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O futuro começa agora

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 20/03/2007

4 MIN DE LEITURA

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Observe esses dois gráficos. Ambos possuem forte relação entre si, e demonstram tendências de longo prazo, considerando o ciclo do café e as notícias recebidas nos últimos tempos.

Estoques nos países produtores e consumidores e o indicador OIC.


Fonte: OIC.

Cafés especiais: demanda mundial (em milhões de sacas de 60 kg.).


Fonte: SCAA.

Primeiramente, cabe aqui um esclarecimento. Quando falamos de longo prazo, queremos separar as tendências mostradas acima dos eventos observados nas últimas semanas. Abordando especificamente a queda nas cotações em reais, resultado da constante especulação nos mercados aliada a um câmbio desfavorável, é evidente que se tratam de sinais importantes, e que devem ser levados em conta no momento de decisão de venda do café produzido na última safra. Inclusive não é de se esperar que esse quadro seja mudado, ao menos no curto prazo.

Por outro lado, a análise dos dados nos mostra que, apesar da situação das últimas semanas, seria surpreendente caso não houvesse uma recuperação dos preços no futuro. A manutenção de níveis de demanda superiores à oferta mundial de café vem pressionando o mercado, e contribuindo para a queda acelerada dos estoques. Atualmente, a soma dos estoques seria suficiente para garantir o consumo de apenas um trimestre.

Oferta e demanda mundial de café (mil sacas).


Fonte: OIC.

Soma-se a isso a quebra na safra de café, que contribuiria para uma oferta mais apertada no futuro. Observando o gráfico abaixo, vemos que momentos em que a natureza não colaborou com a cafeicultura brasileira foram seguidos de picos nas cotações do produto em Nova Iorque. Conforme podemos observar, já há cerca de 10 anos observamos um comportamento cíclico de preços, respeitando um padrão observado anteriormente. Ou seja, previsões nos garantem ainda cerca de 5 anos de cotações relativamente altas.

Produção mundial e cotações do café brasileiro em Nova Iorque (PPI USA 1990 = 100).


Fonte: Bacha, OIC.

Cotações mais altas implicam em planos de investimento na plantação de mudas de café. A queda de barreiras estimula a entrada de novos produtores no segmento, em um movimento absolutamente desordenado, no sentido de que é empreendido por milhares de agentes isolados, cada qual buscando aproveitar-se da melhor forma do bom momento. Fato é que, respeitadas as particularidades da cafeicultura, em alguns anos a produção deverá retomar fôlego, e as cotações então deverão cair progressivamente.

Isso posto, onde entram os gráficos expostos no início deste artigo, falando de forma mais específica? Conforme mostrado, o primeiro trata do indicador OIC, analisado juntamente com a variação nos estoque mundiais. Na seqüência, temos a previsão de variação na demanda por cafés especiais, segmento que deverá dobrar de tamanho nos primeiros anos da próxima década.

Novas oportunidades

Estes dados, apresentados juntamente com as considerações feitas acima, nos mostram que os próximos anos deverão ser dos mais agitados para a cafeicultura. Deixando um pouco de lado questões como o câmbio, é importante salientarmos as diversas oportunidades que deverão surgir para aqueles que souberem aproveitá-las.

Por um lado, a oferta apertada estimulará o ingresso de gente nova na cafeicultura, preocupada apenas em tirar proveito do momento favorável. De olho nos sinais do mercado, estes produtores contribuirão para o crescimento da oferta, e no futuro para a queda nas cotações. Nada muito diferente daquilo que já foi observado em outras épocas.

Todos sabemos o quanto pode ser cruel esse movimento. Mais uma vez muitos deverão deixar a atividade, e outros terão que encolhê-la de forma significativa. Daí a preocupação, seguida da questão: como tentar amenizar esse quadro? Ou será que esse constante acompanhamento dos humores do mercado é inexorável, sendo possível apenas esperar momentos favoráveis e torcer para os piores anos passarem rápido?

