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Sustentabilidade pra quem? |
SYLVIA SAES
Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)
BRUNO VARELLA MIRANDA
Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri
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DOMINGOS RIBEIRO DE ANDRADEBOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 15/06/2008
Excelente artigo, nesta época de baixa renda. Observo que sobrevivem na cafeicultura somente os empresários cafeicultores, aqueles com ligações politicas ou atrelados a alguma multinacional. Propriedades tradicionais na produção de café mudaram de mãos, os proprietários não residem no município, não movimentam o comércio local e são alheios a atividades sociais.
Pesquisem toda a região do Sul de Minas e Campo das Vertentes e constatarão a descapitalização do setor cafeeiro e a garra dos autênticos produtores de café para honrar seus compromissos e criar sua família. Infelizmente ainda tem gente falando em troca de carro e construção de piscina. Com a alta dos fertilizantes, a baixa do dólar e a urbanização do trabalhador rural ficaremos na platéia assistindo as multinacionais e os empresários politicamente corretos produzirem café. |
CARLOS ANTONIO FERREIRASÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 03/04/2008
Prezados Maria Sylvia e Bruno,
Concordo com a linha mestra de pensamento, por sinal muito bem estruturada e sustentada por vocês, mas tanto nesse texto como principalmente nas cartas de leitores sinto falta de outra vertente de pensamento, na qual me incluo como produtor de café do século XXI: a vertente dos que querem e estão construindo um mundo diferente. Dos que, com trabalho e criatividade, quebrando paradigmas, abrem portas a profissionais competentes, das melhores universidades do país, para trabalhar em regime de colaboração e cooperação, permitindo a introdução do novo, melhorando processos, reduzindo custos, melhorando qualidade que gera melhor receita. Profissionais estes que não teriam interesse, por exemplo, em se juntar a produtores, que provavelmente de forma diferente de seus pais ou avós que construíram patrimônio, tentam desesperadamente gerar capital destruindo matas, poluindo o meio ambiente, limitando o desenvolvimento de seus empregados através da avareza, reclamando muito e construindo pouco. É preciso empreender com novos pensamentos. No atual momento de mercado, as certificações e os selos de sustentabilidade são sinônimos de sobre-preço, como muito bem observado em seu texto e algumas cartas. Porém, é comum ainda lermos outros lamentando os baixos preços da commodity. Paradoxalmente, temos agora chance real de construir diferencial de valor agregado e respondemos com atitude conservadora de quem tem medo do novo. A organização de grupos de produtores é fundamental para se levar ao campo o que vemos e vivemos nas grandes cidades: assistência médica e odontológica, escola, computadores para filhos de colaboradores e treinamentos especializados, entre outros. E já existem muitos produtores fazendo. Talvez sejam os citados em seu texto como os que frequentemente já declaram os benefícios de quem se incluiu no novo modelo. Quando em grupo, o valor é bem acessível. Mas, infelizmente, para muitos, trocar de carro ainda é prioritário. Quantas histórias conhecemos de quem pegou financiamento rural para atualização de infra ou frota e construiu piscina ou reformou a sede? Esses também se incluem no rol dos pobres e desprotegidos produtores rurais. Construções baseadas nos princípios da bio-arquitetura dão mais conforto e segurança com impacto mínimo ao meio ambiente. Captação de água de chuva, tratamento biológico de esgoto e aquecimento solar de baixo custo são exemplos reais de tecnologias viáveis, sustentáveis, à preços populares. As ecovilas estão aí para quem quiser ver e comprovar. Mas, se queremos o novo, temos que sair da poltrona, buscar inovação, estar aptos a ouvir novas idéias, a tentar, a acertar e também errar, mas principalmente a trabalhar de forma colaborativa buscando o melhor para o todo. E quem está experimentando já prova que o retorno pessoal compensa. Bem-vindos ao século XXI! Não tenham medo! Um forte abraço, Carlos. www.fazendadasflores.com.br |
JOSÉ ANTONIO PADIAL POSSOMONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 03/04/2008
Podem acreditar. Engrossando as filas nas madrugadas às portas de algum hospital público, estão ex cafeicultores que, massacrados pelas exigências e pela crescente redução da lucratividade, não tiveram outra alternativa.
