Como no Brasil, o custo de produção, sobretudo relativo à mão-de-obra na colheita, é o maior desafio enfrentado pela cafeicultura na Costa Rica. Em sua sexta viagem ao Brasil, Francisco Flores, vice-presidente do ICAFE, traça um paralelo das crises enfrentadas pela baixa rentabilidade do café tanto no Brasil como na Costa Rica, destacando a elevação do custo de produção frente à valorização do dólar. Para o diretor executivo do ICAFE, Ronald Peters, com uma produção média de dois milhões de sacas e 57 mil produtores dependentes deste agronegócio, torna-se necessário buscar mais eficiência e rentabilidade para se manter na atividade.
Conilon atrai visitantes
Para o presidente do instituto, Ramón Ulate Montero, avaliações experimentais do cultivo de café Conilon estão previstas para algumas regiões do país, onde o cultivo de Arábica é limitado por condições desfavoráveis. Confirmando sua viabilidade técnica e econômica, poderá haver empenho para revogação da Lei que proíbe o plantio no país de variedades de café que não sejam Arábica. Em visita ao Incaper, foram recebidos por pesquisadores do Programa Café do Incaper, liderado por Romário Gava Ferrão, onde ficaram entusiasmados com a boa fase vivida pelo Conilon. Na companhia do pesquisador José Antônio Lani, o grupo visitou propriedades em Linhares e São Gabriel da Palha (ES), chamando a atenção pela alta tecnologia, uso de cultivares altamente produtivas, custo reduzido de produção e moderna logística de armazenagem e comercialização por meio do cooperativismo.
Na Fazenda Experimental de Machado, o Gerente do Programa Cafeicultura em Minas, Gladyston Carvalho, apresentou as principais linhas de pesquisa e as conquistas tecnológicas. Os pesquisadores ligados a área de melhoramento do cafeeiro, Antônio Alves Pereira e Antônio Carlos Baião de Oliveira levaram o grupo para uma visita aos campos experimentais, onde puderam comprovar o desempenho das cultivares. Na Fundação Procafé, em Varginha, os costarriquenses foram recebidos pelo secretário executivo Antônio Wander Rafael Garcia, pelo pesquisador da Embrapa Café, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho e pelo bolsista do CBP&D/Café, André Luis Alvarenga Garcia, onde debateram sobre as vantagens e desafios da mecanização em lavouras montanhosas.
Tecnologias e pesquisas
Com o desafio de manter a qualidade do café resultante de uma onerosa colheita seletiva, o grupo veio conhecer as tecnologias e maquinários desenvolvidos no Brasil. Eles acabam de adquirir um descascador de café para experimentos da tecnologia do Cereja Descascado (CD). "Com a separação dos frutos verdes, a derriça dos frutos poderá ser viabilizada", destaca Flores. Quanto à intenção de mecanizar a colheita, derriçadores manuais costais serão avaliados como alternativa para as condições montanhosas da Costa Rica, aliada a espaçamentos adensados e lavouras arborizadas.
Intercâmbio de Cultivares
Cerca de 95% da cafeicultura costarriquense se limita às cultivares Caturra e Catuaí, desenvolvidas no Brasil. A diversidade de cultivares disponíveis no Brasil desperta a atenção dos visitantes, que tiveram especial interesse pelas cultivares Topázio (Epamig), Tupi (IAC) e Obatã (IAC). De acordo com o diretor do Centro de Café do IAC, Luiz Carlos Fazuoli, a cooperação técnica entre o Brasil e Costa Rica é mantida como tradição desde a época do Dr. Alcides Carvalho, que recebeu sementes da variedade Villa Sarchi e se tornou importante material para o melhoramento genético do cafeeiro. As cultivares Tupi e Obatã, que atualmente chamam a atenção dos visitantes, são materiais desenvolvidos dentro das populações denominadas Sarchimores, tendo como origem o cruzamento de Híbrido de Timor com Villa Sarchi. Para Fazuoli, a visita de representantes do ICAFE reforça a troca de experiência e conhecimento acerca dos desafios e oportunidades da cafeicultura, além de promover o intercâmbio de idéias e soluções tecnológicas entre os países produtores.
Francisco Flores, Ramón Ulate, Luiz Carlos Fazuoli, Ricardo Hernández e Ronald Peters
Foto do acervo da Embrapa Café