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Relatório da discórdia

POR RICARDO GONÇALVES STRENGER

ESPAÇO ABERTO

EM 25/09/2009

3 MIN DE LEITURA

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Confesso que tive dificuldade de escrever algo sobre o relatório "Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira". Fiquei muito impressionado com a forma que ele foi apresentado e redigido, pois há muitas incongruências, inconsistências e maldades.

O relatório apresenta conceitos velhos, infantis e requentados, atendendo a interesses que não são os do cafeicultor, os quais deveriam ser o objeto da análise. Estas estórias de Vietnã, Draw Back, Alemanha, Robusta, custo de produção, estoques, qualidade, insuficiência de renda, mercado internacional, leilões, Colômbia, etc, etc...,são assuntos já amplamente discutidos, sabidos pelo mercado. Todas estas análises, até mesmo sobre café Robusta,crise e desunião, já foram discutidas no livro de Jorge Dumont Villares, em 1927.

O relatório é totalmente inconsistente e tendencioso, levando o leitor a crer em mentiras, que de tanto serem ditas acabarão parecendo verdades. Premiam os outros elos da cadeia, enaltecem e se baseiam nos números do Departamento de Estado Americano (USDA), que são um disparate, um absurdo.

No dia 29/11/2000 a APAC já denunciava o DrawBack, e no ano de 2001, já analisou todos os tópicos deste relatório, apresentando propostas estruturais para mudar a comercialização do café. Não fomos ouvidos, pois os nossos interlocutores, que são os mesmos de hoje, estavam preocupados em renegociar dívidas. Oito anos depois a mesma coisa, renegociar dívidas.

O Sr. Manoel Bertone já foi autor intelectual de vários planos econômicos para a cafeicultura brasileira. Diga-se, todos fracassados. Agora apresenta mais um, que deve dar em nada, e só gerará mais desespero. O relatório não apresenta nenhuma proposta estrutural para solucionar os problemas de renda do cafeicultor. Nós da APAC apresentamos propostas estruturais.

Sabem o que aconteceu? O Sr. Bertone, em recente reunião em Varginha, desqualificou nossa proposta de reativação da ABCA (Associação Brasileira de Café Arábica), apesar de não exercer cargo de liderança de classe e, portanto, não ser qualificado para isso, apresentando como motivo principal a desunião que isto provocaria, e que o momento não seria para isto. Estas palavras são requentadas, pois em 2003, quando da formação da ABCA, diziam a mesma coisa.

O que faz este malfadado relatório, além de ofender os produtores brasileiros e de pregar acintosamente a desunião? Em diversas passagens, ele fala do problemático avanço do café Robusta, cujos preços baixos aliados à má qualidade do café Arábica, seriam os causadores das dificuldades atuais.

O relatório confronta, explicitamente, os cafeicultores de Arábica e os cafeicultores de Robusta/Conilon. Como se isto não bastasse, ele afronta os cafeicultores de Arábica em diversas passagens, pregando a discórdia entre estes produtores. Como era de se esperar, os cafeicultores capitalizados estão torcendo para que os "ineficientes" morram, o quanto antes, para poderem usufruir de melhores preços. Isto é perverso e desune a classe.

Sabemos que o Ministério da Agricultura fará política segmentada para o setor. Os cafeicultores de conilon, como estão declarados no relatório, não precisam de nada. Será? Ainda diz o relatório, que é uma minoria que está com problema econômico. Será? Conclui-se, que esta "minoria" está à beira do abismo, e para ele será empurrado pela política do governo. Os cafeicultores de montanha e os médios produtores também serão abandonados à própria sorte. Se quiserem que plantem eucalipto.

O Sr. Ministro da Agricultura não poderia concluir outra coisa, lendo o relatório, senão que há ineficientes na cafeicultura, e que estes têm que abandonar a atividade. Vários dos partícipes deste relatório e da perversa e estranha "Agenda Estratégica do Café" compuseram o grupo de trabalho 815/827 no ano de 2003, e ali fizeram excelentes propostas estruturais, que coincidiam com as da APAC, e que foram simplesmente abandonadas e esquecidas.

Em agosto de 2001 o editorial do Informativo Garcafé, assinado pelo Sr. Manoel Bertone dizia: "A indústria está propondo o programa de educação do mercado - PEM -, e nós estamos propondo um rígido sistema de controle de impurezas e de esclarecimento dos blends ao consumidor, através de uma lei que discipline a rotulação do produto embalado. Afinal, o consumidor deve saber claramente o que está comprando, inclusive para poder avaliar a relação entre o preço pago pelo café e a qualidade ofertada, sem subterfúgios mercadológicos".

