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O que ficou de 2007

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 14/12/2007

4 MIN DE LEITURA

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Se no plano pessoal dezembro é sempre um período de balanços, esta verdade não se aplica inteiramente à cafeicultura brasileira, cujo período de início de safra não coincide com as primeiras semanas do ano. Porém, as festas de fim de ano convidam à reflexão, em especial se acompanhada de dados. Em um momento no qual a Conab divulga para o próximo mês o anúncio da primeira estimativa para 2008/2009, de que forma podemos consolidar a informação colhida até o momento?

Preços bons, câmbio ruim

O ano de 2007 termina com cotações relativamente altas na bolsa de Nova Iorque. Lembranças como as do começo da década, em que as dificuldades foram notáveis para os cafeicultores, estão em parte esquecidas; por outro lado, outras emergiram neste meio tempo. O câmbio, por exemplo, é um tema do qual os cafeicultores certamente gostariam de receber melhores notícias em 2008.

Nem mesmo as declarações de Guido Mantega nos últimos dias foram capazes de tranqüilizar os ânimos acerca do tema cambial. Sua proposta de criação de um fundo destinado a conter a valorização do Real já recebeu diversas críticas, e sua implementação não seria tarefa das mais fáceis. Para os setores exportadores, o controle do câmbio interessa; no entanto, o Brasil é um país complexo e diversos interesses se chocam em momentos como este.

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Conforme já é notório, a safra 2007/2008 será menor que a anterior, segundo as previsões do USDA. De acordo com o órgão norte-americano, serão produzidos 122,9 milhões de sacas, um número 11,4 milhões de sacas inferior à safra 2006/2007. Para o Brasil, a produção é estimada em 37,6 milhões de sacas, sendo que mais de 60% deste total já foi comercializada. Isso significa uma redução de cerca de 9 milhões de sacas. Já o consumo será de cerca de 131 milhões de sacas, ou seja, um valor superior ao total produzido.

A novidade trazida nos últimos dias se deve a que os dados divulgados pelo USDA são superiores àqueles anunciados em meados do atual ano, cujas previsões de diminuição na produção eram ainda maiores. A moderação no pessimismo norte-americano se relaciona às perspectivas alentadoras vindas no Espírito Santo, estado com importância crescente para a cafeicultura nacional.

No entanto, os efeitos da bienualidade serão sentidos pelo mercado. Em especial, os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná contam com a má sorte de estarem no caminho de intempéries climáticas. Com isso, a falta de chuvas compromete a produção em regiões fundamentais para a cafeicultura brasileira. Olhando adiante, para as próximas décadas esta questão é incerta, dado que há pouco consenso acerca da extensão dos estragos provocados pelo aquecimento global.

O reflexo nos estoques

Os baixos estoques no Brasil refletirão nos dados de estoque mundial de café para a safra 2007/2008. Para o próximo ano, o USDA prevê que o mesmo caia a 18,3 milhões de sacas, um número considerado extremamente baixo. Inclusive, uma eventual quebra na produção brasileira nas próximas safras pode complicar ainda mais a situação, uma vez que para a indústria este quadro não é dos mais cômodos.

Apesar das cotações observadas no mercado internacional, os custos de produção são crescentes em um país no qual a terra encarece com a chegada de outras culturas e os gastos com mão de obra são consideráveis. Por isso, as atuais cotações não parecem suficientes para incentivar os produtores brasileiros a aumentarem a área plantada. Estimativas dão conta de que pouco será agregado neste quesito nos próximos anos, o que traz certo temor acerca da disponibilidade de café arábica no futuro. Não nos esqueçamos da falta de investimentos em outros países produtores, como os da América Central, e os movimentos da indústria nos últimos anos, o que traz margem para as preocupações.

No entanto, pensar que a eventual existência de um estoque financiado com fundo estatal seria a resposta para os desafios da cafeicultura é impensável no atual momento. Já há algum tempo o mercado se encontra descolado dessa lógica, e o acúmulo de um produto de baixíssima qualidade nas mãos do governo brasileiro não entusiasmaria o setor industrial.

A concorrência

O Vietnã exportará menos em 2007/2008, porém não é claro o que poderia ser esperado dos próximos anos. Os agricultores do país seguem plantando café, porém o território para a expansão da cultura é limitado, e o governo vietnamita pretende substituir a cafeicultura em terras consideradas impróprias para o cultivo. Além disso, os desastres naturais ocorridos no país esse ano serviram de alerta para analistas e agentes do setor.

A Colômbia segue na terceira posição, ao passo que os países da América Central, conforme já exposto acima, se mantém imersos na incerteza derivada de um delicado quadro institucional. Fato é que o Brasil sobra no quesito "possibilidade de aumento da produção", além de contar com uma boa competitividade para o produto, de modo que a concorrência enfrentada pela cafeicultura brasileira tenderá a se basear na adoção de estratégias de diferenciação, a exemplo daquilo observado atualmente.

À espera do anúncio

As notícias vindas das regiões produtores são boas, e com isso espera-se para 2008/2009 uma produção superior à desta safra. Análises extremamente otimistas sugerem uma safra recorde para o próximo ano, porém o conservadorismo típico da academia pede certo cuidado nessas horas. Fato é que seguirá nos próximos meses a preocupação da indústria com os baixos estoques, e nem mesmo a produção dos países do Hemisfério Norte poderá reverter esse quadro. Se por um lado o Brasil jamais voltará a ter a hegemonia das primeiras décadas do século XX, é evidente por outro lado que todas as atenções se voltam para os rumos que a cafeicultura aqui venha a tomar.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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