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Drawback de café pode ser um jogo de ganha-ganha?

POR RENATO FERNANDES EU

ESPAÇO ABERTO

EM 09/08/2007

2 MIN DE LEITURA

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No início deste ano, a simples notícia de uma possível liberação futura do drawback já fez com que compradores de café no ES tentassem derrubar as cotações do conilon. Isso quando, na verdade, a possibilidade de importação ainda passaria pela elucidação da questão dos verdadeiros riscos fitossanitários envolvidos, o que, sabe-se, é um processo lento.

Num primeiro momento após a liberação do drawback, a chance de queda ou limitação dos preços do conilon seria muito grande, pois, mesmo com cotas e com a idéia de que a importação se destinaria apenas a utilizar capacidade ociosa da indústria de solúvel, o fato é que haveria mais produto disponível e a imperfeição no uso da informação e na consequente formação do preço se encarregariam de puxar as cotações para baixo. Em seguida, seria possível que também os preços internos do arábica sofressem reflexos, pois parte do conilon não demandado pelas indústrias de solúvel estaria disponível para ser torrado para o mercado interno.

Um forte argumento a favor do drawback é que as perdas se dariam no preço da matéria-prima e os ganhos viriam de produto industrializado, portanto, o balanço seria positivo para o país. Por outro lado, caso a indústria de solúvel brasileira se recuperasse, sua demanda por matéria-prima poderia ultrapassar os níveis atuais, tendendo a levar os preços de equilíbrio para um patamar maior que o atual. Além de que se especula que, via drawback de arábica de outras origens, a indústria de torrado e moído se tornaria mais competitiva internacionalmente (vale lembrar que, num primeiro momento, as operações da Starbucks e Nespresso, nada têm a ver com drawback, pois o que importam é produto pronto).

Talvez o cerne da questão passe pela possibilidade de contaminação da discussão por interesses pontuais e particulares, quer de elos da cadeia quer de grupos empresariais. Isto tem feito com que a mesma seja ainda tratada, grosso modo, como um pleito da indústria de solúvel e um problema dos produtores de conilon.

Havendo uma integração sincera de todos os elos da cadeia à discussão, a chance de se regulamentar o drawback de forma que limite os efeitos negativos aumenta em muito. Aumenta também a força para se buscar outras soluções para a cadeia produtiva do solúvel, como a supressão da taxação da UE sobre o produto brasileiro, a efetiva isenção de ICMS na compra de café destinado a exportação, a redução dos juros do Funcafé e, quem sabe até, a diminuição dos encargos trabalhistas incidentes sobre a produção ou mesmo a busca de uma política cambial mais adequada à vocação exportadora do país.

São caminhos muito mais difíceis de serem percorridos, mas será que temos que nos conformar com a realidade de que, para ser competitiva, a indústria brasileira de solúvel tem que buscar se apropriar de ganhos de competitividade da cafeicultura de outros países, os quais, na verdade, decorrem muito mais do ambiente macroeconômico do que da capacidade de seus produtores e de sua pesquisa agropecuária?

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RUY BARRETO FILHO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 27/11/2008

Caro Renato,

Gostei do seu artigo, pena que que o Drawback dependa de tanta burocracia anti-desenvolvimentista, o tempo corre contra a indústria e nós não podemos esperar que poucos ainda não entenderam o óbvio.

Nao sou contra a importação de cafés indutrializados, mas não podemos ser contra a nossa indústria e dar chances a outras de roubar o nosso mercado e ainda virem aqui e usar o nosso consumo com valor agregado no nosso café verde e de outras origens proibidas de importarmos, é razoavel ver isto e não liberar o Drwback para que continuamos com sucesso em ganhar mercados para a cadeia café do Brasil?

Será que precisamos aguardar a tragédia para tomarmos decisões de bom sensso?

Por que não aplicar o relatório do CIC feito para o drawback, lá constam todas as respostas para os desinformados sobre o assunto. Este relatório foi feito com todo o segmento da cadeia, reunirmos mais para o que?

