De acordo com o professor, dados da Fundação Procafé mostram um período de estiagem no Sul de Minas, chegando ao final de maio com armazenamento de água no solo praticamente zero. Este déficit de água no solo foi aumentando e no final de agosto chegou a 105 mm em Varginha, 13 mm em Carmo de Minas e 125 mm em Boa Esperança. Ele explica que o nível de estresse não causou muitas preocupações já que no início do ano, de janeiro a março, as lavouras passaram por um período de chuva moderado, com temperaturas mínimas não muito baixas. De maneira geral, essas condições favorecem a diferenciação de gemas reprodutivas. "Este é o primeiro passo para que tenhamos produção de café", acrescenta.
Donizeti lembra ainda que o déficit hídrico moderado permitiu às gemas experimentarem um período de repouso, sem a ocorrência de chuvas praticamente de junho a agosto. Em sua avaliação, este fato foi benéfico para o cafeeiro, pois a homogeneidade deste período seco normalmente favorece a sincronização das gemas reprodutivas de diferentes estádios. A consequência disso é uma florada mais concentrada, como aconteceu em algumas lavouras sulmineiras. (foto 1)
Em Lavras, lavouras com bom enfolhamento, após oito dias de uma chuva de 8 a 10 mm, (13/09/2010), popularmente chamada de "chuva de florada", floresceram abundantemente (cerca de 90%) em toda a extensão da copa (Foto 2). Por outro lado, lavouras mais depauperadas, seja por alta produção e/ou ausência de tratos culturais adequados, tiveram floradas mais proeminentes no terço superior das plantas (Foto 3). Outras lavouras apresentavam gemas bastante homogêneas em fase de crescimento ativo e de pinha (Foto 4).
Como comentado na comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira, no Peabirus, o professor Donizeti reitera a preocupação quanto à continuidade de chuvas para repor a água faltante no solo e, desse modo, garantir o pegamento da florada, sob pena de haver uma alta proporção de aborto. "Felizmente, o volume de precipitação em algumas localidades deverá manter a umidade do solo, restaurar o potencial hídrico do cafeeiro, garantir o vigamento da florada e estimular a fotossíntese de modo a produzir carboidratos para atender as demandas de expansão dos chumbinhos", considera.
A matéria é do Pólo de Excelência do Café, adaptada pela Equipe CaféPoint.