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Goles de Pessimismo Idiossincrático

POR CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

CELSO VEGRO

EM 10/03/2009

11 MIN DE LEITURA

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Os títulos de meus artigos, em alguns casos, somente podem ser compreendidos por aqueles que toleram partilhar comigo a trajetória de minhas ideias e análises. Pensando naqueles que, estafados pela lide, não suportam longas digressões, faço uma concessão e inicio este artigo pela dessecação desse apenas aparente ditoso título:


Goles: trato do café, que é bebida; se fosse comida sólida, diria bocados ou nacos;

Pessimismo: escola do pensamento filosófico iniciado pelo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), concebendo que os homens podem se dedicar à filosofia sem ter de persuadirem-se de que o todo mal pode ser explicado e evitado; e

Idiossincrasia: constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa1.


Feita essa inversão da ordem linear das coisas é preciso compreender qual a ideia que as palavras pretendem compor quando juntas. Pessimismo: basta apenas um punhado de bom senso para se afastar de expectativas promissoras do porvir, pois caso assim não fosse, como justificar os monumentais aportes governamentais, oriundos das distintas nações abatidas pelo colapso financeiro, que se apressaram em fartamente irrigar bancos privados, montadoras de veículos, corretoras de imóveis e empresas seguradoras entre outras espécies de companhias. Quer me parecer que os céus não andam lá para brigadeiro!

Qual então a razão para uma apreciação idiossincrática? Para isso recorramos aos fatos. Nas matérias jornalísticas intituladas: "Alta do café ameaça a Starbucks e Kraft Foods2" e "Alta do café pressiona empresas que apostavam na queda3", os disparatados dirigentes das duas companhias mostram-se apreensivos com a evolução do custo de aquisição do café verde e sua necessidade em remarcar preços visando preservação da saúde financeira de suas companhias. Para esses gerentes, o cenário futuro para as cotações do café, em 2009, será favorável aos produtores. Pior, tal expectativa é também partilhada pelo diretor executivo da OIC que destaca, ainda, a possibilidade de este ano manter a decantada tendência de crescimento do consumo! Ademais, o executivo enfatiza o argumento, sinalizando que a demanda ultrapassará a oferta em seis a oito milhões de sacas. Assim, a análise proposta se torna idiossincrática, pois frente à mesma situação macroeconômica existem os otimistas e deles procurarei me distanciar com os "goles de pessimismo idiossincrático".

Nessa altura compete resgatar a trajetória recente das cotações. Consultando o seu movimento nas principais bolsas em que o produto é transacionado, percebe-se que houve perda acentuadíssima em todos os mercados nos últimos 12 meses, acumulando-se queda de até 1/3 do valor do produto, como foi o caso das cotações do robusta na Bolsa de Londres e muito perto disso na paulistana BM&F-Bovespa (Tabela 1). O mais aterrador é que essa baixa acontece simultaneamente sob a intensa onda de frio que aflige o Hemisfério Norte quando, normalmente, o consumo de café se eleva.

Tabela 1 - Evolução das cotações do café nas diferentes bolsas, jan-dez/08, cotação média de Fev/09 e média das cotações, 2008 e 2009 (em US$/sc de 60 kg)


Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil4.

As baixas cotações imprimem, para o conjunto da cafeicultura brasileira, uma postura absolutamente defensiva, limitando ao mínimo a tecnologia empregada nas lavouras, contando-se os gastos com mão-de-obra e os demais serviços de manejo e colheita da lavoura. Tais estratégias, certamente, redundarão em menores produtividades e acentuação do ciclo de baixa aguardado para a corrente safra, ainda, considerando, que do ponto de vista climático, o volume de precipitações tem permitido um bom desenvolvimento das plantas e êxito no pegamento dos frutos.

Dados do Cadastro Geral de Admitidos e Demitidos (CAGED) registram que nos anos de 2007 e de 2008, o número de demissões ultrapassou o das admissões em 1.790 postos de trabalho com carteira assinada, ou seja, há um processo de desocupação no segmento5. Sem dúvida, esse é o indicativo mais robusto que a situação econômica e financeira dos cafeicultores, ao menos os empresariais, encontra-se em estágio alarmante.

Já no segmento do café, digo melhor, entre suas lideranças, há tendência atávica para a adoção de um tipo de alquimia que os permita, por todos os meios, revogar fundamentos da teoria econômica. Se existe uma unanimidade em matéria de bens de consumo é a correlação direta entre o patamar da demanda e a evolução ou variação da renda disponível, mesmo considerando produtos tipicamente inelásticos, com é o caso do café6. Porém, para essas reverentes personalidades do setor, as cotações subirão e o consumo as acompanhará.

