Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 86- n° 28
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Santos, sexta-feira, 12 de julho de 2019
A frente fria que passou sobre os cafezais brasileiros no último final de semana foi forte e extensa. Por muito pouco não tivemos um desastre de grandes proporções. O frio afetou cafezais de diversas regiões dos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais (chegou ao cerrado mineiro!), alcançando regiões do Espírito Santo fronteiriças a Minas, causando pequenos e médios danos.
Até agora não tivemos acesso a uma avaliação técnica das perdas. No início da semana, a Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo e maior exportadora de café do Brasil, informou que iria divulgar na quarta-feira última, dia 10, um relatório com avaliações iniciais a respeito das geadas reportadas nas áreas cafeeiras do Brasil durante o final de semana. "As geadas não foram muito fortes, mas certamente haverá algum impacto à produção", disse Carlos Augusto de Melo, presidente da Cooxupé (fonte Reuters).
Nossa opinião depois de ouvir muitos relatos é que a frente fria trará perdas à safra de ciclo alto do próximo ano, mas não é possível quantificá-las agora. A maior parte das lavouras que foram atingidas foi “de capote”, queimando folhas. Para turvar mais o quadro, alguns dias antes da chegada do frio choveu bastante em diversas importantes regiões produtoras de café. A umidade trazida pelas chuvas foi um dos fatores que contribuiu para evitar danos maiores durante a passagem da frente fria. O lado ruim é que essas chuvas fora de hora deverão induzir a abertura de floradas em pleno mês de julho, o que também levará a perdas na safra brasileira 2020/2021.
A grande extensão de áreas atingidas pela frente fria, do Paraná ao cerrado mineiro; a seca em janeiro, tradicional época de chuvas; e as chuvas no início dos trabalhos de colheita, e agora no começo do inverno, épocas de tempo seco, parecem indicar que as incertezas climáticas estão se agravando e se tornando mais frequentes. O início antecipado dos trabalhos de colheita, a má qualidade e tamanho da safra 2019/2020 que estamos terminando de colher em pleno mês de julho, apontam na mesma direção.
Depois de subirem 1305 pontos nas três semanas anteriores, esta semana os contratos de café na ICE Futures US trabalharam na segunda-feira em forte baixa e alternaram dias de alta e baixa nos quatro dias seguintes. Os com vencimento em setembro próximo acumularam 445 pontos de baixa no período.
O bom andamento das votações visando a reforma da Previdência na Câmara Federal levou a cotação do dólar frente ao real a trabalhar em baixa todos os dias. Com as cotações do café trabalhando em baixa em Nova Iorque e o dólar recuando frente ao real, os compradores rebaixaram o valor de suas ofertas no mercado físico brasileiro. Os produtores não aceitaram os valores mais baixos e o volume de negócios fechados caiu bastante. Apenas algumas grandes cooperativas venderam lotes maiores.
Os cafeicultores permanecem fora do mercado avaliando as perdas com a passagem da frente fria e também se dedicando ao término dos trabalhos de colheita da safra atual. Estão preocupados com a qualidade e tamanho da safra que estão colhendo e com a extensão e força da frente fria em pleno início de inverno.
O Brasil exportou um total de 41,1 milhões de sacas de café no ano-safra 2018/2019 (julho de 2018 a junho de 2019). O volume representa um recorde histórico de exportações brasileiras para o período e um aumento de 35% em comparação com o ano-safra 2017/2018, quando foram exportadas 30,5 milhões de sacas de café. Os dados, que consideram a soma das exportações de café verde, solúvel e torrado & moído, são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A receita cambial no ano-safra 2018/2019 foi de US$ 5,3 bilhões (equivalente a R$ 20,8 bilhões), representando, também, aumento de 9,8% em relação ao mesmo período anterior. Já o preço médio por saca exportada foi de US$ 131,14, queda de 18,7% em relação ao preço médio no ano-safra 2017/2018.
Quando estávamos encerrando a redação deste Boletim Semanal, recebemos o comunicado da Cooperativa de Guaxupé sobre a geada do último final de semana. Está em nosso site.
O Cecafé informou que no último mês de junho foram embarcadas 2.893.016 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 12% (309.288 sacas) a mais do que no mesmo mês de 2018 e 25% (948.356 sacas) a menos do que no último mês de maio. Foram 2.194.226 sacas de café arábica e 385.582 sacas de café conilon, totalizando 2.579.808 sacas de café verde, que somadas a 310.886 sacas de solúvel e 2.322 sacas de torrado, totalizaram 2.893.016 sacas de café embarcadas.
Até dia 11, os embarques de julho estavam em 293.046 sacas de café arábica, 40.428 sacas de café conilon, mais 7.218 sacas de café solúvel, totalizando 340.692 sacas embarcadas, contra 141.265 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 11, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.219.258 sacas, contra 971.151 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 5, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 12, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 445 pontos ou US$ 5,89 (R$ 22,02) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 5, a R$ 561,11 por saca, e hoje, dia 12, a R$ 527,34. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 30 pontos. No mercado estável de hoje são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém:
R$480/520,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$440/460,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$410/430,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$370/390,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$360/370,00 - RIADOS.
R$350/360,00 - RIO.
R$360/370,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$350/360,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DIA 1º DE JULHO, COMEÇOU OFICIALMENTE O ANO-SAFRA 2019/2020. COMO TODOS OS ANOS, A PARTIR DESTA DATA NOSSAS COTAÇÕES SÃO PARA OS CAFÉS DA SAFRA QUE SE INICIA. OS CAFÉS DA SAFRA ANTERIOR (2018/2019) ESTÃO SENDO COMERCIALIZADOS NA MESMA BASE DA NOVA SAFRA (2019/2020). DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,7380 PARA COMPRA.