ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Confira as considerações finais de especialistas do setor sobre o ano cafeeiro de 2011

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 21/12/2011

10 MIN DE LEITURA

2
0
Em 2011 o setor cafeeiro vivenciou dificuldades com as flutuações dos preços, incertezas climáticas, estoques baixíssimos, questões ambientais, demanda por qualidade, dentre outros acontecimentos que impactaram diretamente desde a produtividade da lavoura cafeeira até o momento da comercialização.

É notável as constantes especulações sobre a próxima safra do Brasil e com isso, o mundo todo está de olho no país. Com a entrada de novos consumidores no mercado, principalmente nas economias emergentes asiáticas, e as mudanças de hábitos ocidentais de consumo, a tendência é de constante crescimento do consumo mundial, e o Brasil é a aposta para suprir essa necessidade.

Diante de todos os acontecimentos citados acima e do cenário dinâmico que pode ser observado no setor cafeeiro nesse ano, o CaféPoint consultou especialistas de diversas áreas do setor e colaboradores do portal para deixar suas considerações finais e principais acontecimentos do ano cafeeiro de 2011. Confira!

Ensei Neto, especialista em Cafés Especiais. Consultor em Qualidade e Marketing, Planejamento Estratégico e Desenvolvimento de Produtos e Novos Mercados.

"O acontecimento mais emblemático, sem dúvida, foi a conquista do WBC - World Barista Championship/Campeonato Mundial de Baristas por um competidor de um país produtor, o salvadorenho Alejandro Mendez. Tradicionalmente os vencedores eram todos de países importadores de café, pois esta é a condição mágica para ter acesso a cafés maravilhosos de diferentes origens.

Um barista de país produtor de café como o grande vencedor de uma competição com nível de exigência em constante elevação, traz muitos significados: o fato de que os países produtores estão se tornando consumidores de cafés de alta qualidade; de que cada origem pode, sim, produzir lotes de excelente qualidade; que uma competição de alto nível reconhece e premia talentos e não nacionalidade ou capacidade financeira e política dos competidores."


Sylvia Saes, Professora da FEA-USP e Coordenadora do CORS.

"A reação frágil da oferta de café deu o tom do movimento desse mercado em 2011. Há 14 anos não víamos preços nominais médios tão elevados. Em meados dos anos 90, fatores climáticos tiveram um papel preponderante ao reduzir drasticamente a oferta. O que observamos hoje, entretanto, além do comportamento sazonal já esperado da oferta, é uma tendência persistente de alta sem que tenha ocorrido um fator exógeno relevante. Isto é, a elevação nos preços médios não foi causada por fenômenos que ocasionam queda de oferta, tais como variações climáticas.

Para qualquer observador do mercado do café, não é difícil verificar que é na demanda que se encontra a principal razão para a tendência altista dos preços. A demanda crescente resulta de uma relação entre o estoque e o consumo mundial nunca vista antes - o café estocado corresponde a menos de 2 meses de consumo mundial. As estimativas são de taxas de crescimento anuais do consumo mundial de café próximas de 2,5 % para os próximos anos, o que significa a maior da história do produto.

Esse crescimento não deixa de ser curioso, particularmente quando se tem em conta o cenário global de crise. Ora, ou o consumo não tem sido afetado pela retração da economia dos países ricos, ou o consumo em algumas regiões tem crescido de forma tão significante que está compensando a queda da demanda em outras.

Dados mostram que a crise, embora tenha afetado o consumo dos mercados tradicionais, não afetou a trajetória ascendente da demanda nos países produtores e emergentes. Além disso, ilustram uma nova dinâmica no mercado, já que o comportamento dos preços não é reflexo de uma intempérie, mas de um persistente crescimento do consumo. Se essa análise está correta, uma questão se coloca para o futuro da cafeicultura: quais países produtores terão condições de sustentar a demanda crescente?"


Bruno Varella, mestre em Administração pela USP.

