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IEA: Contratos de opções: uma oportunidade para enfrentar os lobbies

VÁRIOS AUTORES

CELSO VEGRO

EM 13/04/2007

8 MIN DE LEITURA

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Em março, o incremento das exportações dos países produtores, sobretudo dos tipos arábicas brasileiros e robustas, mantiveram as cotações pressionadas com quedas generalizadas nos diferentes mercados. Em Nova Iorque (Contrato C para a segunda posição), por exemplo, a cotação média de março foi de US$ 149,49sc/60kg que frente aos US$ 156,45sc/60kg, representa queda de 4,45% no mês. Desde janeiro de 2007, o arábica nessa bolsa acumula declínio de 11,48%, fenômeno esse totalmente inesperado, pois tradicionalmente é na entressafra brasileira que os preços atingem as maiores cotações do ano cafeeiro. Com a cotação vigente em março, praticamente se anulam os ganhos observados nos últimos doze meses (abr.2006 a mar.2007), com saldo positivo de apenas 4,04% (Figura 1).


Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil.

Figura 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes mercados de futuros (segunda posição) e do OIC-Composto diário, janeiro de 2004 a março de 2007.

Na Bolsa de Londres, as cotações médias do robusta, em março, registraram queda de 3,11% frente ao mês anterior. Diferentemente do arábica, no primeiro trimestre de 2007, o robusta ainda exibe resultado positivo de 0,48%. Nos últimos doze meses, os ganhos acumulados pelo produto somaram 33,14%. As cotações do robusta estão menos pressionadas pelo mercado, pois os importadores se posicionaram no sentido de recompor seus estoques que foram bastante reduzidos após os seguidos distúrbios climáticos ocorridos, principalmente, no Vietnã.

No mercado de futuros da BM&F, para o arábica, bastante aderente ao que foi observado em Nova Iorque, as cotações caíram 5,68% (contratos de segunda posição). No primeiro trimestre do ano a queda acumulada foi de 12,14%. No acumulado do ano, o produto manteve ganho favorável de 1,22 %, ligeiramente acima dos ganhos observados no ano na Bolsa de Nova Iorque.

O indicador da Organização Internacional do Café (OIC-Composto diário) apresentou queda de 3,91% em relação à média do índice de fevereiro. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses, ainda registra crescimento positivo de 7,91%, embora em 2007 tenha apresentado variação negativa de 7,32%.

O diferencial das cotações observadas entre a BM&F e Nova Iorque subiu para US$ 14,95/sc, devido, em parte, ao incremento da pressão de vendas do café brasileiro (Figura 2).


Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil.

Figura 2 - Cotações médias mensais do café arábica, segunda posição, nos mercados de Nova Iorque e BM&F, out. 2005 a mar 2007.

As cotações do arábica, contrato C, segunda posição, na Bolsa de Nova Iorque, exibiram grande volatilidade (mínimo de US$ 144,58/sc e máximo de US$ 154,24/sc), com forte queda desde o princípio do mês, seguida de recuperação durante a última semana, para voltar a cair no final do mês (Figura 3).


Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil.

Figura 3 - Cotações diárias na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, segunda posição, março de 2007.

No mercado de robusta, na Bolsa de Londres, o comportamento das cotações foi tão volátil como o exibido pela Bolsa de Nova Iorque. A menor cotação ocorreu no dia cinco de março com US$ 87,60/sc, e a maior, no dia vinte e seis, quando bateu na casa dos US$ 90,96/sc, atingindo a média de US$ 94,14/sc no mês (Figura 4).


Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil.

Figura 4 - Cotações diárias para o café robusta, segunda posição, na Bolsa de Londres, fevereiro de 2007.

No mercado de café paulista, as cotações médias do arábica em março (em R$/sc) caíram 5,97% em relação à média de fevereiro, em função das perdas registradas no mercado internacional e também pela crescente e sustentada valorização do real. Mesmo diante dessa queda, no acumulado dos últimos 12 meses, houve também queda nos preços (-4,70)%. Mas, no primeiro trimestre de 2007, as cotações médias do produto recuaram 13,15% (Figura 5).


