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Café conilon: o desafio da valorização do produto |
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CARLOS ROBERTO XAVIER DA SILVABOA ESPERANÇA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 21/07/2010
Pois então senhoras e senhores, como é bom ver discussões sobre gargalos do Conilon... a quebra da barreira discriminatória exercitada pelos provadores, baristas e afins, "arabicistas" de carteirinha (sem generalizações, claro); ou a repetitiva (mas necessária) questão relacionada ao triângulo desamoroso "qualidade x preço x demanda"; não esqueçam da infamia referente aos créditos tributários irregularmente apropriados pelos compradores que vêm aqui no interior comprar nosso café "desvalorizado", fato que diretamente vem influenciando as atitudes dos produtores, os quais, desafortunadamente têm que lidar com notícias ventiladas por corretores espertalhões (repito, sem generalizar); e ainda têm o preço mínimo fixado pelo GF, ainda menor do que aquele que abate nesta safra o já combalido produtor de canephora.
Uma pergunta, não seria a modalidade de integração, séria e éticamente exercida pela indústria de torrefação ou mesmo das tradings do setor de exportação, uma solução para a questão "excelência-preço"? |
ENSEI NETOPATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 21/07/2010
Prezados,
Belo debate! Gostaria de abordar 3 pontos como contribuição: 1) O grande desafio de qualquer negócio é o de bem comercializar, pois envolve controle do processo produtivo, conhecimento do seu produto e marketing. Na medida que o produtor tem, principalmente, maior conhecimento do que está vendendo, melhora sua comunicação com o mercado (= marketing). Claro deve ficar que é necessário dedicação constante e grande objetividade nas ações para o sucesso, preferencialmente em modelo de coletividade. 2) O mercado é muito dinâmico e a busca por alternativas de matérias-primas ou para o lançamento de novos produtos irá continuar permanentemente. E cada dia se torna ainda mais competitivo, isto em todos os setores. O Conilon e o Robusta já conquistaram seu espaço no café, devendo conviver harmonicamente com as sempre apreciadas variedades de arabica. Isto caminha muito mais para sinergia do que para uma batalha campal. Portanto, melhorar a qualidade é o primeiro passo para a conquista do mercado. 3) Um bom Conilon ou Robusta sempre será melhor e preferível a um sofrível arabica, seja ele um Mundo Novo, Icatu ou mesmo um Bourbon. Para que o consumo siga vigoroso em seu crescimento é importante que produtos voltados para os consumidores mais sensíveis aos preços sejam melhorados e até reposicionados. Dar a oportunidade de consumir algo agradável é fundamental para despertar o interesse por produtos de maior valor e conceito mais sofisticado. Fazer bem feito é sempre desejável. Ganha o mercado, ganha o produtor, ganham todos. Ah, só para finalizar: experimentei o Karnatka há 5 anos atrás e fiquei impressionado pela sua qualidade. Quando voltei ao Brasil comentei com o Renato Fernandes, da Bahia, que de pronto me apresentou amostras de cafés conilon muito bem preparados e que se mostraram muito bons na xícara. Portanto, pessoal, o caminho está aberto e é questão de empreender. Grande abraço Ensei Neto |
JOSÉ SEBASTIÃO MACHADO SILVEIRALINHARES - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 20/07/2010 Cleia, De tudo que se discutiu até agora sobre qualidade de conilon, sua sugestão é merecedora de destaque e vai abrir com certeza novas portas para o conilon de qualidade. Havendo demanda por este café, isto vai refletir no preço e o produtor poderá investir com maior segurança, o que não é possível fazer hoje. Nos do conilon somos gratos à sua contribuição. |
CLEIA JUNQUEIRAPROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ EM 20/07/2010
Gostei muito da matéria e da abertura para este debate. Realmente os baristas, que estão dia a dia com o consumidor final se acostumaram a ver o café conilon com preconceito e muitas vezes acabam passando a informação incorreta sobre o nosso conilon.
