Uma análise aprofundada conduzida pelo Serviço de Extensão da Federação de Produtores de Café da Colômbia (FNC) referente ao impacto do El Niño na produção de café colombiano determinou que o fenômeno tem afetado uma parte significativa da área total de produção de café do país. De acordo com o CEO da FNC, Roberto Vélez, a estimativa é de que quase 28% da colheita esperada para o segundo semestre de 2015 seja comprometida de uma forma ou de outra pela falta de chuvas.

Representantes de produtores de café de diferentes regiões também expressaram sua preocupação com relação ao aumento nos custos unitários gerados pelo El Niño. Os representantes estão particularmente preocupados com o aumento previsto de 50% nos custos de trabalho gerados por um aumento na necessidade de controle de pestes e com a potencial redução de 40% na eficiência na colheita e no processamento de cerejas em café pergaminho.

“É claro que estamos preocupados. Os produtores de café estão passando por um aumento em seus custos e uma redução em sua renda. Essa será uma realidade tanto durante esse semestre como durante 2016. Se a intensidade do El Niño for como prevista, lidaremos com uma situação complexa em termos de rendimento e custos de produção”.

O El Niño é um fenômeno meteorológico que surge quando a temperatura da superfície do Oceano Pacífico fica pelo menos 0,5oC acima da média normal por três meses consecutivos. Isso causa uma redução significativa nas chuvas na região andina colombiana, levando à deficiência na umidade do solo (especialmente nas plantações de café sem sombras).

O impacto do El Niño na produção de café varia de região para região. Em áreas com bastante chuva e pouca luz solar, o fenômeno pode aumentar a produção. Entretanto, esse não é o caso de áreas quentes – caracterizadas por solos com baixa retenção de umidade – e para regiões com menos de 1.500 mm de chuvas anuais.

As áreas produtoras de café localizadas nas regiões norte, sul e central da Colômbia são mais vulneráveis aos efeitos negativos do El Niño. No caso da região central, áreas localizadas altitudes de menos de 1.200 metros com uma temperatura média de mais de 21,5oC têm mais chances de serem afetadas. Os déficits de água gerados pelo fenômeno prejudicam o desenvolvimento dos cafezais (especialmente as plantas jovens) e reduzem a produção, a qualidade e a receita média recebida pelos cafeicultores.

Além disso, o El Niño aumenta a presença da broca do café e outras pestes. Isso, por sua vez, leva a um aumento na demanda pela manutenção em um cenário onde os altos custos de trabalho têm reduzido drasticamente a lucratividade da colheita.

A FNC e seus Comitês de Departamentais de Produtores de Café monitoraram de perto a evolução do fenômeno e sugeriram medidas diferentes que ajudarão os cafeicultores a estar mais bem preparados. Como disse o gerente técnico da FNC, Carlos A. Uribe, “estamos intensificando nossas campanhas visando encorajar os produtores a adotar práticas de capina e sombra inteligentes nas novas plantações; fertilizar, intensificar o controle e pestes e, em alguns casos extremos, evitar o plantio de novas culturas”.

A FNC apresentará uma proposta ao governo colombiano envolvendo diferentes iniciativas que buscam dar suporte aos cafeicultores que são afetados pelo El Niño.

A reportagem é do https://www.federaciondecafeteros.org / Tradução por Juliana Santin