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"Atoleiro maldito"

POR JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 10/04/2008

10 MIN DE LEITURA

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Hoje, meus conceitos e vontades, em continuar mostrando aos cafeicultores que existem soluções, apesar do cenário desfavorável que se apresenta, foram potencializados. Mesmo tendo conhecimento que alguns - principalmente lideranças - rechaçam esta idéia por acreditarem ser contrária a interesses pessoais, continuarei em frente.

Talvez, movido por algo mais forte, conforme alguns trechos logo abaixo, extraídos de Chico Xavier.

"Que eu realimente sempre a vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, sentir, entender ou utilizar esta ajuda;

Que eu retroalimente minha garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são ingredientes tão fortes quanto o sucesso e a alegria;

Que eu atenda sempre mais a minha intuição, que sinaliza o que de mais autêntico possuo;

Que eu pratique sempre mais o sentimento de justiça, mesmo em meio à turbulência dos interesses;

Que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada vida, criada por alguém bem superior a todos nós! E que as grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns e, sim, nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós!"


Pois bem, às vezes, quando tudo se parece perdido, nada melhor que recorrermos ao nosso íntimo, nossa consciência, e assim evocarmos nossos valores existenciais e morais sabendo que são mais fortes e presentes do que sermos derrotados pela falta "aparente" de perspectivas nos negócios.

Baseando-me nestes valores morais e agregando-os devidamente com os valores profissionais, tomei há pouco mais de um mês a posição firme e inabalável de, mesmo atropelando qualquer sistema ou pessoa, que se oponha a meus conceitos, mostrar aos cafeicultores como criar perspectivas para sair deste "atoleiro maldito", onde a maioria se encontra.

Tenho e sempre tive muita firmeza naquilo que digo e defendo profissionalmente.

O produtor sempre foi alvo de ataques e especulações, sendo que nunca o ensinaram a se defender; agora, terá de aprender.

Tenho rebatido, há muitos anos, posições e idéias errôneas, as quais contribuíram e continuam contribuindo para aprofundar o atoleiro em que os cafeicultores se enfiaram.

Existem, cinco (05) aspectos básicos responsáveis por este cenário:
1)Falta de profissionalismo no gerenciamento das propriedades;
2)Falta de profissionalismo no gerenciamento das Cooperativas "dos Cafeicultores", ao contrário de "Cooperativas dos diretores";
3)Falta de profissionalismo na condução do que as "ditas lideranças" imaginam em fazer, porque na realidade nunca fazem e nunca fizeram;
4)Falta de profissionalismo e ética de quase todo o sistema de apoio, que ao invés de alertar aos cafeicultores o que estaria por vir, apenas se alimentam com a ignorância destes;
5)Falta de vontade do produtor em rechaçar as constantes "ladainhas politiqueiras", que apenas geram proveitos e vantagens a alguns poucos oportunistas. Certamente, os cafeicultores estão sendo utilizados como "comida de carneiro". Não há erro no que escrevi, é isto mesmo "comida de carneiro", pois os que estão se alimentando da falta de orientação dos cafeicultores não possuem "status' para além de carneiros, por faltar-lhes preparo gerencial e interesse político, apesar de que possuem em excesso o "oportunismo maléfico". Imaginem, então, o "status" do cafeicultor. Claro, havia me esquecido, quem está afundado num atoleiro não possui "status".

Mas, a proposta será tirar do atoleiro e não ficar retratando o que é fato consumado.

Portanto, se desejam sair desta situação, percebam que existe apenas um caminho.

Em apenas 02 anos a contar de agora precisarão de:
1)Política cafeeira baseada em preços mínimos regionais (aqueles custos que suportam eficientemente as contestações);
2)Eficiência produtiva/financeira (fato que a maioria necessita);
3)Serem os melhores, em tudo, - custos - produção - produtividades- sustentabilidade- etc. (fato que absolutamente estão distantes de possuírem).
4)Respeitarem seus concorrentes externos, pois estes estão sinalizando fortes intenções de crescimento produtivo e se possível os fazerem desistir, ou os dissimularem a competir. (fato pouco provável de acontecer e possivelmente ocorrerá o inverso).