Em artigo sob a lavra do renomado economista Jeffrey Sachs7, além da defesa de uma necessária harmonização das políticas macroeconômicas dos países centrais solapados pela crise, ele destaca o impressionante montante de renda das famílias fulminada pelo atual colapso financeiro. Em seus cálculos houve encolhimento de cerca de US$ 25 trilhões da renda familiar concentrada nos Estados Unidos, Europa e Ásia, significando redução de 60% da renda mundial disponível em um único ano! Ademais, afirma que para cada US$1,00 de queda dessa renda há um declínio no orçamento familiar disponível para o consumo de US$0,05. Assim, a realidade dos números indica que com muito menos dinheiro no bolso, a propensão para o consumo em geral será fortemente refreada, não reunindo o café nenhum atributo especial que o permita se configurar numa honrosa exceção. Diminuição tão portentosa da renda, associada à imensa escalada do desemprego, somente poderá derivar num único prognóstico, qual seja, o declínio da demanda seguida de cotações cadentes para o produto.

A onda de desemprego que grassa nas principais economias mundiais, inclusive no Brasil, assume uma característica bastante diversa no momento atual. A desocupação atinge as faixas de maior renda, ou seja, profissionais mais bem qualificados e com maior nível de instrução que formam, justamente, o rol de apreciadores de café com maior propensão a consumir a bebida.

Para alguns, o argumento de que o Japão ao longo de sua década perdida (1991-2000) foi capaz de ampliar a demanda por café e, em decorrência disso, não se devem esperar quedas acentuadas na procura pelo produto, precisa ser cuidadosamente apreciado. A evolução do consumo naquele país assumiu trajetória ascendente somente nos dois últimos anos da década, sendo que nos oito anteriores, as oscilações não permitiram a configuração de qualquer tipo de tendência, ou seja, a estagflação da economia japonesa comprimiu sim o mercado de café (Figura 1).

Figura 1 - Importação de café verde, Japão, 1991-2000.

Fonte: Elaborada a partir de dados da OIC8.

Desde a safra 2004/05, muitos analistas do mercado de café, inclusive esse que assina este relatório, passaram a enfatizar que sob o ponto de vista dos fundamentos desse mercado, armava-se cenário para o surgimento de ciclo de alta sustentável para as cotações. De fato, tal momento foi observado entre os meses de fevereiro e março de 2005, quando as cotações se aproximaram de R$ 350,00/sc. Porém, desde então, essas mesmas cotações passaram a declinar, atingindo R$ 240,00/sc e por ali ficaram até bem pouco tempo.

Por certo que, com o agravamento do colapso financeiro, os analistas do mercado de café se tornaram mais fiéis à análise dos fundamentos que, desde 2005, porém, não tem permitido a geração de construções explicativas plausíveis para o relativo congelamento das cotações que até hoje pauta o mercado. Mas, será que se apegar aos fundamentos poderá agora se tornar um elemento verdadeiramente explicativo para as flutuações futuras desse mercado? Aquilo que em muito pouco, ou melhor, quase nada, agregava em termos de fatores explicativos do tormentoso passado passa agora a receber status de único oráculo para as convictas previsões?

Mas, verdadeiramente, o que significa o retorno aos fundamentos? Para os agentes de mercado, a safra brasileira com colheita a se iniciar em maio somará 40 milhões de sacas, com estoques de passagem acima das 35 milhões de sacas e estimativas grosseiras sobre a evolução do consumo, havendo entre as mais otimistas de crescimento em 2009 de 2,5%; moderados com crescimento positivo de 1% e os pessimistas com ausência de crescimento ou até crescimento negativo, na qual esse analista se inclui.

Estatisticamente, pode-se comprovar que as cotações mais favoráveis aos cafeicultores ocorrem entre os meses de dezembro do ano anterior e março do ano corrente, uma vez que, nessa época, ocorre a entressafra brasileira. Se assim é, pergunta-se: de onde e como, por meio da análise fundamental, explicar tamanha baixa nas cotações observada no último mês? O cenário se torna mais grave com a aproximação da colheita brasileira que encurta a cada dia o prazo para uma recuperação, ainda que apenas momentânea, das cotações. Logo alcançaremos fase em que a pressão vendedora tende a se intensificar represando o esperado incremento dos preços, senão até os empurrando para patamar ainda mais baixo. Aparentemente, a carência de crédito para exportação e a fixação de embarques em prazos mais elásticos podem ser dos elementos responsáveis por essa inusitada situação.

A gravidade do colapso financeiro exigiu que os países por ele assolados atuassem no sentido de conduzir intervenções visando estancar uma provável contaminação sistêmica para todo o restante das respectivas economias nacionais. A emissão de títulos do tesouro é a ferramenta financeira que permite o rápido levantamento dos recursos necessários para se conduzir às ações previamente planejadas. Todavia, há limites para a adoção desse mecanismo. No caso estadunidense, houve necessidade de injetar recursos em muitos ramos da economia devendo esse fato aprofundar ainda mais seu já temeroso deficit fiscal (Figura 2). A dimensão desse deficit não para de se ampliar com a contínua necessidade do governo em acrescentar novos aportes financeiros ao combalido setor privado. Em seu limite, pode-se imaginar até uma situação em que os compradores desses títulos não mais acreditem na possibilidade de o governo vir a honrá-los e, por fim, esse mecanismo vir a perder sua eficácia por contaminação da atual escassez de confiança que solapou as bases da economia moderna.