"O ano de 2011 ficará marcado pelos preços ascendentes. Embora cotações favoráveis não sejam propriamente uma novidade em um mercado como o café, marcado por seus ciclos históricos, a situação atual chama a atenção pelos fatores que a motivam. Acredito que esses fatores representam desafios e oportunidades que merecem reflexão. Destaco um desafio e uma oportunidade:

i) Os problemas na produção de cafés especiais na Colômbia e o impacto das mudanças climáticas na oferta do produto. Estaremos nós, brasileiros, fazendo o necessário para assegurar uma adaptação menos traumática a essas possíveis transformações? Ou, estamos conscientes dos riscos para o futuro da atividade?

ii) O baixo nivel dos estoques. Acredito que uma grande oportunidade está aberta ao Brasil, dado que a demanda segue aquecida, mas ninguém é capaz de apontar outro lugar de onde poderia sair mais oferta. Hora de trabalharmos para ocupar o espaço aberto pela demanda por mais quantidade e, especialmente, abocanhar uma parcela maior dos desejos daqueles de pedem por mais qualidade."


Carlos Eduardo de Andrade, Engenheiro Agrônomo da UFV.

"Em relação ao setor cafeeiro pode-se dizer que o ano de 2011 teve os seguintes fatos relevantes: a discussão a respeito da reformulação do código florestal, a solidez do preço da saca de café arábica de qualidade, a consolidação do Brasil como o maior exportador de café e o reconhecimento pelo mercado internacional de que o Brasil é capaz de produzir café de alta qualidade."

Celso Vegro, Engenheiro Agrônomo, MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico do IEA-APTA/SAA-SP.

"Em 2011 viu-se mais do mesmo. Perplexidade perante a escassez de oferta de café arábica e a fortalecimento dos fatores estruturais na formação de seus preços (em detrimento dos conjunturais). Os negócios envolvendo a commodity (que caminha célere para um leque de especialidades), descolaram-se dos parâmetros que normalmente referenciam seus preços (cotações do petróleo e de outras commodities agrícolas e minerais). Quando isso acontece a formação de preços escapa da intrínseca relatividade que guarda com os outros mercados, passando a expressar alguns fatores estruturais na determinação das suas cotações. Nesse ponto destacaria o incremento significativo da concentração geográfica da oferta (mercados tensionados) e a expansão da modalidade de preparo por dose, para ficar entre aqueles que são específicos do produto. Tais fatores podem vir a blindar o mercado de café contra reflexos macroeconômicos da fase dois da crise econômica mundial.

Não pairam dúvidas de que para o cafeicultor brasileiro, o ano de 2011 foi formidável. Para aqueles que carregam dívidas as cotações foram uma lufada de ar fresco. Em se podendo melhor respirar, mais a lavoura terá por agradecer. Para os demais que tinham as contas em ordem, a recapitalização propiciará um direcionamento para a meta que exautivamente venho defendendo: "PRODUZIR MAIS E MELHOR!"


Rodrigo Cascalles, Engenheiro Agrônomo, coordenador de projetos da Imaflora.

"Nos assuntos relacionados à sustentabilidade (leia-se equilíbrio na atenção dada a temas sociais, ambientais e financeiros), o ano de 2011 foi marcado por momentos de grande euforia no setor agrícola. Especificamente na cafeicultura, considero promissores os fatos ocorridos. Destaco 3 pontos interrelacionados que terão continuidade em 2012.

1)Discussões relacionadas ao Código Florestal Brasileiro. Presenciei produtores indignados, defendendo com unhas e dentes as mudanças propostas pelas lideranças do setor rural. Por outro lado, também vi as lideranças da Sociedade Civil, da Academia e das Ciências afirmarem que as mudanças seriam prejudiciais à própria agricultura. Este momento histórico demonstrou claramente o poder das palavras para influenciar opiniões. Euforias à parte, vale lembrar que civilizações da antiguidade se auto extinguiram por não se unirem em torno da preservação ambiental, negligenciando principalmente o elemento essencial à vida que é a água. A sociedade demonstrou claramente uma opinião contrária a essa mudança. E a sociedade é quem consome produtos agrícolas. Quem conseguir comprovar seu compromisso com o meio ambiente vai ganhar uma boa fatia do mercado.