Continuamos aguardando as regras que acharem interesante para o drawback , só espero que o MAPA tome logo uma posição e se puder de bom senso.
ROBERTO TICOULAT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/08/2007

Prezados amigos,

Estou transcrevendo um artigo publicado no COFFEE PUBLICATIONS, INC. August 10, 2007 que claramente demonstram os resultados aferidos em um importante país produtor que permite o drawback. Somente este artigo seria suficiente para verificar os benefícios ao setor.

Boa leitura

Roberto Ticoulat

Os preços do café da Índia estiveram mais altos na semana até quinta-feira com forte demanda e os grãos cereja robusta atingiram US$ 2000 a tonelada (US$ 120/sc), aproveitando os ganhos dos preços globais em alta, disseram os participantes comerciais, informou Sameer Mohindru do Dow Jones Newswires, de Nova Delhi.

"As ofertas globais estão muito escassas, particularmente de robustas lavados e os exportadores indianos estão buscando prêmios substanciais", disse um exportador de Bangalore. Ele disse que a próxima safra vietnamita é improvável antes de novembro e, até então, os robustas indianos terão forte demanda.

A Unidade de Inteligência do The Economist disse na quarta-feira que os preços do café permanecerão altos em 2008, mas uma pressão para baixa nos preços deverá ocorrer no início de 2009, por causa de um aumento na produção. Globalmente, os grãos robusta lavados estão aproveitando um prêmio de US$ 700 a tonelada (US$ 42/sc) com relação aos preços dos contratos futuros da Liffe, devido à escassa oferta, disseram os comerciantes. Eles disseram que os arábicas lavados geralmente têm um prêmio entre US$ 300 e US$ 400 a tonelada (US$ 18/sc e US$ 24/sc) com relação aos robustas lavados, mas este caiu para cerca de US$ 100 a tonelada (US$ 6/sc) devido ao aumento do preço do último.

"Os preços dos grãos pergaminho robusta (robustas lavados) têm subido, próximo àqueles das plantações de arábica de classificação A. Este é um raro fenômeno", disse um exportador. Ele disse que misturas variáveis de classificações diferentes de café são difíceis para as torrefadoras ou então muitas teriam começado usando arábicas em vez de grãos de robustas lavados. Até mesmo os grãos cereja robusta indianos estão faturando um prêmio de mais de US$ 170 a tonelada (US$ 10,2/sc) com relação aos contratos da Liffe, mais que os US$ 160 (US$ 9,6/sc) da semana anterior.

Vendas também foram registradas para os grãos arábica durante a semana, disseram os traders. Eles disseram que os estoques iniciais foram sendo mantidos pelos produtores em antecipação aos maiores preços. Cerca de 35% dos estoques de arábica não estão vendidos, mas a qualidade pode ser uma causa de preocupação, disse um exportador de Hassan na Província do sul da Índia Karnataka.

A Índia estava inicialmente oferecendo arábicas a um prêmio de cerca de 20 centavos a libra (US$ 26,45/sc) sobre os contratos da New York Board of Trade (NYBOT). Depois, o prêmio caiu para 12 centavos (US$ 15,87/sc) e agora está em cerca de cinco centavos (US$ 6,61/sc). Entretanto, os arábicas sul-americanos ainda estão mais baratos, com um prêmio de 2 centavos (US$ 2,65/sc) com relação aos contratos da NYBOT. Geralmente, a Índia vende arábicas com desconto sobre os contratos da NYBOT.

A Índia exportou 136.287 toneladas de café nos primeiros sete meses do ano, até julho, 0,97% a mais que no ano anterior apesar de uma queda nos envios de grãos arábica e robusta, de acordo com dados do Governo. As exportações de café instantâneo entre janeiro e julho quase triplicaram para 30.269 toneladas de 10.433 toneladas do ano anterior, de acordo com o relatório.

