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A agropecuária brasileira em tempos de euroceticismo

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 03/06/2014

2 MIN DE LEITURA

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Os resultados das recentes eleições no Velho Continente nos convidam à reflexão. Organizada em todos os Estados membros da União Europeia (UE), a votação determina os representantes no Parlamento do bloco. Por que seu desfecho nos interessaria? Somadas as preferências de milhões de eleitores, observa-se um crescimento do chamado "euroceticismo", congregando indivíduos que defendem um papel reduzido para a UE ou, diretamente, o seu desmantelamento. Embora tal grupo seja caracterizado pela diversidade, aquilo que o fundamenta poderá influenciar eventos de grande interesse para a agricultura brasileira.

Antes de explorarmos possíveis desdobramentos desse resultado, duas ressalvas são necessárias. Evidentemente, o que apresentamos abaixo são cenários, cuja materialização depende do aprofundamento da tendência atual. Da mesma forma, o parlamento europeu possui menos poderes do que os legislativos dos países membros da UE na atualidade. Em outras palavras, é possível que os resultados das eleições sejam mais uma demonstração de descontentamento com os rumos das políticas internas de cada membro do bloco do que uma clara reprovação ao projeto de integração regional. A ascensão do "euroceticismo", porém, abre a possibilidade de ascensão de cenários até então pouco considerados por analistas. Adicioná-los a qualquer planejamento é uma obrigação.

Em primeiro lugar, os parlamentares "eurocéticos" são contrários aos acordos de livre comércio com outras regiões do globo. Em outras palavras, consideram que as negociações da UE com o Mercosul - ou seja, com o Brasil - ou com os Estados Unidos prejudicam a economia do bloco. Embora sua influência sobre o rumo das negociações seja limitada no curto prazo, a tendência preocupa. Afinal, os resultados mostram que, para um número crescente de eleitores, governos comprometidos com o livre comércio agem contra o interesse nacional. Caso tal percepção seja reforçada em eleições futuras, diminuirá o apoio dos Estados à ação externa dos representantes comunitários nessas discussões.

Ademais, sabemos que as preferências de um indivíduo não afetam apenas seu voto, mas também suas compras. O eleitor que vota em um candidato "eurocético" é, em geral, um defensor dos costumes e tradições locais. Em outras palavras, é um consumidor desconfiado com tudo o que venha de fora do bloco, sendo capturado pelo discurso chauvinista de líderes populistas. Obviamente, a transmissão entre tais ideias e aquilo que é adquirido em um supermercado não é automática. Em sua rotina, o "eurocético" adquire uma série de artigos importados das mais distintas procedências, ainda que não perceba isso. O problema é quando a associação entre um produto e uma denominação explícita chama a sua atenção de forma negativa.

Quando falamos de diferenciação e agregação de valor à nossa produção agropecuária, é comum discutirmos as potencialidades da marca "Brasil" diante dos consumidores ao redor do globo. De fato, se bem explorada, temos uma série de atributos valiosos. Para milhões de consumidores, porém, o momento é de exaltação daquilo que vem "de perto". É necessário acompanhar com atenção o desenvolvimento dessa tendência eleitoral, dado que, talvez, tenhamos que lidar com inúmeros consumidores menos abertos a uma propaganda explícita do "diverso" no futuro. Caso o movimento "eurocético" se aprofunde, teremos que encontrar novos argumentos para vender no Velho Continente produtos com maior potencial de agregação de valor. Se na atualidade tal processo já é difícil, o cenário aberto por um avanço dos críticos à UE tende a complicar ainda mais as coisas. Hora, portanto, de afinar o discurso e usar a imaginação.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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CARLOS EDUARDO COSTA MARIA

ANHEMBI - SÃO PAULO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 17/06/2014

Muito interessante o tema do artigo é pertinente e o agronegócio nacional terá que se adequar, como sempre, em quaisquer circunstâncias.Quanto a pergunta provocadora, acredito que só o mercado tem a resposta, na medida em que, o agricultor e ou a empresa, que se quiser manter-se competitiva também se submeterá ao que o mercado aponta.Parabéns pelo artigo.
BRUNO VARELLA MIRANDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/06/2014

Prezado Edson,



Obrigado pelo comentário. Qualidade e eficiência, aí estão duas palavras importantes. Lanço, porém, uma provocação para você ou para os outros leitores da coluna: o que leva muitos produtores a sacrificar a qualidade ou seguirem ineficientes?



Com essa pergunta, quero chamar a atenção para um fato: talvez seja muito maior o número de pessoas que reconhecem a importância dessas palavras na atividade econômica do que aquelas que efetivamente a aplicam.



Atenciosamente



Bruno Miranda
BRUNO VARELLA MIRANDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/06/2014

Prezado Ivan,



Agradeço a leitura atenta do artigo. Aproveito para deixar um convite: sempre que quiser deixar comentários, fazer críticas ou sugestões de temas para artigos, fique à vontade.



Atenciosamente



Bruno
BRUNO VARELLA MIRANDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/06/2014

Prezado Paulo,



Muito obrigado pelo comentário. De fato, é um cenário pessimista mas, como dito no artigo, é uma possibilidade entre muitas. Não quer dizer que acontecerá (esperamos que não!) mas, caso seja o caso, é bom estar preparado.



Atenciosamente



Bruno Miranda
PAULO ROBERTO PINTO DE AZEVEDO

SALVADOR - BAHIA

EM 04/06/2014

Me parece uma observação um tanto pessimista, mas , em se tratando de mercados tudo é possivel e se deve acreditar em tudo. abraços  Paulo Azevedo. sofredor de cafe.  
IVAN FRANCO CAIXETA

MACHADO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/06/2014

Bruno,

Bom dia.

Parabéns pelas sabias considerações e alertas.

Vale a pena repensar nossos paradigmas.

Abraços

Ivan Caixeta
EDSON LEITE

TAUBATÉ - SÃO PAULO

EM 04/06/2014

Acredito que o comercio internacional é uma ferramenta importante para que as relações entre povos se ajustem sempre conforme necessidades, porém para que produtos obtenham interesse é importante desenvolver a qualidade, observar o direcionamento das massas que sempre podem nortear mercados, cada vez mais exigentes, buscam produtos de qualidade aliado a responsabilidade social.

Responsabilidade essa no agronegócio pode ser um produto mais saudável, menos agrotóxicos entre outras exigências.  A busca da qualidade e eficiência deve ser sempre o objetivo do produtor.

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