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Nem lá, nem cá

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 29/12/2008

4 MIN DE LEITURA

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O ano 2008 começou com enorme entusiasmo. Com a sucessão de dados econômicos positivos, o país atingia o tão sonhado "Grau de Investimento" e a perspectiva de um crescimento que trouxesse benefícios ao conjunto da população se encontrava presente no imaginário de um sem número de analistas. As projeções para a bolsa eram fantásticas, dando a impressão de que havia espaço para ganhos consideráveis no mercado financeiro. Em um quadro como o supra descrito, quem se atreveria a identificar qualquer espaço para pessimismo?

Em poucas semanas, porém, a sombra de uma severa crise passou a cobrir todo o planeta, fazendo suas vítimas dia após dia. Bancos invejados por sua ousadia faliam; empresas centenárias pediam ajuda desesperada. A economia brasileira, apesar de menos afetada por tais problemas, começava a dar sinais de desaquecimento. Seja por causas reais ou pelo simples temor de aprofundamento dos problemas, bilhões de reais sumiram do mercado financeiro e o medo do desemprego passou a tomar conta de milhares de pessoas. Tendo esse quadro em vista, haveria espaço para qualquer consideração otimista ao fim de 2008?

Mais relevante do que prever o futuro, o que os dias correntes mais exigem é cautela. E muito importante, que a mesma não venha acompanhada de um pessimismo paralisante, mas de uma reafirmação das boas práticas e da busca por soluções que contemplem o longo prazo. Dado que ninguém vai ficar milionário em um mês, que tal refletir acerca daquilo que costuma dar certo sempre, e tentar seguir estratégias que trilhem o mesmo caminho? Ou ainda, visto que a desconfiança pode derrubar economias tanto como fatos reais, por que não atuar no sentido de construir um comprometimento duradouro com parâmetros aceitos por todos?

Estudos vêm demonstrando que, agindo em um cenário positivo, analistas tendem a projetar o presente em direção aos meses vindouros. Assim, as previsões realizadas em épocas de Bolsa a 70.000 pontos, por exemplo, se encontravam contagiadas de um otimismo marcante. Em alguns momentos, a impressão passada era a de que os limites de crescimento eram mais dados pelo número de semanas que restavam até o fim do ano do que pelo valor real das empresas. Some a isso o fato de que, contagiados pelas boas notícias, tudo o que os investidores queriam ouvir eram mais novidades.

Da mesma forma, o desespero demonstrado nos momentos mais agudos da atual crise demonstra que, do mesmo sistema enaltecido anteriormente, pode surgir a raiz para as previsões mais apocalípticas. E, ao que parece, isso se deve principalmente à natureza das estratégias defendidas em um caso e outro. A ambição descomedida, traduzida em medo ao menor sinal de instabilidade, acaba levando a uma exacerbação dos quadros; afinal, é valorizado aquele caminho que leva ao maior ganho em menor espaço de tempo. Com isso, da euforia para a depressão o passo é pequeno.

Embuídas desse espírito, empresas que poderiam aproveitar o bom momento para fortalecer sua posição no mercado se lançaram em aventuras em mercados de alto risco, colocando sob forte perigo estruturas sólidas e construídas com o trabalho de décadas a fio. A realidade é composta por altos e baixos, e mais importante que tentar tirar proveito de cada uma dessas oscilações é manter estruturas fortes e perenes. Tanto o otimismo exacerbado é infundado como o pessimismo paralisante não leva a lugar nenhum.

Planos para o novo ano

Já que não vivemos em um mundo de sonhos, nem estamos imersos em um pesadelo sem fim, vale ressaltar pontos que trazem benefícios aos cafeicultores em qualquer época. Afinal, é para o longo prazo que empreendimentos econômicos sérios devem olhar. Inclusive, dado o espírito de reflexão pessoal embutido nas festas de fim de ano, tais recomendações podem dar origem a compromissos viáveis para os próximos 12 anos.

A profissionalização da administração é um bom exemplo de comprometimento que pode fazer a diferença. Em tempos de crise, estruturar esta atividade pode garantir a salvação do negócio, abrindo os olhos dos gerentes para possíveis fontes de desperdício; já nos momentos de vacas gordas, ter pleno controle do negócio é fundamental para abocanhar fatias do mercado a espera de um empreendedor. Foi-se o tempo em que uma caderneta, ou mesmo a memória, bastavam para a administração rural.

Igualmente, é vital para os cafeicultores a atualização e o estudo contínuos. O universo do produtor rural não deve se limitar ao espaço da propriedade, sendo consideráveis os ganhos acumulados com o acompanhamento das novas tendências do mercado. Com o advento da Internet, tal tarefa ficou mais fácil; no entanto, não apenas a informática deve ser encarada como fonte de informação. Buscar conhecimento, inclusive, pode ser um importante meio de estreitar amizades, trocar opiniões, e quem sabe, estabelecer as bases para a cooperação.

Finalmente, o cuidado com a produção deverá fazer parte de qualquer lista das prioridades para a cafeicultura. Técnicas adequadas garantem melhor qualidade do produto, e, portanto, maiores chances de sucesso no setor. Muitas histórias existem de cafeicultores que, apesar de possuírem um café de excelente qualidade, não obtiveram o sucesso que esperavam no mercado. No entanto, não existe nenhum caso de produtor descuidado que tenha sido recompensado por isso. Em resumo, qualidade é pré-requisito para quem pensa grande.

Evidentemente, café commodity sempre existirá, com suas cotações oscilando com o humor temperamental de sempre. Para muitos, essa pode inclusive ser a melhor estratégia, desde que respeitando parâmetros mínimos de qualidade. Inclusive, é importante ressaltar que somente a estruturação adequada das atividades gerenciais da propriedade rural pode trazer essas respostas. Além disso, vale lembrar que é da diferenciação que costuma surgir aquela oportunidade que todo cafeicultor sonha.

Um feliz Natal a todos, e um 2009 repleto de alegrias!

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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VARLON SANTOS PORTO

CARIACICA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/12/2008

Muito bom, é de mensagens assim que os produtores precisam, afinal, esta não é a primeira crise e infelizmente também não será a última. Vamos que vamos, é pra frente que se anda, arriba!
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 29/12/2008

Extremamente oportuno o artigo. Trabalho em uma entidade que, entre outros objetivos, capacita os cafeicultores, mas nem sempre temos uma boa adesão aos cursos que lançamos.

Os cafeicultores devem atentar mais a sua qualificação, entender que o conhecimento é que dá subsidio para a resolução dos problemas enfrentados no dia-a-dia.

Enquanto temos aqui produtores que usam palmtop para verificar nivel de dano de pragas e doenças na lavoura, outros ainda recorrem ao "olhômetro" para saber se devem aplicar ou não agrotóxicos em suas plantas.

Feliz Ano Novo cafeeiro ao todos!

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