ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Demanda robusta

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 30/09/2008

3 MIN DE LEITURA

11
0
Essa semana, nossa coluna no CaféPoint será um pouco mais curta do que de costume. O motivo para tanto, felizmente, não é a falta de assunto. Pelo contrário, o que nos leva a essa economia nas palavras é a recorrência que o tema abordado possui no setor, tendo o mesmo sido abordado inclusive por essa dupla, já há algum tempo. Mais do que expor detalhes da cafeicultura ou apontar tendências, o que esse texto faz é um lembrete. Para tanto contribuiu a publicação de um texto, cujo conteúdo é dos mais interessantes e convidativos ao debate.

Notícia veiculada recentemente por esse mesmo site cita estudo feito por pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e do Instituto Agronômico (IAC), apontando o potencial paulista na produção de Robusta. Mais do que substituir a produção de café arábica por seu "primo" mais afeito aos interesses de parte da indústria, o que o trabalho sugere é a diversificação da produção estadual, principalmente em áreas cujo o potencial para outras culturas seja restrito. A constatação do estudo, corretíssima por sinal, é a de que há espaço para o crescimento do Robusta em São Paulo.

Como principal motivo para tal movimento, é citado o fôlego das indústrias paulistas na demanda por café robusta, matéria-prima cujo aproveitamento é superior ao do arábica para diversas finalidades. De fato, a demanda por robusta se encontra aquecida, não apenas no Brasil, como em todo o mundo. Vista em perspectiva histórica, é considerável o crescimento da produção e do consumo do conilon, algo que pode ser perfeitamente exemplificado com o ingresso do Vietnã no cenário internacional da cafeicultura ou pelo aumento do consumo doméstico nos países em desenvolvimento.

Também é citada a incapacidade brasileira de atender a todos os pedidos do exterior, tamanha a concorrência pela matéria-prima. Nesse sentido, a divulgação de estudos como o supracitado trazem à tona perguntas que costumam ecoar com insistência, mas que dificilmente são respondidas de forma ampla. Em geral, tais indagações esbarram em interesses setoriais, muitos dos quais amparados em uma lógica curto-prazista, que se esquece do fato de que a economia é composta por diversos interesses, muitos dos quais conflitantes, e sobre a qual repousa uma sociedade com necessidades e anseios.

Já que possui uma indústria consolidada, a vontade de abocanhar fatias crescentes do mercado internacional e descompassos ocasionais entre a oferta e a demanda por matéria-prima, por que não permitir a entrada de café estrangeiro para o processamento em nossas fábricas? Estaria o Brasil condenando seu segmento produtor à morte com tal medida, ou alternativamente tal passo poderia contribuir para a dinamização global do segmento, beneficiando agentes cujos interesses também são legítimos? Mais do que isso, não estariam nossas políticas de proteção beneficiando a ineficiência, mais que protegendo quem realmente precisa de ajuda?

A cadeia do café é composta não apenas por produtores rurais, como pela indústria, pelos exportadores e pelo varejo, sem falar nas indústrias de insumo e no crescente segmento das cafeterias, responsáveis pela adição de outros serviços a um hábito tradicional do brasileiro. Por isso, analisar as perspectivas dessa ampla gama de atores implica a consideração do melhor quadro possível para cada segmento. Garantir o suprimento de matéria-prima a nosso setor industrial configura-se em uma importante medida para quem deseja garantir a competitividade brasileira.

Evidentemente haverá quem não se beneficie dessa medida, principalmente no curto prazo. Entretanto, para o futuro os benefícios globais poderiam ser superiores, garantindo a sobrevivência competitiva de nossa indústria. Muitos não se dão conta do fato de que já há gente perdendo na atualidade, de modo que o ponto aqui é o seguinte: o que queremos para o setor? Certamente, capacidade nos sobra para fazer frente à concorrência internacional, eliminadas as distorções impostas por barreiras comerciais que tanto nos prejudicam em determinados nichos de mercado.