Muito se fala sobre o aumento do consumo doméstico nos países em desenvolvimento, motivado pelo crescimento da demanda por café solúvel, e é evidente que ações devem ser tomadas para garantir ao Brasil maior competitividade nesse segmento. Porém, não podemos nos esquecer também que nossa principal vocação é a de produzir café arábica, e de boa qualidade. Igualmente, seria leviano nos esquecermos de que nunca fomos muito bons em algo fundamental, ou seja, mostrar aos outros (consumidores, no caso), que nosso café é bom.

Aí entra a oportunidade de transformarmos nosso café arábica de qualidade em um café especial, com todas as vantagens que decorrem desse movimento. Desvencilhar-se das curvas e gráficos do café commodity deve ser visto como um objetivo por cafeicultores em todo o Brasil, já que determinados filões garantem uma estabilidade muito maior de preços e contratos, permitindo um melhor planejamento a médio e longo prazo. Por sinal, isso já é feito por alguns de nossos companheiros cafeicultores, que conseguiram mudar o destino de sua produção para um mercado mais sofisticado e rentável.

A expansão da produção de café robusta de qualidade pode fornecer a base para os cafés torrado e moído e o solúvel com preços competitivos e abocanhar fatias cada vez maiores desse segmento. Isso depende também de um trabalho diplomático bem feito, dado que as tarifas de importação são um empecilho importante em alguns casos.

Porém, dados como o da projeção de expansão do consumo de cafés especiais no mundo não nos deixa dúvida. O Brasil, como principal produtor mundial, e detentor de regiões extremamente favoráveis ao cultivo cafeeiro, deve buscar maior inserção nesse mercado. Para isso é necessário, sobretudo coordenação no setor. Em poucas palavras, isso significa: investimentos na divulgação do nosso café no mundo, preocupação crescente com controle de qualidade, exploração das potencialidades regionais existentes em nosso país, e estratégias mais agressivas de comercialização do produto.

Conclusão

A cafeicultura brasileira já tem rodagem suficiente para saber separar o curto prazo do longo prazo, e principalmente, levar adiante ações para converter um planejamento ordenado baseado na análise do mercado em ganhos para o setor. Mais que a ilusão de um ciclo relativamente favorável, os próximos anos podem significar o ingresso em filões mais promissores, garantindo maior estabilidade para a atividade e melhores remunerações. Certamente haverá quem aproveite essa tendência; resta apenas saber a profundidade desse movimento.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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EDER JUFO

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 26/03/2007

Esta matéria chega a ofuscar o termo brilhante que todos citaram. Parabéns pela matéria demosntra mais uma vez a competência de todos que fazem o site.
MARCOS ANTÔNIO PIMENTA MENEZES

LUIS EDUARDO MAGALHÃES - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/03/2007

Brilhante matéria!

Este tipo de informação nos deixa animados a, não só continuarmos nossa luta diária em produzir com qualidade, mas também mostrar aos nossos produtores uma luz, que, há muito, anda distante.
PALOMA MELO DOS SANTOS

SALVADOR - BAHIA - ESTUDANTE

EM 21/03/2007

Sou estudante do curso de Administração de empresas com Marketing e estou elaborando um plano de negócio, juntamente com minha equipe, sobre a instalação de uma cafeteria na região de Salvador. Não vai ser apenas uma cafeteria comum , terá um grande diferencial competitivo.

Fiquei muito satisfeita de encontrar esse site com tanta riqueza de informações.

Paloma Melo.
Fundação Visconde de Cairu
EDUARDO N MARTINS

LAMBARI - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 21/03/2007

Brilhante e oportuno. Cada vez mais, nós, produtores, nos deparamos com essa realidade da cafeicultura nacional. Articuladores, como desse artigo, contribuem enormemente para uma tomada de consciência necessária para nossa própria sobrevivência. Precisamos de mais gente desse nível e em veículos acessíveis como este.

Nós agradecemos.
ALEMAR BRAGA RENA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2007

Sylvia e Bruno,

Vocês são mesmo especiais neste site. Degustei cada comentário, muito inteligentes. Este é o caminho. Parabéns!

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