Fonte: Elaborado a partir de dados do Instituto de Economia Agrícola

Figura 5 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café arábica, Estado de São Paulo, janeiro de 2004 a março de 2007.

Generalizado incremento das exportações das origens

As exportações para todos os destinos das diferentes origens apresentaram ritmo muito acentuado nos últimos seis meses, com incremento de 6,46 milhões de sacas frente a igual período anterior. Somente em fevereiro de 2007, o volume incremental exportado foi 1,15 milhão de sacas superior ao mesmo mês do ano anterior (Tabela 1). Essa acentuação no ritmo das exportações, em parte, decorrente da alta das cotações observada entre dezembro de 2006 a janeiro de 2007, que após 60 dias se traduzem em embarques, pois esse é mais ou menos o tempo necessário para o exportador adquirir o produto e faze-lo chegar ao destino Fob.


Fonte: Organização Internacional do Café, 2007 (disponível em www.ico.org).

Tabela 1 - Exportações por tipo de café para todos os destinos, fev.2007 e fev. 2006, últimos 6 meses e últimos 12 meses (em sc/60 kg).

Dentre as origens que mais contribuíram para o aumento dos embarques tivemos os robustas, com incremento de mais de 785 mil sacas em fevereiro de 2007 frente ao mesmo mês do ano anterior e os naturais brasileiros, com esse montante alcançando as 255 mil sacas na comparação dos períodos. Aumentos nos volumes, porém bem menos significativos, também ocorreram nas exportações dos lavados colombianos e outros lavados, mas que de forma alguma seriam capazes de ocasionar as baixas nas cotação como verificam-se no atual momento.

Em março, dados do Conselho dos Exportadores de Café (CECAFE) apontam para manutenção da tendência de aumento dos embarques em março, o que deve igualmente se refletir nos dados consolidados pela OIC. O mês encerrou com 2,396 milhões de sacas exportadas (dados obtidos no site www.cecafe.com.br), representando aumento acima de 11% frente a fevereiro (composto por incremento dos embarques de arábica e de solúvel) e de mais de 10% frente ao mesmo mês do ano anterior (2,134 milhões de sacas registradas em março de 2006). Esse desempenho das exportações permite questionar quanto ao volume de café colhido e estocado no país, pois somados tanto as taxas de crescimento do consumo interno como aos incremento dos volumes embarcados, as previsões oficiais de safra e de estoques disponíveis, são absolutamente insuficientes para atender a toda essa demanda exibida pelos mercados interno e externo (algo em torno das 38 a 40 milhões de sacas ao ano). Uma revisão das estatísticas precisa ser conduzida para que o agentes passem a operar com informações e, sobretudo, decisões de qualidade.

Opções para café: uma boa notícia, porém é preciso enfrentar os lobbies

O mercado de opções é a melhor ferramenta financeira que o Governo Federal dispõe para mitigar a problemática do chamado ciclo de preços do café. Em 2004, última vez em que foi implementado similar programa, os ganhos para o tomador do risco foram acentuados, pois, meses após o lançamento dos títulos, as bolsas reagiram e a maior parte dos cafeicultores que os adquiriram, preferiram não exercer a posição, arcando com a perda do prêmio pago pelos contratos negociados e resultando em bons lucros ao Tesouro Federal para os lotes que foram exercidos com entrega efetiva de produto.

A atual edição do programa prevê que sejam lastreados em contratos de opões até 6 milhões de sacas, com previsão para início das contratações em maio do corrente ano e possibilidade de exercício entre 31 de outubro e 30 de novembro. Os recursos serão provenientes do Tesouro, pois o FUNCAFÉ, com orçamento de R$ 2,026 bilhões encontra-se comprometido com a política de financiamento ao setor (colheita, estocagem, aquisições da indústria e custeio da próxima safra).

