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Há 34 anos...

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 21/02/2011

7 MIN DE LEITURA

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Comentário semanal - de 14 a 18 de fevereiro de 2011

Começo mais uma vez falando da China, que pela segunda vez neste ano aumentou o nível requerido de reservas pelos bancos em 0.5%. A semana também teve volatilidade nos mercados de energia em função da movimentação de navios de guerra do Irã no Canal de Suez, e protestos no oriente-médio (um reflexo proveniente do sucesso da população no Egito em derrubar o presidente).

No que tange as preocupações com a inflação, além do índice ao consumidor dos Estados Unidos ter sido maior do que o esperado para o mês de janeiro, temos visto diversos comunicados de vários CEOs de empresas de alimentação falando sobre o impacto dos preços das matérias-primas nos resultados recentes de seus balanços. Com isso aumenta o número de investidores e analistas que acreditam que logo haverá um repasse dos custos nos preços. Para as indústrias têxteis o mesmo deve ocorrer, dadas as recentes altas históricas (em termos absolutos) do algodão, que está o dobro mais caro do que o nível mais alto que tinha negociado anteriormente, em 1864, durante a guerra civil americana.

Olhando para o mercado de café temos a nítida impressão de que ele perdeu a marcha à ré (faz tempo, não é?!). Os sutis sinais de alerta técnicos que poderiam eventualmente trazer uma correção, em nenhum momento levaram os preços da bolsa de Nova Iorque a romper suportes importantes. Na verdade muito pelo contrário, resistências técnicas foram alcançadas e o que vimos foram novas altas e mais compras.

Considerando apenas os fechamentos semanais, o ajuste de sexta-feira (18 de fevereiro de 2011) da 2ª posição - que hoje vale para o contrato de maio de 2011 - foi o maior desde 27 de maio de 1977, há quase 34 anos atrás!! Lembrando que a subida de 1977 foi fruto da geada negra de 1975, que gerou perda de área plantada conforme um assíduo contribuidor confirmou, e portanto os efeitos foram mais duradouros. Mas fora isso, Nova Iorque não viu preços tão altos assim durando por muito tempo.

A subida de 1997, que levou os preços a US$ 318.00 centavos para o primeiro mês, e US$ 277.00 centavos no segundo mês (no dia 29 de maio daquele ano), foram rápidas, seguidas por quedas fortes. Para ilustrar é só olhar o gráfico nos terminais e notar que no dia 27 de maio de 1997 o contrato de julho fechou a 274.30. No dia seguinte pulou para 297.00, e um dia após foi a 318.00, caindo de volta para 276.40 no dia 30 e finalmente fechando a 253.95 no dia 2 de junho. Isto porquê quem estava vendido não aguentou mais margear, e liquidou parte das posições. Prova disto foi a queda do número de contratos em aberto que caíram em 30% entre os meses de maio e junho de 1997.

Não há dúvida que não se pode analisar os números apenas de forma absoluta, então como curiosidade eu usei o índice de inflação do preço ao consumidor nos Estados Unidos (CPI), desde maio de 1997 até janeiro de 2011, e os US$ 270.00 centavos da época seriam equivalentes a US$ 370.94 centavos hoje em dia. Da mesma forma os US$ 318.00 centavos, hoje equivalem a US$ 436.88 centavos por libra-peso, ou seja, ainda estamos bem longe das altas vividas, mas também não significa que o mercado chegará lá.

Comparando as diferenças dos períodos (1997 e o ciclo atual) em vários aspectos, creio que a principal delas é quão disciplinadamente o mercado está se comportando no atual rally. Não tivemos, ainda, um dia de US$ 20.00 centavos de alta, o que normalmente marca pontos de exaustão. As altas têm sido consistentes, fortes, mas não totalmente descontroladas. O mais impressionante de tudo, é que a volatilidade-implícita (vols) nas opções está caindo mesmo com as altas recentes. No começo de dezembro do ano passado o "C" estava negociando a US$ 200.00 centavos por libra as vols estavam em 43%. Hoje, depois do futuro ter subido 36.50%, a volatilitade-implícita (para opções no dinheiro) estão em 31% e 35%, respectivamente para abril e maio. Dado a incerteza do momento (não precificada nas vols), e com os mercados futuros tão alto - gerando aperto do fluxo de caixa para quem está vendido (e desespero para quem precisava estar comprado e não está) - a proteção mais barata é comprar opç ões, ao menos com elas já se sabe de antemão o quanto se pode perder. Na minha opinião a vol baixa está demonstrando o quão certo todos estão de que o mercado continuará subindo, o que dá aterrorizante.

