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Café arábica perde mercado - Por José Roberto Mendonça de Barros

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 18/03/2013

4 MIN DE LEITURA

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Por José Roberto Mendonça de Barros

Escrevo este artigo, com muita honra, com dois craques do mundo do café: Luiz Suplicy Hafers e Rodrigo Corrêa da Costa. O que se segue é fruto de muita prosa.

O consumo de café evoluiu acima do crescimento populacional até a crise internacional, principalmente em função dos mercados emergentes que ganharam o gosto pela bebida "sofisticada". Não há dúvida que o rejuvenescimento da bebida, que em muito se deve ao surgimento e explosão da Starbucks, cativou um universo de consumidores mais jovens, contribuindo não apenas para taxas maiores do aumento do consumo, mas, talvez mais importante, para criar e manter o hábito de tomar café desde cedo.

Nos países onde a bebida faz parte da cultura, há quem diga que também houve um aumento durante o pico do stress do mercado financeiro, alguns citando a questão de maior ansiedade e a necessidade de as pessoas estarem alertas.

Com a recessão que se abateu sobre a Europa e vários outros países, juntamente com o arrefecimento da economia global e os preços da Bolsa de Nova York (onde se negocia a variedade arábica) atingindo quase 310 centavos por libra/peso em 3 de maio de 2011 (o maior patamar em 35 anos), foi desencadeada uma rápida mudança na composição dos "blends", dado que as torrefadoras passaram a ter dificuldades em continuar repassando os aumentos de preço no varejo.

Um receio que sempre se ouviu entre os profissionais do setor era do quão limitado seria o uso do robusta nos blends por causa da concentração maior de cafeína e do seu gosto de menor "personalidade". Entretanto, o Vietnã batendo recordes de produção e exportação, a queda de produção na Colômbia e uma melhora na produção e trato do robusta fizeram com que os departamentos de pesquisa da indústria buscassem utilizar mais robusta em detrimento do arábica.

Para a surpresa de muitos, a aceitação do consumidor foi boa, pouco alterando seus costumes, talvez por causa do fato de a grande maioria tomar café com leite e açúcar, o que naturalmente diminui a sensibilidade de discernimento do que se ingere. Ademais, muitas pessoas passaram a consumir menos café ou optaram por produtos mais baratos, por dificuldades financeiras mesmo.

Com isso, dados do volume de exportação de diversos países produtores nos mostram que a mudança aconteceu, é uma realidade, e que o tipo de café arábica que mais perdeu mercado para o robusta foram os cafés naturais que não têm sabores diferenciados, o que atinge boa parte dos cafés brasileiros. Na comparação de 2012 com 2011, os cafés suaves (exceto Colômbia, que perdeu espaço) viram sua exportação passar de 26,1 milhões para 27,4 milhões de sacas. Os robustas tiveram uma explosão no comércio, que atingiu 46,6 milhões de sacas em 2012, ante 37,5 milhões em 2011. O ajuste negativo se deu nos cafés naturais brasileiros, cujas vendas se reduziram de 32,2 milhões de sacas para 30,8 milhões no ano passado. Em outras palavras, os cafés naturais finíssimos, assim como os lavados produzidos na América Central continuam a ter seu lugar cativo, principalmente entre as pessoas que tomam café expresso ou café puro preto. Já os cafés que têm bebida mais fraca, ainda que sejam arábicas, perderam market share nos blends, e muito dificilmente voltarão logo a compô-los, salvo se houver uma diminuição ou estagnação da produção do Vietnã - que paulatinamente trará maior uso para outras variedades/qualidades.

Enquanto isso, no Brasil, os produtores de arábica vêm enfrentando uma forte elevação de custos e dificuldades com a oferta de mão de obra, além de preços relativamente baixos. Com isso, do ponto de vista da produção temos um ajuste diferenciado, com as seguintes características:

1. Os produtores familiares que têm um padrão razoável de tecnologia e que dependem menos de mão de obra externa se defendem bem;

2. Os produtores com elevada produtividade, especialmente aqueles que têm colheita mecanizada, também se defendem. Entretanto, em certas regiões, a competição com os grãos ou a cana pela terra é intensa;

3. Os produtores de café de altíssima qualidade têm mercado.

Em consequência, fica espremido o produtor de café com bebidas medianas, principalmente aqueles que produzem em áreas mais acidentadas e que precisam contar com mão de obra cada vez mais escassa no campo.

