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Para novos problemas, um novo remédio

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 29/10/2007

3 MIN DE LEITURA

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Quando tratamos da volatilidade, estamos medindo o grau de variação de preços em um curto período de tempo. Uma das commodities agrícolas com maior volatilidade de preços, o café, é um exemplo recorrente para a abordagem deste tema. Do lado dos produtores, há certa insegurança com relação ao retorno do capital investido, sendo que perdas são noticiadas por cafeicultores das mais diversas regiões.

O gráfico abaixo mostra bem o efeito da volatilidade sobre os bolsos dos produtores. Conforme podemos observar, tanto no período de safra como no de entressafra os preços são relativamente mais baixos. Em termos práticos, vemos também que as épocas de recuperação nas cotações são aquelas em que a maioria dos cafeicultores já comercializou seu produto.

Médias mensais de preços a vista de café arábica no Sul de Minas brasileiro (tipo 6 bebida dura para melhor)


Clique na tabela para ampliá-la.

Longe de representarem uma anormalidade, os motivos que levam aos fenômenos descritos acima são bem conhecidos e têm como causas características estruturais da produção de café, a saber:

1. O café possui uma oferta inelástica no curto prazo, por ser uma cultura perene. Essa característica cria um grande descompasso entre o incentivo de preços e a oferta do produto. Para uma ilustração clara deste quadro, basta observarmos os investimentos na expansão dos cafezais em resposta a preços favoráveis, cujos efeitos na oferta são observados após anos;

2. Uma grande parte da produção de café é oriunda de produtores de países pobres que não têm opção de produção de tal forma que estímulos negativos têm efeitos reduzidos sobre a produção. Recordemos também das dificuldades enfrentadas por aqueles que desejam abandonar a cafeicultura, principalmente se levamos em conta o alto investimento envolvido em qualquer propriedade cafeeira.

Além destes tradicionais motivos, dois novos se agregam com respeito ao comportamento volátil dos preços:

3. Os fundos de investimentos passaram a investir em commodities agrícolas, em especial no café, como forma de reduzir os riscos das suas carteiras. Isso ocorre porque é observada uma correlação inversa do comportamento de preços das carteiras agrícolas com relação às das demais commodities. Além disso, um mercado volátil oferece operações de arbitragem lucrativas ao se fazer compras e vendas simultâneas para tirar vantagem da variação e das diferenças de preços. A arbitragem implica em ajustamento muito rápido do mercado, pois as informações são incorporadas com muita rapidez nos preços de mercado, o que acentua a volatilidade dos preços no curto prazo. Portanto, nos últimos anos a volatilidade no mercado de café passou a ser influenciada pelas atividades dos fundos de investimento.

4. O crescimento da produção em vários países do Hemisfério Sul, que resulta na oferta menos concentrada, permite um fluxo continuo de produto mesmo com a quebra da produção em algum país. Nos anos 1970, a variação decorrente da bianalidade do café era de cerca de 20%, ao passo que atualmente é de 10%. Isso gera para os compradores menores incertezas com relação à produção e maior poder de barganha.


Frente a tal quadro, o que fazer?

Uma das conseqüências do período de regulamentação foi a perda de participação do café brasileiro no mercado internacional. Uma das lições que pudemos tirar desse período é que as falhas de mercado impõem propostas inovadoras que visem minimizar os efeitos da oferta concentrada em períodos determinados e os efeitos da volatilidade dos preços. Ou seja, novos problemas pedem novas soluções.

Por mais paradoxal que seja, o problema da volatilidade deve ser combatido com o mesmo veneno: os mercados futuros. Entretanto, apesar de os mercados futuros serem uma alternativa, há sérias dificuldades para o ingresso de pequenos produtores que buscam seguros dos preços (os hedgers). A principal é a falta de conhecimento dos seus próprios custos de produção como também da operacionalização desse mercado. Para os grandes investidores também há uma dificuldade: o aporte recursos de curto prazo para cobrir margens decorrentes das variações bruscas de preços.

Uma alternativa mais fácil de ser operacionalizada pelos produtores e que fornece um seguro de preços é o mercado de opções. O instrumento tem o papel de proteger os produtores agrícolas das incertezas provocadas pela volatilidade dos preços, assegurando-lhes garantia de renda com a formação de estoques (buffer stocks) durante a safra, visando à estabilização do mercado. Apesar disso, esse instrumento ainda é impeditivo, devido a sua pouca liquidez, o que o torna excessivamente caro.

Conforme vemos, as dificuldades são grandes, e as barreiras para a atuação dos produtores nesse campo são consideráveis. No entanto, cada vez mais o vocabulário referente aos mercados futuros deverá fazer parte da rotina dos produtores de café, já que as características estruturais responsáveis pela volatilidade dos preços não serão contornadas tão cedo. Discutir cada uma dessas características e detalhes destes mecanismos de atuação é certamente uma tarefa também para os outros agentes envolvidos nessa cadeia, inclusive colunistas como nós.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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