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Impacto desta estiagem no mercado de café foi inédito, enfatiza analista

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 17/11/2014

10 MIN DE LEITURA

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Da redação

Especialistas de diversos setores da cadeia cafeeira se reuniram com o Conselho Nacional do Café (CNC), no dia 7 de novembro. Dentre eles, Nelson Carvalhaes, analista do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), falou sobre os atuais desafios do setor. Na visão do analista, a seca deste ano se configurou como a pior da história, mesmo no comparativo àquela registrada em 1984. Entretanto, segundo Nelson Carvalhaes, este não é um fenômeno climático isolado e, por isso, o problema deve ser encarado com a busca de soluções em longo prazo.

Foto: Érico Hiller/ Café Editora Foto: Érico Hiller/ Café Editora


A reunião também promoveu o debate sobre Perspectivas de mercado, necessidade de contínuas pesquisas cafeeiras, além de traçar análises do desenvolvimento da safra 2015/2016 nas regiões produtoras brasileiras. Confira, abaixo, o balanço semanal do CNC, com o resumo do que foi discutido na reunião da instituição:

CNC: Balanço Semanal - 10 a 14/11/2014
Carvalhaes aponta cenários da cafeicultura brasileira e indica caminhos para acabar com especulações sobre a safra e para o País aproveitar as oportunidades.

Questão climática
Na reunião ordinária do CNC realizada na sexta-feira passada (7/11), o analista do Escritório Carvalhaes, Nelson Carvalhaes, abordou diversos cenários relacionados à cafeicultura e apontou caminhos a serem percorridos frente aos desafios que emergem. Falando a respeito do clima, ele mencionou que o setor presenciou, neste ano, a pior seca de sua história – foram 10 meses (janeiro a outubro) de uma estiagem jamais vista.

Carvalhaes alerta, porém, que esse é um fenômeno observado em várias regiões do planeta e exemplifica mencionando que, há dois anos, a Coca-Cola fechou temporariamente uma fábrica na Índia por problemas com água; o governo dos EUA, por ordem do presidente Barack Obama, após os fenômenos ocorridos no último ano, como a seca na Califórnia, intensificou seus investimentos em análises sobre o clima; e, na última semana, foi realizado um seminário sobre climatologia, em Olinda (PE), onde se destacaram os comentários sobre a imprevisibilidade climática, com uma técnica da Universidade de São Paulo (USP) afirmando que não é possível ter certeza se ocorrerá nova seca ou não no próximo ano. Dessa forma, entende que a cafeicultura terá que conviver ano a ano com essa situação, a qual chama de “nova geada”.

O analista recorda que, no passado, quando a cafeicultura era concentrada em regiões ao Sul do Brasil, o risco era o frio extremo. Depois, com a migração do café para outras regiões, este problema foi amenizado. Hoje, porém, o maior fator de risco é a seca. Para ele, o impacto desta estiagem no mercado de café foi inédito, mesmo quando comparado à geada de 75, à seca de 84, à extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC), ao fim da Guerra Fria e ao término das cláusulas econômicas da Organização Internacional do Café (OIC), fato que fez os preços, este ano, que tinham expectativa de baixa, rapidamente alterarem o rumo e recuperarem níveis de US$ 2 por libra peso no mercado internacional.

Encerrando o tema, Carvalhaes acredita que o setor brasileiro de café precisa de uma estrutura de climatologia “forte”. Para isso, argumenta que é necessário trabalhar seriamente com as agências existentes objetivando obter melhor precisão sobre o futuro do clima. “É necessário uma estrutura organizada para que se obtenham resultados mais produtivos”, salienta.

Estatística
O analista também chamou a atenção para os movimentos especulativos no mercado cafeeiro, que têm causado grande volatilidade nos preços, dificultando o trabalho dos produtores, que compõem o elo mais frágil nas relações comerciais por ser mais pulverizado. Segundo ele, são mais de 50 países produtores no mundo, sendo que o Brasil é o mais rico, organizado e eficiente, respondendo por 36% a 40% da oferta mundial. Assim, acredita que, se o Brasil não cuidar das informações que possui para passar ao mercado, os problemas de volatilidade nos preços serão contínuos.

Carvalhaes observa que, nesses últimos meses, tem-se visto uma multiplicidade de estimativas de safra sendo feitas nos momentos mais impróprios, com forte reflexo no mercado. Por exemplo, na semana passada, saiu uma previsão de um determinado banco que opera no mercado de agronegócio, com o qual teve a oportunidade de questionar a metodologia adotada para chegar a tal número. A resposta, de acordo com ele, foi que “as informações são repassadas pelos 200 clientes ligados a café e também por alguns agrônomos que trabalham para a instituição financeira. Além disso, o banco estima o estoque mundial a partir do consumo mundial, chegando a um número que equivale a 47%-50% da produção global, ou seja, entre 70 milhões e 75 milhões de sacas”.

