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Diretor da OIC diz que reação de preços ainda é insuficiente para maior produção

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/07/2012

5 MIN DE LEITURA

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Os preços atuais do café impedem uma situação de conforto para o aumento da produção mundial, avalia o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva.

Os preços atuais do café impedem uma situação de conforto para o aumento da produção mundial, avalia o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva. Recentemente, as cotações despencaram, assustando os produtores. Nos últimos dias, o café passou a se recuperar diante das preocupações com a qualidade da safra brasileira que chega lentamente ao mercado, afetada pelas chuvas, além da melhora do cenário geral. "Percebeu-se, em primeiro lugar, que o quadro de oferta e demanda para o café continua muito apertado", afirmou Silva. Apesar da tentativa de retomada, o diretor executivo da OIC acredita que os preços ainda não trazem a perspectiva de crescimento da produção mundial. "É preciso criar incentivos de médio e longo prazo para permitir a recuperação da produção de café", disse. "O principal incentivo é sempre o preço."

O executivo acredita que um patamar de US$ 2,00 por libra-peso seria razoável para estimular o plantio - ele frisa que essa é a sua própria estimativa, e não da OIC. Atualmente, a cotação está por volta de US$ 1,80. "Os produtores ficaram muito inseguros, a verdade é essa."

Silva assumiu a OIC em novembro do ano passado, o que representou o retorno do Brasil à liderança do órgão após quase dez anos. Em entrevista à Agência Estado, na sede da OIC em Londres, ele falou sobre o atual equilíbrio do mercado e sobre a volatilidade trazida pela financeirização das commodities. Veja abaixo os principais trechos:

O preço do café despencou recentemente e agora mostra recuperação. O que aconteceu?

Robério Silva - Percebeu-se, em primeiro lugar, que o quadro de oferta e demanda para o café continua muito apertado. Existe uma expectativa por parte de vários agentes do mercado de que o Brasil poderia chegar com volumes muitos grandes, mas não foi isso que aconteceu. Na verdade, o café chegou num ritmo mais lento ao mercado e há preocupação muito forte com a qualidade da próxima safra. Isso tudo combinado fez com que os operadores vissem que o quadro não era tão favorável para comprar a preços baixos e o movimento se reverteu. Já vínhamos apontando que o quadro é apertado e que, principalmente, ainda existe consumo muito vigoroso.

Mesmo com a crise internacional?

Silva - Mesmo com a crise. Houve desaceleração, mas ainda há crescimento do mercado. Nossa estimativa de consumo mundial é de 137,9 milhões de sacas em 2011, de 137,1 milhões em 2010, apesar dos aumentos de preços do café torrado e moído verificado em toda a Europa no ano passado. E devemos considerar que a produção continua a cair.

Os preços chegaram a cair para US$ 1,50 por libra-peso. Esse foi o piso?

Silva - A OIC não faz nenhuma previsão sobre preços. Nós apontamos tendências. Vínhamos lembrando que existem determinados parâmetros de custos a partir dos quais os produtores começam a se sentir sem condições, desanimados. Isso, de certa maneira, segurou um pouco. O café demorou a chegar ao mercado e chegou com preocupações de qualidade, então é preciso correr para cobrir posições.

As chuvas podem realmente ter afetado a qualidade do café brasileiro?

Silva - Geralmente, se prejudica. Há uma expectativa grande com relação à qualidade do café. Será em mercados muito selecionados, mas, de modo geral, os operadores estão preocupados.

Como estão os estoques mundiais?

Silva - Tanto nos países produtores quanto nos consumidores, os estoques estão em níveis muito baixos. Houve redução nas exportações totais. Entre outubro e maio, as exportações caíram 2,3%. Então, não há aumento significativo de estoques. O mercado está num equilíbrio.

O equilíbrio deve permanecer? Por quê?

Silva - A expectativa do mercado era de que uma fase de preços mais altos pudesse levar a um aumento de produção, o que não aconteceu. Porque, no fundo, os produtores estavam esperando para ver se o excesso de café poderia levar a algum tipo de enfraquecimento do mercado. Simplesmente esse excesso não ocorreu. Temos de criar as condições para os produtores pensarem em plantar café. Sem preços, você não tem isso. Você teve um susto no mercado, que até está dando mostras de arrefecimento.

De onde poderia vir o crescimento da oferta? De que forma?

Silva - Esse mapa do futuro da produção mundial passa pela necessidade de um período longo de preços atrativos. Não se vê hoje ainda uma situação em que você fala assim: eu tenho um conforto em plantar café. Porque quando você começou a ter essa situação de conforto, os preços caíram drasticamente. À medida que as condições forem criadas, teremos a produção seguindo naturalmente o consumo. Aí eu vejo condições de recuperação da lavoura na Colômbia, porque eles investiram pesadamente. Temos a possibilidade de plantios no Brasil. Há países africanos que querem retomar a produção e também novos países na Ásia, como Laos, que está começando a produzir café. É preciso criar incentivos de médio e longo prazo para permitir a recuperação da produção de café. O principal incentivo é sempre o preço. É preciso ter garantia de que o produtor terá acesso a isso. O mercado tem de aceitar um patamar de preços que seja razoável para os dois lados. Um patamar que não tenha impacto no consumo, mas que também dê sensação de remuneração para o produtor.

Qual é esse patamar?

Silva - Já está provado que um patamar na faixa de US$ 2,00 por libra-peso seria razoável. Estamos perto de US$ 1,80 hoje. Essa é minha opinião, não é da OIC. Os produtores ficaram muito inseguros, a verdade é essa.

Hoje os preços se mexem por vários fatores, não só por fundamentos. Isso é um problema?

Silva - Sim, há outros fatores, como a presença dos fundos, a financeirização dos mercados de commodities. É um problema para os produtores e para a indústria.

O sr. acredita na necessidade de regulação?

Silva - É preciso criar instrumentos de mercado para viabilizar a redução da volatilidade, programas de qualificação para os pequenos produtores e organização de cooperativas para que sejam capazes de negociar melhor as suas safras. A OIC não tem mais nenhum papel de regulação, mas o papel de disseminação de informações. Acho que não é necessária a regulação, mas precisamos de acompanhamento pari passu do mercado para também não estimular uma produção desenfreada que esteja além da necessidade do consumo. É difícil falar em regular quando há players tão grandes. Ao mesmo tempo há grau de concentração grande no mercado. São poucos e grandes. E existem os agentes de fora dos mercados. Todos eles, de certa maneira, trazem liquidez para o café.

Mas não reduzem a volatilidade.

Silva - Teoricamente, maior liquidez significaria menor volatilidade. Mas existem momentos em que a financeirização exacerba os movimentos. Por exemplo, a recuperação do preço do café arábica no momento tem também correlação com a recuperação das commodities.

Como vê o papel dos emergentes no consumo de café?

Silva - Estive na Índia em janeiro e é uma coisa impressionante o crescimento de cafeterias e a presença de redes estrangeiras. A China e o Brasil são grandes mercados. É um quadro positivo dos emergentes.

As informações são da Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe CaféPoint.

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