<b>Texto traduzido pelo CaféPoint a partir do original enviado em inglês.</b>
ROBERTO TICOULAT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/08/2007

Prezado Rufino,

Suas ponderações são muito interessantes e têm com certeza de ser levadas em consideração porém, suas ponderações tratam-se com relação à importação e não ao drawback. Não tenho conhecimento exato o que ocorre no caso do açúcar nos EUA mas eles têm um sistema de cotas preferenciais que não pagam imposto de importação, ou seja o mercado é regulado mas assim mesmo é possível a importação.

Eu já exportei açúcar brasileiro para a ECC para drawback, ou seja, nosso importador na Grécia comprava açúcar brasileiro para adicionar no vinho e re-exportar para os países do leste europeu e, neste caso, não havia nem cotas nem impostos por se tratar de drawback. O mesmo acontece com nosso café solúvel que hoje é exportado para a ECC e paga um imposto abusivo (digo abusivo porque é contra as regras da OMC mas nosso governo se nega a contestá-lo na OMC enquanto nosso competidores da América Central, como por exemplo a Colômbia, entre outros nada pagam). Quando nosso exportador compra em drawback para empacotar na ECC e re-exportar com sua marca também não paga imposto.

Ao contrário, o café industrializado na Europa e vendido no Brasil paga 2% de imposto e pode ser importado a vontade enquanto o nosso café solúvel quando exportado para a Europa paga 9%. Se não temos medo de importar café industrializado porque temos medo do drawback.

O que estamos discutindo aqui é porque a lei não é cumprida e o que devemos fazer para agregar mais valor a toda a cadeia produtiva. Também não seria favorável permitir o drawback visando trazer prejuízos aos produtores de café.

Proibir uma indústria de praticar o drawback e "castigá-la" a ficar refém de movimentos especulativos porque decidiu investir no Brasil ao invés de ter investido no 2º, 3º, 4º ou 5º produtor mundial acho que merece reflexão.

Honestamente não entendo porque temos medo do drawback se afinal somos os maiores produtores e exportadores do mundo? Seria correto imaginar que é correto o Brasil aproveitar momentos de escassez na entresafra de nossos competidores e exportar conilon, inclusive para outros países produtores como é o caso do México e Equador; mas, depois, quando entramos na nossa entresafra achamos corretos proteger o mercado e favorecer manipulações de mercado que desestimulam os investimentos da indústria?

Fica somente a pergunta: quem é o melhor parceiro do produtor brasileiro? A indústria local ou a situada nos outros países produtores e países consumidores?

Grato mais uma vez pelo seu artigo que nos ajuda a refletir sobre as perdas que os produtores brasileiros têm quando não se estimula o aumento do parque industrial brasileiro em detrimento do parque industrial em outros países produtores, como temos observado nos últimos anos.

Mais uma vez continuo com a opinião do amadurecimento das idéias com relação a este e tantos outros assuntos que diminuem a participação brasileira no mercado internacional.

Um abraço,

Roberto Ticoulat
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/08/2007

Prezado Renato,

Parabéns pela ousadia de se inserir nesse debate sobre o drawback. Os prejuízos que o agronegócio café incorre por postergar a implementação desse mecanismo é incomensurável.

A importação de robusta para complementar o abastecimento interno em nada alteraria a já imensa volatilidade das cotações do produto. Como você bem sabe a diferença entre o maior e o menor preço de café ao longo de um ano é da ordem de 90% em média, representando o produto mais volátil cotado em bolsas.

Assim, espasmos momentâneos não deveriam amedrontar quem quer que seja, pois esse é o ambiente em que os negócios são usualmente celebrados. Penso que diante do vigor com que se dedica ao esforço de exportação de torrado e moído, as importações de maior monta nem seriam de robusta mas sim de determinadas origens de cafés lavados para composição de blends consagrados no mercado internacional.

Nossa indústria de T&M precisa ganhar mais musculatura para efetivamente inserir-se na hiper-competição representada pela vaga da globalização.

Grande abraço.