Em vista da prevalência desse quadro da Nação que mais demanda café no mundo, pode-se até esperar medidas protecionistas que restrinjam as importações ou alguma espécie de aumento dos impostos. Qualquer das iniciativas afetará o mercado de café, o que seria ainda mais desastroso para o setor e um golpe fatal para os adeptos da visão otimista para o futuro desse mercado no médio prazo.

Figura 2 - Deficit Fiscal nos Estados Unidos, 2000 a 2009.

Fonte: Elaborada a partir de dados básicos de GUHA (2009)9. *previsão.

A análise econômica convencional aponta para o ciclo de juros muito baixos, especialmente nos EUA, como a principal origem da atual deflação de ativos. Porém, há ainda um aspecto adicional que precisa ser contemplado nas análises que é o chamado "Paradoxo do Investimento". Segundo tal perspectiva, "a eficiência marginal do capital tende a diminuir com o aumento do investimento, por duas razões. Primeira: à medida que se incrementa a quantidade de instalações produtivas, diminuem os rendimentos que previsivelmente se podem obter com a posse delas. Segundo: à medida que se aumenta a pressão sobre os recursos para produzir equipamento adicional de capital, seu custo de reposição aumenta"10. Se o atual ciclo de recessão estiver parcialmente associado com essa lei keynesiana, o prazo consumido até que se reverta a conjuntura em favor do crescimento pode ser bem mais elástico do que as previsões mais pessimistas11.

Para o Brasil, maior mercado para o café verde aqui produzido, o contexto é algo diverso. A emergência e a consolidação da chamada classe C poderá manter demanda sustentável para gêneros básicos. Disso decorre a informação divulgada pela Associação Brasileira de Supermercadistas (ABRAS) de que houve crescimento 6,54% nas vendas, indicando que o item alimentos e bebidas podem exibir expansão bastante significativa, ainda que pautada pelos produtos de baixo preço e marcas próprias. Ao menos uma notícia boa.

Finalmente, encerro esta já tradicional análise do mercado de café sob um abafamento que já me furta as idéias, especialmente as boas, se por acaso, amiga leitora, até esse ponto ainda não foi capaz disso se aperceber. Suadouro como esse, no planalto Piratininga, não estou a me recordar. Porém, encerro-a satisfeito por haver conseguido persistir nessa minha mensal ladainha, assim pelo menos é no que gostaria de acreditar. Sob esse clima abro mão até de sorver um fumegante café em troca de "um copo todo embaciado pela frescura da água refulgente12".


O autor agradece ao técnico de apoio Gilberto Bernardi pela colaboração na coleta e sistematização dos dados básicos e, ainda, as sempre oportunas sugestões do prof. da FGV/SP Dr. Felix Schouchana.

1 Amiga leitora, não tome esse prolegômeno como uma espécie de subestimação de sua capacidade de interpretação. Considere ao menos o tom espirituoso com o qual procurei conduzir tais tergiversações. Assim, por ora aproveite e divirta-se.

2 Alta do café ameaça a Starbucks e Kraft Foods. Gazeta Mercantil, 18/02/2009. Caderno B9.

3 Alta do café pressiona empresas que apostavam na queda. Jornal Valor Econômico, 18/02/2009. Caderno B13.

4 Disponível em www.gazetamercantil.com.br (para assinantes).

5 O avanço da mecanização, a retomada do sistema da parceria, a escassez de braços nos diversos cinturões cafeeiros e até a solicitação dos trabalhadores para não serem registrados, visando a preservação de benefícios sociais (bolsa família e auxílio desemprego) são fatores que podem mascarar a real dimensão da problemática do emprego de força de trabalho nas lavouras cafeeiras. De qualquer modo, o sinal para o balanço admissões versus demissões é negativo e sintomático da situação econômica da cafeicultura empresarial.

6 Resultados também obtidos nas pesquisas conduzidas pelo grupo ao qual pertenço. Nela constatamos que existe correlação quase que linear entre maior renda e percentual de apreciadores de café fora do lar.

7 SACHS, Jeffrey D. Cooperação macroeconômica mundial. Jornal Valor Econômico, 27/02/2009. A17.

8 Disponível em: www.ico.org

9 GUHA, K. Plano é diminuir rombo para 3% em quatro anos. Jornal Valor Econômico, 27/02/2009. A14. (matéria republicada do Finacial Times).

10 KURIAHA, K. K. Introdução à Dinâmica Keynesiana. Biblioteca Fundo Universal de Cultura Estante de Economia., 1961. 298p.

11 Nos EUA, o colapso de 1929 atingiu seu ponto mais baixo 43 meses depois do fatídico novembro. Em realidade a economia estadunidense somente assumiu trajetória de crescimento em meados de 1939.

12 A Cidade e as Serras. Eça de Queiroz.


"De um ponto de vista científico, tanto o otimismo
como o pessimismo são passíveis de objeção".

Bertrand Russell - História da Filosofia Ocidental

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/03/2009

Prezado Samuel Fornari,

É agradável encontrar alguem com suficiente retórica para poder construir um acertado caminho para a cafeicultura brasileira.