Terão apenas dois anos para isto, caso contrário, em cinco anos terão provavelmente se sucumbido perante suas dívidas e seus concorrentes externos, perderão espaço produtivo e comercial, perderão seus clientes, perderão suas propriedades.

Façam o que for preciso fazer; o tempo não espera.

Claro, terão de repensar em termos de novas lideranças, com perfis sintonizados com esses desafios, visando ajudar nessa travessia.

Sobre custos de produção, no sentido de o estabelecerem como preço mínimo de garantia, existem alguns fatores a serem levados em consideração:
1)Arábica e Robusta são distintos, possuem características e conduções diferenciadas, portanto custos também diferenciados;
2)Existem 03 tipos de custos produtivos, sendo que apenas um deles funciona e deve ser levado em consideração:

2.1) Custo teórico - Geralmente é apresentado através de tabelas e gráficos, com muitas equações matemáticas procurando dar sustentação. Não suportam rebatidas ou contestações; são frágeis. São apresentados com valores muito próximos aos dos preços de venda do produto (café), indicando preferencialmente um pequeno prejuízo. A razão de indicar apenas um pequeno prejuízo está no fato de não confessar que a atividade está deficitária, pois isto inibiria o farto banquete dos fornecedores e fabricantes, que possuem todo o interesse em tirar "tudo" dos produtores, rapidamente. Na prática, estes números, perdem seus valores e não acontecem. Após a confirmação de que por um motivo qualquer não ocorreu a identidade entre o custo planejado e o realizado colocam a desculpa em qualquer fator incontrolável, como variações climáticas ou pela "falta de sensibilidade angelical por parte de São Pedro".

O atoleiro se aprofunda e o produtor não percebe.

2.2) Custo medido - Não há planejamento. Se houver, será apenas um "chute por projeção de custos", o qual não tem finalidade alguma a não ser machucar a canela do produtor. Nesta modalidade o produtor mede tudo, principalmente o tamanho do prejuízo que ele obteve. Neste, o produtor, apesar de medir tudo, não controla absolutamente nada. Ao final, de forma alguma deseja saber do resultado, mas é capaz de divulgar, tendo pessoas que acreditarão, que os custos foram precisamente medidos e se apresentaram muito próximos ao preço de venda, com um pequeno lucro, porém, insuficiente para novos investimentos no ano seguinte; necessitando assim de maiores linhas de crédito para custeio. Aqui, o erro ou problema estará quase sempre no preço de venda, ou então, como carta de manga -"aquela carta mágica" - dirão, que foi a maldita da seca ocorrida seis meses antes da florada...e por aí vai, se não for uma será outra a desculpa.

O produtor se atola cada vez mais e mal consegue olhar para fora do lamaçal.

2.3) Custos realizados por metodologias eficientes - Há planejamento, com orçamentos de custos. Não existem fórmulas acadêmicas, mas sim a composição direta e precisa de todas as atividades inerentes a cada processo. Ao final, após simulações sucessivas, os processos são avaliados em conjunto e isoladamente através de metodologias de análises e soluções de problemas. Seria a aplicação direta e precisa do profissionalismo associado à experiência. Os valores apresentados retratam precisamente um cenário específico, podendo ser generalizados a uma determinada condição, desde que precisamente explicados e justificados. São apresentados números que tudo teriam a ver com os preços de venda, por serem calculados e planejados de forma a sempre estarem inferiores a estes e assim gerarem lucros. Suportam criticas e contestações. Ao contrário dos demais, mesmo sujeitos a alterações devido a acidentes climáticos, se comportam com maior estabilidade. A razão desta estabilidade, ou equilíbrio, está no fato de serem elaborados para um intervalo, ou período, maior de anos agrícolas. Desta forma, na presença de algum acidente climático, ao invés de se utilizar deste para desculpas, tem-se como reequilibrá-los através das estratégias de defesa em anos posteriores e dentro do período planejado. O importante neste tipo de custos é o fato de serem elaborados rigorosamente para atender e suportar as necessidades do produtor, sob quaisquer condições de preço de venda. É difícil para um leigo entender e compreender o significado exato destas palavras, mas torna-se importante acreditar, pois o conceito a ser utilizado é de defesa do cafeicultor em primeiro plano, para em seguida pensar no resto. Este é o conceito utilizado largamente em todas as empresas e atividades. A finalidade principal é a satisfação do ser humano, sendo que a atividade produtiva seria o meio utilizado a obter esta e não o contrário, conforme fazem.

