A possibilidade do candidato do PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad, subir nas pesquisas de intenção de votos e chegar ao segundo turno da eleição presidencial, elevou a apreensão dos agentes econômicos esta semana e o resultado foi um novo salto da cotação do dólar frente ao real.
Ontem, a moeda americana bateu em R$ 4,20, sua máxima histórica (sem a correção inflacionária) depois da implantação do Plano Real. Em Nova Iorque, aproveitando a escalada histórica do dólar frente ao real justamente na entrada no mercado da safra recorde de café do Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, operadores e especuladores pressionaram ainda mais os contratos de café na ICE Futures US e conseguiram jogar a cotação de dezembro próximo para baixo de um dólar por libra peso. Hoje, esses contratos fecharam a US$ 0,9970.
Nos fundamentos, usam como pano de fundo para essa pressão especulativa o fato do Brasil estar colhendo uma safra recorde. Repetem dia após dia como um “mantra” essa informação. Não levam em consideração nas análises o fim – também histórico – dos estoques remanescentes brasileiros de café e que nossa safra recorde é apenas suficiente para o Brasil cumprir seus compromissos de exportação e consumo interno neste ano-safra. Em junho de 2019 estaremos novamente com os armazéns vazios e colhendo uma safra de arábica de ciclo baixo.
O acaso fez com que o bom resultado das exportações brasileiras de café em agosto último fosse divulgado na mesma semana em que o dólar chegou a sua máxima frente ao real. Essa coincidência facilitou o trabalho dos especuladores em Nova Iorque.
Exportamos em agosto 3,4 milhões de sacas, mas a receita cambial por saca decepciona, caindo mês após mês. O volume de conilon verde embarcado (537.428 sacas) é o maior volume mensal desde julho de 1993, quando totalizou 541.735 sacas.
Em nossa opinião, esses números desmentem a análise de que estávamos perdendo mercado para nossos concorrentes e confirmam a “fome” de café do mercado consumidor mundial, que cresce a mais de 2% ao ano. O movimento de grandes “players” como Nestlé, Starbucks e Coca-Cola atestam o bom momento e a boa imagem do café junto aos consumidores em todo o mundo.
Estávamos exportando menos porque esgotamos nossos estoques de passagem e tivemos problemas climáticos por três anos seguidos. A queda registrada em nossos embarques só não foi mais longa e em maior volume – aparecendo apenas em 2017 e no primeiro semestre deste ano – porque tínhamos estoques de segurança, que foram de importância vital para o desempenho de nossas exportações em 2015 (quando batemos nosso recorde histórico) e em 2016. Agora não temos mais estoques de segurança e dependeremos da produção do ano para atendermos nossas exportações e o consumo interno.
O mercado físico brasileiro de café manteve o padrão das últimas semanas: ofertas baixas, mas os negócios vão saindo devido à necessidade de caixa dos cafeicultores. Os compradores reclamam da dificuldade em comprar volumes maiores de café, mas não melhoram o valor das ofertas. Os contratos de café com vencimento em dezembro próximo na ICE Futures US em Nova Iorque recuaram 275 pontos esta semana.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) informou que no último mês de agosto foram embarcadas 3.404.498 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 30% (794.272 sacas) a mais que no mesmo mês de 2017 e 39% (959.334 sacas) a mais que no último mês de julho. Foram 2.537.693 sacas de café arábica e 537.428 sacas de café conilon, totalizando 3.075.121 sacas de café verde, que somadas a 327.530 sacas de solúvel e 1.847 sacas de torrado, totalizaram 3.404.498 sacas de café embarcadas.
Até o dia 13, os embarques de setembro estavam em 572.759 sacas de café arábica, 81.206 sacas de café conillon, mais 53.447 sacas de café solúvel, totalizando 707.412 sacas embarcadas, contra 709.625 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 13, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 1.120.517 sacas, contra 1.335.534 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 7, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 14, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 275 pontos ou US$ 3,64 (R$ 15,16) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam, no dia 7, a R$ 553,47 por saca, e hoje, dia 14, a R$ 549,16. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 95 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2018/2019, condição porta de armazém:
R$445/460,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$425/435,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$415/420,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$400/410,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$390/400,00 - RIADOS.
R$380/390,00 - RIO.
R$390/400,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$380/390,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,1640 PARA COMPRA