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Debates com foco em sustentabilidade e qualidade comprovam importância de simpósio no Cerrado Mineiro

POR ANDRE SANCHES NETO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 29/05/2013

6 MIN DE LEITURA

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A Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado de Monte Carmelo - Coocacer realizou nesta segunda-feira (27/05) o III Simpósio de Mercado e Certificação de Café. 

O evento ocorreu em Monte Carmelo-MG, município com maior quantidade em área de cafés certificados no mundo; contou com mais de 500 pessoas presentes, entre profissionais do setor e estudantes e discorreu sobre qualidade, sustentabilidade, certificações, mudanças do mercado e futuro dos preços do café.

Qualidade

O presidente da Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná, Luis Roberto Saldanha Rodrigues, lembrou de assuntos essenciais ao tema no universo ‘dentro da porteira’ - como a gestão estratégica de custos aliada ao correto manejo da produção e pós-colheita em vista da diferenciação da qualidade, além da gestão sócio-ambiental – para destacar em seguida a carência de marketing a nível nacional e a urgência do desenvolvimento de planos e ações para a promoção das qualidades envolvidas nos cafés brasileiros, principalmente aquelas intrínsecas à atividade no campo: até então, “o café que chega à cidade é o café da indústria, não da produção”.

Luis Roberto alertou sobre a necessidade de se enfatizar as qualidades e não os defeitos - como ocorre comumente - nas promoções comerciais dos cafés de qualidade, a exemplo de características sensoriais, de benefícios saúde ou mesmo da cultura sócio-ambiental da atividade cafeeira. Lembrou ainda que todos os elos devem estar envolvidos para este fim, desde o produtor, com ajuda do extensionista, até o trader (marketing) e a indústria: “a torra muita escura acarreta perda dos compostos nutraceuticos”, essenciais para a vocação saudável do café aos seres humanos.

Sustentabilidade e Certificação

Tema foco do Simpósio, as discussões sobre sustentabilidade e seus pilares sócio-econômico-ambiental foram permeadas pela percepção da necessidade de coesão do setor para a viabilidade dos projetos.

Francisco Sergio Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, ditou em seu discurso de abertura a tônica de direcionamento dos debates em torno do tema: “O desenvolvimento sustentável tem que ser construído por meio de verdadeiras alianças“, enfatizando que estas devem ser trabalhadas por atores envolvidos “em todos os elos da cadeia”.

Representantes dos principais programas de sustentabilidade e certificação do café estiveram presentes no painel exclusivo ao tema. Pedro Malta, da P&A Marketing – representante oficial do Programa Brasileiro de Cafés Sustentáveis / IDH - The Sustainable Trade Initiative, alertou aos cafeicultores presentes sobre o banimento do endossulfan devido a elementos tóxicos, que ocorrerá oficialmente a partir do dia 31/07/2013 e lembrou que as pulverizações com o produto realizadas após essa data serão ilegais: uma vez identificadas, podem colocar em risco a certificação do cafeicultor. A este respeito, Eduardo Trevisan, do Imaflora, respondendo a pergunta do público, comentou que a entrada ao mercado de produtos similares para o combate à broca não deverá ocorrer antes de 1 ano, o que poderá gerar riscos às lavouras e consequente produção da próxima safra.

No contexto do Programa IDH, Pedro explicou que 4 grandes empresas compradoras de café e responsáveis por 30% da produção mundial de cafés industrializados -Mondelez, Nestlé, Master Blenders e Tchibo – assumiram recentemente compromissos na compra de produtos de origem sustentáveis, o que já vem estimulando a intensificação dos projetos de certificação em propriedades cafeeiras do país.

