ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

O vinho do café: os coados

POR FELIPE BARRETTO CROCE

ESPAÇO ABERTO

EM 19/03/2013

3 MIN DE LEITURA

16
0
Eu sempre fui fascinado pelas historias de como surgiram novos hábitos. No café existem muitas lendas românticas envolvendo a evolução e a trajetória da planta e da bebida se espalhando pelo mundo. Um dos mitos mais contados é a historia do pastor Kaldi. O velho Kaldi era um pastor de cabras que morava no que hoje é conhecido como Etiópia. Segundo a lenda, um dia ele notou que as suas cabras tinham sumido. Seguindo seus rastros, ele as encontrou em uma mata perto do seu sitio mastigando uma frutinha e dançando em volta dos arbustos onde as encontravam. 

Também existe a lenda do monge Babba Budan. Esse descobriu que o chá feito do grão deixava os seus estudantes acordados e mais atentos. Budan fazia uma infusão do grão cru, algo parecido com os “refrescantes” que a Starbucks faz hoje. Interessante que uma empresa tão criticada pela qualidade continua sendo uma das mais inovadoras.

Talvez os primeiros a experimentar torrar o grão tenham sido os Árabes. Povos comerciantes, eles queimavam o grão para que outros não pudessem plantá-lo. Até hoje o café feito nas arábias ou coloquialmente mais conhecido como café turco é preparado com uma infusão direta de água quente no pó ou pó na água quente.

Ao longo dos tempos as pessoas aprenderam a coar a bebida para não deixar partículas de grãos moídos no fundo da xícara. Foi em 1908 que uma dona de casa de Dresden, Alemanha decidiu usar um papel para filtrar o café. Essa moça se chamava Melitta Bentz. Ela descobriu que coando melhor o café, a bebida terminava mais limpa e menos amarga. Hoje o filtro de papel é comum em muitas residências e o nome Melitta passou a ser sinônimo de filtro de coar café.

Em 1963 a empresa Norte-Americana BUNN lançou a primeira máquina automática de café coado. Passaram-se cinquenta anos, mas essas máquinas automáticas continuam fazenda sucesso só na America do Norte. Muito criticada por fazer um café aguado, eu argumento que uma máquina automática com um bom controle de temperatura, não perde nada para a mão de um barista; e aposto que até faz dez xícaras mais consistentes do que o próprio barista. O resultado depende de uma proporção de grão para água e grau de moagem. Grãos bons, bem torrados e uma receita apropriada, permitirão que qualquer empregado conseguirá apertar um botão e reproduzir litros de um excelente café. Também aposto que daqui a dez anos essas máquinas irão predominar não somente em casas e restaurantes mas também nas melhores cafeterias de cafés especiais pelo mundo inteiro.
 
Eu gosto de comparar o espresso com uma dose de uísque ou de cachaça; e o café coado com o vinho. Ao preparar o café coado, usamos uma proporção maior de água e um tempo de contato mais longo com o pó, e assim extraímos mais qualidades do café e podemos analisar notas delicadas que no café espresso não conseguimos perceber. A bebida fica mais transparente e fácil de interpretar. Por exemplo, é mais fácil notar diferenças entre um café de 88 pontos e um de 82 pontos usando um método coado. Ou seja, vale mais a pena representar um café de altíssima pontuação usando um método coado do que no espresso.

É muito importante que os produtores de cafés especiais tenham esse conhecimento, pois esses serão os cafés mais valorizados no mercado. Se quisermos vender os nossos cafés a um preço mais alto temos que entender que o nosso comprador também terá que repassar esse custo maior. Temos que pensar em nossos grãos como um produto final na xícara de uma forma que o cliente final poderá perceber a qualidade e assim se interessar em pagar mais pelo nosso café.

Se quisermos agregar valor ao nosso produto é fundamental diferenciá-lo dos demais. Precisamos apresentar um cardápio cheio de preparos diferentes: espressos, filtrados, extrações a frio, etc. Queremos que o consumidor final aprenda sobre variedades, processos de secagem, “terroirs”, origens e todo o trabalho que está por traz dessa bebida especial. Somente assim as pessoas irão entender e apreciar o esforço que esta atrás de um bom cafezinho e então poder valorizar o produto.