Por outro lado, o grande ganhador na produção brasileira passa desapercebido por muita gente: o café conilon do Espírito Santo, que alguns pioneiros vislumbraram como alternativa, vários anos atrás. O robusta/conilon adaptou-se às condições de clima, solo e organização agrícola local. Em 2012, a produção atingiu 9 milhões de sacas no Espírito Santo, que também produz um pouco de arábica. A produtividade crescente subiu de menos de 20 sacas por hectare para 30 e, hoje, está a caminho de 60, nas áreas renovadas por espécies clonadas.

Durante esse tempo foi crescente a substituição pelo robusta por suas características: maior rendimento no solúvel, sabor neutro, preço baixo e melhora de qualidade. Os produtores mais tradicionais subestimaram o conilon, que é um grande sucesso. Hoje, o preço do conilon atinge 80% do arábica, com margens de mais de 50% em relação ao custo operacional, enquanto que a margem do café arábica pouco supera os 15%. É mesmo o grande ganhador.

P.S.: 1) As notícias recentes de quebra na safra do Vietnã, não deverão alterar o quadro apresentado, uma vez que não há evidências de alteração na tendência de médio prazo em relação à importância daquele país na oferta global de café, assim como cresce o interesse de países que produzem a variedade em aumentar plantio e reformar o parque instalado, como Indonésia, Uganda e outras origens africanas.

2) César de Castro Alves, analista de café da MB Agro, prestou-nos uma assistência valiosa.
 
A matéria é de O Estado de São Paulo.

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JOSÉ ARMANDO NOGUEIRA

BONITO - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 06/04/2013

Penso que a imagem do bicho é mais feia que a realidade. O que é o café da Colômbia, senão uma boa dose de ótimo café e outra de um marketing excepcional, feito há mais de 60 anos, personagem criado por uma das mais brilhantes agências de propaganda do mundo a DDB. Quem tem um pé na cafeicultura e outro nesse ramo, que tenho a felicidade de pertencer aos dois percebe claramente. O que nos esfola é a falta de uma visão de marketing para promoção do que temos de melhor, o nosso café arábica. Particularmente, não me impressiono com o pseudo avanço (pode ser real numericamente) do conilon no espaço do arábica. Mas isto é facilmente combatível. Duvido que os paladares que já se acostumaram com a qualidade, a pureza, o frescor, a leveza do café arábica de alta qualidade troquem-no por uma mistura um blend com apelo de preço. É justamente aí que reside a diferença. Temos que botar na cabeça que não vendemos commodity, nós, produtores de arábica, produzimos e vendemos specialty - e isso faz a diferença. Agora, é óbvio que o consumidor precisa saber disso. E aí entra a publicidade, seja ela feita por um grupo de associados-produtores, por entidades de classe, enfim, por quem queira, de fato, defender a competitividade do arábica no mercado mundial. É exatamente isso que a Colômbia faz há mais de 60 anos. Por  isso o café deles vale 400 dólares a saca na bolsa de Nova York e o nosso vale menos da metade desse valor em dólar! E eles pleiteiam mais. Estão certos. Não duvidem que o café brasileiro chegue às prateleiras do mundo, torrado e moído no exterior, e vendidos como puro arábica colombiano! Nosso café lavado, cereja ou despolpado de primeira não fica devendo nada aos colombianos. Só perdemos no marketing para eles.
CHARLES GARCIA