Justamente por ser um país que tanto briga nas organizações internacionais por seu direito de fazer valer a competitividade derivada de nossas excepcionais condições para a agricultura, o Brasil deve estar atento às tendências em todos os setores. No curto prazo, determinadas decisões podem até ser dolorosas do ponto de vista político; porém, uma nação que reivindica para si o status de gigante na geografia do século XXI não deve ter medo de atacar interesses setoriais, quando disso possa derivar a dinamização da cafeicultura como um todo.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

11

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

CARLOS RENATO A. THEODORO

MUQUI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 10/10/2008

Concordo com o Ismael Terra e acrescento que além da mão-de-obra, que no Vietnã pode ser considerada escrava, temos os custos dos insumos, que não acompanharam a baixa do dólar. Agora que o dólar voltou a subir, o que temos visto são reajustes abusivos. No caso dos adubos, temos um mercado praticamente sem concorrência, em que apenas um grupo detém a maioria das empresas do mercado.

Todos os países desenvolvidos protegem seus agricultores e quando isto é feito no Brasil somos chamados de atrasados.

É lógico que precisamos fazer o dever de casa e aqui no Espírito Santo pelo menos estamos fazendo. Hoje temos lavouras de conilon produzindo até 120 sacas por hectare, aumentando a produtividade e, consequentemente, reduzindo custos. Conseguimos aumentar nossa produção sem aumentar a área plantada. Tudo isto graças à competência de nossos pesquisadores do Incaper que têm pesquisado novas variedades e colocado a tecnologia à disposição dos agricultores.
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 08/10/2008

Simples? quem falou em simples? Acontece que perdas e ganhos devem ser medidos não só pela ótica do produtor (que, óbvio, é o elo mais fraco) mas também por perdas e ganhos na cadeia de suprimentos toda, perdas e ganhos para consumidores, outros agentes públicos e privados, etc. Acho que os ganhos líquidos serão maiores que as perdas. É uma questão de verificar (medir) esta hipótese.

Concordo com você Ismael em relação à brutal desvantagem dos produtores (e demais atores econômicos brasileiros) quando confrontamos alguns centros de custos com nossos concorrentes externos. E o que mais pesa, no final das contas, é o chamado custo Brasil. Repare como o fator "governo" (juros, câmbio, impostos, "populismo", falta de investimentos em logística, energia, etc) pesa decisivamente sobre os ombros de todos nós (produtores, profissionais, consumidores, empresas...). E tem mais: uma enorme bomba relógio está armada e vai explodir a qualquer tempo, pois as despesas correntes do governo crescem (mais concursos, mais gente, mais despesas, vis-à-vis serviços débeis), os gargalos se avolumam e a conta terá que ser paga por todos (mais impostos, menos competitividade, e o círculo vicioso está formado).

Mas acho que devemos acreditar sempre na enorme força de adaptação dos agentes econômicos, na capacidade de mudar e transformar as ameaças em oportunidades.
ANA LUCIA MASCARENHAS ARAKAKI

CARANGOLA - MINAS GERAIS - TRADER

EM 07/10/2008


Importar café significa também exportar salários,empregos,divisas,indústrias de insumos,
máquinas agrícolas,...enfim,fortalecer em outros países essas estruturas e outras advindas do processo,tais como indústrias de têxteis (roupas,sacarias),construção civil (casas) ,alimentação,petróleo,automotivos (motos,automóveis,tratores),
famacêutica(remédios),calçados,etc.

É preciso de um pouco de cuidado ao se propor soluções para a cadeia (ou rede)
produtiva do café ou qualquer outra.

É recomendado que se tenha uma visão holística (ampla) sôbre o assunto, e não
focalizando apenas um setor da rede ,o que pode acarretar conclusões inadequadas ,privilegiando sómente alguns setores em detrimento de outros,o
que não beneficia a cadeia integralmente.