Celso Vegro

<b>Caro Celso,</b>

"Yo no creo en brujas pero que las hay... las hay"

Concordo que os aspectos positivos são importantes, mas, para que o jogo seja de ganha-ganha, minha humilde opinião é de que há que se discutir com muita clareza. O que aliás, estamos tentando fazer. Talvez o que já falte na nossa conversa é mais "gente que manda".

Abraço,

Renato Fernandes
JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 10/08/2007

Caro Renato,

Sua pergunta inicial é se o drawback pode ser um jogo em que todos os segmentos da cadeia produtiva tenham ganhos. No meu entendimento, a resposta a essa pergunta é: depende! Para que todos ganhem, é necessário considerar os cuidados para os quais alerta a mensagem do senhor Luiz Hafers. Ou seja, é preciso discutir bem o assunto, identificando seus impactos e as medidas compensatórias que serão necessárias.

Inicialmente, é oportuno lembrar que a simples liberalização do mercado, para que nele predominem as vantagens competitivas, não é neutra. Com ela, alguns segmentos ganham e outros perdem, embora o resultado, do ponto de vista da economia como um todo, seja positivo.

O argumento de que os cafés asiáticos e africanos estão, ou são, mais baratos, por si só, não é justificativa suficiente para que o drawback seja necessário para ampliar a competitividade do nosso solúvel. Aqui, a questão macroeconômica, principalmente o câmbio, podem estar promovendo um viés na competitividade e obscurecendo a eficiência técnica de produzir a um menor custo.

Nesse sentido, recentemente, durante o evento promovido pela Cecafé em São Paulo, uma palestrante, com muita competência, mostrou que o custo de produção de uma saca da café conilon no Vietnã é de 26 dólares. Dados do Educampo Café mostram que, na safra 2005/06, no Espírito Santo, os cafeicultores mais eficientes não conseguiram produzir uma saca do mesmo produto por menos de R$ 100,00 (cem reais), cerca do dobro do custo vietnamita.

Pergunto: são nossos cafeicultores tão mais ineficientes assim? Ou tamanha diferença se deve às políticas cambiais dos dois países? Será que, dada essa diferença de custo de produção, se abrirmos o drawback, mesmo com a distância e o consequente custo de transporte, o Vietnã não colocará sua produção em nossas fabricas a um preço bem menor que o dos nossos cafés do Espírito Santo e Rondônia?

Nessa linha de raciocínio cabem mais algumas perguntas. Por que a Comunidade Européia não libera a importação de leite, com a qual o somatório dos ganhos da economia global são evidentes? Por que os Estados Unidos ainda sobretaxam o nosso álcool em prejuízo da competitividade global? Porque, em ambos os casos, no curto prazo, perdem os produtores locais com desestruturação de um setor produtivo e os consequentes problemas derivados.

Entendem, por lá, os formuladores de políticas setoriais que é preciso tomar medidas compensatórias para que não hajam choques e traumas. Portanto, é preciso, aqui também, que os impactos sejam dimensionados corretamente e que medidas compensatórias sejam pensadas antes de se tomar decisões estapafúrdicas. Não é desejável que um setor tecnicamente eficiente seja duplamente penalizado, pela política macroeconômica e pela política de comércio externo, sem que algo seja feito em sua defesa.

Concluindo, estou com o Dr. Hafers. é preciso discutir melhor.

Atenciosamente,

Rufino


<b>Caro Rufino,</b>

Fico feliz em, pegando carona no artigo de Sylvia e Bruno, ter conseguido trazer tantas contribuições interessantes à discussão desse tema tão premente e ainda um tanto obscuro. Se tivesse havido uma discussão, antes da formatação do Pepro, creio que poderia ter ocorrido algo do mesmo nível, mas, infelizmente, não houve espaço para tal e, sem que ainda se conheça os efetivos resultados, já se fala em sua manutenção no ano que vem.

Voltando a questão do drawback, existem várias vertentes a ser exploradas. E é muito pertinente a sua abordagem. Bancaremos os bonzinhos num mundo em guerra comercial?