Hoje, perguntamos: o que mudou? Por que as propostas da APAC já não seriam adequadas, entre elas, a rotulação do café e a normatização do grão cru? A situação é crítica, e em mais duas safras o desespero deverá ser total, pois o mercado é cruel e não admite paternalismo. As medidas tomadas nesta última década em nada ajudaram o cafeicultor brasileiro. Não adianta passear em Londres e participar de uma reunião da OIC, que é um órgão danoso ao cafeicultor. Nada vai mudar.

Portanto:

Chega de inverdades.
Chega de agendas do mal.
Chega de relatórios espúrios.
Chega de grupos de trabalho.
Chega de lideranças anacrônicas.
Chega de equipes ministeriais tendenciosas.
Chega de CDPC.
Chega de OIC.
Chega de artificialismo.
Chega de malabarismo econômico.

Não podemos mais dar ouvidos a quem prega a discórdia. Chega de relatórios da discórdia.

RICARDO GONÇALVES STRENGER

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WILSON BOCARDI MACHADO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/09/2009

Sr. Ricardo,

A verdade é que nos últimos anos não estamos conseguindo renda na atividade devido às práticas do Mercado Aberto. O café possui qualidade, porém não alcança preços remuneradores, ainda mais com a constante variação climática em nossa região.

O Governo tem praticado algumas Políticas de ajuda ao setor, tais como CPR, Custeio, programas de capacitação através de Cooperativas, etc, porém ineficientes, pois o Livre Mercado prega o preço entre Oferta X Demanda.

Defendo que deveríamos propor novas práticas para mudar a situação dos produtores de café (lembro que a cadeia de empregos diretos e indiretos é muito significativa):

1. Retirada do Mercado de Parte da Safra, até que o estoque do Governo esteja equalizado (estoque de segurança), através de compra de café em troca de dívidas do setor a longo prazo.

2. Imediato incorporação na Cesta Básica Escolar Nacional da politica do Café com Leite ( Café em pó e Leite em pó).

3. Imediata incorporação nas Cestas Básicas humanitárias entre os países em desenvolvimento (Africa e outros) de politicas de doação de estoques de café.

4. Ajuda ao estabelecimento de um programa de "Renda Mí­nima ao Produtor", como um salário mínimo a ser estabelecido por Lei, que garanta que o produtor receba pelo sacrificio de viver na área rural, se despreendendo do conforto da Cidade.

5. Adoção de Políticas de desenvolvimento de novas variedades de café resistentes a temperaturas elevadas e sua incorporação nas novas lavouras.

6. Renovação do Parque Cafeeiro Nacional, através de uma visão de demanda x oferta.

7. Propaganda intensiva junto ao consumidor nacional e estrangeiro.

8. Desvinculação do preço do café da Bolsa Internacional visto que o Mercado Nacional já possui um volume capaz de produzir um preço estável e remunerador. Penso em ter uma bolsa com preços Interno e Externo. O produtor não pode estar constantemente sendo afetado pelas variações de mercados internacionais.

9. Criação de uma Bolsa de remuneração de variações de preços cambiais e mercadológicos, que agregaria renda quando da colheita e retiraria créditos nos períodos de entresafra.

10. Implementação de uma Polí­tica de Preço Mínimo Mercadológico. As Cooperativas não poderiam vender café (emitir Nota Fiscal) abaixo do preço Mínimo, visto que isto estaria retirando o Capital e a capacidade de renda do setor. Um conjunto de técnicos do setor estaria definindo o preço mínimo competitivo e justo para o setor.

11. Redução do preço de insumos através da implementação de mineradoras nacionais para K,N,P;

12. Financiamento de maquinário a longo prazo para melhorar a qualidade do café produzido (tratores, descascadores de café Cereja e verde, etc) com a criação de pátios de beneficiamento tipo lama asfáltica.

13. Ampliação do Crédito Rural, CPR´s e Seguro.

14. Redução das tarifas de Energia.

Não sei se estou ajudando, porém algo prático e imediato precisa ser feito imediatamente para evitar uma crise sem proporções no setor cafeeiro.
ROBERTO WAGNER TRAVENÇOLO

CACOAL - RONDÔNIA

EM 25/09/2009

Parabéns pela matéria.

O sr. se esqueceu de um detalhe: chega de pessoas desqualificadas encabeçando nosso precioso segmento! Nasci e vivi em Garça e sei de toda a história da cafeicultura, inclusive da GARCAFÉ.

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