A situação é cruel, principalmente para o produtor de pequena escala. Não haverá sustentabilidade se, dos seus três pilares, o econômico não for atendido, claro, pois ele é pré-requisito para os demais. O caos nas cidades, em muito, tem a ver com tudo isso. Os governos e a sociedade precisam acordar para o fato de estarem criando um grande vazio no campo em detrimento à qualidade de vida nas cidades. Caso contrário, a necessária sustentabilidade (em âmbito global e não só na cafeicultura) nunca será atingida. E caminharemos todos para o fim... Fim mesmo. Exijamos nós também: gestão pública inteligente e honesta; justiça que funcione; legisladores atentos e com espírito público; e atenção ao maior câncer da humanidade - a concentração de renda e riqueza. Aproveitemos espaços como esse, para expor nossas opiniões ou para encorajar quem tem essa consciência e destreza com as palavras. Parabéns, Maria Sylvia e Bruno. Muito sensatas as colocações. |
ANTONIO AUGUSTO REISVARGINHA - MINAS GERAIS EM 02/04/2008
Maria Sylvia Macchione Saes e Bruno Varella Miranda,
Muito sensata as considerações de vocês sobre a sustentabilidade! Num momento em que a maioria dos produtores de café arábica estão afogados em tantos compromissos financeiros, tentando salvar, por enquanto suas lavouras, porque observem (da maioria) o restante de seus bens: tratores em péssimo estado, carroças, cercas, casas de colonos, tulha, maquinário, todos precisando de muita manutenção... Concomitantemente, vem o ministério do trabalho com um série de exigências, os compradores com uma série de exigências (sustentabilidade). Vem o governo e sobe o salário mínimo bem acima da inflação, dispara o preço dos insumos: fertilizantes/defensivos (cartel/monopólio?), etc. E os produtores como é que ficam? Onde está a contra partida? Onde está o lucro da atividade? Onde está o apoio para financiar tantas exigências para um setor altamente descapitalizado? A nós, nesses últimos anos, só estamos ficando com os prejuízos. Estão estudando uma nova renegociação das dívidas dos produtores brasileiros (mais de 80 bilhões de reais). Gostaria de chamar bem a atenção dos burocratas desse país: o que importa ao produtor é ter renda na sua atividade e não "100" anos de prazo para pagar. Ouçam melhor nossas lideranças, nossos representantes e o nosso ministro da agricultura (que já percebeu que a agricultura dá muito lucro para o país). Uma boa renegociação para o setor rural fará o país conseguir mais resultado ainda do que está. Em tempo: com renda, todos os itens acima comentados, serão além de factíveis e importantes para o país, muito mais fácil a sua implementação. Se pagarem, tudo a nós será factível. Responderemos a qualquer apelo de mercado (rastreabilidade/sustentabilidade e o que aparecer). Temos condições de ser muitos bons em tudo que produzirmos aqui no país: equinos, gado, cana, soja, milho, girassol, café, cacau, etc... mas esperamos, sempre, remuneração justa naquilo que produzimos, daí a necessidade urgente do país estabelecer políticas claras para cada segmento deste grande setor rural brasileiro. O mundo a cada dia contará mais conosco. Cuidem bem dos produtores! |
ALBINO JOÃO ROCCHETTIFRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 01/04/2008
Artigo oportuno, verdadeiro e atualíssimo.
