigada e livre de nematóides.
Em novembro, a Fazenda Tiveron, localizada em Adamantina/SP, estará plantando 6 ha de café conilon (cerca de 17.000 pés), com mudas oriundas do Espírito Santo, ferti-irrigada e livre de nematóides. O proprietário da fazenda, Edson Frasson Teixeira, está otimista em relação ao desenvolvimento da cultura na região da Alta Paulista.
É importante ressaltar a parceria realizada entre o Centro de Café do IAC e algumas propriedades particulares, nas quais foram instalados experimentos de café robusta, visando a seleção de materiais promissores para região. Entre elas estão as Fazendas São José (em Parapuã), a Estância Água Clara (Lins) e a Cooperativa CAMDA (Adamantina), além das fazendas Cambuhy Agrícola e Tiveron.
Outras propriedades do interior paulista já demonstraram interesse neste sentido, inclusive em locais de altitude acima de 700 m, o que só vem a contribuir para a pesquisa e cafeicultura paulista. Há necessidade ainda de se realizar um estudo econômico da cultura (em conjunto com o IEA e o IAC), a fim de confirmar os baixos custos de produção, aliado a alta produtividade, obtidos pelos cafeicultores capixabas.
Figura 1. Área experimental na Fazenda São José, em Parapuã (SP), instalada em 2007.
Figura 2. Área experimental na CAMDA, em Adamantina (SP), instalada em 2007. O plantio de robusta foi realizado entre linhas da cultivar de arábica Obatã IAC 1669-20.
Primeiro plantio comercial de café conilon no estado de São Paulo na Cambuhy Agrícola (2008). Da esquerda para a direita: Ari de Camargo (Técnico Agrícola - IAC/APTA), Miguel Donegá (Técnico Agrícola - Cambuhy Agrícola) e Júlio César Mistro (Pesquisador Científico - IAC/APTA).