Quando diagnostiquei que nossa safra seria de 55 milhões de sacas foi após a ocorrência de imensas chuvas em julho/2007 em todos os cinturões cafeeiros. Todavia, após essa somente voltou a chover após 20/10 e as expectativas se frustraram. Fiz a minha culpa em outro artigo com subtítulo: https://www.cafepoint.com.br/default.asp?noticiaID=48697&actA=7&areaID=47&secaoID=252.
Mais uma vez, não sou um pessimista! Prometo empregar até o último neurônio e a reserva de fosfato que nele houver em prol da geração de idéias que permitam construir uma trajetória menos sofrida para nossa cafeicultura.

Vou lhe avisar de minhas próximas palestras e quem sabe poderemos nos conhecer e fazer dessa controvérsia uma reelaboração de consensos.

Forte abraço
Celso Vegro
SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 19/03/2009

Prezado Celso Vegro,

Grato pela resposta.

Minha intenção não foi ofende-lo, me desculpe se assim pareceu.
Quanto a resposta ao Théo que diga-se de passagem é um amigo e um profundo conhecedor do mercado de café, não achei no site.
Conforme sua solicitação segue o artigo:"Café: uma lavoura ensandecida"....dizia o texto:"Qualquer previsão de produção inferior a 55 milhões de sacas poderá ser tomada no mínimo como conservadora."
Na época contestamos no site e inclusive eu disse: "Insanidade é afirmar que a próxima safra vai ser de 55 milhões olhando-se como, no mínimo, um conservador."
Na época recebi relatórios dos EUA falando em previsões de 60 milhões do pesquisador do IEA, afinal 55 era para conservadores.
Gerou polêmica e tudo mais, e o mercado estava em queda pela oferta de safra recém colhida e ficou mais pressionado ainda com todas as especulações.
Logo depois, no inicio de 2008 o mercado entendeu que não era nada disso e as cotações subiram forte, sendo interrompidas as altas com inicio da crise.
Creio que não é mais a hora de se distanciar dos otimistas e nem de adjetivar ou zombar de personalidades do setor:" os disparatados dirigentes"... "Para esses gerentes, o cenário futuro para as cotações do café, em 2009, será favorável aos produtores..." ; "Pior, tal expectativa é também partilhada pelo diretor executivo da OIC que destaca, ainda, a possibilidade de este ano manter a decantada tendência de crescimento do consumo! ".
Aceito seu ponto de vista mas gozo do direito de discordar e expressar o meu.
Penso diferente em relação a demanda, que acredito ser quase inelástica em crises, hoje mesmo, o presidente da Abic diz que o consumo cresceu menos que o esperado, mas cresceu. EUA e Europa esperam quase que estagnação e esperam crescimentos em outros mercados.
É normal, o pessimismo toma conta mesmo, seja com safras de 60 milhões, seja no auge da crise.
Antes da crise o petróleo ia 200 dolares, agora a 40, analistas do Merril Linch falaram que vinha se estabilizar nos 25, faz parte do mercado.
Quanto ao mercado hoje, creio que estou no meio dos "disparatados dirigentes" , pois acredito, que o mercado tende a se recuperar pelos seguintes motivos:
1) Desvalorização mundial do dolar, que aliás, começou a acontecer de forma mais consistente um dia após eu escrever a primeira carta(coincidência, pois eu esperava isso mais adiante).
2) Safra mundial menor que o consumo em 2009.
3) Migração de investidores de Títulos Públicos para outros investimentos, dentre eles, commodities, como proteção para inflação quando as condições econômicas melhorarem. Cortaram investimentos, mataram quem produz, logo comprarão com insanidade.
4) Exportação do Brasil tem sido firmes, e em contrapartida não se nota crescimento dos estoques nos consumidores.
Acredito nesse cenário acontecendo mais adiante, não agora.
Sou um otimista né...rsrs. Venha fazer parte deste time e não se afaste de nós!!

Grande abraço,

Samuel H Fornari

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 17/03/2009

Prezado Samuel Henrique Fornari,

Grato por sua paciência (que parece que não é de agora) com esse pesquisador.

Encerrei meu artigo com uma citação do Bretrand Russell e acho que ela é muito perspicaz no que diz respeito a acertos e erros. Entretanto, somente erra aquele que procura participar ativamente do debate e omissão/resignação são aspectos que efetivamente não pertencem à linha de conduta deste analista.

Quando você indica que cometi equívocos em minhas apreciações, seria importante apontar precisamente onde e quando, assim podemos objetivar o debate. Agora, o que parece que você não foi capaz de perceber é que assim como você projetou o seu cenário futuro, algo formidável, eu também o fiz e ambos cenários são plausíveis mediante as informações de que dispomos. Caberá ao amanhã resolver o assunto.

Cuidado. Jamais fui um pessimista, mas ao contrário acredito na cafeicultura brasileira: em seus empreendedores, em sua pesquisa, em todos os demais agentes desse portentoso agronegócio. O pessimismo que é utilizado no texto é aquele que deriva da filosofia (as ideias não precisam necessariamente combater ou explicar o mal).

Assim, a ideia de pessimismo está ligada ao colapso financeiro e seus efeitos sistêmicos para todo o tecido produtivo. No artigo não expliquei nada disso nem tampouco procurei remédios para combater esse mal. Fui ao ponto em que poderia afetar o consumo de café que é a evolução da demanda e a precariedade em que são formulados os cenários pautados pelos chamados fundamentos. Ademais, peço que aprecie também a resposta ao Theo e juntando com essa sua, repense tudo que leu e escreveu.

Abçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 17/03/2009

Prezado Theo Jacinto do Amaral
Grato pelas informações repassadas.
Se olhar com atenção para o preço obtido pelos embarques brasileiros vai encontrar a razão para o recorde. Pura transferência de riqueza, pois nosso produto está cotado US$ 25 cents abaixo de Noava Iorque. Não há importador que despreze preços tão baixos e aproveitaram para recompor estoques. A falta de crédito para os exportadores alongarem os prazos para os embarques é o que está pressionando para baixo as cotações e impedindo que novas altas aconteçam.
Espero ter esclarecido as idéias que desenvolvi em meu artigo.
Saudações
Celso Vegro
SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 16/03/2009

Me lembro que ano passado, ou final de 2007, o amigo Celso Vegro escreveu um artigo nesse site que gerou polêmica semelhente, inflado de pessimismo e até com um fundo sarcástico, projetava preços terríveis e um futuro sombrio. Meses depois, no segundo trimestre de 2008, o café atingia patamares na bolsa de ny não vistos a muito tempo(1,70 cents/libra ). Nessa oportunidade, eu e mais alguns colegas contestamos tal pessimismo.
O CONSUMO ESTÁ CAINDO DRÁSTICAMENTE????? Então,para onde está indo toda a exportação do Brasil se não verificamos nenhum aumento significativo nos estoques em países consumidores???
A crise afetou a todos??? Claro que sim, posições nos mercados foram desfeitas não seguindo racionalidade alguma. No mercado acionário, o que explicaria uma Petrobras valer 50 reais com um lucro médio por trimestre de 4a 5 bilhões e hoje com o lucro oscilando em 7 a 10 bilhões as ações valem 27 reais??? ( Sem contar que no auge do pânico chegaram a 17 reais).
Assim ocorreu com tudo e com todos.
Essa crise em breve nos trará uma nova realidade, investimentos estão sendo cancelados, estão matando quem produz, e logo veremos uma busca insana por produtos, dentre eles, principalmente aqueles que necesitam de grandes investimentos pré-produção e aqueles, cujo ciclo produtivo não ocorre da noite para o dia(CAFÉ)!!!É só verificar com qualquer cooperativa, o uso de insumos despencou e certamente trará reflexos na safra 2010.
Vem ai, dentro do próximo 1 ano e meio, inflação mundial, correria dos fundos saindo dos Títulos Americanos( que muitos ja dizem será a próxima bolha) e comprando commodities como proteção para inflação.

Espero novamente que esse pessimismo, mais uma vez, esteja nos indicando o fundo do poço para o médio prazo!

Abraço a todos.
THEO JACINTO DO AMARAL

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 16/03/2009

Se a crise afetou mesmo o consumo de café e a falta de crédito minou a comercializaçao do produto como explicar os números das exportaçoes brasileiras de dezembro 08 até hoje? Como explicar os estoques estáveis nos EUA(green coffee 16/03/09) se a economia lá vai de mal a pior? Ao meu ver uma populaçao com maior renda tem a demanda por café menos afetada do que uma populaçao de país pobre ou emergente quando há uma queda generalizada na riqueza dos indivíduos. Na minha opiniao a demanda por café só é elástica quando a renda é muito pequena.Diria que a explicaçao para o atual patamar de preços nao se concentra na demanda e sim na oferta! Alguém acredita nos números da Conab para safra 08/09? Diria que colhemos no mínimo 52 milhoes de sacas e se esse número for questionado peço que somem exportaçoes mais consumo interno.Temos também o fato de a safra ter chegado atrasada e isso poderia explicar o período de entressafra sem boom nas cotaçoes. Outro fator que pode explicar o declínio nas bolsas de futuros é a depreciaçao das moedas dos países produtores que acaba compensando as perdas nominais em dólar.

Agradeço o espaço

Théo Amaral
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/03/2009

Prezado Domingos R. Andrade,

Grato pela mensagem.
Espero que tenha grande sucesso em sua atividade.

Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/03/2009

Prezado Leonardo Bomtempo,

Com esse sobrenome você é necessariamente o último dos brasileiros a cair nos braços do pessimismo. Atenção. Agora a serio.

Veja, a economia cafeeira sempre foi pautada por ciclos de preços. O lamentável é que quando o quadro se tornou favorável para a cafeicultura brasileira, veio o colapso financeiro internacional e os mercados se retraíram.

Torço junto com toda a cafeicultura para que o prazo consumido por essa crise não se alongue demasiadamente e os preços reajam para o bem de nossa mais amada das lavouras: O CAFÉ.

Abçs
Celso
LEONARDO BOMTEMPO

TIROS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/03/2009

Parabéns pelo artigo, como cafeicultor vejo que o sonho por dias melhores, estão cada dia mais distantes, você nos antecipou uma realidade que só nós produtores não queriamos ver. Comprar adubo a 1.500,00 reais a tonelada, salario mínimo a 465,00 e oleo diesel a 2,10, sem falar nas altas dos insumos, e vender cafe a 250,00 ou menos é nossa realidade.