O incremento da gestão na fazenda foi destacado nas discussões sobre o tema, incluindo-se nesta questão o sistema de rastreabilidade na garantia ao comprador, mas foi igualmente lembrada por alguns dos participantes a importância de que comerciantes e traders trabalhem para agregar valor econômico aos avanços das certificações na cultura cafeeira, já que a conquista de ‘prêmios’ satisfatórios aos produtores certificados ainda é um grande desafio para o segmento. Eduardo Sampaio, da UTZ Certified, ao ser questionado sobre esta questão - com destaque à intervenção de Luis Roberto, do Norte Pioneiro do Paraná requisitando uma sustentabilidade real ao segmento - alertou sobre a importância de aprimoramento da parte de venda da fazenda para “brigar pelo prêmio junto ao trader”.

Outro fator de relevância às discussões girou em torno de apoios aos esforços e investimentos para o sólido desenvolvimento de projetos de certificação a nível nacional. Julian Silva Carvalho, do Certifica Minas Café, alertou aos participantes que “sustentabilidade tem custo. E os custos não estão sendo sustentáveis”.

A certificação de origem também foi enfatizada junto aos conceitos de sustentabilidade do produto. Neste âmbito, Juliano Tarabal, diretor de Marketing da Federação do Cerrado Mineiro, comentou que em 2012 a produção da região foi de 6 milhões de sacas e que a meta em 2013 é de que todas as cooperativas associadas à Federação possam lacrar suas sacas com o selo de origem (Indicação Geográfica - IG)”.  

Com a coordenação do pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas - IAC, Sergio Parreira Pereira, o painel ‘Sustentabilidade da Cafeicultura’ ocorreu após breve palestra de Pedro Malta e contou com a participação de Carlos Walter Behrend APPCER – Fairtrade; Eduardo Trevisan - Rainforest Allience; Eduardo Sampaio – UTZ Certified; Guilherme Amado - Nespresso Brasil; Julian Silva Carvalho - Certifica Minas Café - Emater MG; Juliano Tarabal - Federação do Cerrado Mineiro; Matheus Ruegger - Nescafé Plan; Melanie Rutten Suelz - 4C Association e Rodrigo Santos Nogueira - Desenvolvimento Sustentável Banco do Brasil.

Preços e mudanças do mercado

Representantes de empresas e instituições de diferentes elos da cadeia animaram debate sobre as mudanças no mercado de café, com ênfase nas tendências dos preços a curto e médio prazos. Sob a coordenação do economista Miguel Daoud, do Canal Rural, discorreram sobre o tema Carlos Santana Junior - USA - Empresa Interagrícola AS; Manoel Felisberto Cruz de Assis - Mitsui Alimentos e Abic; Rodrigo Costa - Caturra Coffee Corporation; Juan Gimenes – Nucoffee e Rogério Nunes -Sebrae-MG – Educampo.

Segundo Rodrigo Costa, devido a alguns equívocos na gestão econômica na última década, o Brasil não tem condição de operar com dólar acima de R$2,10, mas alertou para o fortalecimento recente da moeda americana juntamente com a alta dos juros nos EUA, sendo fatores estes que estariam envolvidos com as pressões baixistas atuais das commodities.

A consolidação do crescimento do Robusta nos blends nacionais e globais é consenso entre os especialistas, intensificando as pressões baixistas a curto-médio prazo, com auxílio do aumento da produção desta variedade no Brasil e no Vietnã. Neste cenário, os cafés arábicas que apresentam bebidas mais fracas continuarão sendo os mais afetados pela crise dos preços, tendência já mencionada na abertura do evento por Francisco Sergio.

O painel contou ainda com a participação de Elmiro Nascimento, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, que representou o governo mineiro com participações e presença durante todo o evento. Elmiro lembrou que a cadeia produtiva do café gera em torno de 8 milhões de emprego no Brasil, 2 milhões somente em Minas Gerais, afirmando que o governo mineiro está muito ciente e preocupado com a situação atual dos preços, pois sabe que afeta fortemente a economia do estado e que estão trabalhando para o desenvolvimento do setor, ressaltando, entre outros projetos, a importância do evento da OIC em Belo Horizonte, que ocorrerá em setembro deste ano.