Como citado aqui, há pessoas que se beneficiam do mercado da café sem no entanto conhecer um pé de café. O que se pode fazer,se isso faz parte do mercado,como jà foi esclarecido aqui? Nota-se que o produtor ainda não utiliza as
opções de comercialização (cpr,hedge,venda/compra futura,fixação de preços,etc)
sendo que em países mais desenvolvidos é amplamente utilizada ;essas ferramentas ainda não são difundidas adequadamente entre os produtores , com eficiência e nem
com a devida relevância,sendo colocadas em terceiro ou quarto plano.


Citação:interferência governamental para ampliação do plantio:
Como todos sabemos ,o que determina a decisão , por parte do produtor, de
ampliar a área de qualquer produto, é a perspectiva de lucro.Vide o caso do leite,que,devido a um aumento no preço anterior, a produção aumentou,e estamos numa fase de baixa. Só que o preço do café é determimado no exterior (arábica:NY ,conilon:Londres);e como no nosso
país ainda não temos uma política agrícola (seguro rural, na minha opinião) ,a não ser casos pontuais,o que nos
resta é saber votar nas próximas eleições.

Citação:drawback (globalização) É preciso entender mais um pouco sôbre globaliza
ção,a quem interessa,vide os recentes acontecimentos no caso do sub prime dos
USA,afetando o resto do globo. O que se está propondo é a abertura da economia
brasileira para importações,enquanto os países mais desenvolvidos impõem barrei
ras tarifárias/sanitárias (vide caso da carne brasileira). Além de tudo,quem garante
que a indústria não deixará de comprar o café produzido no Brasil? Só depende do
preço .

Citação:competência/concorrência- A concorrência é saudável ,desde que em igual
dade de condições. Há que se levar em conta o custo Brasil ,com os impostos e
taxas ,que soman até 60,00% em cima de alguns ítens.Informação: há uma taxa
que é destinada para a manutenção/modernização dos portos brasileiros,pode?
Se a exposição á concorrência é saudável,então devemos convencer os países mais desenvolvidos a retirarem as barreiras tarifárias/sanitárias referentes aos pro
dutos agropecuários,não acha?

Parabéns aos expositores:Roberto W. Travençolo,Ismael T. Silva.

Estou enviando desculpas ,se não
ISMAEL TERRA SILVA

JURUAIA - MINAS GERAIS

EM 07/10/2008

Em consideração à afirmativa do colega eng° agrônomo José Eduardo, concordo plenamente que o crescimento é, na maioria das vezes, impulsionado pela pressão da concorrência, gerando competitividade e todos os atributos necessários ao crescimento. Por outro lado, devem-se observar os parâmetros a serem analisados. A abordagem do tema não é tão simples quanto parece ser. Os fatores a serem comparados, para avaliar a abertura do mercado, devem ter no mínimo uma relação próxima, para que possa gerar uma concorrência sadia entre seus participantes.

Dados demostram a discrepância entre um dos principais fatores limitantes na formação de preço do café: o custo de mão-de-obra no Vietnã é de cerca de US$2,00/dia, sem incidir encargos, enquanto que no Brasil custa cerca de US$ 8,5/dia, mais encargos trabalhistas, ou seja, o custo de mão-de-obra da concorrência é apenas 23,5% do custo brasileiro.

Esses números certamente demostram que a entrada de cafés vietnamitas no país poderia levar a indústria de processamento a adquirir produtos importados a custos mais baixos, a não ser que a adoção de políticas para este tipo de operação venha a tomar uma medida protecionista de cotas de importação ou tributação portuária, de modo que o produto importado possa chegar ao país com um preço competitivo, diminuindo o RISCO do setor produtivo.
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 06/10/2008

Sempre que criaram barreiras, sempre que empresas e produtores estiveram expostos à concorrência, foi quando verificaram-se os saltos de produtividade, de qualidade, de competência.

Exposição à concorrência, é isso que oxigena o sistema, é isso que proporciona o avanço de competitividade. Você, competente, tem medo de quê?
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 03/10/2008

O regime de drawback, sem dúvida alguma, é importante para qualquer país que queira crescer globalmente. Mecanismos que emperram operações como essas devem acabar, precisamos agir com mais fluidez. O próprio mercado deve se ajustar.

