Diante da diversidade de informações e estatísticas, e sob expectativas de menores volumes a serem colhidos no Brasil, os fundos continuaram sua tendência de redução das posições vendidas, já comentada no boletim anterior. Porém, não se observou aumento significativo das posições compradas, o que ajuda a explicar a dificuldade de sustentação das cotações entre as segunda e terceira semanas do mês.
Nos últimos dias de janeiro, registrou-se alta significativa do contrato C, devido à persistência da estiagem nas origens brasileiras, que pode comprometer ainda mais o rendimento da safra 2014/15. Segundo a Somar Meteorologia, o mês passado teve as temperaturas mais altas e o menor nível de precipitações dos últimos vinte anos no Brasil. Outros fatores que influenciaram a variação dos preços futuros foram: (i) o aumento do volume comercializado nos primeiros dias do ano, em função da melhora das cotações; (ii) o aumento da arbitragem entre os terminais de Londres e Nova York, embora ainda em níveis apertados; e (iii) a desvalorização do real, que gera expectativas de maiores volumes exportados pelo Brasil.
Principalmente por causa do quadro climático, no acumulado do mês o vencimento março do contrato C da ICE Futures US ganhou 1.450 pontos, encerrando janeiro a US$ 1,252 por libra-peso (maior cotação desde agosto de 2013). A média mensal foi de US$ 1,1774 por libra-peso, valor 22% inferior ao do mesmo período do ano passado. Os estoques certificados de café da Bolsa de Nova York apresentaram redução de 51 mil sacas, situando-se em 2,67 milhões de sacas. Nota-se variação pouco significativa em relação ao volume registrado em janeiro de 2013, de 2,62 milhões de sacas.
Os futuros do café robusta sustentaram a valorização em janeiro, mesmo sendo tradicionalmente um mês de aumento do volume comercializado no Vietnã devido aos preparativos para o Ano Novo Lunar. Os produtores vietnamitas, capitalizados pelos altos preços praticados nas últimas temporadas, venderam o mínimo possível à espera de melhores cotações, resultando em fluxo de comercialização inferior à média dos últimos cinco anos. Esse fato, aliado à expectativa de uma menor safra na Indonésia e à continuidade da redução dos estoques certificados da Bolsa de Londres, ajudou a sustentação dos preços.
O volume estocado monitorado pela NYSE Liffe no final do janeiro atingiu 464 mil sacas, equivalendo a apenas 26% do total de sacas de café registradas em janeiro de 2013. As cotações do contrato 409 com vencimento em março de 2014 apresentaram alta acumulada de US$ 169, encerrando o primeiro mês do ano a US$ 1.811 por tonelada.
A cotação do dólar no Brasil sofreu significativa alta em janeiro, refletindo a tendência internacional de desvalorização das moedas dos países emergentes. Expectativas quanto ao resultado da reunião do Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês), ocorrida em 28 e 29 do mês passado, também influenciaram bastante o comportamento da divisa. A autoridade monetária norte-americana anunciou mais um corte de US$ 10 bilhões nas compras mensais de ativos, a partir de fevereiro, para US$ 65 bilhões, reduzindo ainda mais a oferta de dólares do mercado. No acumulado de janeiro, houve alta de 2,4%, com o dólar valendo R$ 2,4124.
Por fim, no tocante à política cafeeira, houve a publicação de duas Resoluções do Banco Central do Brasil. Em 9 de janeiro, a Resolução BACEN nº 4.301 ampliou o escopo da Resolução 4.289/2013. O novo normativo manteve a autorização para a renegociação das parcelas vencidas e vincendas no período de 1º de julho de 2013 a 30 de junho de 2014 dos débitos dos cafeicultores, agora incluindo também as operações de crédito rural contratadas até 10 de janeiro de 2014, vinculadas às lavouras de café arábica, referentes a custeio, investimento e comercialização. O prazo para os cafeicultores manifestarem seu interesse em renegociar seus financiamentos encerrou-se no último dia 31.
A Resolução 4.306, de 30 de janeiro de 2014, trouxe as seguintes alterações nas normas do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé): (i) incluiu a aquisição antecipada de insumos, por cafeicultores e suas cooperativas, entre os itens financiáveis com crédito de custeio ao amparo dos recursos do Funcafé; (ii) ampliou o período de contratação da linha de financiamento para a recuperação de cafezais danificados, antes limitado de “março a outubro”, para o ano todo – janeiro a dezembro; (iii) ampliou o teto da linha Financiamento para Aquisição de Café (FAC) de R$ 50 milhões para R$ 100 milhões; (iv) ampliou o período de contratação do FAC, antes de “abril a dezembro” para todo o ano de 2014; e (v) ampliou o período de contratação do financiamento de capital de giro para indústrias de torrefação e de café solúvel, antes limitado até o mês novembro, para todo o ano de 2014.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também informou que os recursos para o financiamento da colheita do café (R$ 300 milhões) já estão à disposição dos agentes financeiros contratados pelo Funcafé. Quando esses recursos chegarem às agências bancárias, os cafeicultores poderão tomar empréstimos para despesas de pré-colheita, colheita e processamento do café da safra 2014, com prazo para pagamento até 30/12/2014. Caso o cafeicultor decida transformar em linha de Estocagem, o prazo final da operação passará para até 30/10/2015.
As informações são do CNC, adaptadas pelo CafePoint