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Um balanço de 2009

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 28/12/2009

4 MIN DE LEITURA

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Com o fim de mais um ano, é chegado o momento das inevitáveis reflexões. Do ponto de vista dessa coluna, 2009 foi um ano agitado, em que temas importantes foram discutidos e, fundamental, contribuições valiosas foram dadas por vocês, leitores. Assim sendo, agradecemos a atenção ao longo de mais este ano de parceria com o CaféPoint.

Feita a introdução, convidamos todos a repassar os principais tópicos aqui discutidos desde janeiro. Aproveitaremos o exercício para consolidar algumas impressões maturadas a partir dos debates.

Um mundo em constante mutação

Na esfera internacional, 2009 observou o início da recuperação das principais economias do mundo. Com diferenças importantes no ritmo ou desdobramentos desse processo, o fato é que as previsões apocalípticas que marcaram o tom do ano passado deram lugar a um otimismo comedido. Sobre o futuro do capitalismo, há pouco a ser dito, tamanha a quantidade de análises produzidas acerca do tema. Outro tema, entretanto, mais interessante por sinal, diz respeito aos humanos, principais responsáveis pelas instituições existentes nas distintas sociedades ao redor do globo.

A esse respeito, gostaríamos de lançar uma única provocação, qual seja: qual o real peso dos modelos, ditos infalíveis ou não, para o estabelecimento de previsões e padrões na área econômica? Isso porque é impressionante a mudança brusca no comportamento dos analistas, que da depressão profunda passaram ao otimismo, comedido é verdade, mas ainda assim representando uma mudança rápida demais nos prognósticos.

Ao que parece, o peso que a necessidade de crescimento constante da economia exerce sobre a mentalidade dos humanos joga um papel considerável na determinação de suas opiniões. Quando somada a uma tendência natural, de exagerar os padrões a fim de fortalecer as posições, o resultado são essas guinadas bruscas no humor, capazes de deixar qualquer um perdido. Fato é que, mais do que nunca, os humanos precisam de outras regras para mensurar o sucesso de sua ação na esfera econômica, ou seguirão presos ao desespero inerente a uma lógica apegada à necessidade de expansão constante.

Outro importante desafio global, o aquecimento global, foi tema de inúmeras controvérsias e poucas decisões. Tema dos mais polêmicos, e que certamente vem sendo contaminado com os extremismos de ambos os lados do debate, a questão climática deixa importantes pontos para nossa reflexão: (1) o princípio da precaução não nos obriga a tomar uma atitude consistente contra uma ameaça que, segundo as pesquisas publicadas, é real? (2) não seria interessante para a humanidade, independentemente da participação do ser humano no aquecimento global, a transição para uma economia menos dependente de combustíveis fósseis?

Dívidas: problema interminável?

Como não poderia deixar de ser, 2009 foi um ano de grande agitação para a cafeicultura. Ao longo do ano foi possível acompanhar os desdobramentos das principais polêmicas do setor no CaféPoint, algo que tentamos, na medida do possível, discutir. O primeiro ponto merecedor de atenção, e que vem sendo uma constante para o setor agrícola, é a questão do endividamento.

Indo além de tudo o que foi discutido nos últimos meses, a impressão que fica é a de que uma reorganização profunda da forma como produzimos no campo faz-se mais do que necessária.

Em outras palavras, é fundamental que informação de melhor qualidade chegue aos agentes relevantes, de modo a permitir um melhor planejamento do presente e do futuro. Parcela considerável dos produtores rurais brasileiros controla sua contabilidade de maneira precária, o que prejudica a sua própria atividade e dificulta o acesso a ferramentas da maior importância, como os empréstimos bancários. Daí o interesse em políticas capazes de lançar maior luz sobre o real estado da agricultura nacional, algo que vem motivando, por exemplo, trabalho encabeçado pelo professor Guilherme Dias, da FEA-USP.

Melhor informação garantiria não apenas interações mais proveitosas entre os agentes do mercado. De fato, o governo poderia beneficiar-se enormemente deste novo quadro, desde que disposto a fazê-lo. Ou seja, respeitados os limites para a tomada de decisões políticas, que necessariamente envolvem a determinação de prioridades, seria importante o abandono progressivo da "conveniência de curto prazo" em nome de ações consistentes, capazes de garantir a perenidade da atividade como um todo.

Informação para quem?

Informação é fundamental para a organização de qualquer mercado. Não por acaso, os economistas vêm dedicando, há décadas, parcela considerável de seu esforço a fim de construir hipóteses que demonstrem esse fato. Como observadores da cafeicultura, nos cabe perguntar que tipo de informação trará os benefícios desejados por todos. Mais especificamente, de que maneira serão garantidos os seguintes objetivos: (1) a perenidade da atividade no longo de prazo, além, é claro, (2) da geração de renda para os agentes mais bem adaptados às condições impostas ao setor.

Tratando especificamente do tópico (2), nos parece que a polêmica proposta de rotulagem do café, bastante discutida no CaféPoint, poucos benefícios traria. Pior, substituiria oportunidades de exercício da criatividade pelas amarras da burocracia e o congelamento das relações na cadeia. Não que nada mudasse no mundo do café; provavelmente, alguma reação da indústria sucederia tal medida. O que se questiona, entretanto, é a capacidade dessa política aumentar a renda dos produtores, e mais, de desafiar o quadro de desconforto enfrentado por muitos cafeicultores na atualidade.

Retomando outro dos artigos aqui publicados ao longo de 2009, um consumidor não passa mais do que 20 segundos até escolher qual a marca de café que retirará das gôndolas dos supermercados. Assim sendo, mais um selo "nos moldes de sempre" significará aumento de competição por esse limitado tempo. Daí a nossa opção por privilegiar a criatividade em lugar da burocracia, uma vez que é dessa primeira via que deverão surgir alternativas para o setor.

Boas festas a todos e até 2010!

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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