Muito já está se fazendo para termos café conilon de qualidade aqui no Brasil e me lembro muito bem de ter discutido isso ano passado com o Arthur Fiorott. Quem já teve a oportunidade como eu de fazer um espresso com um blend composto com conilon de qualidade, sabe do que eu estou falando, e se não sabe, deveria procurar e provar. Vai se surpreender! Mas para os baristas mudarem sua visão sobre um um blend com café conillon de boa qualidade, precisamos ter produtores que acreditem no mercado que tem, e empresas que apostem nestes blends. O caminho eu acredito não será fácil, mas é cada vez mais possível, e viável. Eu mudei minha visão, mas porque estou sempre disposta a provar, provar e provar! Eu creio que o desafio está em convencer mais e mais baristas a provarem estes blends e às cafeterias com torrefação a aceitar um desafio: o de compor um blend com cafés conilon de qualidade e ofertarem aos seus clientes. É uma excelente oportunidade para quem quer investir por exemplo em cafés categoria superior! Deixo aqui o desafio! |
ROBSON FRANÇA RODRIGUESMUQUI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 17/07/2010
Apesar de ser um pequeno produtor,fiz um investimento no meu sitio de um terreiro de cimento com uma estufa,com isto consegui prepara um café de alto padrão de qualidade,fiquei muito animado na hora,por ter feito,mais logo veio a decepção na hora de vender á cooperativa da qual sou filiado me pagou o mesmo preço do outros café de padrão inferior alegando que era pouco café.Então na minha opinião eu acho que tem que consientiza todos os produtores atraves da cadeia produtiva para fazer um café de qualidade so assim consiguiremos talvez um preço melhor.
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CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINOMIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 15/07/2010
Prezados o debate é realmente interessante. A qualidade do conilon realmente tem muito que melhorar! A questão de que o preço não compensa é muito relativa. Na COOABRIEL o café cereja descascado vale cerca de R$23,00 por saca a mais, isto é preço de tabela da cooperativa, num estudo que fizemos numa propriedade, verifcamos que o produtor consegue ganhar em média R$ 10,00 por saca em todo o café (CD, verde, bóia, coquinho) , isto considerando o custo operacional acrescido de depreciação e remuneração de capital. Estarei até publicando os dados aqui no Cafepoint em breve. Portanto o preço passa a ser desculpa para não fazer qualidade!
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JAQUES A. RIBEIROVILA VELHA - ESPÍRITO SANTO EM 15/07/2010
Evolução é algo que todo mundo quer. Muitos não sabem o que é, não sabem para que serve. Não há problema em querer evoluir , mas para isso, algumas coisas precisam ser feitas e muitas delas não são adaptáveis. Pessoas param no tempo, se adaptam para aquilo que elas querem, do modo que elas querem; o que é uma conduta inútil, pois todo mundo fala em "evoluir", em "mudar", mas não quer mudar, quer que a mudança que ela busca venha conforme ela quer e se ela cria a mudança que quer, não muda, pois não houve transcedência.
Apoio o Sr. Thomazini, é hora de acreditar e arregaçar as mangas |
JOSÉ SEBASTIÃO MACHADO SILVEIRALINHARES - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 14/07/2010
Thomazini,
Você sabe que os procedimentos básicos para colher um café de qualidade é de conhecimento de quase todos os cafeicultores. Nos últimos três anos a qualidade do conilon melhorou muito, hoje poucos produtores colhem café verde. O nosso problema está no processo de secagem. O normal é aumentar a área plantada mantendo a mesma estrutura de secagem, e a cada ano que passa a relação quantidade de café produzido/secador vai aumentando. O próprio mercado não estimula o produtor investir em infra-estruturar. O preço de uma saca é o mesmo, independente do tempo de secagem. Sob esta ótica o produtor não está errado. Com o dinheiro de uma nova unidade de secagem ele planta mais cinco hectares. E a coisa vai rolando. Quando você fala de um deságio de 50% para um café de terreiro, a princípio parece mentira, mas é verdade, entretanto, esta diferença não chega ao produtor. Este café, com certeza, vai atender a um mercado extremamente restrito. Por um deságio de 25% seríamos capazes de produzir anualmente, mais de um milhão de sacas de café conilon de altíssima qualidade. A questão não é produzir, e sim, a quem vender. Já formulamos está proposta a diversas empresas exportadoras, não encontramos compradores. Hoje, o mercado para esse tipo de café é muito pequeno, este é o problema. A questão é a seguinte: se eles conseguem através dos procedimentos eletrônicos separar dos cafés existentes, cafés de qualidade e em quantidade suficiente para atender o mercado. Por que pagar mais caro pelo nosso café. Em curto prazo a solução para o produtor de conilon é alta produtividade associada a um baixo custo de produção. |
ADELINO JUNIOR THOMAZINIVITÓRIA - ESPÍRITO SANTO EM 14/07/2010
Prezado Sebastião.