Ao tomar ciência, de pronto discordou. Ele anota que, atualmente, existe uma maneira errada de avaliar o mercado. O Brasil precisa trabalhar muito seriamente na parte de estatísticas, mas, para tanto, é necessário direcionar os recursos disponíveis para investimento na estrutura existente no País (Conab, Embrapa, etc.), com o objetivo de disponibilizar uma metodologia muito clara. “Caso contrário, não teremos argumentos para nos defender da multiplicidade de informações gerada pelos agentes de mercado”, pontua.

O CNC recorda que o Brasil já possui instrumentos necessários (profissionais, órgãos competentes, conhecimento, etc.) para aflorar essa clareza dos números, portanto entende que é chegado o momento de realizar um estudo sério para harmonizar as ferramentas disponíveis e trabalhar de forma inteligente para informar ao mundo qual é o nosso parque cafeeiro, qual a nossa produção e quanto temos de estoque. Carvalhaes completa destacando como fundamental a realização de um trabalho conjunto com os demais segmentos da cadeia café (exportação e indústrias) que vise à divulgação conjunta de documentos estatísticos ao mercado, para que todos passem a ter respeito pela posição brasileira.

Como representante da produção no setor privado, junto com a Comissão Nacional do Café da CNA, o CNC concorda com o analista quando menciona que o Brasil precisa divulgar e usufruir do fato de ser uma potência do café. Somos o maior produtor, o maior exportador, o segundo maior consumidor mundial e possuímos tudo da cadeia – pesquisa genética, desenvolvimento de máquinas e equipamentos, tecnologias, a possibilidade do georreferenciamento do parque, etc. –, mas não usufruímos da maneira correta junto ao mundo. Se o País não possuir uma estatística eficiente e confiável, capaz de rebater estimativas de fundos, bancos, empresas e demais instituições, não terá respeito. Assim, entendemos que a construção de números confiáveis é um trabalho fundamental para o setor, independente se os números serão favoráveis ou não aos preços. Somente assim acabaremos com as estimativas sem método.

Perspectivas de mercado
O analista do Escritório Carvalhaes, ao fazer suas considerações sobre o mercado cafeeiro, apontou que, atualmente, o consumo mundial é da ordem de 150 milhões de sacas, com taxa de crescimento de 2% ao ano. De acordo com ele, existe esse mercado pujante e a oportunidade é muito grande para o Brasil, de forma que não podemos deixá-la escapar.

Nesse sentido, Carvalhaes entende como crucial a organização do setor privado para promover a produção sustentável de café no Brasil, “único país com leis sociais e ambientais corretas”. Ele alerta que a cafeicultura nacional não precisa que as certificadoras lhe digam o que fazer, haja vista que o nosso café já é legalmente certificado. O que se faz necessário é divulgarmos isso ao mercado consumidor e não ficar sujeito à certificação X ou Y. “O Brasil precisa ter identidade e capacidade própria para isso”.

A esse respeito, o CNC recorda que deu o passo inicial, na 113ª Sessão do Conselho Internacional da OIC, realizada de 22 a 26 de setembro, em Londres (ING), oportunidade em que apresentou, a todas as delegações cafeeiras presentes no encontro, o vídeo institucional “Cafés do Brasil: um negócio sustentável do pequeno ao grande produtor”, aflorando as características da cafeicultura nacional e destacando os comprometimentos econômico, ambiental e social de nossa atividade em busca da sustentabilidade do setor.

Outro ponto tratado no vídeo apresentado pelo CNC ao mundo e também mencionado por Carvalhaes é a promoção da base da cadeia produtiva no Brasil. Mostramos que possuímos uma estrutura pujante, envolvendo cooperativas, exportadores e indústria, que consegue dar liquidez ao mercado. Entre exportações e consumo interno, correspondemos a uma Guatemala por mês ou a uma Colômbia a cada dois meses. Carvalhaes destaca essa estrutura secular, que se aperfeiçoa com o passar do tempo, e orienta que a divulguemos, frisando todo o trabalho desenvolvido para comércio, exportação, pesquisa cafeeira, etc., pois essa base que o Brasil tem fortalece preços, dá credibilidade e cria parcerias de mercado.