Esta matéria é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida a cópia e réplica de seu conteúdo sem prévia autorização do portal e do autor do artigo. 

FELIPE BARRETTO CROCE

Formado em Relações Internacionais e ADM pela Universidade de Washington - EUA. Trabalhou com torrefação de cafés especiais nos EUA, retornando ao Brasil para ajudar a família na FAF, onde hoje é responsável por pesquisas e controle de qualidade.

16

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

OSÓRIO SIMÕES DE SOUZA FILHO

SÃO VICENTE - SÃO PAULO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 10/04/2013

Olá Felipe...Compartilho de que poderiamos sim degustar um café melhor....desde os tempos da vovó, aprendi que a escolha do feijão era lixo....já no café entretando, fazem a catação e a escolha 600/700 defeitos (ardidos,pretos,paus,cascas etc etc) vão p o Consumo Interno....se levarmos em conta uma safra de 40 milhoes scs (sem o Robusta) e se em média uma bica ao ser catada saem 25pct de catação, estamos falando de 10 milhoes de saca...(escolha)....ai esta o problema p procurarmos solução.
FELIPE BARRETTO CROCE

MOCOCA - SÃO PAULO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 27/03/2013

Maria José,



Muito obrigado pela sua participação. A torra é mais uma etapa que tem muito a ser estudada. Cada café tem a sua peculiaridade, cada método exige um perfil específico e cada cultura tem suas preferencias com relação a bebida.



Eu prefiro uma torra mais branda, mas como esse é um assunto extenso pretendo elaborar sobre isso num próximo artigo.



Agradeço a todos os que fizeram comentários e coloco-me a disposição para qualquer assunto que possa ser de alguma ajuda.



abraços,



Felipe
MARIA JOSÉ LOPES CUNHA

INHAPIM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/03/2013

Muito bom o artigo! Parabéns  Felipe!



É uma pena que o consumidor seja enganado quanto ao café que bebe!

Gostaria de saber  qual o melhor ponto de torra para se obter  um cafezinho especial?



Maria José
MIKEONE APARECIDA BAEÇA

UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/03/2013

Ola Felipe, muito bom seu artigo, mais pessoas deveriam ter acesso a informações como essas, as pessoas consomem o café muitas vezes por um costume passado de geração em geração, algumas desses consumidores diários muito pouco sabem sobre a origem ou mesmo valores dessa bebida.
PAULO CESAR SANTOS SCALLI.

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/03/2013

Otimo Felipe, se unirmos as forças,e mostrarmos a preciosidade dos nossos cafes como voce ja sabe na nossa região de produção, somente assim conseguiremos sobreviver na cafeicultura de montanha, logicamente pela altitude  é de melhor bebiba, parabens pelo artigo publicado, vamos mostrar desde o grão, o pe de cafe até o consumo da maravilhosa bebida que ainda é um glamour para quem aprecia como eu.
JOSÉ ADAUTO DE ALMEIDA

MARUMBI - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 22/03/2013

Bom artigo.

Para aumentar consumo é importante que faça um campanha na mídia sobre os benefícios do consumo racional do café.O Dr. Darci Lima tem ótimos livros abordando este assunto.
FELIPE BARRETTO CROCE

MOCOCA - SÃO PAULO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 21/03/2013

Caro Elmo,



Uma receita basica que pode ser utilizada na preparação de um café coado é de 60 a 70 gramas por litro, com moagem media.



Caso queira mais forte, é só aumentar a quantidade de pó.



A agua deve ser limpa e sem cheiro (entre 125-175ppm). A temperatura deverá ser 95 graus. O seja, logo antes de começar a ferver.



bom café!


FELIPE BARRETTO CROCE

MOCOCA - SÃO PAULO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 21/03/2013

Agradeço a todos os comentários! Obrigado por participarem dessa discussão.



A Industria do café esta em plena evolução. Vejam só quantas oportunidades para todos envolvidos desde o produtor até o ponto de venda.



Existem duas correntes acontecendo no mundo de alimentos nesse momentos. Por um lado a industria do commodity com as fazendas fabrica onde somente a quantidade prevalece, onde não tem rastreabilidade nem alma. Por outro lado, existem movimentos que a lingua inglesa chama de "farm to fork" (da fazenda ao garfo) aonde a qualidade, a origem e a sustentabilidade, entre outros valores prevalecem. É aqui que entra o café especial. Nunca o produtor teve tanta oportunidade de apresentar o seu café diretamente da sua fazenda. A tecnologia de hoje permite que possamos colocar até um "QR code" no nosso café para que o consumidor final, em qualquer parte do mundo, saiba o que ele esta consumindo.