Não vejo possibilidade de uma operação de drawback prejudicar os cafeicultores brasileiros. Esse anseio da indústria por café importado é somente para aumentar sua produção, e não para deixar de comprar do Brasil.

Além de tudo, não nos esqueçamos nunca da qualidade, não esqueçamos da mais brilhante das Rubiáceas: o arábica, cujos blends são bebidos pelo mundo todo. Portanto, até mesmo para fortalecer nossa indústria de café arábica precisamos dessa operação, ou então deixemos que a Alemanha leve fama às nossas custas.
ISMAEL TERRA SILVA

JURUAIA - MINAS GERAIS

EM 02/10/2008

Considerando a afirmativa do colega engº agrônomo Leonardo Rabelo, realmente existem muitas pessoas envolvidas na cadeia do agronegócio café. Contudo, analisando a estrutura do mercado de café, é muito importante ressaltar que pessoas que com frequência são citados como "os que lucram com o café sem produzi-lo", chamados tecnicamente de especuladores, são fundamentais para a estrutura de comercialização, pois são eles que assumem o risco das posições em mercados futuros, gerando liquidez ao mercado e possibilitando a sinalização ou referência dos preços futuros das commodities.

O que existe, de concreto, é que a grande maioria dos produtores de café do Brasil não tem conhecimento das várias ferramentas de comercialização disponíveis, para efetivamente trabalhar a cafeicultura como uma atividade empreendedora
ISMAEL TERRA SILVA

JURUAIA - MINAS GERAIS

EM 02/10/2008

Realmente seria muito interessante para a cadeia de processamento de cafés do Brasil a possibilidade de importação de matérias-primas para a composição de blends (a custos mais baixos) e o fortalecimento do setor industrial. Contudo, a abertura do mercado poderia acarretar sérios problemas à cadeia produtiva do café robusta no Brasil, se considerarmos os custos de produção, principalmente relativos à mão-de-obra do setor, já que este é caracterizado como um dos componentes mais oneroso na avaliação de custos de produção nacional, superior aos custos de países como o Vietnã, por exemplo.
ISMAEL TERRA SILVA

JURUAIA - MINAS GERAIS

EM 02/10/2008

Realmente seria muito interessante para a cadeia de processamento de cafés do brasil, a possibilidade de importação de matérias primas para a composição de blends (a custos mais baixos) e o fortalecimento do setor industrial,contudo,a abertura do mercado poderia acarretar sérios problemas à cadeia produtiva de cafés robusta no Brasil, se considerarmos os custos de produção, principalmente relativos à mão -de-obra do setor cafeeiro brasileiro, já que este é caracterizado comoum dos componentes mais oneroso na avaliação de custos de produção nacional, superior aos custos de paises como o Vietnã, por exemplo.
ROBERTO WAGNER TRAVENÇOLO

CACOAL - RONDÔNIA

EM 01/10/2008

O Brasil tem de ter políticas consistentes voltadas para produção, com maior incentivo e desburocratização das linhas de créditos para que possamos ter maior produção e não pensar em importar café robusta ou arábica.

Realmente somos uma nação de gigante geografia onde vemos derrubadas de florestas desenfreadamente, sem nenhum controle por parte do Governo Federal nem Estadual, para que seja substituida por pastagens e soja. Por que o Governo Federal não propõe uma iniciativa para plantio de café com linhas de crédito especias e um preço de insumos que sejam compatíveis com a produção?
LEONARDO RABELO ADRIANO

COROMANDEL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/10/2008

Caros senhores, que coluna e que palavras bem ditas, porém o grande mal que aflige a cafeicultura, os cafeicultores do Brasil e do mundo, não é de onde vem o café e sim uma estrutura de mercado e de pessoas que ganham dinheiro com a cadeia produtiva do café e que muitas vezes nem conhece se quer uma planta de café.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures