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O café brasileiro é sustentável e os compradores sabem disso

POR EDUARDO CESAR SILVA

ESPAÇO ABERTO

EM 15/04/2016

2 MIN DE LEITURA

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Por Eduardo Cesar Silva*

Recentemente, dois relatórios de ONGs internacionais mostraram ao mundo casos de trabalho infantil e escravo em algumas fazendas de café do Brasil. Ambos foram publicados pouco antes de grandes eventos internacionais, o que fez alguns suspeitarem de intenções maliciosas para prejudicar a imagem do nosso café. Acredito que a intenção seja colocar em discussão a qualidade do trabalho nas lavouras para que o setor encontre soluções para os problemas ainda existentes, não só no Brasil, mas em todos os países produtores. E isso exige a participação dos demais elos da cadeia.


Na verdade, as empresas que supostamente compraram café colhido por menores de idade ou escravos modernos receberam mais atenção da mídia internacional do que o próprio Brasil. No Reino Unido, por exemplo, as notícias que saíram deram destaque para o posicionamento destas empresas e o que elas fariam a respeito.

Os consumidores na Europa e nos Estados Unidos estão cada vez mais conscientes sobre ética, meio ambiente e saúde, o que, entre outras consequências, está fazendo com que as empresas abandonem até os corantes artificiais em favor dos naturais na fabricação de alimentos. Essa tendência mais ampla foi analisada em outro artigo: https://goo.gl/8xkHTW

Neste exato momento, a indústria do chocolate enfrenta uma pressão imensa dos consumidores e ONGs, visto que as condições de trabalho em Gana e Costa do Marfim, os dois maiores produtores de cacau do mundo, são críticas. Estima-se em mais de 2 milhões o número de menores de idade trabalhando em condições precárias na produção de cacau nessas nações. Embora seja um problema cuja solução depende principalmente dos governantes locais, é sobre as ações dos fabricantes de chocolate que a indignação dos consumidores se faz presente.

Quanto ao café brasileiro, sua qualidade é reconhecida por toda a cadeia e as grandes empresas de torrefação conhecem a realidade das lavouras nacionais. A cada ano, centenas de profissionais estrangeiros ligados a exportadoras, torrefadoras e cafeterias visitam fazendas no país. Só a Universidade Federal de Lavras (Ufla) recebe dezenas de estudantes e profissionais na InovaCafé anualmente e eles ficam conhecendo toda a estrutura da Universidade voltada para o café. Todos eles sabem que os tais relatórios mostram as exceções que precisam ser combatidas, não a regra da cafeicultura brasileira.

O Brasil, hoje, é um grande fornecedor de cafés certificados, com importância estratégica para as torrefadoras comprometidas em comprar cada vez mais produto sustentável. Como exemplo disso, destaca-se que a Lavazza lançou uma nova linha de cafés sustentáveis para o segmento de hotéis e restaurantes:

Foto: FoodBev


São quatro opções com certificação Rainforest Alliance: três blends do Brasil e um da Tanzânia. Os relatórios das ONGs podem até comprometer a imagem do café brasileiro perante algumas pessoas (bem poucas, acredito), mas a realidade do mercado, evidenciada pela qualidade dos grãos nacionais, fala mais alto. E este é o melhor marketing que pode haver para o nosso café.

*Eduardo Cesar Silva é coordenador do Bureau de Inteligência Competitiva do Café Prof. do Departamento de Adminsitração e Economia da Universidade Federal de Lavras (Ufla) 

EDUARDO CESAR SILVA

Coordenador do Bureau de Inteligência Competitiva do Café.

Doutorando em administração pela Universidade Federal de Lavras e mestre em administração pela mesma instituição.

É tecnólogo em cafeicultura pelo IF Sul de Minas - Campus Muzambinho.

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EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/04/2016

Caro Cláudio,



Penso da mesma maneira! E essa mudança já está acontecendo, a região do Cerrado é um exemplo disso.