Na presença destes custos não existe atoleiro.

3)Política cafeeira sustentada sobre o preço mínimo de garantia - Para o café arábica, na produtividade de 23 sacas por hectare, o custo de produção unitário situa-se no intervalo entre R$350,00-R$500,00. Em se tratando de intervalo de valores, conforme apresentado, poderemos generalizar como sendo o padrão médio de custos, no Brasil.

Evidentemente, neste intervalo estaria incluída a retirada pró-labore, mas não os lucros.

Este custo tem sua total defesa e comprovação.

O fato de ter citado o intervalo de custos ao invés de citar apenas um valor especifico procede do fato de existirem produtores mais ou menos eficientes e isto considerando o universo dos produtores. Evidente, que podem existir variações a menor ou maior que este intervalo de preços, porém, não representariam a formação da média e assim não se procedem ao caso.

Defenderia o valor enquadrado no limite superior, ou seja, de R$500,00, como sendo o preço mínimo de garantia para o café arábica, em função do passivo de dívidas acumuladas ao longo dos anos e da falta de profissionalização do setor.

Sobre este valor, evidentemente, está contida a parcela de ineficiência operacional, melhor designada como desperdício operacional, porém, justificadamente existente. O valor mínimo do intervalo, ou seja, R$350,00 se refere ao custo sem os desperdícios, porém, obtido por poucos, portanto não devendo ser considerado, inicialmente, para efeito de solução. Em definição a uma política de proteção ou de sustentação será necessário falarmos e tratarmos de médias sobre preços e produtividades.

O preço de R$500,00 sendo estabelecido como mínimo de garantia, num primeiro momento, contemplaria a ineficiência, mas necessário, pois a atividade a possui, sendo esta a verdadeira razão ou causa para a falta de condições de superação econômica da atividade. Desta forma e ciente da necessidade de soluções, o estabelecimento deste teto como mínimo de garantia deveria obedecer a prazo máximo de dois (02) anos, sendo que transcorrido o mesmo o valor do preço mínimo seria reduzido ao limite inferior, ou seja, R$350,00.

Durante estes dois anos, o preço de R$500,00 estaria regendo a recuperação financeira dos cafeicultores e fazendo-os implantar modelos produtivos/financeiros eficientes em suas propriedades. Muitos ou alguns não conseguirão, por motivos diversos, se ajustar a uma corrida pela eficiência e sobrevida de seu agronegócio, porém, isto é outra história, pois a política com sua inerente concepção estaria criada.

Conscientemente o valor de R$150,00, retratado pela diferença entre o intervalo apresentado, faria o governo adquirir um percentual de café, anualmente, gerando com isto até mesmo estoques, que mais tarde viriam a ser reguladores para a industria, nunca para a produção. Mas, neste caso, seria a política de sustentabilidade e isto significaria enxergar o todo e não apenas um aspecto.

Este período de dois (02) anos, apesar de ser muito curto, teria necessariamente de ser eficientemente aproveitado, pois os fatores externos continuarão rapidamente a pressionar os cafeicultores brasileiros, mesmo que estes estivessem sem problemas financeiros.

O cenário mundial está e permanecerá extremamente desfavorável aos cafeicultores brasileiros. Neste breve período terão de criar e estabelecer os fatores mais complexos e difíceis: produtividades elevadas e custos fortemente reduzidos. A conseqüência direta será o aumento pronunciado da produção e assim outros fatores entrarão em cena. Serão os efeitos da corrida pela eficiência, será o custo da globalização; são leis do capitalismo.

Não adiantará contestarem estes argumentos. Faltam poucos anos para se adaptarem, ou então mudarem rapidamente de atividade.