IRUPI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/03/2013

Senhores, sou produtor de arábica, mais vejo que infelizmente ficamos muito acomodados em relação ao conilon, no norte do Estado do ESPÍRITO SANTO vem a cada ano melhorando suas lavouras tanto tecnologicamente como em novas variedades mais produtivas,foi um salto tão grande que dispertou olhares até da nestlé que agora quer fazer pacerias com a incaper não visando a melhoria para o produtor mais sim garantir sua materia prima( CAFÉ). Acho que isso não passa de um jogo de mercado,pois querem incentivar o conilon e seu plantio para depois fazer com eles igual fizerão com arábica. E fazer do BRASIL um estoque a céu aberto garantino o mercado de exportação com a safra no pé. Gente é muito obvíl isso. Mas cabe a nós produtores tanto de arábica como de conilon saber que muito café no mercado sofrem os dois! Acho que não hora de fazer plantios em novas areas tanto de conilon muito menos de arábica mais sim fazer substituição de talões por novas variedades mais resistente e produtivas, no meu caso diminui minhas lavouras pela metade e estou fazendo substituição de talões no restante na outra parte que era lavoura plantei capim para gado de corte e uma parte separei para fruticultura e estou animado!
JOSE MARCOS CHICARONI

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/03/2013

Senhores, os comentários sobre a situação da cafeicultura são objetivos, claros e precisos. Temos que partir para a ação! Não temos representação, as cooperativas não estão preocupadas com os produtores, estão sim, preocupadas em ganhar cada vez mais para fazer frente aos seus  elevados custos,ainda que seja em prejuízo dos seus cooperados.

Vamos criar uma verdadeira representação de produtores, exemplos de sucesso existem:  a ÚNICA- Cana de Açúcar- é um deles. Nossa salvação passa obrigatoriamente pela nossa união. Caso contrário seremos sempre os chorões e eternos devedores. Vamos parar de pedir esmolas,vamos exigir nosso lugar na economia brasileira.
GLEISON DE OLIVEIRA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS

EM 21/03/2013

Senhores, bom dia.



Muito tenho lido e estudado acerca do mercado de café e, cada vez mais, fico mais convicto que, a única forma de sairmos da situação em que estamos vivenciando a anos, é adotarmos um política de estruturação da nossa cadeia produtiva, isto porque, a longo prazo, de nada adiantaria medidas adotadas pelo governo (Pepro, preço mínimo etc), se a conscientização de nossos produtores, acerca de uma redução dos custos de produção, da reutilização dos sub-produtos do café como forma de adubos, dentre outras, não começar a despontar em suas mentes e, os fatos recentes comprovam o que venho dizendo.



Em 2010, 2011 e início de 2012, os preços pagos aos nossos produtos, atingiram patamares excepcionais, animando-os e aquecendo o mercado, fato que, deletou da memória, a crise em que nossa classe vinha enfrentando até então. Em virtude dos comentários animadores em que o mercado se encontrava, a grande maioria, ao invés de se reportarem a um controle de produção, pegaram o caminho contrário, empregando o dinheiro no plantio de novas lavouras, ignorando o fato de que, a oferta e demanda, são de longe os referenciais que mais determinam os preços do mercado. Pensando a longo prazo, precisaríamos criar um portal nacional para cadastro de todos os produtores. Por este portal, os produtores informariam a área plantada, a média de sacas colhidas, os tipos de investimentos empregados na lavoura (irrigação, secador etc), os gastos na produção (mão-de-obra, herbicidas, fungicidas etc), certificações obtidas, dentre outras e, de posse destas informações, tomaríamos medidas específicas condizentes com a realidade de cada região. Seria preciso também, efetuar um controle de produção por produtor, além de incentivar e apoiar o plantio de outras culturas na propriedade, gerando outras fontes de renda para o produtor.