Que continuemos a discutir e, tomara, os formuladores das políticas para o setor nos ouçam e, se não for pedir demais, juntem-se a nós!

Abraço,

Renato Fernandes
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 10/08/2007

Renato,

O drawback pode até ser positivo para indústrias, pode até ser negativo para produtores (acho que no longo prazo pode até mesmo ser positivo, com efeitos na melhoria de eficiência produtiva, etc), mas acho que existem outros condicionantes que são tão ou mais sérios que o próprio drawback.

A princípio sou sempre a favor de termos mais "liberdade" no mercado e destarte aumentarmos a eficiência de toda a cadeia produtiva e que podemos ter até mesmo ganhos líquidos no final das contas. É claro que se ganharmos em valor agregado de nossas exportações é bom pra todo mundo, e até mesmo para as indústrias que ganham em eficiência e qualidade, com bons reflexos para consumidores também no Brasil.

Só não podemos esquecer que para efeitos de exportação, sobretudo quando falamos de torrado e moído, o mercado mundial é concentrado e apenas 5 ou 6 (mega)empresas detém 70% deste mercado mundial, e as nossas exportações são ridículas (algo como 0,2% da receita cambial (o solúvel leva uma fatia média de 7,5% da receita cambial).

Será que o drawback poderá ter o poder transformador de que as empresas do lado de cá da fronteira necessitam? Será que o fato de facilitar a importação para estas indústrias formarem blends terá o efeito de lhes garantir um espaço maior no mercado mundial? Como ficará o relacionamento entre produtores e as indústrias?

Estas e outras perguntas devem ser respondidas, mas o diabo da questão é que o macroambiente econômico (social e político também) influi diretamente nestas questões, sobretudo o ambiente econômico (competitividade) brasileiro. Os custos que empresas e produtores da Terra Brasilis enfrentam são vergonhosos. Temos câmbio desfavorável, temos impostos pornográficos, temos custos de logística estratosféricos, temos burocracia em excesso, temos contingenciamento de verbas para defesa sanitária (e aí temos um risco associado no próprio drawback), etc ("Cansei!" de listar).

Só não sei se temos governo de menos ou governo de mais. Acho que temos os dois, pois temos governo de menos onde ele deveria atuar (infraestrutura, defesa sanitária, etc) e "demais" no peso do Estado sobre a economia; nos vinte e tantos mil cargos de confiança (que rendem uma boa "graninha" para os cofres partidários dos companheiros) e na expansão dos gastos de custeio em detrimento dos gastos em investimento (que geram todo o custo Brasil, e dificulta tanto a vida de empresas, produtores, consumidores, brasileiros etc).

Um cordial abraço,

Eduardo

<b>Caro Eduardo,</b>

Vivemos no país onde se faz o impossível para arranjar justificativas para nos convencer de que o necessário não pode ser feito. Temos que nos contentar com "o possível", ou seja, muito próximo da mediocridade.

Se as condições estruturais fossem decentes, nossa indústria de solúvel seria competitiva, mesmo nos períodos em que a importação de café fosse inviável por questões de preço.

O caminho é continuar apontando alternativas e esperando, até que o necessário se torne urgente.

Forte abraço,
Renato Fernandes
ROBERTO TICOULAT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/08/2007

Prezado Renato,

Toda vez que aparece um artigo sobre a possibilidade da realização do drawback eu agradeço trazer o assunto para a discussão para podermos ponderar e, com certeza, aprender sobre a possibilidade de ganhos para a o setor como um todo.

Apesar de eu ter meu negócio focado na exportação de café solúvel, tenho defendido o tema tendo em vista meu conhecimento do mercado exterior e da constatação das perdas que nosso setor café tem em não poder praticar o drawback.

Antes de mais nada sou um defensor da competitividade do elo de nossa cadeia produtiva e podemos afirmar que o setor exportador não teve problemas com relação aos preços do café conilon neste ano que passou, quando inclusive aumentamos as nossas exportações de conilon, apesar da produção ter sido estável e termos observado forte aumento no consumo.