Só fica uma pegunta, qual será a safra de 2010, 2011, será que os produtores estão adubando adequadamente? desbrotando adequadamente? não acontecerá como 2002 onde nossa produção voltou a 28 milhoes de sacas? Alguém está vendo novos plantios?

att
DOMINGOS RIBEIRO DE ANDRADE

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/03/2009

Pesquisadores e alguns consultores ainda acham que o cafeicultor é ignorante. Agora resolveram até a filosofar em cima do tema café.

Que o mundo esta em crise, que o estoque é desconhecido, que os asiáticos produzem café a custo muito baixo, que o custo Brasil é alto, que nossa classe é desunida, que grandes cooperativas desvirtuaram seus objetivos, que a política cambial e a alta dos insumos ajudaram a tirar nossa renda, todos produtores estão cansados de saber.

Seria muito mais enriquecedor, que, ao acessarmos o site, encontrasse artigos de pesquisadores e consultores dispostos a lutar por uma política agrícola para o café, pressionando o governo e unindo a classe produtora.
ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 12/03/2009

Caro José Eduardo,

Não gostaria de discutir aqui se existem culpados ou não. Minha preocupação está focada, dentro da minha modesta contribuição, na sustentação/promoção do desenvolvimento do nosso setor e contribuição com o nosso pais.

No momento, estamos diante de um impasse significativo, onde as inteligências interessadas, deveriam manifestar-se com a sua contribuição voluntária, visando sua superação.

Um processo de negociação eficaz é aquele que busca aceitação de propostas, idéias ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de modo que as partes envolvidas tenham oportunidade de apresentar toda a sua argumentação e que o resultado final seja maior que as contribuições das partes.

Já manifestei acima (1ª carta) que o nosso setor está muito carente de informações (confiabilidade dos dados). A argumentação das partes, nesse caso, padece do problema de confiança. Uma parte desconfia da outra parte, dificultando brutalmente o entendimento.

Veja os disparates divulgados recentemente: vamos pegar a nossa última safra de café brasileira, que se encerrou em novembro/08. A CONAB divulgou que foram colhidos 46 milhões de sacas.Já o USDA (departamento americano), afirmou que o Brasil colheu 51 milhões de sacas.

Isto não é estimativa de safra, se fosse, caberiam desvios. Isto é em cima do realizado. Em quem acreditar ? (a diferença representa a produção do México ou da Índia). Nosso pais está passando da hora de gastar dinheiro na obtenção de boas informações. O que iremos economizar de tempo nessas discussões infindáveis, por se só, justificará o gasto.

No momento a única informação confiável disponível que temos é que o "o setor produtivo" está quase inviável, quase a beira da falência. Com certeza absoluta, a média dos custos de produção aqui da nossa região do sul de minas, nesses últimos anos, estão muito acima dos preços comercializados.

Quando o governo aumenta o salário mínimo, amplia exigências ambientais, amplia encargos sociais, associado ao aumento do preço do aço, do fertilizante, do combustível, e de outro mais e o preço do café não aumenta, é de se esperar um "baita" de um desequilíbrio na atividade. Daí a importância das políticas (no caso ainda inexistentes).

Estamos incentivando produção no pais, onde ao contrário, deveríamos estar reduzindo ...

Prezado José Eduardo, entendo que você recentemente prestou-nos uma grande contribuição à nossa causa com um relatório publicado em alguns sites, inclusive no CaféPoint, no Espaço Aberto, intitulado: "Relatório - Cenários mundial cafeeiro: Trajetória e alternativas visando a cafeicultura brasileira" .

Pelo valor desse relatório, o CaféPoint deveria dar mais visibilidade ao mesmo.

Saudações.

JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 11/03/2009

Caro Antônio Augusto,

A culpa pelo fato da cafeicultura não estar sendo ouvida ou mesmo recebida com a dignidade e postura necessária seria por falta de sensibilidade ou seria devido a cafeicultura não possuir argumentos consistentes comprovando-os?

Acredita que os dados defendidos pela cafeicultura estão traduzidos eficazmente como informações, para assim serem discutidos e acatados?
A cafeicultura possui dados, informações ou conhecimentos? Qual ou quais destes tres argumentos acredita que ela possui para se fazer presente numa mesa de negociações?

Considerando pelo que ela possui em termos de informações ou conhecimentos, estes serão suficientemente técnicos para se impor?
Se conseguir responder afirmativamente a estas questões, então o governo e equipe econômica, contrariando a função do estado, estariam não apenas insensíveis, mas fundamentalmente contrários a esta atividade e procurando sua extinção? Em sua interpretação como poderia ser isto interpretado?

Acredita, conforme as respostas que possa dar, que a cafeicultura de posse certa, precisa e embasada com rigor científico das informações necessárias ao seu funcionamento básico não conseguiria resultados precisos e até mesmo ágeis junto ao governo e até mesmo de impacto no mercado mundial?
Acredita que a cafeicultura brasileira possui condições de comandar o rumo desta economia, mas não posui capacidade atual para isto?