Por fim, Elmiro passou recado aos demais estados produtores para que estes atuem junto ao governo mineiro a fim de fortalecer os projetos de desenvolvimento sustentável da cafeicultura nacional ante o governo federal.

O III Simpósio de Mercado e Certificação de Café mostrou que a cafeicultura nacional está em busca de uma nova identidade: robustas sendo valorizados nos produtos ofertados ao consumidor padrão; arábicas finos a caminho do segmento de especiais; melhoria na gestão dos custos aliada à eficácia das diferentes certificações junto à atividade ‘dentro da porteira’ e consequente incremento do preço produto no mercado e, englobando estas tendências, o desenvolvimento de uma compreensão coletiva sobre a necessidade de coesão entre os elos da cadeia para a justa valorização dos cafés brasileiros.

O CaféPoint parabeniza a Coocacer e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado pela realização deste evento, ao oferecer por meio de um viés de abrangência nacional a oportunidade de unir líderes em diversas áreas do setor para fomentar debates francos sobre temas de grande relevância ao desenvolvimento sustentável da cafeicultura brasileira.
 

ANDRE SANCHES NETO

Sócio na comercial-exportadora de cafés especiais Volcano Origin Coffees. Família produtora de café. Profissional de Marketing com Pós-Graduação em Análise Pluridisciplinar da Atividade de Trabalho. Ex-conteúdo do CaféPoint.

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EDSON SEIDI KOSHIBA - PLENO CORRETORA - PATROCINIO

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - TRADER

EM 03/06/2013

Caros amigos leitores do CaféPoint. Nesses meus 30 e poucos anos na corretagem de café, poucas vezes presenciei um mercado tão desigual conforme estamos vivenciando nos dias de hoje. Semana passada foi negociado café arábica tipo 7 bebida dura a R$ 285,00 e café bebida rio zona ao preço de R$ 270,00 e café arábica tipo 7 com bebida duro/riada a R$ 270,00. Negociado também consumo arábica 600 defeitos (bebida dura com até 35% PVA) a R$ 270,00 e conilon tipo 8 negociado a R$ 255,00. Pergunto a todos, como vamos convencer os produtores esse ano para fazer cafés de qualidade com um diferencial de preços tão pequeno entre todas essas qualidades ??? Não é fácil fazer cafés finos com certificação, bom aspecto, boa bebida e bom de tipo. Tudo isso encarece os custos dos produtores para fazer um bom café. Já tenho escutado de vários produtores que esse ano será um ano para baixar os custos (colheita, adubação, preparo e investimentos). Pelo jeito vamos passar os próximos anos com preços baixos e poucos investimentos na lavoura. Que algum leitor do CaféPoint me ajude a encontrar alguns argumentos para eu poder incentivar o produtor a fazer um bom café. E para ajudar ainda mais na qualidade, estamos em plena colheita e com precipitações nas principais regiões produtoras de cafés do Brasil. Ano complicado para o cafeicultor.
FRANCISCO SÉRGIO LANGE

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO

EM 29/05/2013

Até que enfim as coisas do mundo atual do café começam a se ajustarem. Mais do que nunca fica claro que o foco não esta no estabelecimento de um preço minimo para o café, como insiste o CNC e a CNA.  Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura. No entanto, há necessidade de se entender  neste momento, que a cafeicultura não é somente um privilégio de Minas e sim, de todo o Brasil.  Aqui em São Paulo, felizmente parece que estão acordando, importantes ações também estão a caminho, no entanto,  todas estas ações que vem acontecendo, ainda carregam um certo grau de individualidade e de bairrismo, assim, precisamos  então, melhor coordenar e ajustar de modo que todos possam vir a se conectarem e juntos, estabelecerem um novo ciclo na cafeicultura brasileira. Não tenham a menor dúvida, a hora é agora.

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