Realmente hoje não é fácil vender Conilon de qualidade com um prêmio que deixe o produtor contente, porém discordo em partes da sua afirmação que fazer café de qualidade aumenta o custo. Na maioria das vezes podemos observar muitas perdas no processo de pós colheita que podem ser evitadas com a melhoria do processo. O ajuste de manejo de produção e pós colheita podem ajudar a diminuir o custo. Porém, quando falamos de investimento, você está correto. Creio que seja uma questão conceitual. Para produzir com melhor qualidade é necessário readequar a estrutura das propriedades e para isso é necessário investimento, mas do ponto de vista de custo por unidade produzida, é possível trabalhar com o mesmo custo atual ou até menor. Essa semana tivemos notícias que um a Cooperativa do Norte capixaba fez vendas de Conilon Natural (terreiro) à R$230,00/sc de 60 kg. Isso nos dá um indicativo que já podemos agregar muito valor com a estrutura que já temos em algumas propriedades. |
ALEMAR BRAGA RENAVIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 14/07/2010
Senhores,
Os comentários de Mara Luiza Gonçalves Freitas, intitulado "Café conillon: 'O boi de piranha'", primeiramente publicado na revista Cafeicultura, e agora disponível no Peabirus, são muito pertinentes a este debate. Saudações Rena |
CÁSSIO VIEIRA DE MELOCONCEIÇÃO DO CASTELO - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 14/07/2010
Creio que o 1º passo para a valorização, deva vir da própria indústria, que hoje não valoriza e reconhece um produto de melhor qualidade. Como profissional sabemos que é impossível obter um bom café sendo que este é colhido na sua maioria verde e secado a fogo direto em apenas 10 hrs. Se isso ocorre, na minha opinião, é porque alguém compra.
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CESAR AUGUSTO DE MOURACOLATINA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 14/07/2010
Concordo plenamente com os comentários acima.
Vemos no campo um grande interesse dos produtores em agregar valor ao produto, melhorando a qualidade pós colheita. Porém realmente, as melhorias em preço do café robusta superior não chegam à propriedade, não compensando os acréscimos nos custos de produção, seja em mão de obra, energia ou tempo. Acredito que o processo passa pela união dos produtores em associações ou coopereativas, aumentando os volumes de qualidade além do fortalecimento nas decisões mais importantes, como a busca por um mercado mais transparente e justo. |
JOSÉ SEBASTIÃO MACHADO SILVEIRALINHARES - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 13/07/2010
Em curto prazo acredito que a qualidade do conilon não mude muito. Primeiro, porque não há quem pague pela qualidade. A questão não é volume de café de qualidade e, sim demanda por esse café. Não existe interesse dos compradores em pagar mais porque o volume demandado é pequeno, este café e feito pelos maquinários nos armazéns, sem a necessidade de pagar mais aos produtores. É difícil de acreditar, mas a atual situação está agradando a toda a cadeira do conilon. Fazer qualidade representa aumento de custo, isto o produtor de conilon não está disposto a pagar, nem quem está fora da porteira. Vemos aí o caso dos dois burros, cada um puxando para o seu lado. O grande desafio do conilon é produzir qualidade mantendo os atuais custos de produção. Para os grandes produtores o silo secador pode a ser a solução. Para os pequenos a construção de terreiro parece ser a alternativa mais viável. A situação dos médios produtores é um pouco mais difícil. Para que isto ocorra há necessidade de uma política e recursos financeiros de pagamento a longo prazo.
