A preocupação com a situação fiscal no Brasil levou a mais uma semana de pressão sobre o real e muita instabilidade no mercado cambial. A valorização do dólar frente ao real facilita o trabalho dos interessados em derrubar as cotações do café em Nova Iorque. Os contratos com vencimento em setembro próximo na ICE tiveram perdas de 420 pontos na semana, fechando hoje a US$ 1,0990 por libra peso.
Essa instabilidade deve continuar. As incertezas crescem no cenário político e eleitoral brasileiro com a aproximação da data das eleições. O instável cenário geopolítico internacional deve continuar pressionando as commodities em geral e trazendo muita insegurança para os mercados ao redor do mundo.
As exportações de café do Brasil caíram 8,4% na safra 2017/2018, para 30,3 milhões de sacas. É o pior volume embarcado desde a safra 2011/2012. Essa queda reflete a seca dos últimos anos e, principalmente, o término dos estoques brasileiros de café. O volume exportado só não ficou abaixo de 30 milhões porque nos embarques de junho, último mês do ano-safra 2017/2018, pudemos lançar mão de conilon recém-colhido. No ano-safra agora encerrado, 42% das exportações de conilon foram embarcadas em junho último. Os embarques de solúvel em junho também tiveram participação do conilon da nova safra 2018/2019.
Em nossa opinião, o bom desempenho das exportações brasileiras de café nos quatro últimos anos-safra anteriores ao que agora se encerra só foi possível porque o Brasil dispunha de estoques governamentais e privados para complementar suas exportações e também o crescente consumo interno. Com o final dos estoques, nossas exportações caíram.
No novo ano-safra que agora se inicia nossas exportações vão crescer. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) estima que deverão retornar para o patamar de 35 milhões de sacas devido à safra de ciclo alto que estamos colhendo. O consumo interno brasileiro é estimado em 23 milhões de sacas pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Portanto desaparecerão 58 milhões de sacas de nossa safra “recorde” e muito pouco restará para complementar as exportações brasileiras 2019/2020, quando colheremos uma safra de ciclo baixo. A situação não é confortável. Qualquer problema climático mais sério impedirá novamente um volume normal de embarques pelo Brasil. Sempre é bom lembrar que o consumo cresce em todo o mundo.
O Cecafé informou que no último mês de junho foram embarcadas 2.470.289 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 32% (596.858 sacas) a mais do que no mesmo mês de 2017 e 44% (757.628 sacas) a mais do que no último mês de maio. Foram 1.910.504 sacas de café arábica e 281.512 sacas de café conilon, totalizando 2.192.016 sacas de café verde, que somadas a 277.518 sacas de solúvel e 755 sacas de torrado, totalizaram 2.470.289 sacas de café embarcadas.
Até dia 10, os embarques de julho estavam em 149.103 sacas de café arábica, 24.566 sacas de café conillon, mais 15.123 sacas de café solúvel, totalizando 188.792 sacas embarcadas, contra 379.456 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 515.194 sacas, contra 992.501 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 6, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 13, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 420 pontos ou US$ 5,56 (R$ 21,40) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 6 a R$ 583,50 por saca, e hoje, dia 13, a R$ 559,55. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 165 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2018/2019, condição porta de armazém:
R$500/520,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$470/480,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$450/460,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$430/440,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$420/430,00 - RIADOS.
R$400/420,00 - RIO.
R$400/420,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$390/410,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,8490 PARA COMPRA.