Acredita que uma simples intenção de ação tomada com rigor no sentido de recomendar à cafeicultura brasileira, como um todo, por uma redução produtiva em 20% anualmente, até que os estoques mundiais se anulem, poderia provocar de imediato impacto nos preços? Em caso afirmativo, este impacto seria mais pronunciado que a marcha pela cafeicultura? Em caso afirmativo, então por que não fora analisado por este aspecto? Também, em caso afirmativo, ocorrendo impacto imediato, acredita que a pressão altista que poderia ocorrer nos preços seria superior a 20% sobre os atuais? Neste caso, não seria compensada a perda produtiva por aumento na lucratividade? Não seria melhor produzir menos e ganhar?

Gostaria, se possível, que desenvolvesse sua resposta nesta mesma plataforma de questões. Não sou contrario à marcha, pois sei com toda a propriedade que a cafeicultura de arábica está falida, porém, acredito firmemente que ela poderia ser evitada com argumentos, sendo que estes inexistem com base em posições aceitas técnica e cientificamente. Assim, seriam menores os desgastes e maiores os resultados, sendo o que importa, pois de qualquer forma terão de possuir elementos para negociação e não devaneios, vistos com esta denominação pela equipe do governo.
Talvez por isto aconteça o descaso e descrédito para com a cafeicultura.

Abraços
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2009

Prezados Cláudio e Antônio,

Obrigado pelas novas e oportunas manifestações.
Não pretendo transformar esse espaço em palanque para este ou aquele movimento.

Em realidade, creio que a carta do Roberto Ticoulat mostra o oancronismo que é buscar uma saída para apenas um segmento dessa cadeia na atual conjuntura.
De qualquer forma, sucesso para a marcha.

Abçs
Celso Vegro
ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 11/03/2009

Caro Celso Vegro,

O nosso colega produtor, Cláudio Borges, está com razão na sua manifestação sobre o nosso movimento, como citou: "O problema é que não temos como expressar nossa quebradeira através dos atuais meios de comunicação. Nossas reivindicações não chegam aos níveis superiores hierárquicos do governo, não temos interlocutores junto a ele, interlocutores estes que poderiam levar nossa angústia e trazer alguma solução. Por isso vamos, com as nossas armas, tentar fazernos ouvir".

Estamos totalmente descapitalizados, desmotivados, sem forças, com as nossas lideranças desgastadas nas rodadas de negociação, e mais: excluindo o Ministério da Agricultura, quando deparados com burocratas de outras áreas do governo o movimento, através dos nossos representantes, encontra uma enorme falta de sensibilidade para se fazer ouvir, ser compreendido e principalmente obter soluções para os nossos problemas. Parece que ninguém acredita em ninguém.

Daí um movimento como este, quero crer, iniciará uma nova página na cafeicultura brasileira:

1º) começaremos a "unir" esta classe que há muito encontra-se adormecida;

2º) aparecerão lideranças jovens em prol do movimento e na defesa de um segmento que talvez mais empregue nesse país;

3º) querendo ou não, os burocratas instalados no ar condicionado de Brasília, dos Bancos e até das nossas cooperativas de crédito, terão a oportunidade de conhecer um pouquinho da realidade de uma cultura centenária comandada por centenas de milhares de produtores e, em vias de extinção, com grande prejuízo para o pais.

Prefeitos, vereadores, produtores, comerciantes, desempregados do meio rural, estudantes, simpatizantes com o movimento: o momento é agora. Participem dessa luta! Dia 16/03 às 10:00h, no centro de Varginha/MG. Vamos mostrar a nossa força de maneira ordeira e educada. (esperamos nunca ter que chegar onde chegaram nossos colegas produtores argentinos - nem nós nem o nosso país merecem isso)

Nossa participação tem tudo a ver com a defesa de :

1850 municípios brasileiros; 2,3 milhões de hectares plantados com café; mais de 300.000 proprietários rurais; 8 a 10 milhões de empregos diretos e indiretos.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2009

Prezado José Eduardo,

Sua manifestação é importante, pois como ex-produtor de café (3 fazendas) pode testemunhar junto aos demais cafeicultores que esse movimento que ocorrerá em Varginha não é uma unanimidade.

De minha parte não acredito em ações implementada do ponto de vista de um único agente dessa cadeia produtiva. As políticas corretas terão necessariamente abrangência sistêmica e capacidade de mutuamente se fortalecerem gerando o chamado momento ganha-ganha.

Sei que não fui portador de boas notícias, mas isso faço devido ao papel que assumi de total independência frente aos mais diversificados interesses que rondam o agronegócio café.

Grato pelo elogio.
Celso Vegro
JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 11/03/2009

Prezado Celso Vegro,

Há poucos dias li o material divulgado na chamada para esta marcha do SOS, na qual os representantes da cafeicultura evocam ajuda da igreja, num momento de desconforto entre a sociedade, poder executivo e igreja, devido ao recente episódio de excomunhão de profissionais da área médica na luta pela vida de uma criança, em que envolveu manifestação até mesmo do presidente do Brasil e ainda mais, pedem socorro aos alienígenas que "vistaram Varginha".