E mesmo sem uma coordenação específica para isso, o próprio mercado reconhece a qualidade do café brasileiro. Toda vez que uma multinacional lança uma edição de café especial ou sustentável estampando o nome "Brazil", nossa imagem melhora.



Claro que, se os cafeicultores se organizarem, serão capazes de fazer muito mais.



Abraços,

Eduardo
EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/04/2016

Caro Marden,



Excelentes considerações!



Concordo que o poder público pouco ou nada fará a respeito disso, pelo menos de forma direta. Mas é importante notar que as universidades e instituições de pesquisa, financiadas com dinheiro público, contribuem para a sustentabilidade da cafeicultura nacional por meio das pesquisas.



Como eu citei na minha análise, os estrangeiros que visitam o setor de café da UFLA com certeza saem daqui com uma imagem positiva. Existem vários blogs em inglês, de baristas e outros especialistas em café, que retratam a cafeicultura brasileira de maneira positiva.



Abraços,

Eduardo
CLÁUDIO BARBOSA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/04/2016

Boa tarde, Eduardo e Marden: belos artigo e posicionamento, diria que sem retoques, mas me permitirei um comentário: acho que já está na hora dos produtores de café do Brasil esquecerem o Estado e se organizarem privadamente para produzir ações de seu interesse, e não somente porque nosso Estado está e continuará falido, de maneira muito clara, também do ponto de vista conceitual: temos os instrumentos e a tecnologia para tal, falta a vontade - não me parece nem um pouco razoável que cidadãos de um país, se me permitem assim dizer, que tem a maior cooperativa de café do mundo, não consigam coordenar ações capazes de divulgar ou defender posições corretas, ou mesmo de simples márquetim junto à comunidade internacional, sem depender do eterno "pai de todos", o horroroso Estado brasileiro.

Cláudio Barbosa.      
MARDEN CICARELLI

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/04/2016

Prof. Eduardo,



Já havia lido ambos os relatórios, e minha percepção é que de fato aquilo parece ser mais uma campanha direcionada para desvalorizar a cafeicultura brasileira. Como o país está literalmente afogado em questões políticas internas, não tem a menor condição de elaborar um contra-ataque de marketing, político ou até diplomático. Aliás, dado nosso posicionamento recente nesta área, eu diria que mesmo que estivéssemos em tempos mais, digamos, amenos, não haveria algum movimento a favor de nossa cafeicultura.



Sabemos que os produtores brasileiros, via de regra, são obrigados a seguir uma legislação extremamente rígida, tanto de ordem trabalhista quanto ambiental, mesmo aqueles que não possuem uma certificação oficial. Claro que há as exceções, tanto que os relatórios foram realmente elaborados sobre casos reais.



Entretanto, tomou-se a exceção como regra, e isso para mim mostra claramente o viés de ambos os relatórios: como nós, brasileiros, sabemos como produzir, e produzir bem, há setores que se movem utilizando táticas pouco honestas.



Recentemente, um amigo visitou um país produtor e conheceu um grande cafeicultor, que "produz" 80mil sacas anuais, boa parte certificada. Ele possui uma área ínfima em produção. Praticamente toda sua produção, é simplesmente adquirida de pequenos produtores que não têm acesso ao mercado, a um preço baixíssimo e entra no mercado como se fosse produção própria. E tudo isso sob um selo de certificação, exibido em sua marca própria de café exportado para mercados consumidores.



Enfim, duas coisas ficam muito claras: (i) deveríamos ser defendidos pelo poder público, mas este está preocupado apenas com sua manutenção no poder; e (ii) há dois pesos e duas medidas quando se trata da sustentabilidade ambiental e social pregada pelas certificações, pois não há, dentre os países produtores, nenhum cuja legislação chegue sequer perto da nossa, embora haja ali vários produtores tão "certificados" quanto nós.



De qualquer forma, obrigado por colocar o assunto em pauta. Precisamos discutir esse problema de maneira séria, sob o risco de sermos simplesmente engolidos por campanhas de difamação e aceitarmos tacitamente o deságio sob nosso produto.



Saudações.

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