2)O posicionamento público que grandes empresas tem feito em torno da sustentabilidade. A Nespresso, por exemplo, vem aumentando gradualmente o volume de café Rainforest Alliance Certified TM em suas cápsulas. Em apenas 1 ano, a área de café certificado para a Nespresso cresceu 60%. Em 2010, eram 7.742 hectares. Em 2011 já são 12.906 hectares. A perspectiva para 2012 é de crescimento acentuado.

3)O terceiro e último ponto ressalta a estratégia de união que alguns produtores vêm adotando para ganhar força e reduzir custos em busca da certificação. Eles perceberam que certificar em grupo reduz o custo de auditoria e possibilita maior poder de negociação com o comprador final. A demanda por cafés Rainforest Alliance Certified TM permanecerá alta em 2012. Fechamos o ano de 2011 com bons prêmios. A média variou de R$ 25,00 a R$ 50,00 por saca, chegando a R$ 120,00 por saca, em alguns casos.

Finalizo ressaltando a mudança de paradigma que estamos vivendo. A expansão brasileira dentro das redes sociais reduz o espaço para o "marketing vazio", ou seja, aquela auto promoção que não comprova os fatos. A seleção natural irá excluir do mercado o profissional que não for realmente comprometido com os temas da atualidade. Por outro lado, a sociedade irá reconhecer e aplaudir o produtor que respeitar e cuidar de seu maior patrimônio: o meio ambiente."


Paulo Henrique Leme, consultor em Marketing estratégico no Agronegócio, especializado em café. Especializado em Redes sociais, palestras sobre inovação e mercado cafeeiro, web 2.0, indicações geográficas e qualidade no agronegócio.

"O ano de 2011 ficará marcado na história do agronegócio café como o ano da consolidação de um novo patamar de preços para o produto no mercado mundial. Oferta e demanda se equilibram, e não existem ainda evidências de que esta situação poderá se alterar em um futuro próximo. Foi um ano de consolidação também dos cafés brasileiros diferenciados, o Brasil não apenas manteve suas exportações de cafés certificados sustentáveis, como aumentou sua fatia. Estimativas apontam que entre 8 a 10% de todo o café brasileiro exportado já é café sustentável, certificado. Ou seja, o Brasil é, e continuará sendo a maior fonte de cafés sustentáveis do mundo.

Costumo dizer que passamos por uma "revolução da qualidade". Do lado dos produtores brasileiros, temos cafés especiais de diferentes qualidades, certificados sustentáveis, o cereja descascado já é uma realidade e em pouco tempo, seremos uma das principais fontes de cafés certificados para a bolsa de NY (ICE). Ou seja, os cafeicultores brasileiros "descomoditizaram" os Cafés do Brasil. Do lado do consumo mundial, novas formas de agregação de valor como as monodoses (saches e cápsulas) são a principal tendência e levam qualidade e sabor diferenciado aos consumidores. O consumo de café no Brasil, depois de um forte crescimento em volume, segue esta tendência, e vemos nas ruas consumidores mais exigentes e ávidos pelas máquinas domésticas. Os pequenos e médios industriais devem estar atentos a estas mudanças para não serem esmagados pela concorrência das grande marcas.

O grande desafio que se impõe aos Cafés do Brasil é evitar a "re-comoditização" do café brasileiro, precisamos continuar incentivando a qualidade e a sustentabilidade, porém, os diferenciais de preço precisam remunerar este esforço dos produtores. Para isto, devemos investir em marketing de nossas origens, mas isso é uma conversa para 2012! Boas festas a todos e um feliz 2012 cafeeiro, cheio de realizações e boas xícaras!"


Marcos Antônio dos Reis Teixeira, Analista técnico do SEBRAE MG - Unidade Agronegócios.

"O ano de 2011 foi atípico para a cafeicultura, desde 1994 pós-real tivemos preços similares aos atuais somente em 97, a partir daí a cafeicultura enfrentava crise de preços. De meados de 2010, se estendendo aos dias atuais, e com perspectivas firmes para 2012, a previsão é a continuidade dos preços remuneradores na cultura no curto e médio prazos.

Fatores estruturais como tendência de manutenção da demanda por cafés, principalmente de qualidade, baixos estoques mundiais, e recuperação lenta da produção dos países centro-americanos reforçam estas previsões.

As Certificações ganham força e destaque no momento da escolha do consumidor final por garantirem padrões de produção sustentável, remuneração justa aos trabalhadores ao longo da cadeia e também qualidade do produto final. O SEBRAE MG obteve muitos casos de sucesso no ano de 2011 em relação às conquistas de certificações, novas estratégias de marca, indicações de procedência, prêmios de reconhecimento nas categorias de Agronegócio.

Ademais o Brasil vem honrando contratos de venda e se consolidando no mercado mundial como fornecedor de cafés em quantidade e qualidade, sendo possível ainda ampliar a produção para atender à demanda crescente e fornecer qualidade diversificada de acordo com os demandantes."


­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
Deixe também o seu comentário no box abaixo com suas opiniões ou algum fato relevante para a cafeicultura no ano de 2011. Desde já muito obrigado.

Equipe CaféPoint.

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

REINALDO FORESTI JUNIOR

CAMPANHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/12/2011

Os articulistas analisaram com transparência e responsabilidade, em suas considerações finais referentes ao setor cafeeiro 2011. Acredito, com otimismo para o  ano de 2012, tendo em vista o sucesso conseguido pela classe produtora de café e segmentos, com quebra de paradigmas ,para melhor atendimento dos consumidores, conforme mencionado acima. Parabéns pelo diagnóstico oferecido e confiança na certeza da de tomada de decisões pela partes envolvidas.

Sinceros votos de Feliz Natal,extensivos a todos e respectivo familiares. Esperando, os artigos futuros desta plêiade de articulistas do CaféPoint, termino desejando também próximo e profícuo Ano Novo.

JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 21/12/2011

O setor cafeeiro em 2011 vivenciou o início de várias frentes de trabalho que se reverterão no reposicionamento da imagem dos cafés das regiões brasileiras produtoras de café. Nosso grande problema sempre foi chegar ao consumidor, comunicar ao consumidor sobre o nosso produto, tanto a nível nacional como internacional. Ficamos o tempo todo projetando números que são irrelevantes para os consumidores. "Maior produtor, segundo maior consumidor", maior....melhor...".

Tivemos uma oportunidade em Houston, no segmento de Cafés Especiais, de reposicionar esta imagem onde podíamos te-la aproveitado melhor. A organização do setor ainda caminha lentamente, falta representatividade e até mesmo legitimidade em algumas representações. Não é "produzindo o melhor café" que se chega a resultados, pois o melhor não existe. Os resultados são atingidos é quando se busca o aumento da organização em primeiro lugar.

Muito positivo é o inicio de uma nova forma de se pensar o segmento café evidenciado pela busca da organização e diferenciação que estamos vendo várias regiões produtoras de café no Brasil buscarem. Qualidade é algo básico, que deve ser cumprido, a diferenciação esta em outros pontos sendo que um deles é a organização e estruturação do segmento, em cada região para dai sim partir para uma comunicação eficiente para o mercado.

Se somos um grande mercado consumidor, devemos aproveitar a oportunidade do aumento da renda da população e buscar informar melhor o consumidor em nosso país, levando em conta que o nível ainda é muito baixo, salvo raras exceções.

No âmbito da pesquisa vivemos um ano em que o Consórcio Brasileiro da Pesquisa cafeeira maios uma vez viveu indecisões e encerramos o ano sem um gerente responsável pelo excelente programa. Isso não é bom, pois o principal centro irradiador de inovação e tecnologia na cafeicultura brasileira é o consórcio.

Os preços estão muito bons, o cenário futuro é muito positivo, mas não podemos nem devemos nos acomodar pelas circunstancias e continuar construindo um segmento organizado, profissional e que promova com eficácia nacional e internacionalmente o cafe produzido nas origens produtoras do Brasil.

Boas festas e um ano novo de muito sucesso pra todos!

Juliano Tarabal

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures