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Safra encerrada, expectativas que surgem

POR BRUNO VARELLA MIRANDA

E SYLVIA SAES

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 16/06/2008

5 MIN DE LEITURA

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Em um momento no qual praticamente toda a safra brasileira foi comercializada, o interminável ciclo da cafeicultura já começa a se perguntar: o que vem por aí nos próximos 12 meses? Apesar da dificuldade embutida em qualquer exercício de futurologia, as evidências colhidas do passado e as expectativas progressivamente consolidadas entre diversos pesquisadores dedicados a este setor fazem com que as bolas de cristal voltadas ao café delineiem imagens cada vez menos turvas para a sequência dos fatos.

A primeira dúvida que geralmente emerge é em relação à quantidade produzida. Nesse sentido, se dará na próxima safra a quebra da barreira dos 50 milhões de sacas produzidas no Brasil? Para o USDA, esta parece ser a expectativa. A divulgação dos últimos dados com os quais o órgão norte-americano trabalha apresenta a expectativa de um importante incremento na produção de café em nosso país, passado o período da bienualidade. No entanto, mais importante que discutir a precisão das previsões é marcar a tendência. Previsões variarão sempre de acordo com a fonte consultada; no entanto, os agentes costumam trabalhar com os padrões, e é com base nestes que as estratégias são traçadas.

Pois bem, dado que a produção brasileira crescerá, é importante checar de que forma os preços serão afetados. E ao que parece, neste campo as notícias são positivas. Mais uma vez, oferta e demanda mundiais tenderão ao equilíbrio, o que significa, no curto prazo, a manutenção das cotações internacionais em um nível mais próximo dos sonhos dos cafeicultores. Evidentemente, as coisas poderiam ser sempre melhores, e da parte do produtor, sempre costuma haver um espaço para a queixa; no entanto, o fato é que no curto prazo, uma conjunção de fatores, como a ação de especuladores nos mercados futuros, o encolhimento constante dos estoques e o aumento do consumo faz com que os preços internacionais se mantenham em um nível aceitável.

Cotações melhores em geral funcionam como um incentivo para a expansão de cafezais e a entrada de novos agentes no mercado. No caso, este foi o padrão observado desde os primórdios da atividade. Para este novo ciclo, o que se espera é um movimento que não apenas gire em torno do aumento na produção, como busque também a melhoria da estrutura já existente. De forma interessante, são as crises que geralmente abrem caminhos para esforços no sentido da diferenciação e da busca por rendas alternativas, conforme exemplos do início da atual década tão bem mostram. No entanto, posturas reativas, apesar de serem um excelente remédio em períodos de vacas magras, podem ter ainda maior efetividade quando substituídas por um planejamento cuidadoso e livre das preocupações exclusivamente curto prazistas.

No que se refere às exportações, o movimento segue importante, apesar de não se bater nenhum recorde de acordo com as estimativas. O Brasil segue sendo o mais importante ator da cafeicultura internacional, e o apelo que sua produção possui para o mercado dificilmente será substituído, a menos que atuemos com enorme incompetência no futuro. Por isso, a conjunção de crescimento dos consumos interno e internacional acaba criando no curto prazo um quadro que beneficia a manutenção das cotações no atual nível.

O café e o mundo ao redor

A cafeicultura brasileira não é um ilha, estando conectada ao quadro global da sociedade nacional. Nesse sentido, qualquer análise baseada somente em dados acerca de produção e movimento das cotações seria incompleta, demasiado presa aos aspectos internacionais. E isso é algo inadequado, sobretudo para aqueles dispostos a garimpar oportunidades no mercado. Tendo em vista o protecionismo dos países desenvolvidos em relação aos produtos com maior valor agregado, a abertura de novos filões para a exploração comercial do café brasileiro no mercado interno garante fôlego extra para o setor, ao mesmo tempo em que abre espaço para o desenvolvimento de estruturas mais adequadas em toda a cadeia. Tal processo poderá fazer a diferença no futuro, caso parte das barreiras dos dias atuais sejam retiradas. Independentemente do quadro, o importante é estar preparado para sair sempre na frente.