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ALEMAR BRAGA RENAVIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 13/07/2010
ALGUNS PREFEREM SKOL OUTROS ANTÁRTICA E SÃO AMBAS MUITO BOAS. ENTÃO...?
Ponto para o CafePoint ao abrir este debate sobre a dupla conilon x arábica. Se levado com respeito e sinceridade pelos debatedores, renderá muitos frutos de qualidade e mostrará que as coisas não são incompatíveis. São apenas diferentes nalguns aspectos, como são as cervejas, os vinhos, os cigarros etc. Há espaço para todos, respeitadas as peculiaridades e o gosto de cada um, que pode ser conquistado, por que não? Rena |
ARTHUR FIOROTTLINHARES - ESPÍRITO SANTO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ EM 13/07/2010
Prezados,
Gostaria de parabenizar a senhora Sylvia Saes pelo relato da cadeia do Conilon no Estado do Espirito Santo. O cafe robusta de Uganda ja e vendido a um valor acima do cotado em Londres, os cafes da variedade Robusta da Indonesia, especialmente da Ilha de Java ja sao valorizados, os cafes da India ( das regioes afetadas pelas moncoes) ja sao valorizados no mercado. Realmente os cuidados na colheita e no pos colheita para os cafes conilon deixam a desejar, os produtores precisam melhorar bastante nesse quesito. Contudo ja tem produtores fazendo qualidade semelhante ou melhor do que os cafes que disse acima, porem concordo que falta volume para entegar ao mercado. Um reposicionamento de imagem do conilon e necessario, ou seja, e necessario fazer branding desse produto. A comparacao com o cafe arabica e importante, porem os cafes robusta possuem caracteristicas diferentes dos arabicas, sendo necessario avaliacoes especificas para esse cafe. Acredito que essas sao algumas dicas para melhorarmos a qualidade dessa variedade. |
ADELINO JUNIOR THOMAZINIVITÓRIA - ESPÍRITO SANTO EM 13/07/2010
Sem dúvida já evoluimos muito quanto à qualidade em Conilon, porém, estamos longe de atingir uma melhoria sistêmica para garantir um fornecimento contínuo à cadeia. Quando falamos de qualidade, grande parte da responsabilidade está na mão do produtor. As operações de colheita e pós colheita definem grande parte da qualidade intrínseca do café. Porém, sabemos que com a falta de valorização dos cafés com qualidade diferenciada, ocorre a desmotivação do produtor para continuar com o processo.
Sabemos, através de estudos, que o Conilon tem condições de atender às exigências de qualidade do mercado, mas além da atenção especial no processo produtivo, o aperfeiçoamento do processo de comercialização, cadeia de suprimento e competitividade podem ajudar muito a acelerar a evolução do mercado para Conilon de qualidade. Programas estruturados de apoio ao cafeicultor, com orientações, treinamentos e visitas técnicas são extremamente importantes. Da mesma forma, esses programas devem contemplar atividades "fora da porteira" buscando a estruturação da comercialização desses cafés diferenciados, assim como criar uma imagem positiva desse produto. A utilização de conceitos de gestão de negócios, aliada ao conhecimento técnico para a produção de cafés de qualidade são indispensáveis para o sucesso desses programas. As cooperativas e associações também são extremamente importantes nesse processo. Em resumo podemos dizer que os passos são os mesmos seguidos no passado pelos produtores, cooperativas e associações de café arábica. Com o desenvolvimento de um bom produto e uma boa gestão do processo dentro e fora da porteira, o Conilon certamente terá sua diferenciação POSITIVA frente ao consumidor e aos profissionais do mercado. |
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