4)Custo do desperdício operacional - Considerando o percentual de até 50% , como parcela de desperdício operacional sobre a produção (sem considerarmos os desperdícios de produtos), apenas em relação à produção do café arábica e estimando esta, anualmente, em 18 milhões de sacas, então teremos que o valor financeiro desperdiçado seria de 18 milhões de sacas x R$150,00 (custo unitário do desperdício) = R$2,7 bilhões, anuais. No intervalo dos próximos cinco (05) anos a perda - prejuízo - na atividade produtiva cafeeira estaria em R$2,7 bilhões x 5 = R$13,5 bilhões. Este número é altamente comprometedor e merecedor de maiores atenções por parte dos governantes. Da mesma forma, deveria ser de maiores atenções de todos os envolvidos na cadeia produtiva do café.

A comprovação destes dados é extremamente fácil, bastando para isto as devidas discussões, análises e principalmente vontade em perceber o que é profissionalmente correto.

5)Divida da cafeicultura X Custo do desperdício - O custo do desperdício operacional - sem considerarmos, aqui, os existentes desperdícios de produtos, os quais dimensiono em 26% do valor acumulado dos produtos - somam aproximadamente R$2,7 bi, anualmente. Este número, por demais comprometedor, inibe qualquer crescimento na atividade e conseqüentemente com reflexos diretos no crescimento e economia do país.

Considerando, que a divida da cafeicultura em Minas Gerais, o estado maior produtor, esteja em R$2,2 bi, acredito que em apenas um (01) ano sem desperdícios operacionais, a divida brasileira da cafeicultura seja paga pela própria economia operacional.

Portanto, percebam a gravidade, profundidade e conseqüências destas afirmativas.

Neste caso, totalmente procedente e até mesmo necessário, seria o próprio governo absorver esta dívida, porém, exigindo como contra-partida dos cafeicultores a implantação de eficiências gerenciais específicas, no sentido de eliminar este gravíssimo fator.

Desta forma, está apresentada a solução principal. O restante, ou seja, o complemento a esta, serão os adornos, necessários ao estabelecimento e regulamentação de uma política justa e sustentável.

JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

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JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/04/2008

Sr. Carlos Eduardo Andrade

Quanto a informações sobre produções anuais acredito que deveria ficar sob a responsabilidade da própria produção. O cafeicultor e o sistema de apoio devem observar que apesar da atividade produtiva ser primária, isto não significa absolutamente que os conceitos e todos os demais procedimentos e condutas necessárias à sua eficiência também necessitem ser primários.
Ao governo caberiam as demais informações sobre exportações e consumos, bem como executar uma política aprovada.
Delegar ao governo estudo sobre viabilidade sócio-econômica da atividade é passar atestado de incompetência, além de transferir uma responsabilidade inerente a cada segmento produtivo. Quem deve saber e divulgar informações desta natureza é a própria linha de produção.
Um dos grandes problemas está no sistema de apoio acreditar ser auto-suficiente em gerir suas políticas, enquanto no mercado de trabalho existem profissionais com brilhante capacidade profissional e que com muito maior facilidade apresentariam propostas solucionadoras, ao invés de ficarem liquidando os cafeicultores e suas famílias.
Pelas informações que obtenho, existem diferenciais expressivos entre as estimativas de produção anunciadas por fontes do governo, se comparadas a fontes externas, sendo que interessantemente as fontes externas têm acertado mais em suas previsões.

JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/04/2008

Prezado sr. Carlos Eduardo Andrade

Elaborando e acompanhando, precisa e pontualmente, todos os fatores formadores do custo, chegamos à conclusão de diferenciais extremamente significativos a maior que o preço atual de venda.
A divulgação destes valores, ao contrário do que os vaidosos imaginam, produzirá o necessário equilíbrio financeiro que o produtor necessita. O cafeicultor não tem mais onde apelar para recursos financeiros em continuar produzindo seu café arábica.
Em meus textos, procuro manter a atenção focada no universo dos cafeicultores com suas médias produtivas e seus custos elevados. Por outro lado, se a intenção ao se desejar criar uma política cafeeira for pela exclusão destes, então não precisam fazer absolutamente nada, pois naturalmente quem estiver produzindo a menor que 30 sacas por hectare estará fora do mercado rapidamente. Desta forma ninguém terá de culpar ninguém pelo fim da maioria da maioria dos cafeicultores, pois bastará colocar a culpa no mercado globalizado.
Os argumentos e fatos que procuro mostrar são focados a apresentar alternativas de solução. Os preços, mesmo elevados, que indico são apresentados, geralmente, em intervalos, para assim mostrar os resultados de todos, ou seja, dos mais e dos menos eficientes, dentro de uma mesma produtividade. Mesmo os mais eficientes, considerando produtividades menores que 30 sacas por hectare, não estão suportando o custo de produção. Por isto, defendo conforme minha linha de pensamento no artigo referenciado.
Quanto ao aspecto de criar uma política cafeeira calcada em preços mínimos de garantia e evidentemente, com estes elaborados com precisão de acontecimento, nada mais justo e preciso. Certamente, provocaria o devido equilíbrio financeiro da atividade e conseqüentemente o desejo do produtor em ampliar seu parque cafeeiro.
Em conseqüência, naturalmente, haveria aumento de produção, porém, existindo política cafeeira, todos os fatores, tais como este, seriam devidamente estruturados, pois a política seria de sustentação.
Por outro lado, lemos diariamente pelos noticiários a intenção de diversos países em incrementar suas produções, melhorar a qualidade de seus produtos, enfim, todos querendo o maior pedaço do bolo. Sendo isto uma realidade, percebemos que sendo o Brasil ainda o maior produtor de cafés, os demais países estariam, neste caso, fatiando e comendo a parcela que seria nossa. Então, porque não faríamos o mesmo jogo e aumentando significativamente nossa produção, com significativa redução dos nossos custos, abocanhássemos a fatia destes, por menor que fosse? Não é esta a lei de mercado? Não é assim que se sobrevive comercialmente? Se fizéssemos isto, agregando valores sociais e ambientais, então estaria a cafeicultura brasileira nos trilhos e não acidentada, como atualmente.
Continuarei a seguir, por falta de espaço aqui...faltam caracteres...até isto falta!
JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/04/2008