Sem querer prolongar demais, visto que se trata de um assunto extenso, em poucas palavras acima, pude mostrar que métodos nós temos de sobra, basta apenas nos organizarmos e cada um, assumir e fazer cumprir o seu papel .
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 20/03/2013

Pois é Sueli, a Da. Dilma está em Roma  faz quatro dias torrando nossa grana em hotéis luxuosos e comitiva que exige 17 carros. Do fundo do coração, ninguém está dando bola para os cafeicultores que não tem união nem poder de fogo político. Você viu que os colombianos pararam a capital com manifestos, barricadas etc. até o Governo atendê-los. Nós somos muito conformados. Por isto que o Papa é argentino, não leva desaforo para casa, o brasileiro é tapinha não dói. E olha, vai piorar.
SUELI SILVONI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 20/03/2013

Prezados

A realidade é que nossos governantes esqueceram dos cafeicultores, precisamos unir forças e botar a boca no trombone, pedindo socorroooo, clemência mesmo....vamos entrar nas redes sociais e publicar quanto custa para se produzir um saco de café de 60kg..... e comparar o preço humilhante que está  o mercado hoje, os insumos não baixam de preço e sim aumentam, ai fica difícil sobreviver...

Presidente Dilma e Antonio Andrade (Ministro da Agicultura), sou filha de cafeicultor e venho através desse te pedir que avalie os preços do café, e por favor recorra....

Sueli Silvoni
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/03/2013

Muitas e boas idéias. Todas elas serão ignoradas pelas Cooperativas, Governo e autoridades que atuam no setor. E o preço continua desabando. Com a proximidade da colheita de 2013 os estoques crescerão , leia-se, os preço derreterão. É melhor orar.
WILLIAN K.C.SCHABUDER

MANHUAÇU - MINAS GERAIS

EM 18/03/2013

boa tarde a todos!,O Brasil tinha q começar a exigir das marcaS a quantidade de CONILON e ARABICA  presente nas torras.para q o consumidor saiba o q esta consumindo!!!
ZENIR PINHEIRO

EM 18/03/2013

Boa tarde senhores,

Eu moro na Italia , vejo que aqui so chega caffe Arabica, tambem nao sou a favor que o melhor caffe nao seja usado pelos brasileiros,mas temos uma esperança agora com a crise Europeia , pode ser que alguem resolva comecializar dentro do Pais esse caffe de primeira qualidade, compro e vendo algumas sacas de caffe mas sempre dentro do Brasil, e gostaria de colocar uma caffeteria  no Brasil, mas de grande qualidade,para ensinar aos brasileiros a apreciar um bom caffe . esta mais que na hora do Brasil aproveitar e consumir o melhor produto. mesmo que tenha gente querendo ganhar mais mistuarndo o caffe com caroço de assai , milho etc. como vi uns comentarius,esse tera sua meritada clientela . espero de conseguir o que tanto quero. obrigada e bom trabalhoa todos .
PAULO EIMAR OLIVA PERPETUO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/03/2013

Sr.ANDRE,

Seria otimo  que em TODAS AS CIDADES DO BRASIL  ,onde houvesse uma Cooperativa de café ARABICA , fosse torrado no minimo 2% do café depositado ,destinado à venda direta ao consumidor a preço de custo .

Beber café 100% ARABICA , é ainda  no Brasil , um privilegio para poucos.

Alem do sabor fantastico que tem o café 100% arabica , lembramos  tambem  os  muitos beneficios  que tem o café puro para a saude.
ANDRE MARCOLINI

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 18/03/2013

Sr Paulo,

o Sr acertou na mosca quando disse que o Arábica só terá preço se tiver procura. Que tal uma torrefação das cooperativas dos produtores de Arábica, respaldada por grande campanha de mídia, a dizer ao grande público consumidor de café : " BEBA O VERDADEIRO CAFÉ. BEBA ARÁBICA" ? Temos de pensar GRANDE. É preciso OUSADIA.

Não é hora de recuar, e sim de AVANÇAR, porque já recuamos demais. Temo é de procurar por todos os meios AUMENTAR a procura pelo nosso café e diminuir o do inimigo. Morre que está em guerra e não responde  o fogo inimigo. Foi isso o que fizemos até hoje.   
PAULO EIMAR OLIVA PERPETUO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/03/2013

Prezados Senhores,

Como o café arábica perdeu mercado e o preço despencou  só temos um caminho a seguir, PRODUZIR MENOS.

O NOSSO PRODUTO SÓ TERÁ PREÇO SE TIVER PROCURA.

Se o preço continua em queda é porque tem café sobrando.

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