Minha vida sempre foi envolvida com café, em função da ascendência familiar, de cafeicultores e outros parentes ligados à cafeicultura, e nunca vi tamanha carga de exigências como as que estão aparecendo e que se vislumbram para o futuro, em nome desta "sustentabilidade". Já perdemos a condição de produtores de um produto rentável; continuamos produzindo café de alta qualidade, mas o consumidor comum no exterior não sabe disto, e os norte-americanos classe média nem sabem que o Brasil é produtor de café. Somos vistos como os vilões do meio ambiente, da sociedade, exploradores da mão de obra e caloteiros. A nós, cafeicultores, só exigências. Muito oportuno o alerta: sustentabilidade para que ou para quem? Se a sociedade quer algo diferente, que pague por isto; se o meio ambiente preservado é de todos, que a sociedade pague para mantê-lo. Por que só nós temos que arcar com o ônus? É muito gostoso tomar um cafezinho à mesa de um bar ou após um bom almoço, ou em requintadas mesas de luxuosos escritórios, mas nós, produtores, precisamos do reconhecimento, de valorização. Já estamos cansados de determinações e repreensões. |
MARCELLO BUENOMANHUAÇU - MINAS GERAIS EM 01/04/2008
Boa tarde!
Concordo plenamente com os conceitos emitidos no artigo acima. Somente tenho visto no setor de produção de cafe brasileiro deveres e deveres a cumprir (sustentabilidade e etc...).tudo encarecendo o setor produtivo e com uma grande recompensa para o produtor: a conta. Adubo / salário / câmbio / leis trabalhista de primeiro mundo e etc...sobrando um custo de produção inviável (a tal da conta p/ pagar). Um abraço |
RENATO H. FERNANDESTEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B) EM 01/04/2008
Olá Sylvia e Bruno,
Salvo engano, foi José Rufino, que citou, no Agrocafé, o conceito de sustentabilidade como a capacidade de transmissão às gerações futuras da viabilidade, social, ambiental e econômica para exercer uma dada atividade. Seu artigo foi muito feliz ao abordar uma percepção, que também ficou muito clara no nosso evento, de que, sem sustentabilidade econômica de qualquer dos elos, certificações e outras exigências podem tornar-se, na verdade, barreiras comerciais e não instrumentos que garantam a manutenção da atividade econômica em algumas regiões ou extratos sociais. Parabéns! Tudo de bom, Renato Fernandes Diretor de marketing da Assocafé-BA |
JERÔNIMO GIACCHETTACABO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 01/04/2008
Professora Sylvia e Bruno,
Meus sinceros parabéns pelo artigo. O tripé da sustentabilidade (econômico, social e ambiental) ainda não se consolidou onde o pilar deveria estar mais reforçado, no elo do produtor rural. Um abraço, Jera. |
JULIANO TARABALPATROCÍNIO - MINAS GERAIS EM 01/04/2008
Prezados autores,
Excelente artigo e assunto estipulado. Principalmente num momento em que a Abic lança seu tema a ser trabalhado no ano de 2008 que é Sustentabilidade. Muito se fala hoje no mercado de cafés com selos como Fair Trade, o surgimento da economia solidária, etc. Mas salvo alguns poucos produtores que vêm desfrutando deste mercado como os de Poço Fundo, que inteligentemente se uniram em forma de cooperativa e vêm obtendo bons resultados com este advento, percebe-se claramente que este "papo" de sustentabilidade é muito mais uma estratégia de marketing da indústria do que realmente uma ideologia em se distribuir melhor os lucros e preservar nosso planeta. No entanto já se tem um começo. Como foi bem citado, a indústria se fortalece e engrandece cada vez mais desequilibrando a balança em favor dela mesma. Até aí tudo bem, pois estamos num sistema capitalista, mas em contrapartida a mesma indústria que prega a sustentabilidade esquece de dar sustentabilidade ao negócio de seus fornecedores? Sem dúvida alguma coisa está errada. E é extremamente importante que se discuta e se estabeleça bem as regras pra este novo e crescente filão de mercado afim de que se joguem limpo simplesmente, ou então não se explore a palavra sustentável que nada têm haver com algumas práticas utilizadas. Mais uma vez parabenizo pela iniciativa da discussão. |
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