Prezado Sr. Carlos Eduardo de Andrade

As tentativas de garantir ao cafeicultor a renda foram formuladas e formalizadas utilizando-se dos conceitos de "apaga incêndio". Nenhuma medida eficiente, visando o longo prazo e que contemplasse a sustentabilidade econômica/financeira da atividade foi tomada.
Esta política do "apaga fogo" provocou efeitos negativos na cafeicultura, assim como na formação dos cafeicultores. Criou-se, em redutos tradicionalistas, uma imagem surrealista do perfil do cafeicultor, levando-o a se considerar perpetuamente como sendo "O Barão" e assim, com todos os direitos que a corte lhe deveria proporcionar.
Acontece que a realidade é bem diferente desta fantasia surreal.
A política "guarda chuva", assim mencionada pelo senhor, acredito não ter sido a responsável pelo estímulo a outros países ampliarem suas produções cafeeiras. Enquanto o Brasil perdia mercado internacional, por não ter possuído a competência necessária e em tempo, para se integrar na economia globalizada, demais países se aproveitaram desta fatídica falta de visão. Assim, estes saíram de produções acanhadas e passaram a posições de destaque produtivo, conquistando mercados.
A falta de uma política de longo prazo reflete na maioria dos problemas atuais, vividos pelos cafeicultores. De nada adiantará culpar outros fatores, desde que não exista política de sustentação. Sabemos conscientemente que esta não existe e isto é um fato. Este é o fato responsável na consolidação do cenário desolador, que abate os produtores de arábica, atualmente e abaterá os produtores do robusta, amanhã, sendo conduzidos pela mesma falta de política.
Quanto aos fatores formadores de custo, tais como mão de obra, insumos, preço de máquinas e equipamentos e etc, certamente o país perdeu competitividade, principalmente a partir do inicio deste ano agrícola. Algo precisaria ser feito a tempo, mas a "burrocracia" não permitirá nenhuma solução a contento e principalmente a tempo. Neste caso, criou-se, uma condição de inviabilidade econômica para as atuais produtividades médias obtidas.
Elevar esta produtividade, chegando mesmo a necessitar triplicá-la, em um intervalo curto de tempo seria uma utopia, portanto não aconteceria. Assim, ao cafeicultor, só restaria lutar com os argumentos absolutamente verdadeiros.
Dentre estes, o fundamental, seria o custo de produção. Não iremos polemizar esta discussão, mesmo porque, atualmente, estou exausto em tentar ilustrar este assunto, deixando isto para o lançamento, em breve, de meu livro.
O cafeicultor, há décadas, não consegue liquidar seus financiamentos, além de ano após ano necessitar de maiores aportes financeiros. A falta de condições de pagamento não é devida ao fato do produtor não querer pagar, mas sim, por não poder pagar. Isto é elementar, pois a atividade produção de café arábica em sua quase totalidade enfrenta este cenário.
Elaborando e acompanhando, precisa e pontualmente, todos os fatores formadores do custo, chegamos à conclusão de diferenciais extremamente significativos a maior que o preço atual de venda.
A divulgação destes valores, ao contrário do que os vaidosos imaginam, produzirá o necessário equilíbrio financeiro que o produtor necessita. O cafeicultor não tem mais onde apelar para recursos financeiros em continuar produzindo seu café arábica.
Em meus textos, procuro manter a atenção focada no universo dos cafeicultores com suas médias produtivas e seus custos elevados. Por outro lado, se a intenção ao se desejar criar uma política cafeeira for pela exclusão destes, então não precisam fazer absolutamente nada, pois naturalmente quem estiver produzindo a menor que 30 sacas por hectare estará fora do mercado rapidamente. Desta forma ninguém terá de culpar ninguém pelo fim da maioria da maioria dos cafeicultores, pois bastará colocar a culpa no mercado globalizado.
Os argumentos e fatos que procuro mostrar são focados a apresentar alternativas de solução. Os preços, mesmo elevados, que indico são apresentados, geralmente, em intervalos, para assim mostrar os resultados de todos, ou seja, dos mais e dos menos eficientes, dentro de uma mesma produtividade. Mesmo os mais eficientes, considerando produtividades menores que 30 sacas por hectare, não estão suportando o custo de produção. Por isto, defendo conforme minha linha de pensamento no artigo referenciado.
Quanto ao aspecto de criar uma política cafeeira calcada em preços mínimos de garantia e evidentemente, com estes elaborados com precisão de acontecimento, nada mais justo e preciso. Certamente, provocaria o devido equilíbrio financeiro da atividade e conseqüentemente o desejo do produtor em ampliar seu parque cafeeiro.
Em conseqüência, naturalmente, haveria aumento de produção, porém, existindo política cafeeira, todos os fatores, tais como este, seriam devidamente estruturados, pois a política seria de sustentação.
Por outro lado, lemos diariamente pelos noticiários a intenção de diversos países em incrementar suas produções, melhorar a qualidade de seus produtos, enfim, todos querendo o maior pedaço do bolo. Sendo isto uma realidade, percebemos que sendo o Brasil ainda o maior produtor de cafés, os demais países estariam, neste caso, fatiando e comendo a parcela que seria nossa. Então, porque não faríamos o mesmo jogo e aumentando significativamente nossa produção, com significativa redução dos nossos custos, abocanhássemos a fatia destes, por menor que fosse? Não é esta a lei de mercado? Não é assim que se sobrevive comercialmente? Se fizéssemos isto, agregando valores sociais e ambientais, então estaria a cafeicultura brasileira nos trilhos e não acidentada, como atualmente.
Quanto a informações sobre produções anuais acredito que deveria ficar sob a responsabilidade da própria produção. O cafeicultor e o sistema de apoio devem observar que apesar da atividade produtiva ser primária, isto não significa absolutamente que os conceitos e todos os demais procedimentos e condutas necessárias à sua eficiência também necessitem ser primários.
Ao governo caberiam as demais informações sobre exportações e consumos, bem como executar uma política aprovada.
Delegar ao governo estudo sobre viabilidade sócio-econômica da atividade é passar atestado de incompetência, além de transferir uma responsabilidade inerente a cada segmento produtivo. Quem deve saber e divulgar informações desta natureza é a própria linha de produção.
Um dos grandes problemas está no sistema de apoio acreditar ser auto-suficiente em gerir suas políticas, enquanto no mercado de trabalho existem profissionais com brilhante capacidade profissional e que com muito maior facilidade apresentariam propostas solucionadoras, ao invés de ficarem liquidando os cafeicultores e suas famílias.
Pelas informações que obtenho, existem diferenciais expressivos entre as estimativas de produção anunciadas por fontes do governo, se comparadas a fontes externas, sendo que interessantemente as fontes externas têm acertado mais em suas previsões.
CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 11/04/2008