Daí a importância de levar em consideração as notícias trazidas pelos indicadores econômicos. Neste campo, os dados do último ano foram positivos, principalmente se comparados com as duas décadas anteriores. Maior renda e interesse dos consumidores é garantia de fôlego para iniciativas inovadoras no setor. Assim, a diferenciação tende a ganhar impulso crescente no mercado interno, em um movimento capitaneado pela popularização do interesse por formas superiores de consumo. A expansão da renda garante o consumo de itens que antigamente não cabiam em orçamentos apertados, e o incipiente movimento de distribuição de renda, caso mantido no longo prazo, tende a tornar nossa sociedade mais apta a garantir o consumo de massa de artigos com maior valor agregado.

Para o futuro, jogam contra a expansão da demanda, principalmente, a sombra da inflação e os mitos que ainda pairam sobre a cafeicultura, em especial o de que o consumo da bebida traz prejuízos à saúde. Apesar do avanço neste campo, pesquisas recentes mostram que uma parcela considerável da população ainda associa o café a uma imagem negativa. Em relação ao primeiro fator limitante, cabe salientar que a classe média, por exemplo, responde por altos índices de consumo da bebida, sendo também uma das principais afetadas pelo avanço da inflação. Ou seja, é bom ficar de olho nas ações do governo nos próximos meses.

Ou seja...

Com o advento da Internet, é enorme o fluxo de dados recebidos por seus usuários. Indicadores, relatórios, análises, esta quantidade de informações em muitos casos mais confunde que esclarece. Por isso, a tentativa deste breve texto foi o de organizar algumas dessas notícias de forma pouco apegada à precisão dos números, mas por outro lado, atenta às possíveis tendências.

A próxima safra será bem maior que a anterior, principalmente devido à bienualidade e às boas condições climáticas favoráveis observadas nas regiões produtoras. Maior quantidade de café, no entanto, não deverá afetar as cotações de forma negativa. Isso porque os estoques são coisa do passado, e a demanda segue crescendo em um bom ritmo. Estabilidade em um nível considerado bom pode garantir fôlego aos agentes do setor, sendo este útil na melhoria da qualidade e no oferecimento de novas opções aos consumidores.

Conforme dito anteriormente, desenvolver o mercado interno é estratégico, dado que este movimento permite a exploração de nichos atualmente fechados aos empresários brasileiros ao redor do mundo. No entanto, isso não equivale a fechar as portas ao mundo. O Brasil continuará sendo o ator mais importante no fornecimento de matéria-prima ao Primeiro Mundo, de modo que no curto prazo, aumentar o leque de opções significa alento extra para os cafeicultores, refletido na valorização crescente de sua produção.

No terreno econômico, as notícias dos últimos tempos são favoráveis, apontando para a melhoria das condições de uma parcela da população, em um movimento que pode se traduzir em maior consumo. Abocanhar a maior fatia possível desta renda extra parece ser o desafio extra do setor; nesse sentido, os principais desafios parecem ser a inflação e a concorrência com outros produtos ou com a falta de informação. Se no primeiro caso cabe esperar uma ação efetiva do governo, no segundo a cruzada contra os mitos de sempre deve seguir com vitalidade, acompanhada de preferência por iniciativas inovadoras, capazes de fisgar até mesmo os mais reticentes.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

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ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 16/06/2008

Bruno Varella e Maria Sylvia

Como foi apresentado, a primeira dúvida que geralmente emerge é em relação à quantidade produzida de sacas, principalmente no Brasil, que nos interessa mais.

Embora justa na análise de vocês, mais importante que discutir a precisão das previsões é marcar a tendência, pois as previsões variarão sempre de acordo com a fonte consultada, o que infelizmente somos obrigados a concordar.

Com as considerações acima, levando-se em consideração o aumento do grau de risco da atividade "produzir café", além das tendêcias, tem-nos feito muita falta informações "corretas e precisas" dos quantitativos das safras produzidas, para avaliarmos o grau de aproximação das mais diversas estimativas apresentadas ao mercado, para estabelecermos com mais segurança nosso comportamento produtivo (mais ou menos ênfase nos tratos culturais).

Lanço aqui o desafio de explicitar com precisão o volume das safras dos últimos 5 anos, com os comparativos entre todos que manifestaram na imprensa, nesses anos de referência.

O produtor quer conhecer esses números. Chega de ilusão! ( Hoje as previsõs só no Brasil apresentam divergências que chegam a quase 10 milhões de sacas). Isto representa acrescentar ou eliminar do mapa produtivo o equivante ao 3º maior produtor de café do mundo: a Colômbia.

Como avaliar tendências com esses números?

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