Está na hora de nós fazermos a nossa parte. Um exemplo ótimo é a fazenda urbana de café no meio da cidade de Melbourne na Australia que esta acontecendo nesse momento, onde o consumidor aprende sobre toda a corrente de café, desde a semente até a xícara. Muitas cafeterias estão surgindo no Brasil nesse momento.  Estamos precisando nos unir e criar formas de conscientizar o consumidor sobre essa nova bebida.


JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 20/03/2013

Caro Felipe,



Muito bom ler seu artigo com visao positiva e construtiva a cerca do consumo de café.



O que precisamos no mundo do café é exatamente pensar fora da caixa e correlacionar o café com diferentes formas de se consumir, busca educar  consumidor, mostrar a ele as inumeras possbilidade que a bebida proporciona...e isso começa pelas diferentes formas de extraçao...



A responsabilidade pelo consumo de cafés de alta qualidade nao é somente da industria, começa da base com os produtores entendendo e conhecendo todo o potencial do café que produzem.



Juliano Tarabal
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2013

Parabéns Felipe pelo seu texto. Muito bom. Abração.
JOAQUIM DE OLIVEIRA MATTOSINHO

LINS - SÃO PAULO

EM 20/03/2013

Parabéns , muito bom o artigo.
ROSIMEIRI APARECIDA BUZZETI

JACAREZINHO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2013

Sr. ministro da AGRICULTURA, por favor é preciso com urgência ROTULAR o CAFÉ. A industria não pode continuar com este SELO de mentira, prejudicando o consumidor e o produtor.
ELMO GUIMARÃES BUENO

CASTELO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2013

Como o café conilon não é bom para consumo, puro, eu compro o arábica, torro faço a moagem, em casa.  A dificuldade que tenho é saber qual é a granulação adequada para se tenha uma boa tintura do café.

Para moer uso o moinho tracional MIMOSO.

Eu gostaria de saber se existe uma maneira simples, caseira, para extrair o pó com uma granulação que otimize o aproveitamento.

Atenciosamente

Elmo guimarães Bueno
CLAUDIA SILVA

RECIFE - PERNAMBUCO

EM 20/03/2013

Felipe, gostei muito do seu artigo principalmente quando você sugere novas relações com o café - do produtor ao consumidor. Assim, como a gente  contribuir pra que isso ocorra? Com fazer o consumidor aprender sobre novas extrações? Bem, até o próximo artigo! abraços.
MARCO ANTONIO JACOB

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2013

Usando os argumentos do Felipe , então podemos afirmar que 99% do café torrado e moido , oferecido aos consumidores brasileiros é um VINAGRE.



Pois o blend é composto de 35% de cafés arábicos com 600/700 defeitos . com alta incidência de Pretos e Ardidos (cafés podres) , e 65% de conilon , torrados bem escuro para mascarar os defeitos.



Parabéns a industria brasileira que consegue denigrir o uso do café.



E os produtores , que tem conhecimento o que é qualidade de café , ficam calados , aceitando esta palhaçada , pobre dos consumidores brasileiros.



Pelo menos deveriam exigir que rotulassem estes cafés como " mistura de esterco para fazer tinta preta""
JOÃO CARLOS REMÉDIO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/03/2013

Belo artigo Felipe. Infelizmente a indústria brasileira e mundo afora não quer deixar os povos tomar um verdadeiro café; só querem ganhar muito dinheiro. Com o aumento nos preços do café, principalmente da variedade arábica em 2011, a indústria simplesmente aumenta a quantidade do café robusta,um pouco mais barato, em seus blends. Com isso, baixou os custos e  piorou a qualidade, mas, manteve sua mina de dinheiro. Como o mundo nunca experimentou um verdadeiro café, essa nova mistura foi aceita sem questionamentos; era tudo que eles queriam. Produzimos um grande café, mas, os povos, inclusive o brasileiro, seguem bebendo "lixo"...!  

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures