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A questão macroeconômica pode obscurecer a eficiência

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 14/08/2007

4 MIN DE LEITURA

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O leitor José Luis dos Santos Rufino, da Embrapa, comenta artigo "Drawback de café pode ser um jogo de ganha-ganha?". Ele ressalta que, no Brasil, a questão macroeconômica, principalmente o câmbio, podem estar promovendo um viés na competitividade e obscurecendo a eficiência técnica de produzir a um menor custo. Já, o leitor José Eduardo Ferreira da Silva, diz que os custos que empresas e produtores do Brasil enfrentam são vergonhosos. Ele fala sobre nosso câmbio desfavorável, impostos, custos de logística, entre outros aspectos. Leia a seguir:

Carta de José Luis dos Santos Rufino

A pergunta inicial é se o drawback pode ser um jogo em que todos os segmentos da cadeia produtiva tenham ganhos. No meu entendimento, a resposta a essa pergunta é: depende! Para que todos ganhem, é necessário considerar os cuidados para os quais alerta a mensagem do senhor Luiz Hafers. Ou seja, é preciso discutir bem o assunto, identificando seus impactos e as medidas compensatórias que serão necessárias.

Inicialmente, é oportuno lembrar que a simples liberalização do mercado, para que nele predominem as vantagens competitivas, não é neutra. Com ela, alguns segmentos ganham e outros perdem, embora o resultado, do ponto de vista da economia como um todo, seja positivo.

O argumento de que os cafés asiáticos e africanos estão, ou são, mais baratos, por si só, não é justificativa suficiente para que o drawback seja necessário para ampliar a competitividade do nosso solúvel. Aqui, a questão macroeconômica, principalmente o câmbio, podem estar promovendo um viés na competitividade e obscurecendo a eficiência técnica de produzir a um menor custo.

Nesse sentido, recentemente, durante o evento promovido pela Cecafé em São Paulo, uma palestrante, com muita competência, mostrou que o custo de produção de uma saca da café conilon no Vietnã é de 26 dólares. Dados do Educampo Café mostram que, na safra 2005/06, no Espírito Santo, os cafeicultores mais eficientes não conseguiram produzir uma saca do mesmo produto por menos de R$ 100,00 (cem reais), cerca do dobro do custo vietnamita.

Pergunto: são nossos cafeicultores tão mais ineficientes assim? Ou tamanha diferença se deve às políticas cambiais dos dois países? Será que, dada essa diferença de custo de produção, se abrirmos o drawback, mesmo com a distância e o consequente custo de transporte, o Vietnã não colocará sua produção em nossas fabricas a um preço bem menor que o dos nossos cafés do Espírito Santo e Rondônia?

Nessa linha de raciocínio cabem mais algumas perguntas. Por que a Comunidade Européia não libera a importação de leite, com a qual o somatório dos ganhos da economia global são evidentes? Por que os Estados Unidos ainda sobretaxam o nosso álcool em prejuízo da competitividade global? Porque, em ambos os casos, no curto prazo, perdem os produtores locais com desestruturação de um setor produtivo e os consequentes problemas derivados.

Entendem, por lá, os formuladores de políticas setoriais que é preciso tomar medidas compensatórias para que não hajam choques e traumas. Portanto, é preciso, aqui também, que os impactos sejam dimensionados corretamente e que medidas compensatórias sejam pensadas antes de se tomar decisões estapafúrdicas. Não é desejável que um setor tecnicamente eficiente seja duplamente penalizado, pela política macroeconômica e pela política de comércio externo, sem que algo seja feito em sua defesa.

Acesse aqui e leia na íntegra a carta de José Luis dos Santos Rufino.

Carta de José Eduardo Ferreira da Silva

O drawback pode até ser positivo para indústrias, pode até ser negativo para produtores (acho que no longo prazo pode até mesmo ser positivo, com efeitos na melhoria de eficiência produtiva, etc), mas acho que existem outros condicionantes que são tão ou mais sérios que o próprio drawback.

A princípio sou sempre a favor de termos mais "liberdade" no mercado e destarte aumentarmos a eficiência de toda a cadeia produtiva e que podemos ter até mesmo ganhos líquidos no final das contas. É claro que se ganharmos em valor agregado de nossas exportações é bom pra todo mundo, e até mesmo para as indústrias que ganham em eficiência e qualidade, com bons reflexos para consumidores também no Brasil.

Só não podemos esquecer que para efeitos de exportação, sobretudo quando falamos de torrado e moído, o mercado mundial é concentrado e apenas 5 ou 6 (mega)empresas detém 70% deste mercado mundial, e as nossas exportações são ridículas (algo como 0,2% da receita cambial (o solúvel leva uma fatia média de 7,5% da receita cambial).

Será que o drawback poderá ter o poder transformador de que as empresas do lado de cá da fronteira necessitam? Será que o fato de facilitar a importação para estas indústrias formarem blends terá o efeito de lhes garantir um espaço maior no mercado mundial? Como ficará o relacionamento entre produtores e as indústrias?

Estas e outras perguntas devem ser respondidas, mas a questão é que o macroambiente econômico (social e político também) influi diretamente nestas questões, sobretudo o ambiente econômico (competitividade) brasileiro. Os custos que empresas e produtores da Terra Brasilis enfrentam são vergonhosos. Temos câmbio desfavorável, temos impostos altíssimos, temos custos de logística estratosféricos, temos burocracia em excesso, temos contingenciamento de verbas para defesa sanitária (e aí temos um risco associado no próprio drawback) etc.

Só não sei se temos governo de menos ou governo de mais. Acho que temos os dois, pois temos governo de menos onde ele deveria atuar (infraestrutura, defesa sanitária, etc) e "demais" no peso do Estado sobre a economia; nos vinte e tantos mil cargos de confiança e na expansão dos gastos de custeio em detrimento dos gastos em investimento (que geram todo o custo Brasil, e dificulta tanto a vida de empresas, produtores, consumidores, brasileiros etc).

Leia carta de José Eduardo Ferreira da Silva na íntegra.

Rodrigo Belmonte Cascalles, Equipe CaféPoint.

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