Questão relevante para a condução dessa política seria a necessidade de contemplar o conilon na emissão dos títulos de opções, uma vez que as cotações para esse produto mantém trajetória altista nos últimos doze meses (calculado em 33,14%). O conilon é um café basicamente absorvido maiormente pela indústria de torrefação e moagem visando o abastecimento interno e, num percentual menor, transformado em solúvel tanto para a exportação como par consumo interno. As exportações de conilon resumem-se portanto a pequena parcela exportada na forma de café verde (cerca de 1,5 milhão de sacas ao ano), e outra sob forma de solúvel (cerca de 3 milhões de sacas ao ano), que sendo um produto industrializado, possui outro tipo de formação de preços que não exatamente as cotações em bolsas (contratos com clientes e traders preferencialmente). Em função dessa características, fugiria do escopo da política de contratos de opções a concessão da possibilidade de aquisição desses títulos por parte dos cafeicultores dedicados ao conilon.

Concentrado o esforço financeiro no produto que exibe sérios problemas de rentabilidade, o arábica, o gestores da política federal, ao invés de pautar o contrato pelo custo de produção mais 20% a 30% de rentabilidade, como usualmente a ferramenta é empregada nas opções privadas, poderiam utilizar valores mínimos de referência com algum ágio que efetivamente sinalizasse o sentido que a trajetória dos preços deverá seguir pelas condições objetivas de oferta e demanda (fundamentos) atraindo, ademais, o interesse dos cafeicultores na aquisição dos contratos sem contudo amplificar em demasia o risco do exercício dos contratos com recebimento do produto no físico. Outras inovações podem ser pensadas como preços mínimo diferenciado entre os naturais (por exemplo R$ 280,00/sc bebida dura) e os descascados (R$ 310,00/sc). A ousadia desse posicionamento indicaria um direcionamento para as cotações, pautando o mercado, sem tutela-lo ou criar artificialismos que, ao final, beneficiam a poucos que se posicionam com base em informações privilegiadas.

Nessa sugestão de política, também o conilon, produto não contemplado pelas opções públicas, seria igualmente beneficiado, pois um movimento ascendente de preços no arábica carrega consigo as cotações do conilon, pois há nesse mercado uma transmissão de preços, ainda que imperfeita. Enfim, assumir contratos de opções exclusivas para o arábica, segmentando-o em naturais e descascados seria uma importante inovação da política cafeeira.

Artigo publicado originalmente em www.iea.sp.gov.br.

Publicado no CaféPoint mediante autorização dos autores.

NELSON BATISTA MARTIN

Engenheiro Agrônomo, MS em Economia - Gestão de negócios de recria-engorda em Lucélia, oeste do Estado de Sâo Paulo

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

GILBERTO DARCI BERNARDI

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/04/2007

Prezado Arnaldo Caldeira,

Seus comentários são muito oportunos, pois existe mesmo essa dúvida de como o governo pode induzir um programa de ordenamento da oferta por meio do lançamento de contratos de opções sem contudo alocar os recursos necessários para que tal política alcance êxito.

As opções privadas estão disponíveis na BM&F e o interesse por elas por parte dos torrefadores, solubilizadores e traders/exportadores foi sempre mínimo, pois os padrões utilizados pela BM&F estão muito acima da qualidade usualmente empregada pela indústria.

Assim, de fato não tem qualquer lógica o governo tentar utilizar opções privadas para enxugar 6 milhões de sacas. O mais estranho é mesmo tendo ganho tanto dinheiro na última edição das opções públicas, o governo tem condições de calibrar o preço para exercício e manter baixo o risco de grande desembolso com a implementação das opções.

O segmento precisa se mobilizar visando a oferta de opções públicas, pois somente essa política é de interesse do segmento.

Celso Vegro
ARNALDO REIS CALDEIRA JÚNIOR

CARMO DA CACHOEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/04/2007

Em 2004, os contratos de opções eram do governo. Agora são contratos de opção privados!

Alguém poderia me informar como serão as regras, qual a vantagem do comprador privado adquirir estes títulos, sendo que não existe interesse aos compradores de café em manter o mercado em níveis interessantes para a produção!

O interessante é o inverso: que os preços desabem para comprarem café mais barato.

Como será definido o preço dos contratos ? (R$ 156,00) Absurdo!

Caso esteja errado me perdoem, mais uma vez o governo querendo fazer bonito com o chapéu dos outros? Mais um tiro no pé que nem o do IBGE?

Alguém poderia me explicar as lógicas desta questão?

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