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Infraestrutura: gargalo ou gargalos?

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 22/08/2014

4 MIN DE LEITURA

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Foto: Felipe Gombossy/ Café Editora
Foto: Felipe Gombossy/ Café Editora

Quando o assunto é agropecuária, um desafio incontornável é o estabelecimento de uma infraestrutura condizente com a importância do setor. As carências variam de acordo com a localização geográfica, mas, em geral, são escutadas mais queixas do que elogios. Não por acaso, o tal "custo Brasil" tem uma imagem familiar: uma fila interminável de caminhões, transportando a riqueza produzida por nossos solos e empreendedores com enorme dificuldade. O contraste é evidente quando paramos para pensar que, por trás de décadas de avanços tecnológicos e organizacionais, existem estradas de terra repletas de irregularidades, com estrutura insuficiente para acompanhar o crescimento observado em diversas regiões do Brasil.

Defendermos a construção de mais ferrovias e rodovias em nosso país, porém, não é suficiente. Quando falamos de infraestrutura, faz-se necessário discutir qual a sua função e quem são os potenciais beneficiados com o investimento. Para quem conhece São Paulo, um bom exemplo é o da expansão da Marginal Tietê: a decisão de adicionar novas pistas a um dos símbolos do "estilo urbanístico paulistano" não foi unânime. Os leitores que acompanharam o debate se lembram bem das críticas aos privilégios concedidos ao transporte individual em detrimento de um planejamento baseado na expansão de opções coletivas, a oposição à impermeabilização de uma área tão próxima ao rio, entre outros argumentos. Ao final, ganhou o asfalto, mas o exemplo nos ajuda a entender os dilemas envolvidos em qualquer projeto de infraestrutura.

No caso do mundo rural brasileiro, os desafios estão por todos os lados. Diante da incapacidade de um texto curto abordar cada gargalo, gostaria de chamar a atenção para um deles, de natureza conceitual: o foco exagerado dado por diversos analistas ao papel da infraestrutura no escoamento da nossa produção de commodities ao exterior. Ao investirmos em infraestrutura, devemos nos perguntar não apenas o que estes levam para "fora", mas também o que trazem para "dentro". Ademais, é preciso saber de que maneira cada ponto no mapa se conecta com os outros: estão estes ligados de modo a potencializar a exploração de oportunidades econômicas, ou serão as conexões o reflexo apenas de uma fotografia de determinado momento histórico?

É evidente que precisamos de estradas de qualidade e portos capazes de escoar nossa produção. Em outras palavras, aumentar a eficiência do país no suprimento de commodities ao mercado internacional constitui tarefa fundamental. Não é essa, entretanto, a única. O papel do Estado nessa tarefa tampouco é claro. Provavelmente, a iniciativa privada - e os próprios produtores rurais - poderiam atuar de maneira muito mais ativa no estabelecimento de uma rede consistente de infraestrutura em regiões como o Centro-Oeste brasileiro. Sem desmerecer o papel de tais obras na conexão entre o mundo rural com o exterior, cabe indagarmos se estamos fazendo a lição de casa quando o desafio é permitir ao interior do Brasil a plena exploração de suas possibilidades econômicas.

Mais especificamente, a dúvida que fica é: concebemos a expansão da infraestrutura pelo interior brasileiro como um projeto dotado da flexibilidade suficiente para se adaptar à mudança nas circunstâncias econômicas? Ou, dito de outra forma, estamos considerando o enorme potencial existente entre os habitantes do meio rural, dando-lhes melhores condições de obter informação e identificar mais oportunidades de negócio? Estamos explorando todo o potencial existente para a promoção de um desenvolvimento mais diversificado nessas regiões?

Pensar em infraestrutura significa considerar não apenas o fluxo de commodities, mas também a maximização das oportunidades para as pessoas que vivem em um determinado território. Em outras palavras, deve ir além da conjuntura atual, oferecendo a possibilidade de que os indivíduos tenham a maior flexibilidade possível para empreender. Um dado ilustra o argumento acima. Uma das iniciativas mais interessantes em pesquisa aplicada ao mundo rural brasileiro das últimas décadas, o projeto Rurbano apresenta uma série de conclusões que nos ajudam a entender melhor as características dessas regiões. Por exemplo, mostra-se que, em 2009, em 2009, 44,7% dos brasileiros residentes na zona rural obtinham sua renda de atividades não agrícolas. A pergunta que fica é: qual seria o tamanho desse bolo caso o mundo rural brasileiro fosse dotado de melhor infraestrutura? Independentemente das porcentagens, provavelmente a riqueza total gerada seria muito maior.

A expansão da infraestrutura do mundo rural brasileiro, portanto, exige uma abordagem que considere não apenas os fluxos das commodities ali produzidas. O real desenvolvimento derivará de um planejamento que permita uma articulação do território brasileiro que permita ao seu interior a incorporação de um maior repertório de atividades econômicas. Caso a expansão de nossas estradas, ferrovias e hidrovias levem em consideração apenas a demanda por produto A ou B, corremos o risco de ficar para trás tão logo um determinado ciclo se encerre. Foi assim em diversos momentos da história, basicamente porque todos os olhos estavam postos nos movimentos de bens e não na criatividade das pessoas. Devemos nos esforçar para que esse padrão não se repita.  

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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LEANDRO AURÉLIO DA SILVA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 27/08/2014

Boa tarde, sou produtor e consultor em Boa Esperança , sul de Minas, estamos finalisando a colheita e entao estamos concretizando as perdas de produtividade, estamos fechando a quebra em 30% ate 35% de perda comparando ao esperado deste ano, mas isso foi feito uma media, pois lavouras novas e principalmente porte baixo teve perdas de ate 45%. obrigado. Boa tarde a todos.
JOSÉ RIBEIRO CARAMUJO

GUARANÉSIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/08/2014

Minha previsão de safra 2013/ 2014, seria em torno de 200 sacas.

Ainda não terminei totalmente , mas acredito que deverá ocorrer

uma queda em torno de uns 30%, em face da seca ocorrida nessa

região.

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