Pesquisa
Citando a capacidade brasileira ao sair de um histórico de produtividade média de 7 sacas por hectare para as atuais cerca de 25 scs/ha, em um intervalo de 20 anos; fazer as exportações cresceram de 17 milhões de sacas, no final dos anos 80, para mais de 30 milhões, atualmente; e o consumo interno sair de 7 milhões para 20 milhões de sacas, ainda com potencial para crescer, Carvalhaes salienta que a continuidade da pesquisa é de suma importância para a cafeicultura nacional. Para ele, o setor possui a obrigação de garantir a realização de investimento maciço em ciência e tecnologia, pois, caso contrário, o Brasil não será capaz de competir com o exterior, onde a inexistência de legislação exclui os custos sociais e ambientais.

Por fim, embasado na estratégia do “ganha-ganha”, o analista entende como crucial juntar as forças de todos os segmentos da cadeia produtiva e utilizar os recursos disponíveis de uma maneira inteligente, não somente para financiamentos ao produtor e à indústria, mas para se desenvolver e caminharem juntos. Carvalhaes reitera que a diplomacia e a política devem ser aplicadas junto aos elos do agronegócio café para que se consiga a emissão de documentos conjuntos durante o ano sobre produção, consumo e exportação e para fazer com que toda a pesquisa envolvida seja agregada, de maneira que a cafeicultura brasileira seja um único corpo.

Mercado
O mercado futuro do café arábica apresentou tendência de valorização nesta semana, com os agentes aguardando uma definição sobre o impacto das chuvas recentes no desenvolvimento da safra 2015 do Brasil. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que foram registradas aberturas de floradas em quase todas as regiões produtoras de café, após as últimas precipitações. No entanto, como a safra 2015/2016 é de bienalidade negativa, e estando os cafezais prejudicados pelo longo período de estiagem, as expectativas são de que a próxima colheita ficará abaixo do potencial produtivo. O quadro abaixo resume a situação de desenvolvimento da safra 2015/2016 em cada praça.


Para a próxima semana, a Somar Meteorologia prevê a ocorrência de chuvas na Zona da Mata de Minas Gerais e predominância de tempo aberto, com temperaturas consideradas baixas para esta época do ano, nas demais regiões do cinturão produtor de café no Brasil.

Na Bolsa de Nova York, com a proximidade do início do período de notificação de entrega dos contratos com vencimento em dezembro (19/11), os últimos dias foram marcados pelas rolagens de posição para os meses futuros. O vencimento março/2015 do Contrato C, negociado na ICE Futures US, foi cotado, ontem, a US$ 1,9315 por libra-peso, com valorização acumulada de 640 pontos na semana. Na ICE Futures Europe, o vencimento janeiro/2015 encerrou a sessão de ontem a US$ 2.075 por tonelada, registrando ganhos de US$ 56 sobre o fechamento da última sexta-feira.

O mercado físico nacional, por sua vez, continuou operando com baixa liquidez nos negócios, uma vez que vendedores permanecem aguardando melhora nos preços, ao passo que os compradores se mostram abastecidos. Os indicadores do Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 464,89/saca e a R$ 277,63/saca, respectivamente, com variação de -3,1% e 1,9% no acumulado da semana. Já o dólar comercial continuou operando em níveis elevados, encerrando a quinta-feira a R$ 2,5948, valor mais alto desde abril de 2005.

Mesmo com a perda de rendimento das lavouras observada na temporada 2014/2015, os fluxos de exportação do café brasileiro cresceram significativamente. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o País exportou 30,27 milhões de sacas nos primeiros 10 meses deste ano, representando um incremento de 15,65% ante as 26,17 milhões de sacas registradas de janeiro a outubro de 2013. A receita gerada, de U$ 5,36 bilhões, foi 20,75% superior em relação aos U$ 4,44 bilhões faturados no mesmo intervalo do ano passado.


O Balanço é assinado por Silas Brasileiro, presidente Executivo do CNC 

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VICTOR ANGELO P FERREIRA

NEPOMUCENO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/07/2015

Será que teremos algumas medidas para salvar os cafeicultores, que mais empregam no pais...Medidas práticas, como prorrogação dos pagamentos deste ano para o proximo, uma vez que parece que o clima vai se normalizar este ano...Obviamente a safra do ano que vem deverá ser suficiente para quitar os débitos...
AUGUSTO COMUNIEN

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 18/11/2014

Parabéns a equipe do Cafépoint pelo artigo ultra esclarecedor do que esta acontecendo. Retrata fielmente o que esta ocorrendo no parque cafeeiro e no mercado. Vamos torcer para que venha chuva;para toda a nação e para todos tipos de plantação e não somente para o café.

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