Pode se notar pelo comportamento do mercado, o medo dos participantes em colocar novas posições (e estarem errados), e portanto o número de contratos em aberto está diminuindo, assim como os vendedores estão desaparecendo. Enquanto a alta se mantém, quem tinha que ter vendido e não vendeu está cada vez mais bonito na foto, mas o problema é quando uma queda forte vier - e uma hora virá.

Em outras palavras, a surpresa do mercado não está nas novas altas consecutivas, e sim na solidez da alta, a certeza da continuação dela, e principalmente o risco que uma baixa acentuada pode trazer. A volatilidade extremamente baixa das opções nos indicam que muita gente está vendendo demasiadamente opções para financiar a falta de cobertura (ou para diminuir o custo das novas compras), o que é uma bomba relógio que pode causar uma implosão grande para os preços. Falo em implosão, e não explosão, por estarmos vendo muito mais gente comprando estratégias altistas do que baixistas, o que tem funcionado perfeitamente até agora, e continuará funcionando enquanto o mercado não desmoronar.

Esta análise acima em nada altera o panorama da manutenção de preços altos para o café (ou US$ 230 centavos não é considerado preço alto?). Em meu comentário no final do ano passado eu sugeri que os preços negociariam entre US$ 200.00 a US$ 280.00 centavos este ano, sendo que a parte mais alta do intervalo se traduz em altas históricas para o preço da saca de café pagos a praticamente todos os produtores em diversas origens. Crer que o equilíbrio se dará por aqui, é outra conversa, e perigoso. Há riscos sim de haver uma corrida para US$ 300 ou US$ 350 centavos, mas não devemos nos iludir com um mercado de apenas uma direção.

A equação não é feita só de produtores, tem que se considerar também os consumidores. A indústria não precisa aumentar o preço para as suas cápsulas de 7 gramas de café que são vendidas a US$ 0.60, mas certamente está pressionada para mudar o preço dos pacotes de café "não-tão-especiais". Um torrador europeu nesta semana subiu seu preço em 10%, por exemplo. Com o mercado subindo muito a solução dos torradores será ou aumentar ainda mais os preços, ou piorar a qualidade, e tanto um quanto o outro vai desencorajar consumo, ou o crescimento dele, no longo-prazo. E o que torna o mercado de café mais interessante é que até hoje a sua demanda sempre se mostrou inelástica, mas não devemos esquecer que o crescimento forte não estava vindo dos países não-desenvolvidos, como é o caso agora.

O melhor para todo mundo, produtores e consumidores, é sim ver os preços se manterem altos, mas não nos atuais patamares. A área plantada deve crescer mesmo se os preços despencarem 20% dos atuais US$ 273 centavos, não é? Muitos discordam, dizendo que como tem outras culturas que dão mais dinheiro, o produtor não vais se estimular em plantar mais café. Pode ser verdade, mas eu acho que para quem já produz café, conhece o negócio e ainda ganha dinheiro, se aventurar em uma nova cultura é mais arriscado.

Ou seja, não estou falando que os preços voltarão para US$ 150.00 centavos neste ano, podemos sim ver preços acima de US$ 200.00 durante um bom tempo, talvez até durante 2012 inteiro, mas não devemos nos iludir que a saca de café no Brasil, por exemplo, vai se sustentar acima de R$ 500.00 por muito tempo (salvo se houver problemas climáticos). Por causa do ciclo do café, que entre plantar a muda e colher a primeira safra demora pelo menos 3 anos, teríamos em teoria mais 2 anos de alta, mas eu acho que veremos os "highs" (altas) provavelmente na 2ª metade deste ano.

Relatório longo é relatório chato, eu sei disso, mas a idéia é dissipar um pouco do torpor e trazer mais discussão para a mesa lembrando que tudo é cíclico. Em 2001 ninguém queria comprar café a US$ 40.00 centavos por libra, pois achava que poderia cair mais e que não era barato o suficiente, e hoje mesmo com o mercado negociando a US$ 270.00 centavos está todo mundo achando que vai para US$ 400.00 centavos. Calma lá!

É isso. De forma prática: no curto-prazo os únicos sinais de fraqueza estão vindo do lado dos cafés-suaves, com os diferenciais de Colômbia negociando a 15 acima e a demanda até abril se mostrando mais fraca. No médio e no longo-prazo a perspectiva mostra aperto, já que os estoques mundiais estão baixos e no ano-safra 11/12 cairão ainda mais por causa da produção menor do Brasil. Tecnicamente apesar do mercado estar sobrecomprado, e com mais de 92% dos participantes dizendo estarem altistas, não há sinais de que chegou a hora de vender para especular. Mas como a disciplina é a regra do jogo, aproveitem as volatilidades ridiculamente baratas para se protegerem, tanto da alta, como da baixa.

Fiquem a vontade em encher minha caixa de e-mails com suas opiniões, contrárias ou não, pois são todas bem-vindas.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

RODRIGO CORREA DA COSTA

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