A defesa do drawback de café conilon é para evitar escassez que impossibilite a atividade por curtos períodos de tempo na entre-safra como vivenciamos em anos anteriores. Eu tenho uma experiência de ter comprado conilon em um mês de janeiro para entrega imediata a um preço e ao mesmo tempo ter comprado para entrega em abril safra nova pela metade do preço.

Recentemente apareceu a notícia de importação de café no Vietnã e os preços internacionais subiram. Cabe destacar que os países produtores de robusta estão do outro lado do mundo e os custos para trazer café de lá são extremamente elevados.

No caso do café arábica a defesa do drawback é para compor blends para atender as necessidades dos mercados consumidores que não aceitam cafés de somente uma origem.

Tenho viajado por diversos países e sofrido em verificar a perda da nossa competitividade por não praticarmos o drawback. Em todos os países que existe a possibilidade de drawback a indústria cresceu e com o aumento de demanda, em alguns casos, passou a se exportar menos café verde em detrimento a café industrializado. O número de indústrias aumentou na Índia, Equador, Indonésia, Vietnã, México e Colômbia dentre outros países.

Por incrível que pareça o nível de impostos para cafés industrializados nestas origens também é menor do que para o café industrializado no Brasil. O benefício de aumento no parque industrial brasileiro seria imediato e não entendo porque não experimentar. Os setores industriais já realizaram inúmeras propostas para iniciarmos o processo, havendo aceito todas as solicitações de todos os setores envolvidos.

Com certeza o drawback não é o único limitador para o crescimento da exportação de produtos com maior valor agregado e necessitamos da união do setor para eliminarmos os vários entraves que acabam sempre deprimindo o preço para o setor produtivo.

Agradeço mais uma vez pelas ponderações do seu artigo pois auxilia no amadurecimento, apesar de tardio, da idéia do drawback.

De mais a mais, o setor industrial não está pedindo nada mais do que o cumprimento da lei.

Atendiosamente,

Roberto Ticoula

<b>Caro Roberto,</b>

Posições bem embasadas e transparentes, como a sua, são o melhor remédio contra o maniqueísmo que contamina essa discussão.

Concordo plenamente que o que a indústria está pleiteando não é nada mais do que cumprimento da lei, pois não é proibido importar café verde. Na movimentação feita no início deste ano, talvez tenha faltado deixar isto mais claro e, por outro lado, eu sugeriria uma ação concreta na busca de elucidação dos possíveis problemas fitossanitários (acionando o Mapa para estudá-los), a qual poderia correr em paralelo à discussão da regulamentação do drawback.

Como disse, se o processo for bem conduzido, pode-se chegar ao jogo de ganha-ganha e pode-se também conseguir eliminar os outros gargalos que minam a competitividade da cadeia.

Abraço,
Renato Fernandes
LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/08/2007

Tenho sido muito criticado como defensor do drawback. A verdade é outra. A longo prazo acho o drawback inevitável. O que proponho é uma discussão para evitar que ele venha com casca e tudo.

Lembre se do desastre que foi com o algodão quando importaram 1 bilhão de dólares a juro baixo. Quero cotas ,limites e cuidados.

A indústria de solúvel perdeu 40% do mercado em crescimento por falta de competitividade. E o grande aumento de consumo mundial será com solúvel. Ninguém começa a tomar café com coador. Quando uma fábrica já instalada no Brasil optou por fazer uma na Espanha, me assustei.

<b>Caro Sr. Luiz,</b>

Já que é inevitável, não podemos parafrasear a ministra do Furismo, relaxando e ...

Como você muito bem disse, o assunto tem que ser discutido e as perdas muito bem dimensionadas, para que possamos contrapô-las aos possíveis ganhos, que certamente existem e podem ser distribuídos por toda a cadeia.

Forte abraço,
Renato Fernandes

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