Sem entrar no mérito da metodologia de cálculo de custo e/ou desperdício e demais assuntos tratados no artigo, gostaria de lembrar que durante muitos anos o Brasil vem tentando, a todo custo, garantir renda aos cafeicultores. Adotou a famosa política "guarda-chuva" para a cafeicultura, onde os preços foram mantidos altos, artificialmente, por meio de várias medidas, tais como: retenção, política cambial, queima de estoques, arranquio de lavouras, aquisição de café pelo governo federal, política de preços mínimos e etc.
A política "guarda-chuva" estimulou vários outros países a produzirem café e assim o Brasil, que antes era detentor de mais de 60% do mercado, caiu para algo em torno de 30% atualmente.
Não podemos esquecer que, em muitos países concorrentes do Brasil, o custo da mão-de-obra é o bem mais baixo e os encargos sobre a folha de pagamento praticamente não existem.
Um dos problemas de renda que tanto a cafeicultura como quase todos os demais produtos agrícolas de exportação estão enfrentando atualmente no Brasil é o câmbio valorizado e alto preço dos insumos. E no caso específico da cafeicultura, como ela é uma atividade intensiva em mão-de-obra a elevação do valor do salário mínimo vem a cada ano pesando mais no custo de produção.
Outro aspecto que não se pode esquecer é que no mercado produtos agrícolas se aproximam da competição pura, ou seja:
1-O números de compradores e vendedores é suficientimente grande tal que um indivíduo não pode influenciar o preço, e sua decisão de comprar ou vender não influencia no mercado.
2- O produto é suficientemente homogêneo, tal que o produto de uma firma é um perfeito substituto para outra firma.
3- Não há restrição da demanda ou oferta, ou preço, tal como intervenção do governo ou colisão entre firmas.
4- Existe mobilidade de recursos e produtos na economia, isto é, a nova firma é livre para entrar e sair do mercado.
Se houver uma política de preços mínimos baseada em produtores menos eficientes tal como os de produtividade de 23 sacas por hectare, no país, haverá um amplo plantio de café e assim no mercado se terá um excedente de oferta, pois os mais eficientes têm custo muito menor e nesse caso iriam ampliar enormemente a sua produção e o estoque subiria a níveis incalculáveis.
O que no Brasil se precisa urgentemente é uniformizar as informações a respeito da nossa cafeicultura como um todo.
Deve-se cobrar das autoridades constituídas no país um fortalecimento da CONAB, no sentido de se aprimorar cada vez mais a previsão de safra do Brasil, assim como as informações de consumo doméstico, exportações e estoques.
Quanto mais fidedignos forem os números, maior credibilidade e menor serão os espaços para especulação.
Os números relativos à produção, estoque, exportação e consumo doméstico têm de fechar, ou no mínimo, têm de estar próximos do fechamento.
Não pode haver uma diferença de 10.000.000 de sacas. A margem de erro tem de estar na faixa do aceitável, no máximo 5%.
Também as autoridades devem se preocupar com o estudo permanente da sócio-economia da cafeicultura, para que na cadeia café, o variado desencontro de informações, uma enorme assimetria de informação, conforme detectada por vários pesquisadores, não exista.

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