Será que não conseguem enxergar ou raciocinar que nós mesmos, humanos e profissionais temos capacidade para resolver nossos problemas, sem precisar andar com o "pinico nas mãos"?

Será que não percebem que ações como estas podem ser um tiro pela culatra e colocar a sociedade como um todo contra, principalmente num momento crítico mundial como este, em que todos estão sentindo os efeitos da retração e falta de crédito?

Como e o que fazer para que percebam isto? Nesta queda livre pelo precipício que a cafeicultura escolheu para pular, não seria lógico soltar o pinico das mãos e utilizá-las para puxar a alça do pára-quedas, evitando se esborracharem no chão e fazerem um pouso ameno?

Não consigo entender e muito menos compreender tamanha insensatez, falta de visão e falta de lideranças. Estou acreditando que seremos, se já não o fomos, excomungados também, por tentarmos salvar a cafeicultura. Mas, quem sabe os ETs, num ato de apoio humanitário não conseguem dar uma passadinha por aqui, abdusindo os representantes da cafeicultura, não conseguiriam executar uma transformação mental nestes, pois só acredito se for desta forma.

Parabéns pelo artigo.
CLÁUDIO JOSÉ DA FONSECA BORGES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/03/2009

Prezado Dr. Celso,

Como cafeicultor , achei inadequado que o senhor ria do nosso movimento, ao invés de incentivá-lo. O mundo não riu quando os presidentes da GM, Ford, Crysler, Citibank, BoFa, etc marcharam, ou melhor, voaram em seus jatos particulares para pedir socorro à Washington.

O Brasil não riu da passeata dos funcionários semi-demitidos da Embraer. Nem quando o IPI para venda de veículos foi eliminado pelo presidente. Ninguém está rindo dos efeitos da crise mundial sobre o consumo e o crédito.

O problema é que não temos como expressar nossa quebradeira através dos atuais meios de comunicação. Nossas reivindicações não chegam aos níveis superiores hierárquicos do governo, não temos interlocutores junto a ele, interlocutores estes que poderiam levar nossa angústia e trazer alguma solução. Por isso vamos, com as nossas armas, tentar fazernos ouvir.

Então peço ao senhor, que com certeza não é produtor (senão estaria apoiando nosso movimento), que não ria da nossa aflição, não permita que os outros do seu convívio também riam. O momento é grave e nossas lideranças nos levaram para o buraco.

Concordo que seria cômico se não fosse trágico mas tenha a certeza que é trágico. Suas análises mostram isso. Precisamos de subsídios e isso não virá se ficarmos da porteira para dentro: é preciso lutar!

Todo segmento que gritou conseguiu alguma coisa e o senhor acha que o melhor que fazemos é ficar calados? Somos produtores, não temos tempo para outra coisa a não ser produzir; não estamos sentados numa sala com ar refrigerado, nossa luta é de sol a sol, debaixo de muito sol e de muita chuva.

Quanto aos exportadores / importadores, tenho certeza que estão numa boa. Gostaria que o senhor mostrasse a sua solução para nós cafeicultores de morro no Sul de Minas. E também respeito pelo nosso movimento.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2009

Amissíssimo Roberto Ticoulat,

Sua correspondência é um elixir de santa sabedoria. Que satisfação poder contar com sua prestativa atenção em listar-me outros aspectos para os quais os gestores da política cafeeira também deveriam atentar.
A queda nos embarques de solúvel e a transferência de riqueza para os importadores a custa do suor de nossos empresários e cafeicultores é desalentadora. Pena que ao invés de construir pontes que nos permitam superar esse momento o segmento se concentre em organizar marchas que a todos faz muito é rir.

Abçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/03/2009

Prezado Cláudio José Fonseca Borges,

Maravilha! O colega entrou no espírito. Tenho preocupação em assumir esse tom de cronista e deixar de lado a postura do analista de mercado, que por acaso anda a acertar menos que o astrólogo.

Quando introduzi a citação do Bertrand Russell foi justamente para mostrar que eu posso estar completamente equivocado e cabe a vocês leitores e leitoras a tarefa de construir a ponte do diálogo com esse modestíssimo pesquisador. Nisso você ousou e cumpriu exemplarmente meu íntimo desejo.

Na semana das mulheres me dirigi preferencialmente às leitoras. Explicado.

Grande abraço
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/03/2009

Carríssimo Antônio Augusto Reis,

Suas preocupações são igualmente minhas. Lamentavelmente, o discurso liberal esfrangalhou o Estado e agora precisamos de informações, mas que somente esse agente poderia gerar de forma imparcial e precisa. O supetão com o qual o Collor acabou com o IBC cobra seu preço e ele se traduz na ruína de importantes segmentos da cafeicultura.

Todavia, é momento de buscar a inovação. É custosa a mão-de-obra, que se reinvente a parceria; são custosos os insumos (fertilizantes), que se atue com mais eficácia na correção da acidez, uso do gesso e busca de insumos orgânicos (cama de frango tem 2% de nitrogênio a custo inferior a 15% do Super Simples).

Assim todo o resto. Todos aqueles que perseguirem essas inovações vão surfar essa vaga de incertezas e de pranto.

Forte abraço
Celso Vegro

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