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A questão climática e o Brasil

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 26/11/2009

4 MIN DE LEITURA

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Nesse final de ano, todos os olhares da comunidade internacional estão voltados para Copenhagen. A capital dinamarquesa será a sede de uma importante conferência, em dezembro, com o objetivo de discutir o futuro da coordenação multilateral na questão do clima. Em resumo, o que as partes discutirão será o futuro pós-Protocolo de Kyoto, buscando aliar as necessidades de crescimento econômico das distintas sociedades ao redor do globo com o imperativo da redução na emissão de gases poluentes.

Como não poderia deixar de ser, a imprensa vem debatendo este assunto a exaustão. Dessa maneira, nos limitaremos a fazer um apanhado geral daquilo que vem sendo abordado de mais interessante, a fim de auxiliar no esclarecimento desse importante assunto. Na sequência, apresentaremos uma breve reflexão.

1) Êxito do protocolo de Kyoto: no momento em que se discute a atualização desse conjunto de regras, cabe dimensionar seus erros e acertos. Nesse caso, infelizmente, Kyoto constitui uma grande promessa não cumprida. De fato, as emissões de gases poluentes vêm aumentando consideravelmente desde então. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado com o objetivo de impulsionar cortes nessas emissões, teve sucesso limitado. Certamente houve quem lucrasse com a iniciativa, e até mesmo um incipiente mercado se estabeleceu; entretanto, o principal objetivo de Kyoto, impedir o avanço das mudanças climáticas, não foi obtido.

2) Responsabilidade dos países em desenvolvimento: Não há dúvida de que parcela considerável do aquecimento global se deve à ação das chamadas economias desenvolvidas. Desde a Revolução Industrial, um limitado grupo de nações tem sido responsável pela maior parte das emissões de poluentes. Daí a necessidade de um acordo multilateral que aponte a responsabilidade desses Estados. A questão climática, porém, é daquele tipo de desafio que exige soluções criativas no terreno das negociações. Se por um lado o auxílio dos países mais ricos no desenvolvimento e transferência de tecnologias é vital para a mitigação do aquecimento global, por outro o êxito é impensável em um planeta onde os chamados "países em desenvolvimento" reivindiquem o direito de atingir um nível de pujança econômica semelhante com o mesmo padrão de emissões de carbono.

3) Possibilidade de acordo em Copenhagen: nesse caso, o professor David Victor, da Universidade de Califórnia, apresenta posição que vale a pena ser exposta. Segundo esse pesquisador, um eventual acordo em Copenhagen poderia ter um efeito negativo no longo prazo. O motivo é simples: da mesma forma como as discussões em Kyoto evoluíram para uma conclusão que pouco contribui para o arrefecimento do aquecimento global, um acordo sem o devido cuidado na capital dinamarquesa poderia passar a falsa impressão de que o problema está sendo devidamente tratado. Por isso, negociações mais cuidadosas provavelmente trariam melhores resultados para o mundo, algo que, inclusive, fontes diplomáticas começam a reconhecer.

4) Consequências futuras: Embora os estudos não sejam absolutamente precisos em relação ao que devemos esperar para as próximas décadas, algumas tendências estão se consolidando. A primeira delas é o reconhecimento de que o aquecimento global constitui um problema que afetará a humanidade, ainda que um acordo seja assinado nos próximos meses. Em outras palavras, parte do estrago já foi feito, cabendo a nós evitar que o prejuízo desestabilize nossa presença na Terra. Nesse sentido, medidas de mitigação devem fazer parte dos planos de qualquer governo preocupado com o longo prazo.

5) Metas brasileiras: trata-se de um tema que merece um aprofundamento, ou seja, mais estudos. Aos poucos, pesquisas vêm buscando a iluminar a situação do país em termos de suas promessas e o real impacto de tais compromissos no quadro global. O fato de aceitar a fixação de uma meta constitui um avanço a ser aplaudido. Não deve, porém, significar a acomodação subsequente no governo nacional no tema.

Em resumo, temos um problema bastante grave (aquecimento global), que exige medidas importantes por parte das sociedades que compartilham nosso planeta (a redução na emissão de poluentes). Embora tentativas venham sendo feitas desde a década passada (Protocolo de Kyoto), os resultados são limitados. Isso se deve principalmente à natureza do problema, exigente de uma solução que dê conta não apenas da precificação do carbono, como também de uma proposta sólida de descarbonização da economia.

Dado o peso crescente dos países em desenvolvimento no cenário mundial e a natureza do problema, a falta de ação é impensável. Da parte do Brasil, o comprometimento com metas de redução na emissão de poluentes constitui um passo importante, porém insuficiente. Conforme vai ficando cada vez mais claro, o futuro da humanidade passa pela diminuição do uso de carbono nos processos econômicos. Por isso, apoiar tal transição desde já não significa apenas reduzir as emissões. Indo além, é necessário imaginar alternativas para o mundo que emergirá a partir da questão climática.

Dito de outra forma, garantir a diminuição das emissões por meio da queda na taxa de desmatamento da Amazônia constitui praticamente uma obrigação. Afinal, reduzir a emissão de poluentes constitui uma obrigação de qualquer governo que esteja preocupado com o longo prazo. Será importante, também, criar instrumentos e fornecer incentivos para que a sociedade brasileira busque seu espaço e aproveite as oportunidades de negócio que surgirão nas próximas décadas. Adaptar a economia ao aquecimento global pode até gerar custos no curto prazo; entretanto, optar pelo comodismo ou adotar medidas com alcance limitado apenas empurrarão o problema para frente, trazendo prejuízos para todos.

Insistir nessas palavras faz-se necessário em um momento em que o país parece contagiado por uma onda de otimismo que há muito não se via. De fato, "nunca antes na história desse país" tivemos uma série de coisas... Outras muito importantes, porém, seguem em falta. Para o recorrente argumento de que o atual estágio de desenvolvimento do Brasil nos impõe desafios anteriores aos impostos pela atual questão do clima, a resposta é uma só: tão importante quanto o eventual estágio de desenvolvimento de um país são os desafios enfretandos pelo planeta como um todo. São destes últimos que costumam surgir as oportunidades para aquelas sociedades que sonham com um lugar privilegiado na ordem mundial.

Para comentários ou dúvidas, acesse o box de carta abaixo.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/12/2009

A verdade é que Aquecimento Global Antropogênico é uma pura fraude, Temos portanto, que separar poluição do aquecimento global.
Não há duvida que o clima muda, sempre mudou e nunca vai parar de ter mudanças climáticas. O homen que não é a causa.
Preservar nosso meio ambiente, proteger as espécies, ter água limpa ar limpo, isso é importante. Taxar CO2, que é apenas a mais importante comida de planta, é loucura.

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